BLINDADOS, UMA AUTOSUFICIÊNCIA ABORTADA

tamoyo3Publicado no “JB  ON LINE” em 28/08/2013 
BLINDADOS, UMA AUTOSUFICIÊNCIA ABORTADA
O texto extrai dados pesquisados por Ronaldo Schlichting, empresário formado em Administração de Empresas pela UFPR, com vistas a se aproveitar a pertinência da SEMANA DO SOLDADO para uma informação mais detalhada da população sobre a razão pela qual estamos a alimentar o apetite voraz de “leopardos e guepardos”, comprados na União Européia.  
O Brasil poderia estar produzindo, em suas versões mais atualizadas, II ou III, um dos mais modernos carros de combate (CC) do mundo. Porém, por uma “garfada” de Tio Sam em 1989, infelizmente, ainda hoje continuamos a importar blindados usados, mal repotencializados e de segunda linha. Nosso “irmão Caim do norte” tramou de tal forma que a Engesa deixou de vender nada mais nada menos do que 702 blindados pesados — os EE-T1 Osório — para o Exército Saudita. Um contrato de expressivos US$ 7,2 bilhões que acabou abocanhado pelo grupo General Dynamics, fabricante do tanque M-1A1 Abrams, segundo colocado nas provas de desempenho promovidas pela Arábia Saudita, testes disputados durante uma semana nas areias do deserto, debaixo de temperaturas beirando os 50 graus Celsius, em que nosso CC, em todos os ensaios, superou o Challenger (inglês), o AMX-40 (francês) e o M-1A1 Abrams (americano).
O jornal O Estado de São Paulo de 10/11/2002 tem registro de um engenheiro de armamentos, ex-executivo da Engesa, que disse: -“Nesse momento as luzes de emergência se acenderam no governo americano. A primeira consequência foi a surpreendente declaração de que a concorrência chegava ao fim com dois produtos possíveis de serem comprados, de acordo com o anúncio feito em Riad pelo ministro da defesa, príncipe Sultan Azsiz Abdulazis. Essa foi a forma encontrada para ceder às pressões de Washington e manter o M1-A1 no páreo. Na época, começou a circular no Senado e na Câmara um documento conclamando senadores e deputados a se envolverem no processo para impedir o fechamento da Engesa, as demissões de trabalhadores e a perda de mercados cativos caso a encomenda do Osório não fosse concretizada com a Arábia Saudita, país nem sempre amigo.”
Contudo, o encontro para a assinatura do protocolo de compra entre os governos do Brasil e da Arábia Saudita, marcado por duas vezes (agosto e novembro de 1990) pelo então presidente Fernando Collor de Mello diretamente com o rei Fahd, não se concretiza. Com a mobilização para a guerra contra o Iraque, a Arábia Saudita anuncia que fecharia contrato não com o Brasil mas com a General Dynamics dos EUA, tomando-se conhecimento que esta formalização com os americanos já havia sido concluída mesmo antes dos contatos de Collor com o rei saudita.
Estes fatos motivam a falência da Engesa que, tendo contraído dívida de peso (US$ 53 milhões), tinha apostado todas as suas fichas no desenvolvimento do OSÓRIO. Por que razões, no mínimo suspeitas, o governo federal não refinanciou a empresa? Que o senhor Collor de Melo, por coincidência o patrono do “kozovo yanomamy”, nos responda!
Em verdade os sauditas “roeram a corda”, mas Fernando Collor deu o “rabo de arraia” não encomendando lote daquele blindado para a Força Terrestre. Resultado, a Engesa implodiu, fechando cinco fábricas e extinguindo cerca de 6 mil empregos com danosas consequências econômicas, sociais e militares.
Depois deste lamentável episódio, o Brasil compraria 87 CC Leopard lAl da Bélgica e 91 M-60 A3 TTS dos EUA, estes últimos, que se diga, sem as mínimas condições de tráfego pelas pontes que cruzam o interior do pampa gaúcho. Os dois últimos protótipos do Osório, remanescentes da massa falida da Engesa, depois de uma árdua campanha cívica, seriam incorporados ao Exército com autorização judicial. Alerta! Perigo! Por que razões estaria a governança e a politicalha tão estressada com a espionagem cibernética pelos EUA? Seria o receio pelo registro de alguma negociata secreta de comprometimento da soberania? Que o povo brasileiro ganhe novamente as ruas exigindo punição por este crime de lesa pátria!
 
