COMO FAZER UM(A) GENERAL

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Talvez se encontre nas Forças Armadas um dos elos mais fortes entre o indivíduo e a instituição a que pertence, fruto de uma vivência profissional marcada pelo sentido de missão
Kátia Mello
Ainda menino, o curitibano Arthur Mota Elias, filho de um gerente de vendas e de uma dona de casa, imaginou seu destino: seria oficial de cavalaria do Exército. Anos depois, parecia inclinado para outras profissões. Foi aprovado em vestibulares de engenharia química na Universidade Estadual de Maringá (PR) e de engenharia elétrica na Faculdade Tecnológica Federal do Paraná, em Cornélio Procópio. Mas acabou voltando ao sonho antigo. Depois de três tentativas, foi aprovado nos exames de admissão à Escola Preparatória de Cadetes do Exército, em Campinas. Agora, aos 22 anos, está prestes a terminar sua formação na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), em Resende (RJ). Dali sairá como aspirante a oficial.

Assim como Arthur, o carioca Luiz Américo Pacheco Coutinho, de 24 anos, está no último ano da Aman. Também é o primeiro militar de sua família e, apesar de ter passado no vestibular da Faculdade de Ciências Exatas da Universidade Federal do Rio de Janeiro, optou pelo oficialato.
Com sua escolha, Arthur e Luiz Américo ajudam a desenhar, nos últimos anos, um novo perfil do brasileiro que decide fazer carreira militar. Segundo dados da Aman, cresce o interesse de filhos de civis e originários de famílias de renda inferior aos da classe média tradicional.

Em 1998, 51,3% dos alunos da Aman eram filhos de militares. No ano passado, eram 45. Os filhos de civis chegaram a ser 78,1% em 2007, depois de extinta a obrigatoriedade de reserva de vagas para descendentes de militares. A participação de cadetes com famílias de renda entre 6 e 10 salários mínimos caiu de 47% em 2007 para 44,8% em 2011, enquanto houve um aumento de 21,1% para 23% dos oriundos de famílias com renda entre 2 e 5 salários mínimos.

Uma das explicações para essa nova caracterização de candidatos à vida de quartel é a busca de segurança financeira -, a carreira militar oferece estabilidade por muitos anos -, além de benefícios exclusivos, pessoais e familiares, inclusive de moradia. A origem geográfica reflete, de certo modo, o fator renda. Há décadas os cadetes da Aman são, em grande maioria, do Sudeste, mas a dimensão desse predomínio tem mudado: em 2007, os nordestinos eram 17,57%; hoje, são 32,99%.

Matheus Antônio Guedes da Silva, de 22 anos, saiu do Recife para estudar na Aman. Como todos os alunos, tem atividades que se iniciam às 6 h, sempre sob o acompanhamento de um tenente, responsável por cerca de 30 cadetes. Ele diz não se sentir intimidado com uma pessoa constantemente ao seu lado. “Compreendo bem a função de um tenente, ele é um instrutor.” De uma dúvida em uma matéria estudada até um problema na família ou um desentendimento com colegas, é ao tenente que o cadete recorre.

A hierarquia é um dos pilares da vida militar. O preceito é ensinado desde cedo, e lembrado insistentemente nas rotinas da Aman. Na maior parede do Pátio Tenente Moura, a inscrição, em letras enormes, é um chamamento de todas as horas: “Cadete, ides comandar; aprendei a obedecer”. Nesse pátio, em cerimônia pública, os cadetes que terminam a parte inicial do curso recebem o espadim, uma réplica, de 60 cm, do sabre do marechal de campo Luís Alves de Lima e Silva, o duque de Caxias, patrono do Exército.

Se chegaram até aquele momento, provavelmente já estarão habituados aos rigores da vida militar, e seguirão até o fim do curso. Sua disposição para percorrer todo o trajeto, até serem declarados aspirantes a oficial, terá sido posta à prova já na Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx), em Campinas (SP), responsável por selecionar e preparar os jovens para ingressar na Aman. A partir deste ano, a escola passou a ser de nível superior. Ali é vivido o primeiro ano do curso de formação de oficiais de carreira, seguindo-se outros quatro na Aman. Portanto, o primeiro contato do aluno com a rigidez da vida militar já é experimentado na EsPCEx, e reduz-se a possibilidade de desistência mais adiante.

