OS SAUDITAS VÃO ÀS COMPRAS

 sauditas

Com o Irã tentando desenvolver uma bomba atômica, os sauditas vão com certeza se sentir obrigados a adquirir mísseis nucleares dos paquistaneses

Rasheed Abou-Alsamh (*)

Com o impasse no Egito entre manifestantes da Irmandade Muçulmana e os militares que derrubaram o presidente Mohamed Mursi, surpreendeu a notícia de que o príncipe saudita Bandar bin Sultan foi a Moscou se encontrar com o presidente russo Valdimir Putin (31/7/2013) para propor um acordo e terminar com o conflito na Síria, onde a matança continua.

De acordo com a agência de notícias Reuters, citando fontes anônimas, Bandar, chefe da inteligência saudita, teria proposto a Putin que a Arábia Saudita poderia comprar até US$ 15 bilhões em armamentos russos, e, em troca, a Rússia abrandaria seu apoio ao regime de Bashar al-Assad, prometendo não bloquear futuras resoluções tomadas contra a Síria pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas. Os sauditas supostamente também prometeram não ameaçar as vendas de gás natural russo para a Europa com vendas de gás dos países do Golfo.

De acordo com um líder da oposição síria, Bandar tentou acalmar os temores russos de que extremistas islamitas iam substituir Bashar, e que a Síria não ia se tornar um conduto para a exportação de gás do Catar pelo Mediterrâneo para a Europa. E mais, Bandar teria prometido intensificar cooperação com a Rússia nas áreas de energia, economia e assuntos militares. Mas um diplomata ocidental em Moscou disse à Reuters que duvidava que a Rússia fosse trocar seu alto perfil na região por um contrato de armas. Talvez, mas ainda acho que a proposta saudita deve ter sido tentadora para os russos. A reunião durou quatro horas.

De acordo com Theodore Karasik, diretor de pesquisa do Instituto do Oriente Próximo e Análise Militar do Golfo, em Dubai, Putin e Bandar são velhos amigos. Desde 2005 Bandar viajava regularmente para Moscou para reuniões com Putin. Segundo Karasik, os sauditas usaram os russos como uma porta dos fundos para dialogar com o Irã. “Nós vemos que Moscou foi capaz de dar a Riad a oportunidade de falar com Teerã ou ajudar a influenciar o Kremlin a falar com o Irã sobre seu programa nuclear”, ele disse em entrevista ao Serviço de Informação Sobre as Relações Americano-Sauditas.

Historicamente, apesar de a União Soviética ser o primeiro país no mundo a reconhecer o novo reino da Arábia Saudita, em 1932, a Arábia Saudita fechou seu escritório diplomático em Moscou em 1938 e se negou a ter relações diplomáticas com a União Soviética por causa da Guerra Fria e o total desprezo dos dirigentes sauditas pelo comunismo. Relações diplomáticas somente foram retomadas em 1990, depois do colapso da União Soviética e o estabelecimento da Federação Russa. Mas os anos 1990 foram difíceis para ambos os lados, com os sauditas infelizes com as ações militares russas contra separatistas islamitas na Chechênia, e os russos acusando cidadãos sauditas de mandar dinheiro e armamentos para os rebeldes. Depois que Moscou ganhou a vantagem na Chechênia e as coisas se acalmaram, as relações russo-sauditas melhoraram muito. A visita do então príncipe herdeiro Abdullah a Moscou, em 2003, ajudou a aquecer as relações, e Putin retribuiu com uma visita oficial a Riad em 2007.

Karasik diz que os dois países viram uma convergência de interesses no Oriente Médio depois dos ataques sofridos pelos sauditas em 2003-2007 por terroristas ligados à Al-Qaeda. Também houve interesse dos dois lados de formar uma Opep para o gás, mas os dois lados não puderam concordar nos termos. E ele vê esse ultimo encontro de Bandar com Putin como o jeito de os sauditas deixarem bem clara sua posição sobre a Síria, e também para encher o vácuo deixado no Oriente Médio pelos EUA e União Europeia com sua inação na Síria.

É interessante que Karasik ache que os sauditas também estão ansiosos com o percebido giro nas atenções americanas do Oriente Médio para a Ásia. A retirada das tropas americanas do Iraque e, até o ano que vem, do Afeganistão, é vista como um abandono americano dos estados do Golfo e suas tentativas de conter o poderio xiita do Irã na região. “Os países do Golfo pensam que estão sendo abandonados por Washington em favor da área do Pacífico”, ele explicou. “Isso é a percepção deles, independentemente da quantidade de equipamentos militares que estão posicionados na região ou de quantos programas de treinamento militar ou vendas de armas estão acontecendo”.

Ainda por cima disso tudo, os países do Golfo sempre ficam com medo que os EUA um dia entrem em um acordo com o Irã, especialmente agora que o novo presidente iraniano, Hassan Rouhani, já tomou posse. “A Arábia Saudita e o Conselho de Cooperação do Golfo sentem que estão sendo lentamente puxados para o lado no que diz respeito a eles na região por causa dos interesses dos EUA”, disse o analista.