                                                 Paulo Ricardo da Rocha Paiva
                                              Coronel de Infantaria e Estado-Maior

12 Comentários

  1. “…a Engesa implodiu, fechando cinco fábricas e extinguindo cerca de 6 mil empregos com danosas consequências econômicas, sociais e militares…”

    Isto, se não for crime contra a pátria, não sei mas o que seria e também não aceito nenhuma outra designação ou explicação. É no mínimo revoltante.

  2. Não sejamos ufanistas, cavalheiros! O Osório é na verdade uma versão mediana tropical do KML Laopard 2. Enquanto a Engesa, sem nenhuma experiência na área de concepção e produção de Carros de Combate sob lagarta, concebeu e desenvolveu o Osório em apenas dois anos, com apenas U$ 150.000.000,00; o seu primitivo alemão, o Laopard 2, feito pela KML, experiente produtora de tanques alemã, levou nada mais, nada menos que dois anos. A Engesa estudou os melhores projetos da época e buscou o grosso dos subsistemas e peças do Osório entre fornecedores alemães, franceses e ingleses. Na época, a própria KML trabalhou duro para sabotar o Osório, usando sua influência junto aos seus fornecedores de peças e projetos alemães, para que os mesmos vendessem produtos ( motores, câmbios, suspensões, canhões, torres e etc.) com configuração simples e tecnologia levemente defasada. Mesmo assim o Osório foi um sucesso, devido ao jogo de cintura e à criatividade do Senhor Withaker Ribeiro e seus funcionários.

    A KML começou a sabotar na indústria a expansão da Engesa e os americanos ( governo) deram o golpe final através de sua diplomacia, inibindo o Osório de brilhar nos mercados e campos de batalhas, mas o jogo ainda não acabou: A KML abriu sua primeira filial no exterior aqui no Brasil, com a esperança de ser conceber, construir e desenvolver os futuros tanques do Exército Brasileiro. Talvez, o faça; talvez, não. São bons e proeficientes, porém se isso vier a acontecer, o processo deve ser feito como o padrão de nosso atual regime automotivo: com concepção, desenvolvimento e monopólio e tecnologia nacional. Nossos engenheiros e pesquisadores, trabalhando com seus similares alemães, ou isso, ou então chamamos o pessoal da Odebrechet Tecnologia e Defesa, e os juntamos com os funcionários ainda na ativa da extinta Engesa, Bernardini e da KML, e vamos fundir todo esse know how e conceber e produzir um carro de combate genuinamente brasileiro, porém isso não é muito importante pois carros de combate são componentes estratégicos de tecnologia clássica. Deixemos que isso fique com as transnacionais e nos concentremos apenas nos projetos estratégicos de tecnologia avançada como a família Cruzeiro do Sul de veículos lançadores de satélites e a nossa forção de submarinos nucleares. O resto, é investir em saúde, cultura e educação e ser feliz sem medo da verdade!

    Viva ao Brasil! Brasil e amor sempreeeeeee!!!

  3. A história do fechamento da Engesa é muito simples: foi gerida por um aventureiro, quebrou…

    Ora, bolas! A Arábia Saudita era, como ainda é, uma nação ligada umbilicalmente aos interesses dos EUA, portanto, apenas um ser muito ingênuo ira crer que eles não cederia a mais leve pressão em favor do M-1; calcar o equipamento da nossa força blindada com Carros de Combate Osório na proporção 1:3 carros que seria produzidos para a Arábia Saudita, é ates de tudo, uma miragem elucidativa do comprometimento do nosso orçamento à época. Pode-se criticar o atual governo de turno, que tem o Partido dos Trabalhadores à frente da coalizão governativa, mas, este governo atua de forma certeira, ao agregar encomendas a um setor industrial bélico que renasce, usando para isso a estratégia de fomentar a associação de empreiteiras com as tradicionais empresas do setor…

    No tocante aos carros de combate, o lamento maior não é pelo Osório, mas, pelo Tamoyo, justamente por ser o segundo um projeto muito menos ambicioso, e portanto, bem mais factível de ter ido adiante perante a caótica conjuntura da época… Entretanto, o fabricante do Tamoyo, também não era um primor na área de gestão empresarial e de projetos…
    Ficamos pelo caminho…

  4. “Alerta! Perigo! Por que razões estaria a governança e a politicalha tão estressada com a espionagem cibernética pelos EUA?”

