PESO DA INDÚSTRIA NA ECONOMIA BRASILEIRA VOLTA AO NÍVEL DE 1955

participacao-da-industria-no-pib-fiespSílvio Guedes Crespo, 28/08/2013

A indústria tem um peso na economia brasileira tão grande quanto tinha em 1955, antes de Juscelino Kubitschek chegar à Presidência e anunciar seu Plano de Metas para o desenvolvimento do país.

A produção do setor corresponde, atualmente, a 13,3% do PIB (produto interno bruto); em 1955, eram 13,1%, segundo o estudo “Por que reindustrializar o Brasil?”, divulgado nesta quarta-feira (28/08/2013) pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

De acordo com o estudo, a desindustrialização no Brasil começou na década de 1980, após a participação do setor no PIB atingir um pico de 27,2%, como indica o gráfico abaixo, extraído da pesquisa. A projeção da Fiesp é de que, se a atual tendência continuar, a proporção tende a chegar a 9,3% em 2029 ou antes.

A princípio, os dados poderiam levar a crer que a indústria perdeu importância para o país, tornando-se uma atividade secundária para o crescimento econômico, uma vez que o setor de serviços gera mais da metade do PIB.

A Fiesp, no entanto, defende nesse estudo uma tese exatamente oposta. Afirma que, se a tendência de queda da participação da indústria no PIB se mantiver, junto com uma baixa taxa de investimento das empresas, “as perspectivas de o país atingir um nível de renda per capita minimamente compatível com o patamar dos países desenvolvidos se mostram cada vez mais distantes”.

A entidade argumenta que, nos países ricos, primeiro houve uma forte industrialização, gerando aumento da renda per capita, que por sua vez viabilizou os investimentos nos setor de serviços. A desindustrialização das nações desenvolvidas ocorreu “naturalmente”, diz o estudo, mas somente depois que o PIB atingiu o nível de cerca de US$ 20 mil por pessoa.

Um ponto comum de todos os países com mais de 25 milhões de habitantes que conseguiram atingir uma renda per capita de US$ 20 mil é que, em todos eles, esse patamar foi atingido quando a indústria representava mais de 20% do PIB, segundo a pesquisa.

Por isso, a Fiesp acredita que o Brasil teve uma “desindustrialização prematura” e “acelerada”. A proposta dos representantes da indústria é de que o governo crie as condições para que o segmento se desenvolva e ajude a aumentar a renda per capita do país.

O estudo calcula que para dobrar a renda per capita do país em 20 anos não é preciso crescer a taxas chinesas. Basta que o PIB avance 4% ao ano. Se a meta for dobrar a nossa renda per capita em 15 anos, a economia deveria se expandir 5,3% ao ano, diz a Fiesp.

Opinião

Embora apresente dados relevantes ao comparar a desindustrialização do Brasil com a de outros países, o estudo não consegue confirmar a sua principal hipótese– de que a indústria é essencial para elevar a renda per capita a US$ 20 mil.

O fato de que nove países tinham um alto grau de industrialização quando ficaram ricos não garante que, sem a indústria não é possível chegar lá. Muito menos que, hoje, esse é o melhor caminho.

Nessas nações apontadas como possíveis modelos, a renda per capita de US$ 20 mil veio na década de 1970, uma época em que os serviços ainda não tinham uma participação tão grande na economia mundial.

Se o alto nível de industrialização foi um ponto comum nesses países, muitos outros também o foram. Por exemplo, todas as nações citadas enriqueceram quando o setor de tecnologia da informação não tinha o peso que tem hoje. Poderíamos concluir, então, que primeiro devemos construir fábricas, para depois pensarmos em desenvolver os softwares que as linhas de montagem vão utilizar?

A Fiesp afirma que a desindustrialização no Brasil está ocorrendo “antes de a expansão do setor de serviços intensivo em conhecimento se tornar capaz de absorver a mão de obra desempregada pela indústria”. Mas a taxa de desemprego continua em patamar historicamente baixo, sendo que alguns setores, mesmo não sendo de ponta, têm dificuldade de encontrar profissionais qualificados.

“Provavelmente, parcela significativa da força de trabalho desempregada acaba sendo alocada em setores de baixa produtividade e baixos salários e/ou em subempregos”, diz o estudo. Mas hoje mesmo uma outra pesquisa, esta do IBGE, mostra que a produtividade está crescendo no setor de serviços, mais até do que os salários, que tiveram ganhos acima da inflação nos últimos quatro anos.

