Egito declara estado de emergência após 95 mortes em confrontos

egitoCAIRO, 14 Ago (Reuters) – Ao menos 95 pessoas morreram nesta quarta-feira no Egito depois que as forças de segurança agiram para dispersar um acampamento de manifestantes que exigem a restituição do presidente deposto Mohamed Mursi, e o governo impôs um estado de emergência em meio à crise no mais populoso país árabe.

As forças de segurança mataram ao menos 60 pessoas em uma ação durante a madrugada para acabar com um acampamento de seis semanas no Cairo. As tropas abriram fogo contra manifestantes em confrontos que trouxeram o caos a algumas áreas da capital e polarizaram ainda mais a população de 84 milhões de pessoas do Egito, entre aqueles que apoiam Mursi e os milhões que se opuseram ao seu breve governo.

A tropa de choque da polícia, usando máscaras de gás, aproximou-se agachada atrás de veículos blindados pelas ruas ao redor da mesquita Rabaa al-Adawiya, no nordeste do Cairo, onde milhares de apoiadores de Mursi mantinham uma vigília.

A violência se espalhou para além da capital, chegando às cidades no delta do Nilo de Minya e Assiut e à cidade na costa setentrional de Alexandria. Dezessete pessoas foram mortas na província de Fayoum, ao sul do Cairo. Mais cinco morreram em Suez.

O Ministério da Saúde do Egito disse que o total de mortos no país em um dia marcado pela violência era de 95 pessoas. O estado de emergência, que entrou em vigor às 11h (horário de Brasília), tem duração de um mês.

Sete horas após a operação inicial, multidões de manifestantes ainda bloqueavam estradas, cantando e agitando bandeiras, enquanto as forças de segurança tentavam impedi-los.

Em um necrotério perto da mesquita, um repórter da Reuters contou 29 corpos, incluindo o de um menino de 12 anos. A maioria morreu de ferimentos de bala na cabeça. Uma enfermeira disse ter contado um total de 60 corpos em um hospital.

“Eles chegaram às 7h da manhã. Helicópteros por cima e tratores embaixo. Abriram caminho através de nossas paredes. Policiais e soldados atiraram gás lacrimogêneo contra crianças”, disse o professor Saleh Abdulaziz, de 39 anos, enquanto estancava um sangramento na cabeça.

“Eles continuaram a disparar contra os manifestantes, mesmo quando pediam para parar.”

O Ocidente, em especial os Estados Unidos, que concedem aos militares egípcios 1,3 bilhão de dólares por ano, tem se alarmado com a recente onda de violência. Na quarta-feira, a União Europeia exortou as forças de segurança a mostrarem a “máxima moderação” no país que tem um tratado de paz com Israel e controla a vital hidrovia do Canal de Suez.

MILITARES APERTAM CONTROLE

A ação para acabar com os acampamentos parece frustrar as esperanças restantes de trazer a Irmandade Muçulmana, o grupo de Mursi, de volta ao palco político central e destacou a impressão compartilhada por muitos egípcios de que os militares apertaram o controle.

A operação também sugere que o Exército perdeu a paciência com os persistentes protestos que imobilizavam partes da capital e retardavam o processo político.

Tudo começou logo após o amanhecer, com helicópteros sobrevoando os acampamentos. Tiros foram disparados enquanto os manifestantes, entre eles mulheres e crianças, fugiam de Rabaa, e a fumaça subiu sobre o local. Veículos blindados avançaram ao lado de tratores que começaram a derrubar as tendas.

O governo emitiu um comunicado dizendo que as forças de segurança mostraram o “maior grau de autocontenção”, refletido em poucas baixas diante do número de pessoas “e do volume de armas e violência dirigidos contra as forças de segurança”.

O governo, que prevê novas eleições em cerca de seis meses para devolver o regime democrático ao Egito, instou os manifestantes a não resistir às autoridades, acrescentando que os líderes da Irmandade Muçulmana devem parar de incitar a violência.

14 Comentários

    • Agora o pau vai comer. Péssima ideia de ir por trás agachados, uma atitude no mínimo covarde. Por menor que seja a aceitação da irmandade e a grande maioria ter retirado seu apoio a vitória nas urnas foram legítimas

      Não tenho dúvidas, vai descambar para uma guerra civil..

    • Todo grande projeto humano, até hoje só deu em m…, pois são traçados em benefícios de poucos.
      O mundo cosnpira contra o mundo, os povos contra os povos,etc, etc, etc.
      A grande cospiração mundial estava/está no projeto de 68 anos atras, os reflexos estão ai.

  1. Tem que descer o sarrafo mesmo nesses islamitas. O Egito deveria valorizar a glória dos seus antepassados.

    Islamistas apanhando na Síria e no Egito. Maravilha.

  2. O Egito,um dos pilares da civilização continua com seus faraós e as suas múmias(idéias ultrapassadas),que assombram a sua população.
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    O general Abdel Fattah al-Sis,a atual faraó com a bença do Mun-rá,o espirito do mal…Rsrsrsr.
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    Com certeza esse ai irá fazer tudo que o seu senhor lhe mandar,a unica diferença é que a piramide onde se esconde a entidade esta a quilômetros de distância do Egito…Rsrsrsr..más a decadência é a mesma…Rsrsrsr
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  3. Culpa única e exclusiva da funesta irmandade muçulmana. Primeiro quando quis islamizar na marra um Estado secular como é o caso do Egito. E depois ao não se conformar em ter sido apeada pelo poder pelo fiel da balança que são os militares. Na verdade o grosso do povo egípcio está ao lado do exército. E com a saída da irmandade muçulmana do poder afasta-se o risco de um novo Irã ou que o tratado de paz celebrado com os israelenses seja rompido.

    • Agora o grosso do povo egípcio não está mais do lado do exercito, claro que não mudaram de lado (não estão do lado da irmandade).

      O problema é que o fiel da balança agiu covardemente, massacrou pelas costas e a população fatalmente também virará as suas costas aos militares pois ninguém confia em quem tem duas caras, em quem age pelas costas.

      O pau vai comer, pode ter certeza. Quem mata até consegue esquecer, o irmão, o pai ou o filho do morto jamais esquece.

      O destino do Egito é trágico, sinto pena dos imbecis que riem e se vangloriam da ratoeira armada que se chamou primavera árabe, que só serviu aos propósitos de alguns.

      Torço pela manutenção da paz com Israel, mas pelo andar da carruagem a aquela região jamais será a mesma.

  4. Os militares jamais deixaram o poder no Egito, traíram seu chefe Osni Mubarak para dar a falsa impressão que estavam ao lado do povo, mas na verdade sempre foram vassalos dos EUA, o erro de Mursi foi não ter mandado por a ferros aqueles que sempre estiveram na folha de pagamento dos EUA.
    O Egito corre um sério risco de viver uma entifada colossal a qualquer momento !

  5. Quando o ocidente não aprova um governo no berço da civilização dá golpe. Não é uma política boa, era melhor cooperar e aceitar a administração tradicional local como faziam os romanos. Más a nova ordem mundial não quer cooperação, só dominar, mesmo que com um conflito em grande escala para tal. Estamos mal. Iran, Egito e outros a Historia se repete.
    youtube.com/watch?v=4OKqi2zw97Y

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