    O que????!!!
    Isso é um coronel?
    Nao, isso é um traidor da pátria!
    Entao tem que deixar outros países espionarem o Brasil?

  5. Eu creio que a Engesa foi um tanto infantil também ao apostar todas as fichas no Osorio,pois é sabido que nessa concorrências nem sempre o melhor vence !
    Também é fato o descaso do governo federal com empresas q

  6. Eu creio que a Engesa foi um tanto infantil também ao apostar todas as fichas no Osorio,pois é sabido que nessa concorrências nem sempre o melhor vence !
    Também é fato o descaso do governo federal com empresas que geram tecnologia !
    A Engesa deveria saber disso,pois já era consolidada no mercado ! mas concordo que seu fechamento foi uma perda para o Brasil !

  7. É esse mimimi eterno, e o eterno olhar para trás, que impede o país de seguir em frente. Sem falar no estatismo do séc. XIX, que obriga o Estado a ficar tirando dinheiro dos impostos que TODOS pagamos, dinheiro este que deveria ir para educação, segurança pública, saúde, etc, para financiar empresas PRIVADAS geridas por incapazes em conluio com políticos ladrões, que tomam uísque escocês o dia inteiro e fazem festinhas com garotas de programa à noite, enquanto o povo tonto lhes paga as contas.

    Para quem não sabe, os principais sistemas do Osório, os que faziam com que ele fosse o campeão que supostamente foi, eram IMPORTADOS, incluindo sistemas óticos e de telemetria, obus, suspensão, motor, transmissão, etc. Tinha peças e tecnologia da GB, Alemanha, EUA, França, Itália, etc. De brasileiro nele mal tinha a carcaça e as lagartas.

    A ENGESA S/A, do alto de sua incompetência administrativa e gerencial, e sem ter feito uma mísera pesquisa de mercado externo meia-boca, acreditou piamente que um blindado todo importado, que nem o Exército Brasileiro JAMAIS QUIS (os requisitos do EB eram para um blindado mais ou menos como o Tamoyo), iria vencer uma concorrência na Arábia Saudita, monarquia absolutista umbilicalmente ligada e armada pelos EUA desde SEMPRE, contra o blindado produzido pela toda-poderosa General Dynamics. Isso, para piorar, numa época em que Saddam Hussein, acabado de sair do conflito com o Irã, tinha um milhão de combatentes em armas prontos para invadir alguém, o que fez no Kwait, deflagrando a Guerra do Golfo. Sem falar no calote que essa mesma ENGESA tomou desse mesmo Saddam…

    A concorrência da Arábia Saudita era CLARAMENTE uma concorrência de cartas marcadas, montada pelo Rei Fahd para que a GD baixasse o preço do Abrams. Só a ENGESA foi pra lá acreditando que realmente tinha chances de levar o certame.

    Sinto dizer isso, e falo isso na frente do Coronel Rocha Paiva, mas a ENGESA teve o fim que MERECEU.

  8. Obs: O Leopard 2 da KMW levou 10 anos – e não dois como afirmei sem perceber acima – para ser concebido, desenvolvido e testado até chegar ao estágio de fabricação em série e custou US 6.000.000.000,00. Todos os seus componentes foram especificamente desenvolvidos para ele.

  9. Um produto nacional de defesa ,para ser sucesso de vendas tem que ser adquirido primeiramente pelas forças armadas do pais de origem ,a outra observaçao eque ,paises de importancia e imfluencia mundial ,so adquirem material de front apenas de paises influentes mundiais,coisa que o brasil nunca sera´, mas se os derrotistas preferem se concentrar na fixa ideia deque nossos males sao causados pelo irmao caim do norte e´bom nao esquecer que competiçao por vendas possui regras claras, DEDO NO OLHO ,CHUTE NO SACO e PESO POLITICO, sendo que o brasil nao possui peso na politica mundial, o brasil e´uma especime de CEASA !

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