No fim das contas, o que sabemos com certeza é que a Arábia Saudita e a Rússia têm um interesse estratégico de não deixar a guerra civil na Síria se alastrar pelo Oriente Médio. Os sauditas querem ver Bashar fora do poder, e, como os russos, não quer ver um estado islamita e radical se formar na Síria. Acho muito difícil a Rússia retirar seu apoio a Bashar, já que o país já investiu tanto do seu prestigio em alavancar o ditador sírio.

Também acho insensato a Arábia Saudita oferecer comprar tantas armas dos russos. A última coisa que os sauditas precisam é de mais armas. A corrida de armas na região já atingiu níveis estratosféricos, e, com o Irã tentando desenvolver uma bomba atômica, os sauditas vão com certeza se sentir obrigados a adquirir mísseis com ogivas nucleares dos paquistaneses. Nessa região tão instável, a última coisa que precisamos seria uma guerra nuclear, o que seria apocalíptico.

(*) Rasheed Abou-Alsamh é jornalista.

Foto: O Pôster de Ali Khamanei, Líder Supremo do Irã, próximo às centrifugas de energia nuclear (IRIB Iranian TV/Reuters)

Fonte: O Globo, Opinião, Página 16, Sexta-Feira, 09/08/2013 

28 Comentários

  1. primeiramente esses sauditas são um gilete cortam para os dois lados ,
    osama bim laden fazia parte dessa família real
    os sauditas pedem para derrubar o assad ,mas não perceberam que com o apoio da russia eles os sauditas estão indo pedir penico para a russia
    sobre comprar uma bomba atômica ,porque eles não pedem para o seu super parceiro mundial ,os estados unidos da américas , ou sera que eles estão com medo da istoria que todo amigo americano virou inimigo tipo, bin ladem ,ou o hussem do iraque
    na verdade os saudidas foram na russia é comprar armamento nuclear escondido dos anglos sionistas
    é uma chance para o brasil voltar a querer a sua também o mundo todo esta atrás da bombinha pois é a única forma de se defender e ser sobeano hoje em dia
    exemplo a frança acabou de soltar uma nota que vai diminuir seus caças e dar prioridade nas suas armas de dissuaçao que são as ogivas nucleares .

      • é cabeça de jarro ,o brasil tem sim capacidade ,ainda mais se o mundo começar a corrida atrás da bomba é a oportunidade ideal ,por isso temos que continuar com o governo para não ter quebra da sequencia de investimentos na defesa
        mas como você pode perceber os vira lata velho já veio correndo criticar ,
        e isso porque ja disse que gostava do eneias ,mas nunca votou nele ,vai entender a realidade é só kao ,e mais nada
        enquanto ele divide nosso povo em esquerda e direita
        eu divido o nosso povo como brasileiro e puxa saco de anglo sionista
        nos brasileiros somos a maioria esses puxa saco além de já estar a maioria no bico do corvo enche um fusquinha de tao pequenos que sao

  2. Uai se a Arábia Saudita pode comprar armas nuclear e EUA não vai dizer nada então o Maior pais do América do Sul pode ter…………………………..
    Brasil tem que ter só para defesa………………….
    Submarino com míssil nuclear………………….
    Míssil com máximo de 1000km…………….
    A e sim Brasil forte…………………..
    Somente defesa…………………………
    Temos a formula umas das melhores armas……………
    Brasil é só acreditar……………………..
    Não é para ter muita somente para dar o respeito………………….
    acorda isso…………………………
    A marinha do Brasil for atacado com míssil nuclear acaba com toda frota em segundo……………
    Pensa nisso somos forte ……………………………

  3. O que os pobres-diabos esquerduxos brasucas não percebem é que muito mais que a contenda de Israel ou os EUA/Europa com o Irã, quem realmente não quer tal país com uma arma nuclear são os árabes. E com toda a certeza a Arábia Saudita irá obter armas nucleares caso o Irã as consiga, pois tem dinheiro, influência e expertise para tanto. Tais armas provavelmente viriam do Paquistão, único país sunita que possui arsenal nuclear, mas podem também surgir de outras fontes, como França, GB ou até mesmo EUA.

    Um Irã nuclear não é bom para ninguém no mundo, nem mesmo para o próprio povo iraniano.

    Quanto aos russos, dão um tremendo tiro no pé ao não se aproximar da AS por causa do ridículo ditador da Síria. Uma decisão de que ainda irão se arrepender.

    • Respeito merecem as nossas que fazem “quadradinho de 8″… rsrsrsrsrsrsrsrs… cabeça de vaso sanitário… rsrsrsrsrsrs… querer criticar por criticar o que desconhece… não sou alinhado ao islã, muito pelo contrário, mas nem por isso critico a postura moral deles…

      • agora ele defende os árabes sauditas pois eles os árabes são amiguinhos dos estados unidos
        critica o nosso pais mas puxa o maior saco de um pais que ele nem conhece nunca foi
        só porque esse pais é aliado dos anglos sionistas
        em caso de guerra você confia nele ,se for contra os gringos ele iria ficar de que lado ?
        ADIVINHA !!!!!

