Alta do PIB surpreende, mas cenário adverso adia promessa de retomada

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Luís Guilherme Barrucho

Da BBC Brasil em São Paulo

 

A alta do PIB de abril a junho, acima das expectativas do mercado, não será suficiente para concretizar a promessa de retomada da economia, inicialmente prevista pelo governo para acontecer ainda em 2013. A opinião é de economistas ouvidos pela BBC Brasil.

Eles avaliam que, embora a atividade econômica tenha voltado a acelerar no período, a melhora não se refletirá em um crescimento muito mais forte neste ano, semelhante ao verificado antes da crise.

Segundo os especialistas, em meio à desaceleração mundial e à diminuição da capacidade de manobra do governo para estimular a economia, a retomada só deverá ocorrer de forma mais expressiva em 2015.

Nesta sexta-feira, segundo o IBGE, o PIB (Produto Interno Bruto), a soma dos bens e serviços produzidos pelo país, encerrou o 2º trimestre deste ano com alta de 1,5% em relação aos três meses imediatamente anteriores.

Na comparação com o 2º trimestre de 2012, o aumento foi de 3,3%.

Sob a ótica da produção, contribuíram para a retomada da economia brasileira a indústria (+2,0%) e a agropecuária (+3,9%). Já os serviços registraram uma ligeira alta (+0,8%).

Já do ponto de vista da demanda, a formação bruta de capital fixo (investimentos) cresceu 3,6%. Mas o consumo das famílias voltou a decepcionar, subindo apenas 0,3%.

Cenário adverso

Segundo o último boletim Focus, uma espécie de termômetro da avaliação de cerca de 100 instituições financeiras sobre os rumos da economia, o PIB deverá crescer 2,2% neste ano.

Mais otimista, a previsão do governo é de 2,5%.

Mesmo assim, ganha cada vez mais força entre os economistas a aposta de que o PIB deve chegar ao final do ano a um patamar inferior a 2%.

A taxa contrasta consideravelmente com a estimativa inicialmente feita pelo governo no ano passado. A previsão que constava no orçamento de 2013 enviado ao Congresso apontava um crescimento de 4,5% para a economia neste ano.

Ao longo dos meses, entretanto, o índice foi gradativamente reduzido. De 4,5%, caiu para 3,5%, depois para 3%, até chegar aos atuais 2,5%.

Segundo o economista André Perfeito, da corretora Gradual Investimentos, para que o PIB subisse 4,5%, o crescimento por trimestre teria de girar em torno de 2,1%. Foi considerado para o cálculo, feito a pedido da BBC Brasil, apenas o resultado do 1º trimestre, de 0,6%.

“A previsão inicial nunca será concretizada. Só para se ter uma ideia, o crescimento médio trimestral entre 2004 e 2007, considerado um dos melhores períodos para a economia brasileira, foi de 1,3%”, afirmou.

Encruzilhada econômica

Destaques do PIB

Produção

Agropecuária – +3,9%

Indústria – +2,0%

Serviços – +0,8%

Demanda

Investimentos – +3,6%

Consumo das famílias – +0,3%

Consumo do governo – +0,5%

Apesar da alta do PIB de abril a junho deste ano, economistas veem com pessimismo o desempenho da economia no segundo semestre, especialmente de julho a setembro.

Para eles, o período refletirá uma atividade econômica mais fraca, em parte devido aos efeitos negativos da alta do dólar, diante da perspectiva de que os Estados Unidos reduzam os estímulos à economia.

“O dólar mais alto gera maior pressão inflacionária, o que encarece os produtos importados. Isso afeta a nossa cadeia produtiva, pois não importamos tantos bens de consumo final. Como a inflação já está próxima ao limite da meta determinada pelo governo, o Banco Central terá de invariavelmente subir os juros, o que tem um efeito negativo sobre o crescimento”, explica Evaldo Alves, professor de economia da FGV-SP.

Além disso, os economistas destacam que fatores internos também tendem a forçar um recuo do PIB.

“Por um lado, as famílias estão com um nível de endividamento alto. Mais de 40% da renda já está comprometida com o pagamento de dívidas, o que afeta o consumo, até então o motor da nossa economia”, diz José Márcio Camargo, professor de economia da PUC-Rio e economista-chefe da corretora Opus Investimento.

Previsão de crescimento para 2013

Desenvolvidos

Alemanha – +0,5%

França – -0,1%

Itália – -1,8%

Portugal – -2,3%

Espanha – -1,4%

Japão – +1,7%

Reino Unido – +1%

Estados Unidos – +1,8%

Emergentes

Brasil – + 2,3%

Argentina – +3%

Chile – +4,2%

Colômbia – +4,1%

Peru – +5,8%

Uruguai – +3,7%

China – +7,6%

Índia – +5,7%

“Por outro lado, a indústria está com nível de estoques extremamente alto, já que o impulso consumista está menor”.

