Rússia precisa de novas bases navais oceânicas

frota russa

Oleg Nekhai

Depois de realizar manobras navais no Atlântico, vários navios da Marinha de Guerra russa irão escalar portos em Cuba, na Nicarágua e na Venezuela. Provavelmente, em breve, os navios de guerra russos poderão realizar trabalhos de manutenção técnica na baía vietnamita de Cam Ranh. Durante mais de duas décadas, essa baía albergou um posto de abastecimento de retaguarda da Frota do Pacífico da Rússia. Em 2002, Moscou devolveu essa infraestrutura ao Vietnã.

Hanói não inclui nos seus planos a reconstrução nessa baía de uma base naval desenvolvida. A posição do Vietnã é a de não autorizar a nenhum país o uso de Cam Ranh para o estacionamento de navios de guerra. Em vez disso, eles planejam a criação de um centro internacional de assistência a navios. Para a Marinha de Guerra Russa a possibilidade de usar esse porto poderá ter uma enorme importância, sublinha o politólogo Konstantin Sivkov:

“Se nós queremos ter uma presença permanente em regiões afastadas do oceano, teremos de ter locais de baseamento, para que os navios possam aí permanecer e realizar reparações em infraestruturas permanentes. Se a Rússia decidir assinar o acordo para a criação de uma dessas bases, isso significa que existe uma necessidade da presença de navios de guerra da Federação Russa no Pacífico Sul. Ou seja, a Rússia, ao mostrar a bandeira, tenciona proteger os seus interesses políticos externos, econômicos ou outros nessa região”.

Obter um acordo desses seria impossível sem um franco desenvolvimento da cooperação técnico-militar da Rússia com o Vietnã. A Marinha do Vietnã está a aumentar ativamente o seu poderio. Está a ser executado o contrato de fornecimento até 2016 de seis submarinos convencionais do projeto 636. Os primeiros dois estão planejados para entrega ao Vietnã no próximo ano. Os especialistas da OTAN apelidaram-nos de “buraco negro no oceano” devido ao seu super-secretismo. No fim do corrente ano, a marinha vietnamita deverá receber a primeira de seis lanchas de mísseis Molniya que estão a ser construídas sob licença russa. No total, a marinha do Vietnã irá possuir dez lanchas desse tipo. Em 2016 e 2017, ela irá também receber duas corvetas do projeto Gepard, refere o almirante Igor Kasatonov:

“Tudo o que o Vietnã compra à Rússia corresponde à sua doutrina naval. O Vietnã é um país com uma grande linha de costa. Os navios de pequeno porte servem para defender as águas territoriais vietnamitas e o desenvolvimento de uma frota de pequenos navios é para eles uma boa perspectiva. Graças à cooperação técnico-militar, eles irão construir essa frota rapidamente”.

Na opinião dos peritos, a Rússia terá de, no futuro, criar bases navais em território estrangeiro, mas isso é uma questão complexa e multifacetada que poderá necessitar de anos para ser resolvida. A utilização das infraestruturas portuárias do Vietnã, da Venezuela, de Cuba e de outros países, com os quais a Rússia está a desenvolver uma cooperação técnico-militar de sucesso, trará vantagens evidentes.

Fonte: Voz da Rússia

5 Comentários

  1. Sou contrário a qualquer tipo de base estrangeira na América do Sul.
    Acho que manobras podem ser feitas em conjunto com países sul americanos e o uso de portos pode ser franqueados emporariamente.
    Lógico que países como Argentina e Venezuela, dada a pressão que estão sofrendo poderão pensar na questão seriamente a soberania é deles.
    Com relação a naves do Reino Unido nem encostar podem, enquanto a questão Malvinas não for resolvida, se é que isso vai ocorrer.

    • Stadeu disse : ” Sou contrário a qualquer tipo de base estrangeira na América do Sul”. Mas os EUA já tem bases militares em quase todos os países da América do Sul. Salvo engano, só não tem na: Bolívia, Venezuela e Brasil. Por enquanto !

      • Se tem bases civis ou militares, abertas ou veladas fica difícil definir, se analisar as empresas estratégicas que temos em mãos de estrangeiros , em tese é uma base … a Embratel é de quem né?? e Alcântara será uma base estrangeira ???muita coisa incomoda .

  2. O que faz lembrar o quanto estamos longe de criar, por exemplo, uma base naval no Timor-Leste, um país também de língua portuguesa e amigo.

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