LUTO – FAB chora a perda do herói Major-Brigadeiro Rui Moreira Lima

Adeus ao heróiAviador cumpriu 94 missões de combate na Segunda Guerra Mundial e foi autor do livro Senta a Pua

  O homem se fez mito. O mito grandioso, magnânimo, extraordinário. O mito guerreiro. O mito-herói. O herói-homem. Em cada linha do rosto com suas impressões do tempo, cabiam mais de mil histórias. Mas, história não morre. Herói não morre. Mito não morre. Nele, havia mais. Havia o olhar brasileiro, daqueles guerreiros da Nação que são lembrados indefinidamente. Se é certo que será sempre momento de evocar a sua memória, é fato também que, neste dia 13 de agosto de 2013, a Força Aérea Brasileira chora, consternada, a perda do herói Major-Brigadeiro Rui Moreira Lima, aos 94 anos de idade, no Rio de Janeiro. Ele morreu às 3h30 no Hospital Central da Aeronáutica, onde estava internado havia dois meses. Herói da 2ª Guerra Mundial como piloto do 1º Grupo de Aviação de Caça, foi responsável por realizar 94 missões com a aeronave P-47 no front de combate.

O corpo do lendário oficial-general será velado a partir das 11h30 no auditório do Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica (INCAER), no Rio de Janeiro. O sepultamento está previsto para as 16 horas no Cemitério São João Batista, no bairro de Botafogo. Era casado com Dona Julinha.

A dor do momento não sobrepuja a alegria da existência desse homem. Sempre tão lúcido, costumava desfilar sua memória impecável com detalhes sobre fatos ocorridos há seis décadas. O senso de observação diferenciado transformou feitos em histórias recontadas com minúcias.

Disfarçava não ser um protagonista. “Rui, que foi um dos mais destacados combatentes nos céus da Itália , fala de tudo e de todos, mas pouco dele mesmo, ou das 94 missões que executou sobre as tropas alemãs”, disse certa vez o patrono da aviação de caça do Brasil, Brigadeiro Nero Moura.

O Major-Brigadeiro Rui foi autor do livro Senta a Pua!, que inspirou também um documentário do mesmo nome. No livro e no filme fez ecoar a incrível trajetória dos militares brasileiros na campanha vitoriosa durante a batalha. Era preocupado em não deixar se apagar a epopéia que ele e seus colegas viveram. Sua obra transformou-se em leitura de referência e palavras que provocavam lágrimas e sorrisos por onde passava. Não ter sua presença física amanhã naquelas palestras que arrancavam aplausos empolgados deixa silêncio, mas não o vazio.

O luto da Força Aérea Brasileira tem um som mais alto. Agora, diferente de todos os outros momentos, cabe a honra de se prestar a tradicional saudação Adelphi dos caçadores ao Major-Brigadeiro Rui.

“-1,2,3…
– Palmas!
– Adelphi!”

É impossível não ouvir a melodia de “Carnaval em Veneza” e a voz do Brigadeiro Rui, vibrante com a história que ajudou a construir, trazendo os amigos consigo. Em entrevistas para veículos de comunicação da FAB, o herói lembrava características pessoais e profissionais dos seus colegas na guerra. “Viramos irmãos”, dizia.

Retratou todos os “irmãos” com seus brilhos singulares. Nunca fez questão de falar de si mesmo e denotava a alma modesta que guerreiros e heróis têm. Dizia-se inspirado pelo exemplo do pai. Palavras do desembargador Bento Moreira Lima, contidas em uma carta escrita em 1939, eram o seu “vade-mécum da vida militar”. Na carta está que “Obediência aos teus superiores, lealdade aos teus companheiros, dignidade no desempenho do que te for confiado…”. O filho seguiu o conselho. Virou guerreiro e herói. Foi além. O legado sobrevive forte e sempre tão lúcido.

94 missões na 2ª Guerra e uma volta para casa emocionante

Durante a 2ª Guerra Mundial, o então Tenente Rui Moreira Lima fez nada menos do que 94 missões, por isso considerado herói brasileiro no front. A primeira missão ocorreu no dia seis de novembro de 1944 e a última no dia 1º de maio de 1945. Sempre sob o fogo cerrado da artilharia alemã. “Em cada missão, eram mais de duas horas e meia no combate ao inimigo. Foi bastante difícil para todos”, comentava.