A entidade representante da indústria paulista defende políticas para “moderar ou escalonar a intensidade da desindustrialização durante um longo período de tempo com o intuito de aproveitar ao máximo os benefícios de uma participação elevada da indústria no PIB”. Só que uma indústria protegida pelo Estado tem pouco estímulo para inovar e gerar emprego e renda.

Em outro post, este blog mostrou que as empresas do setor automotivo instaladas no país, apesar de contar com um mercado protegido e grande, quintuplicou a quantia investida em outros países.

Em vez de moderar a queda dos setores mais hábeis no lobby político, o governo seria mais útil se retirasse gradativamente o protecionismo e permitisse que o capital escolhesse os segmentos com maior potencial de crescimento.

Fonte: Blog Achados Econômicos via UOL

12 Comentários

  1. Já foi dito antes aqui que o status de Econômia de Mercado com a China tem muito a ver

    com isso .Mas interessante dizer também que os estrangeiros estão comprando tudo

    que temos ou se associando a elas, de energia, comunicações, infraestrutura,

    alimentícios, distribuição e até roupas de grife … aliás um dia teremos um carro

    nacional.veja o que tem de estrangeiros aqui… estava contando e parei.

    http://www.abimde.org.br/?on=associados

  2. Entao esta realmente ocorrendo um processo de desindustrializacao no Brasil. O B do Brics e um pais que antigamente era chamado subdesenvolvido. Na verdade a burguesia brasileira e fraca, covarde, acordou tarde quando o mundo capitalista ja nao mais permitia espaco para novo concorrente. China e um pais com mais de um biliao de pessoa. E se conseguiu um desenvolvimento capitalista industrial, nao foi por causa da burguesia chinesa, tambem fraca, corrupta e covarde, mas porque os intelectuais classe media que se auto se denominaram partido comunista chines,conseguiu derrotar a burguesia corrupta que atrasava o desenvolvimento do pais e ocupar seu lugar. Uma nova burguesia chinesa foi criadas os escombros da antiga que foi derrotada e forcada viver no exilio. No Brasil isso nao ocorreu. A revolucao de Getulio Vargas foi muito limitada, nao conseguiu derrotar aquele setor burgues que era vinculado com o imperialismo internacional. No Brasil a revolucao burguesa ainda e coisa do futuro.

  3. Era o esperado… e vai ficar pior. Esperar por mais de uma país que nem produz aparelho de barbear? É tudo importado, aqui não é produzido as lâminas com fio de “platina”. Enquanto isso somos um dos maiores exportadores de minério de ferro “in natura”. Um navio cargueiro de minério em troca por um container de aparelho de barbear, está é a balança. O que esperar de um país que não produz lâmpadas econômicas, importa tudo, e além disso esta tecnologia já esta ultrapassada, hoje estamos na era do LED que dura mais de 100x, e é muito mais econômica (90%) e aqui nem se tem noticia de possuir tecnologia para produção. O que esperar de um país que quebrou sua própria indústria de de defesa, vide reportagem a pouco aqui do site? Nem o avião AMX tem? O que esperar de um país onde o Grupo Coester com o Aeromóvel se arrastando a mais de vinte anos sem conseguir efetivamente melhorar o transporte público dos cidadãos, de forma mais barata, mais confortável, mais silenciosa e com zero poluentes? O que esperar de um país que porcamente joga mais de vinte vezes o que o governo supõe, em baterias de celulares e portáteis eletrônicos (metais pesados), no lixo, pois se um comerciante vende uma bateria de celular legal neste país é porque já vendeu mais de vinte vindo do Paraguai? O que esperar de um país que está entre os dois maiores produtores de carne bovina do mundo e vende o couro destes animais in natura ou semi curtido para China e acabou com os curtumes e indústrias de sapatos e hoje o povo calça material sintético nos pés que causam doenças e outras moléstias? O que esperar deste país que não tem silos para estocar a produção do norte e estoca hoje milho a céu aberto no Centro do País? O que esperar de um país de tamanho continental e não ter ferrovias interligando no mínimo as capitais de cada estado em sentido duplo de tráfego ida e volta?
    Esperar o quê? Eu não creio mais em mudança. Durmo em berço esplêndido… quem me dera se fosse assim. Só acreditarei em mudança com sangue na sarjeta, pois o povo inculto, mal educado, não sabe nem o que quer e até já foi dormir, saiu das ruas e os políticos voltaram a ser notícia. Quando ocorreram os protestos pensava-se que o caldo estava esquentando não aparecia nenhum político na mídia, nem papagaio de pirata. Esperar o quê? Eu espero o pior, infelizmente. Procuro difundir alguns conceitos para melhorar alguma coisa neste país:
    Nunca reeleger pessoa para o Legislativo, é um câncer: Deputado ou Senador;
    Para o Executivo reeleger apenas uma vez, e nunca mais, tchau;
    Acabar com Senado, caixa preta, balcão de leilão.