De aspirante a oficial até, quem sabe, o generalato, o militar será habitante de um universo hermético, com regras de convivência muito peculiares. Para os civis, a palavra “militar” tem significados que espelham referências de seu próprio cotidiano e aquelas que lhes sejam identitárias. Para alguns, ocorrerá a imagem dos soldados destacados para auxiliar as operações policiais nos morros cariocas. Outros lembrarão das patrulhas em fronteiras longínquas. Não faltará a associação de ideias com o passado do regime ditatorial.

Celso Castro, autor do livro “O Espírito Militar” e diretor do CPDOC (Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil) da FGV-RJ (Fundação Getulio Vargas), diz que os militares costumam dividir o mundo entre o deles e o dos civis. Para os militares, criar um universo exclusivo é uma forma de fazê-lo mais acolhedor. Frequentam as mesmas escolas, o mesmo clube, os cursos de especialização, nos quais convivem durante anos.

Talvez se encontre nas Forças Armadas um dos elos mais fortes entre o indivíduo e a instituição a que pertence, fruto de uma vivência profissional única, marcada por dedicação plena ao que o militar considera uma missão – que, pelo visto, é entendida pela população civil como satisfatoriamente cumprida. É o que sugerem dados de pesquisa realizada no ano passado por professores da Escola de Direito de São Paulo, da FGV. As Forças Armadas – nas quais também se incluem a Aeronáutica e a Marinha – foram consideradas a instituição brasileira mais confiável, superando a Igreja Católica, o Ministério Público, o Judiciário, o Legislativo e a imprensa.
O Exército de Arthur, Luiz Américo e Matheus é uma força a serviço de um país diferente daquele em que se formaram cadetes de algumas décadas atrás. Como oficiais, em futuro próximo, já sairão da Aman conscientes de que atuarão sob os mandamentos de uma política nacional de defesa e segurança de abrangência aumentada, que situa as Forças Armadas numa complexa escala de pressupostos e responsabilidades de alcance nacional e internacional.

No texto do projeto de decreto legislativo recentemente aprovado no Senado e agora em tramitação na Câmara dos Deputados, que define aquela política, observa-se que, “neste século, poderão ser intensificadas disputas por áreas marítimas, pelo domínio aeroespacial e por fontes de água doce, de alimentos e de energia, cada vez mais escassas. Tais questões poderão levar a ingerências em assuntos internos ou a disputas por espaços não sujeitos à soberania dos Estados, configurando quadros de conflito”. E adiante: “O aprofundamento da interdependência dificulta a precisa delimitação dos ambientes externos e interno. Com a ocupação dos últimos espaços terrestres, as fronteiras continuarão a ser motivo de litígios internacionais”. Dentro delas, no caso do Brasil, está a Amazônia, “com seu grande potencial de riquezas minerais e de biodiversidade, [que] é foco da atenção internacional”. E há as fronteiras marítimas, delimitadoras da soberania nacional sobre reservas de petróleo, potencial pesqueiro, mineral e outros recursos naturais. Arthur sabe do que se trata. Prestes a terminar o curso na Aman, ele traça novamente planos para seu futuro: quer trabalhar nas operações de selva na Amazônia. “É nossa relíquia”, diz.
Na síntese simples de sua visão de Brasil e das questões internacionais, Arthur compartilha preocupações de que também falou o ministro da Defesa, Celso Amorim, referindo-se à lei 12.598, que define políticas para expansão da indústria nacional de defesa, ainda pendente de regulamentação: “O Brasil, sendo pacífico, pode ter a ilusão de que a guerra nunca vai existir. E como essa ameaça não se concretiza, a defesa parece secundária, mas é fundamental estarmos preparados. Somos a sexta economia do mundo, com grandes reservas em biodiversidade e no Pré-sal”, afirmou o ministro, sobre o reequipamento das Forças Armadas, em recente reunião com industriais.

O raciocínio se repete no texto introdutório da política nacional de defesa: “A persistência de ameaças à paz mundial requer a atualização permanente e o aparelhamento das nossas Forças Armadas, com ênfase no apoio à ciência e tecnologia para o desenvolvimento da indústria nacional de defesa. Visa-se, com isso, à redução da dependência tecnológica e à superação das restrições unilaterais de acesso a tecnologias sensíveis”.

Hoje, o Brasil está entre os 15 países que mais gastam em defesa, segundo estatísticas do Stockholm International Peace Research Institute. É líder nas Américas (à parte os Estados Unidos, com US$ 682,5 bilhões), com US$ 33,1 bilhões em 2011 (última informação disponível, em dólares correntes), seguido da Colômbia (US$ 12,1 bilhões), Chile (5,5 bilhões), Argentina (US$ 4,3 bilhões) e Venezuela (US$ 4,0 bilhões).