Cada dia na Itália foi registrado em uma caderneta que o Brigadeiro guardava em casa como uma verdadeira relíquia. Também na caderneta está o voo mais emocionante de sua vida, o de volta para o Brasil após a vitória no combate.

“Quando fui para a guerra, deixei minha mulher grávida. Ao pisar no chão brasileiro, fui direto ao encontro de minha mulher e minha filhinha que já havia nascido”, relembrou o Brigadeiro em entrevista à Aerovisão. No reencontro, e emoção e a maior recompensa que poderia imaginar, o sorriso da filha. Foi uma grande vitória do herói.

Desde 1939 – O maranhense da cidade de Colinas nasceu em junho de 1919. Aos 20 anos de idade, já era cadete da escola militar de Realengo, no Rio de Janeiro. Ingressou na Força Aérea Brasileira assim que a instituição foi criada, em 1941. Costumava repetir que atuar no Correio Aéreo Nacional foi um grande aprendizado para os pilotos de caça que iriam participar da guerra. “No Brasil, aprendemos a voar em situações bastante adversas. Quando chegamos na guerra, os americanos ficaram impressionados conosco”.

O Brigadeiro Rui falava sempre com muita tristeza a respeito dos companheiros do Grupo de Caça que foram abatidos nas linhas inimigas. Considerava-os heróis e ficou obstinado por contar as histórias na guerra bastante difundidas no meio militar e pouco conhecidas por toda a sociedade. “Temos que gritar Senta a Pua!, cantar o Carnaval em Veneza, encenar a Ópera do Danilo. Essa é a nossa história”, bradava o herói. Histórias que ficaram muito mais conhecidas por causa do Brigadeiro-do-Ar Rui Moreira Lima. As canções entoadas, a partir de agora, também glorificarão o legado desse homem histórico.

Fonte: Agência Força Aérea

21 Comentários

  1. Esse sim, era um militar descente…

    Diferentemente de uns e outros (incluindo alguns infantes) esse ai tinha VERGONHA NA CARA !!!

    • Cada um serve à pátria como pode caro Rafinha. Eu servi à minha, mais de uma vez, e aliás fui voluntário para isso.

      E você, serviu como? Estudando de graça às custas do contribuinte e indo para o exterior vender o que aprendeu (seus altos conhecimentos de matemática, química, física, filosofia, engenharia, história, aviões, política, berimboca da parafuseta e etc.) pros gringos? 😉

  2. Um nome que todo patriota brasileiro jamais deve esquecer, um homem que lutou com outros bravos brasileiros comtra a loucura de Hitler e Mussolini.

    Vá para o lado de DEUS guerreiro, SENTA A PUA.

  3. Não posso deixar de mencionar, porque será que nunhum professor de história esquerdista brasileiro, sabe sequer o nome de um praça da FEB brasileiro ou aviador integrante do senta a pua ?

  4. Moreira Lima era coronel quando foi demitido, em 2 de abril de 1964, do comando da Base Aérea de Santa Cruz, e preso por ser contra o golpe militar.

    O crime de Rui Moreira Lima foi resistir ao golpe. Depois disso, Rui passou a ser um militante pela Anistia aos militares perseguidos e escreveu o best-seller “Senta a Pua!”, sobre os integrantes da FAB que participaram da 2ª GM.

    Cerca de 7,5 mil militares teriam sofrido algum tipo de perseguição nos anos da ditadura. Os militares que se opuseram ao golpe foram cassados, perderam salários, patentes ou foram presos por expressarem sua discordância.

    Para ele, o grupo que tomou o poder à força era uma minoria dentro das Forças Armadas. Perguntado se a tese apresentada no livro “1964 – O DNA da Revolução” (dos ex-oficiais Jônathas de Barros Nunes e Gastão Rúbio de Sá Weyne), que afirma que todo o golpe foi engendrado por cerca de 300 oficiais, o brigadeiro não teve dúvidas: “não li o livro, mas os autores devem estar com a razão. Foram poucos”.