  4. BRASIL; UM PAÍS DE TOLOS, VENDIDOS, ATRASADOS, INCOMPETENTES, MAL INTENCIONADOS, LADRÕES, INEPTOS, IMORAIS, APÁTRIDAS e outras cossitas mais… e vamos continuar comprando bens de valor agregado da china em troca de soja in natura, minério de ferro, petróleo bruto, madeira bruta… ou seja: somos o eterno FAZENDÃO… antes de 1985 nossa indústria era de ponta e pujante… e já sabemos porque estamos ladeira abaixo depois dessa data fatídica… e dá-lhe educação socioconstrutivista para que saibamos apertar os botões da maquina eletrônica do TRE e o caixa eletrônico para pagar contas e impostos… tá bom demais… daqui mais uns anos vamos começar a criar porcos em apartamento para termos acesso a proteínas, assim como é em cuba…

    • Blue Eyes para entender porque o Brasil nunca foi, não é, e jamais será, um país plenamente industrializado, recomendo a leitura do livro : “Economia Brasileira Contemporânea” de Nilson Araújo de Souza. Ele analisa o período de Getúlio a Lula. Aí veremos que Eugênio Gudin defendia que o Brasil deveria ser um país agrícola, enquanto que o engenheiro-economista Roberto Simonsen pregava que “a industrialização de um país como o Brasil é indispensável para que ele possa atingir um estágio de alta civilização”. Infelizmente os discípulos do Brasil agrícola e atrasado estão vencendo.

      • Grande Simonsen… homem inteligentíssimo… o Brasil não fabricou mais homens assim… boa lembrança vc me trouxe… li algumas obras dele… vc tem toda razão… mais isso se deve a instabilidade que as forças da esquerda tiveram no plano cultural e agora, no governo, a serviço dos fabianos internacionalistas é que não vamos mesmo obter a tão desejada industrialização… ao contrário, estamos desindustrializando o país para alimentar chineses que não estão nem ai para o Brasil… fazer o que ???…

  5. “A produção do setor corresponde, atualmente, a 13,3% do PIB”

    “Nessas nações apontadas como possíveis modelos, a renda per capita de US$ 20 mil veio na década de 1970, uma época em que os serviços ainda não tinham uma participação tão grande na economia mundial”
    ————————–
    Sem dúvidas, uma maior participação do setor industrial na composição do PIB é essencial e deve-se mesmo cobrar e buscar caminhos para aumentar a nossa industrialização.

    Porém é preciso ter uma visão em perspectiva, para entender que a participação do setor industrial no PIB jamais voltará aos mesmo patamares da década de 80.

    Porque a economia mudou: “E o que acontece, na prática, é que os maiores ganhos de produtividade vieram da indústria, em resumo: produz-se mais, melhor e mais barato. De maneira que o PIB é contado em valor. Se uma geladeira custava há 40 anos atrás o equivalente a R$ 3.000,00 e hoje custa R$ 750,00, se levado à toda indústria, significa que o PIB da indústria que representava, por exemplo, 50% do PIB há 40 anos atrás, hoje represente 12,5%.

    Os serviços não tiveram os mesmos ganhos de produtividade, pelo contrário, existem limites intransponíveis neste setor, por isso, sua participação no PIB não para de subir. Mas isto não quer dizer desindustrialização (necessariamente).

    O que acontece é que quem mais emprega e paga melhor é a indústria, aí sim, existe cada vez menos emprego neste setor e “sobra” no setor de serviços, que em geral, pagam salários de merda.

    O que aconteceu a partir de 1970 foi a financeirização da economia. Este emprega muito pouco e distribui menos ainda, e este setor tem se destacado ainda mais na participação do PIB. No Brasil e no mundo…

    • Basta visitar os centros industriais do país para desmentir esses números. São milhares de novas indústrias, de todos os tipos, brotando de norte a sul do país. Gigantescas novas refinarias, estaleiros, indústrias de automóveis e aviões. Mas papel aceita tudo.

      • Nos cartazes do partidão o Brasil tá bombando… na realidade…!!!… realmente, o papel aceita tudo… a mídia chapa branca então !!!…

  6. Loucos!…

    Veja, IstoÉ, CartaCapital.. realmente todas estão mentindo… a economia brasileira está perfeita….

    Continuem acreditando na Globo!!…

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