O argumento, contemplado por alguns especialistas da área, é que, se o Brasil almeja ser uma potência mundial, precisa estruturar e capacitar melhor suas Forças Armadas. “Se o Brasil quer ser membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, não se pode dar ao luxo de não ter uma boa defesa”, diz Alexandre Fuccille, professor do Departamento de Relações Internacionais da Unesp e pesquisador do Grupo de Estudos e Defesa Internacional (Gedes).

A presença do Exército brasileiro no exterior tem crescido nos últimos anos. O general Carlos Alberto dos Santos Cruz, ex-chefe da missão da ONU no Haiti (Minustah), que teve início em 2004, acaba de ser convidado pela organização a assumir o comando de 24 mil capacetes azuis na missão de paz na República Democrática do Congo (Minusco).

“É uma missão extremamente complexa, em um país muito grande e com mais de 70 milhões de habitantes, rico em recursos naturais e uma história marcada pela violência. O contexto é bem diferente do Haiti”, disse Santos Cruz ao receber o convite da ONU. De fato, o Congo, que esteve em guerra com Ruanda, país vizinho, exigirá muito mais das tropas que lá estejam para tentar impor uma estratégia de paz em meio a grupos guerrilheiros.

O general Júlio César de Arruda, comandante da Aman, concorda que o Exército realmente passa por transformações, acompanhando o contexto geopolítico em que o Brasil se inscreve, e que suas escolas precisam estar preparadas para essas mudanças, que se dão em rápida progressão. “Temos que dar ferramentas para que, em operações de guerra ou não-guerra, os jovens saibam decidir em um ambiente complexo, com muita tecnologia”, diz. Entre as matérias obrigatórias incluídas este ano na escola do oficialato estão cibernética e inteligência.

Mas a maior transformação no Exército ainda está por vir: a entrada de mulheres na carreira militar. A lei 12.705, sancionada no ano passado pela presidente Dilma Rousseff, determina o prazo de cinco anos para que as Forças Armadas se preparem para admitir o ingresso de mulheres nos cursos de formação de oficiais e sargentos de carreira bélica do Exército mediante concurso público. Segundo o general Arruda, a Aman começa a se estruturar para receber as primeiras jovens em seus cursos e que poderão, portanto, alcançar o posto de general. Essa adaptação não é apenas um projeto de modificação nas instalações, mas a compreensão de que a mulher deverá ser tratada de igual para igual nas distintas áreas do Exército.

Atualmente, a mulher pode ingressar voluntariamente no Exército como militar de carreira ou temporário. Ocupam cargos nos quartéis-generais, organizações militares de saúde, estabelecimentos de ensino e órgãos de assessoria do Exército. Há aquelas que já alcançaram o posto de major. A maioria são sargentos, tenentes e capitães.

Para a professora de ciência política da Unesp Suzeley Kalil Mathias, pesquisadora de temas relacionados a mulheres em carreira militar, é muito importante e simbólica a presença feminina na mais respeitada academia militar brasileira. Suzeley diz que o machismo ainda impede a presença delas nas tropas, mas acredita que a tecnologia vai ajudar a derrubar “o mito do soldado Rambo”. “Agulhas Negras é simbólico, por ser o último reduto a ser alcançado. Essa visão de que o Exército não pode ter mulheres está superada.”

No Exército, as escolas são divididas por níveis superior e médio, seja para seguir carreira ou para ser um militar temporário (um ano, com possibilidade de renovação). Além da Aman, as escolas formadoras de militares são a Escola de Formação Complementar do Exército (EsFCEx), a Escola de Saúde do Exército (EsSex), a Escola de Sargentos das Armas (EsSA), a Escola de Sargentos de Logística (EsSLog), o Centro de Instrução de Aviação do Exército (CIAvEX) e o IME (Instituto Militar de Engenharia).

Nessas instituições, existem especializações definidas pelas “armas”, “serviços” ou “quadros”. As armas são divididas em armas-base (cavalaria, infantaria) e armas de apoio ao combate (artilharia, engenharia, comunicações, material bélico e intendência – a logística de suprimento de material). Ao término do segundo ano na Aman, de acordo com uma classificação por meritocracia, o cadete escolhe uma dessas armas. Ao se formar, sai com a graduação de aspirante a oficial. Depois, segue para um quartel, onde permanece por seis meses, até ser promovido a segundo tenente. O tenente é aquele que comanda pequenas frações e se torna o principal auxiliar de um comandante. Daí para a frente, seja por tempo de serviço, seja por merecimento, o oficial subirá ao posto de primeiro tenente, capitão, major, tenente-coronel, coronel e general. Nas escolas de “praças”, vai-se de soldado a cabo, sargento (terceiro, segundo e primeiro) e subtenente.