  5. Moreira Lima foi preso três vezes: a primeira delas em 2 de abril de 1964, quando o brigadeiro foi deposto do comando da Base Aérea de Santa Cruz, pois Moreira Lima se opôs ao golpe.

  6. Depois de ser processado, ser preso mais uma vez em 1964, e ser aposentado compulsoriamente, Moreira Lima partiu para iniciativa privada. Trabalhava com patentes em 1970, quando foi seqüestrado por uma equipe da Policia do Exército a serviço do Doi-Codi. “Quando cheguei lá, meu filho Pedro já estava sequestrado. Ordenei que ele fosse embora”, disse o brigadeiro.

    O filho foi liberado, mas o brigadeiro ficou três dias preso sem acusação formal, numa cama de três pernas, com colchão fino e equilíbrio precário, o que lhe causou privação do sono. “Foi tortura”, afirmou o filho. “Quando eu precisava fazer necessidades, era vigiado por um soldado o tempo todo, apontando uma metralhadora”, contou Moreira Lima.

    Ao todo, Moreira Lima afirma que ficou 200 dias preso nos três episódios de prisão, dois em 1964 e o de 1970, além de constantes ameaças de prisão e convites para “visitar” dependências do setor de inteligência, além do constante monitoramento que causava terror à família e vizinhos.

  7. “O homem que cumpriu 94 missões de guerra, andou na contramão da ditadura, sendo colocado na reserva logo após o golpe de 64. E até hoje não foi anistiado pelo Estado.

    Tudo o que conseguiu foi na justiça comum. Pelo que reza a Constituição de 88, ele já teria a patente mais alta da Aeronáutica em tempos de paz, que é a de Tenente-Brigadeiro-do-Ar. Uma 4ª estrela no ombro, pela qual ainda luta. “Não pelo dinheiro, pois a diferença não é grande, mas por justiça”.
    ————————–

    Morreu sem ser anistiado… porque a anistia de 1978 zerou a conta para os civís que lutaram contra o regime militar e os militares partícipes do regime.

    Más a anistia não incluiu no acordo os militares que tinham sido cassados pela justiça militar, Moreira Lima foi um destes injustiçados, pelos próprios companheiros de farda…

  8. Um verdadeiro Heroi Nacional! Recomendo a todos assistir o documentario
    “Senta a Pua´´ do Diretor Eric de Castro ,onde vemos toda à História do 1° Grupo de Aviação de Caças entre outros fatos
    estão os relatos de combates envovendo os pilotos da FAB em especial os relatos de
    RUI MOREIRA LIMA e existi um que eu acho formidavel em que ele voando em formação com uma esquadrilha avista 3 tanques nazistas dentro de um desfiladeiro e descide ataca-los, assistão e vejam como este homem foi verdadeiramente um Heroi !

    • Carlos argus não lamente,acredito que ele recebeu o que meresia as ASAS das mãos de DEUS ESTAS ASAS NENHUM POLITICO MAL AGRADECIDO PODERA TIRALAS mas não podemos esquecer que exercito e marinha tambem deram herois ao Brasil menos conhecidos mas de igual valor.

  9. Só desejo que descance em paz. E a ele, muito, muito e muito obrigado.
    A família e amigos, meus sentimentos. Nenhuma palavra poderá descrever ou explicar o meu, os nossos sentimentos.
    Só posso expressar o que sinto. E isso é nada menos e nada mais que: Agora sim, ele está voando. Como nunca este.
    E que continue a voar na Glória do Pai. E traga-nos muitas esperanças.
    Abraços.

  10. Corrigindo:
    Só desejo que descance em paz. E a ele, muito, muito e muito obrigado.
    A família e amigos, meus sentimentos. Nenhuma palavra poderá descrever ou explicar o meu, os nossos sentimentos.
    Só posso expressar o que sinto. E isso é nada menos e nada mais que: Agora sim, ele está voando. Como nunca esteve.
    E que continue a voar na Glória do Pai. E traga-nos muitas esperanças.
    Abraços.

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