“Além disso, o desemprego vem crescendo desde o início do ano, com exceção de julho, quando cedeu um pouco, enquanto que o rendimento do trabalhador está caindo”.

Os economistas destacam ainda que há um “clima de incertezas” dos investidores sobre o Brasil.

Para eles, o país vive atualmente uma “encruzilhada econômica”, pois a capacidade de manobra do governo para voltar a estimular a economia diminuiu.

“O governo não fez a lição de casa e seu campo de atuação está reduzido. Sem alternativas e com a inflação em alta, ele terá de conter gastos, o que afeta negativamente o crescimento”, diz Otto Nogami, professor de economia do Insper.

“Além disso, os sinais que o governo emite ao setor privado não são positivos, especialmente na forma de condução da política. Há uma maior tendência ao intervencionismo, o que afugenta investimentos”, acrescenta.

Emergentes

Um relatório divulgado recentemente pela área de inteligência da revista britânica The Economist aponta que o mundo crescerá menos neste ano (+2%), no pior desempenho desde 2009, quando os efeitos da crise financeira ainda eram fortemente sentidos.

Para o Brasil, a estimativa para o crescimento da economia foi revisada para baixo. Segundo a Economist, o país crescerá apenas 2% em 2013, um dos piores desempenhos entre os emergentes.

Segundo um levantamento do banco espanhol BBVA, que prevê uma alta de 2,3% no PIB brasileiro, o Brasil vai crescer menos, inclusive, do que seus vizinhos da América do Sul, como Argentina (+3%), Chile (+4,2%) e Peru (5,8%).

“Em que pese a diferença da economia brasileira em relação a de outros emergentes, isso mostra que a crise não é a única culpada pelo nosso mau desempenho. Trata-se, sobretudo, de um indicativo de que estamos perdendo vigor frente a outros emergentes”, diz Evaldo Alves, da FGV-SP.

Fonte: BBC Brasil

10 Comentários

  1. Ei ei sabem da maior?…

    A economia do país tá um lixo!….

    E a Americana está se recuperando!…

    Agora digam que não é INCOMPETENCIA!!!…

    Demita todo mundo presidente!… Começando pela sra.!! …

    O Brasil simplesmente perdeu sua chance única de “dar a volta por cima”…

    Enquanto os bancos!…. ^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^

    Tributos ao trabalhador brasileiro!…. ^^^^^^^^^^^^^^^^^^

    Esse País não presta mais!…

    Investem em educação tecnica, e BOLSAS””superior”” e nao na base! Pra não formarem mentes pensantes! Abertas!… Mas sim robôs mão-de-obra!…

    Pra continuarem apertando parafuso e votando neste sistema de governo falido!

    Sabiam que alguem sem ensino fundamental pode fazê-lo em 1 mês?… APROVADO PELO O MEC.

    …………. Uma coisa o governo FHC estava fazendo certo! Investindo na educação base! Essencial pra qualquer país desenvolvido… SIMPLESMENTE CORTARAM ISTO.

    VENDEMOS NOSSAS RIQUEZAS PARA CONGLOMERADOS ESTRANGEIROS… “TO DE TEQUINULUGIA” ESPOLIADOS POR GRUPOS FINANCEIROS… “JUROS ABSURDOS PRA TUDO” E “FELIZES” DA VIDA VENDO O NEYMAR ””'” O BRASIL ””” E APERTANDO A REBIMBOCA DA PARAFUSETA.

    • Eu diria que o problema do Brasil é quase que espiritual… rsrsrsrsrs… a mandinga da esquerda tá acabando com o país…

  2. No mapa do PIB, Brasil bate todos menos a China:

    http://www.brasil247.com/images/cache/1000×357/crop/images|cms-image-000331956.jpg

    “No segundo trimestre, o Brasil cresce mais que o dobro dos índices de Estados Unidos (0,6%) e Inglaterra (0,7); 1,5% alcançados aqui deixam para trás Alemanha (0,8%), Portugal (1,1%), Espanha (-0,1%) e Itália (-0,2%); a comparar com número da economia do México (-0,7%), diferença chega a ser brutal; apenas a China (1,7%), do presidente Xi Jinping, fez melhor diante da crise.”

  3. O Brasil cresceu 1,5% neste segundo trimestre, isto, quando as previsões dos “especialistas do mercado” apontavam 0,3… Caramba, o Brasil cresceu cinco vezes mais do que a avalizada opinião dos especialistas!

    Bah!

    Fato é que quanto mais alto estiver o dólar, mas caras serão as importações, mais atrativos serão os artigos produzidos internamente para exportação.
    Bingo.

    Reclama, quem quer.

    • Tem razão… a culpa é dos “especialistas do mercado”……………..

      E DO DOLAR!!!!!!!!!!

      Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

      Brasil! Independencia ou Norte! Ups!… Independencia ou Morte!

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