Em todas as escolas militares, o ingresso é por concurso público e o número de vagas é sempre estabelecido pelo Exército de acordo com suas necessidades. Na carreira, cada promoção costuma levar entre seis e sete anos. Ocorre em turmas, não individualmente.

Os sargentos de carreira, não importa qual arma escolham, vêm da Escola de Sargentos das Armas, em Três Corações (MG). Os graduados da área de apoio (sargentos e subtenentes) são formados em escolas como a Escola de Sargentos de Logística (EsSLog), fundada há três anos e localizada no bairro de Deodoro, no Rio. Ali, no mesmo sistema de internato da Aman, estão 521 alunos, entre 20 e 25 anos. A maioria é de católicos, com uma proporção próxima de 50%. Os evangélicos são 39%. Apesar de não haver estatísticas, o comandante da EsSLog, coronel Abilio Sizino de Lima Filho, afirma que a maior parte dos alunos hoje é formada por filhos de civis.

Os cursos ministrados na EsSLog (intendência, enfermagem, topografia, manutenção de comunicações, material bélico e música) correspondem ao nível técnico. Os alunos devem ter concluído o ensino médio.

Dos 106 concursados em enfermagem em 2012, 86% eram mulheres. Entre elas estava Kamilla Eberle, de 26 anos, de Juiz de Fora (MG). Kamilla faz parte da terceira turma feminina que vai se formar na EsSLog. Diz que não sente preconceito nos homens e considera a convivência com pessoas de várias origens e crenças “um aprendizado constante”.

O pai de Kamilla é metalúrgico e a mãe, dona de casa. Ela quer se casar e ter filhos. Um dos fatores que a fizeram optar por essa carreira está em que “o Exército proporciona muita estrutura, com colégio para as crianças e moradia para a família”. A estabilidade também influiu. “É melhor ter isso do que não ter nada na vida”, diz. Sua colega Adriana Almeida Backes, de 30 anos, originária de uma família de classe média da cidade de Uruguaiana (RS), está certa de que “a mulher pode trazer grandes benefícios ao Exército”.

Um novo programa do governo federal, Ciência sem Fronteiras, que promove o intercâmbio com alunos e pesquisadores em universidades de alto nível fora do Brasil, destinará 28 vagas aos estudantes do Instituto Militar de Engenharia (IME), uma das mais respeitadas e concorridas escolas militares. O IME forma oficiais do quadro de engenheiros militares da ativa e da reserva. São quatro vagas para passar seis meses em West Point – a escola de armas mais antiga dos Estados Unidos -, quatro vagas para a tradicional École Polytechnique, em Paris, e outras 20 em diversas universidades.

A carioca Thássia Lopes, de 23 anos, filha de civis, cursa eletrônica no IME. Afirma estar satisfeita com o fato de o Exército bancar seus estudos. São cinco anos para se formar engenheira; depois, ela ainda pretende fazer mestrado. “Tenho todo o suporte para fazer meu aperfeiçoamento.”
A colega Nathalin Micheli Meliande, de 24 anos, carioca e filha de civis, é uma das estudantes do IME que deseja fazer pós-graduação fora do Brasil. Ao se formar, pretende ingressar em um dos grandes projetos de engenharia militar a cargo do Exército, como a construção do aeroporto de Natal (RN), a transposição do Rio São Francisco, a recuperação da infraestrutura do Porto de São Francisco do Sul (SC). Também pensa em participar dos serviços de renovação da infraestrutura do Haiti.

Assim como ocorre em outros setores de atividade no país, o Exército sentiu a necessidade de haver mais militares capacitados para lidar com novas demandas de eficiência. “Não temos como contratar CEOs de outras empresas. Então, precisamos capacitar a nós mesmos, e já vimos fazendo isso há bom tempo”, diz o general-de-brigada Walter Nilton Pina Stoffel, comandante da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (Eceme), no Rio.

A Eceme oferece vários cursos de pós-graduação, como política, altos estudos militares e estratégia e alta administração. Neste ano, frequentam a Eceme 138 oficiais combatentes, 10 intendentes e 10 médicos. Segundo o general Stoffel, a cada ano cresce o número de interessados. “Há oito anos, eram 600 candidatos para 110 vagas. Hoje são 990″, diz. Por causa da mobilidade constante dos militares, o primeiro ano de pós-graduação é feito por ensino a distância e o segundo é presencial. O aluno terá alojamento exclusivo para ele, sem membros da família.
O tenente-coronel Humberto Castro Neves, de 44 anos, casado, pai de duas filhas, deixou a família em Brasília para cursar administração pública na Eceme. “Pretendo assessorar grandes comandos e ser promovido a coronel em 2015″, diz. O destino provável de Castro Neves na volta ao Distrito Federal deve ser o gabinete do Estado-Maior, órgão de direção geral do Exército. Castro Neves chegará ao posto de coronel “full”, que, na linguagem militar, significa alcançar todos os requisitos de ascensão ao generalato.

Considerando-se o reajuste de 9,2% concedido em março, o soldo de um general passou a ser de R$ 9.093,00, sem incluir os adicionais, como aquele por tempo de serviço. Em alguns casos, somando-se as gratificações, chega-se a cerca de R$ 18 mil. Outros dois aumentos de 9,2% nos soldos estão previstos para acontecer em março de 2014 e março de 2015 para todos os 646 mil integrantes das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica), como anunciou o Ministério da Defesa.

Segundo lista divulgada pela Controladoria-Geral da União (CGU) no Portal Transparência do governo federal, a maior remuneração nas Forças Armadas brasileiras é do tenente-brigadeiro do ar Francisco Joseli Parente Camelo, que estaria em R$ 26.132,55, um pouco abaixo do maior salário de um funcionário público, que é de R$ 26.723,13. Não agrada a oficiais que se façam comparações de sua remuneração com a de executivos de alto padrão. O responsável pelas finanças de uma empresa, por exemplo, pode ganhar, no Brasil, até US$ 26 mil mensais, de acordo com pesquisa da empresa global de recrutamento Michael Page.

“Não faz sentido essa comparação, porque são universos totalmente diferentes. Teríamos que comparar com o serviço público. Um professor titular da USP ganha R$ 22 mil”, diz um dos maiores especialistas em assuntos militares no país, o sociólogo e professor titular da Unicamp Eliézer Rizzo de Oliveira. Segundo ele, a “lógica” da carreira militar é completamente diferente. “Se o cara sai da Aman com 22 anos e faz tudo direitinho, com 50 anos ele se torna general. É uma carreira bastante previsível.”

Ser militar também tem seus ônus, como se vê na própria página do Exército na internet. Citam-se a rigidez da disciplina, a dedicação exclusiva e o constante deslocamento, que dificulta o esforço do cônjuge para conseguir um emprego fixo e ainda impede o estreitamento de laços entre familiares e amigos, uma vez que a média é de três anos em cada lugar.

Segundo o professor Antônio Ramalho, doutor em sociologia e cedido ao Ministério da Defesa para a assessoria do ministro Celso Amorim, “o que houve nas últimas décadas foi um achatamento salarial de todo o funcionalismo público, inclusive no soldo dos militares”. Para ele, isso explica a razão de filhos de militares estarem se desinteressando pela carreira. “Eles observam a condição econômica de seus pais. Em cidades caras como o Rio de Janeiro e Brasília, não dá para pagar aluguel com o que recebem”, diz o professor.

Fonte: Valor Econômico via Forças Terrestres 

4 Comentários

  1. Como fazer um general ????
    Isso é fácil … é só seguir a carreira até o final.

    Agora como fazer um EXCELENTE GENERAL estilo das antigas ????
    Ahhhhh !!! isso é outra coisa , talvez um segredo de Estado …

    Mas acredito que começa com a seleção de patriotas em PRIMEIRO LUGAR … o resto aprende nas academias militares com doutrina, depois reciclagem, depois redoutrina …

  2. “”Talvez se encontre nas Forças Armadas um dos elos mais fortes entre o indivíduo e a instituição a que pertence, fruto de uma vivência profissional marcada pelo sentido de missão
    Kátia Mello””

    Quando este pensamento produz coorporatismo é danoso ao principio da entidade pois o assoberbado passa a ter na corporação uma religião e a assimila-la como unica bandeira.
    O verdadeiro Guerreiro não serve a filhos das putas nem a filhas das putas nenhum e nesse contesto inclui-se tudo e nem tampouco executa comando errado e nesse contexto tambem inclui-se tudo e todos pois o verdadeiro Guerreiro serve unicamente,incondicionalmente ao Brasil,a Bandeira do Brasil e ao povo Brasileiro.
    Tudo o mais é adverso.

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