    • Aqui se respeita, ha praticas de pedofilia, exploraçao de putas, esposas sao mortas por maridos broxas e noiados, a lista e´longa, acredito que por la as mulheres sao menos descartaveis !

  4. Ahhhh … os esquerduxos…… sempre eles….

    será que os esquerduxos libertaram Barrabás para condenar Cristo?

    será que o problema do Brasil e do mundo serão mesmo os esquerduxos? Ou será que são os hipocritas USA e seus cachorros de guarda que latem de site em site?????

    tenho minhas duvidas

  5. Síria não ia se tornar um conduto para a exportação de gás do Catar pelo Mediterrâneo para a Europa.

    ^
    Motivo da guerra na Síria , como todas guerras , econômico.

  6. E como explicar o comercio de armas entre Grã Bretanha e Irã ??????????

    é o que os americanopatas não explicam…….

    mas deve ser a influencia dos “bolivarianos” no reino unido

    afinal, é tudo culpa dos Bolivarianos né ????

  7. Uma corrida armamentista poderia até ser tolerada por Washington. Mas armas nucleares no Oriente Médio não seriam toleráveis. A região é efervescente demais para isso…

    Caso os americanos não consigam evitar que os iranianos desenvolvam uma arma nuclear, vão é entupir os árabes de tudo quanto é tipo de arma convencional e só… No tocante dissuadir essas hipotéticas armas nucleares iranianas, é muito mais provável que ocidente desloque escudos anti-mísseis ou até mesmo suas próprias armas para dissuadir os ânimos na região, mas não creio que irá tolerar que artefatos nucleares sejam controlados por algum país árabe…

    O risco é sempre muito grande, e obrigaria os americanos e OTAN a reforçarem sua presença naquela região para manter todos os ânimos sob controle; tudo em um momento em que se movem as atenções para o Pacífico, obrigando principalmente os americanos a uma dispersão muito maior de suas forças e com todos os custos envolvidos ( tanto políticos como financeiros )…

    Uma Arabia Saudita com um arsenal nuclear, portanto, é algo extremamente improvável de se ver…

  8. terça-feira, 13 de agosto de 2013
    Pepe Escobar – “Bandar Bush, “libertador” da Síria”
    13/8/2013, [*] Pepe Escobar, Asia Times Online – The Roving Eye
    “Bandar Bush, “liberator” of Syria”
    Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

    Bandar bin Sultan
    O espião voltou. O príncipe Bandar bin Sultan, também conhecido como Bandar Bush (para Dábliu, Bandar era da família), reapareceu espetacularmente à tona, depois de um ano de limbo atapetado de especulações (teria morrido, teria sobrevivido, a uma tentativa de assassinato em julho de 2012). E estava de volta ao palco, bem ali, nada mais, nada menos: em encontro cara a cara com o presidente da Rússia, Vladimir Putin.

    Rei Abdullah
    Arábia Saudita
    O rei Abdullah da Arábia Saudita, para citar Bob Dylan, “não está ocupado em nascer: está ocupado em morrer” [1]. Pelo menos, foi capaz de pegar da pena e, recentemente, nomeou Bandar para comandar o Diretorado Geral da Inteligência Saudita; Bandar está encarregado, pois, do grande plano conjunto EUA-Sauditas para a Síria.

    O encontro de quatro horas entre Bandar Bush e Vlad – a Marreta, já alcançou status mítico. Na essência, segundo vazamentos diplomáticos, Bandar pediu que Vlad abandonasse o presidente sírio Bashar al-Assad e esquecesse a coisa de bloquear uma possível resolução do Conselho de Segurança da ONU para que se implante uma zona aérea de exclusão (como se Moscou algum dia admitirá o replay da Resolução n. 1.973 da ONU contra a Líbia). Em troca, a Casa de Saud compraria carregamentos e mais carregamentos de armas russas.

    Vlad, previsivelmente, não se deixou embasbacar. Nem quando Bandar audazmente garantiu que, qualquer que seja a configuração de um quadro pós-Assad, os Sauditas permanecerão “completamente” no controle. Vlad – a inteligência russa – já sabia de tudo. Não se embasbacou, nem Bandar extrapolou, prometendo que a Arábia Saudita não permitirá que nenhum membro do Conselho de Cooperação do Golfo – o Qatar, no caso – invista no oleogasodutostão que atravesse a Síria para vender gás natural na Europa e, assim, prejudique interesses russos (da Gazprom).

    Quando Bandar viu que não estava conseguindo coisa alguma, voltou à posição anterior: a única saída do caso sírio é a guerra – e Moscou que esqueça a sempre adiada conferência de paz de Genebra II, porque os “rebeldes” não aparecerão.

    Vijay Prashad
    De novo, ninguém precisaria lembrar Vlad de que os sauditas – em “cooperação” com Washington – não têm qualquer controle sobre a galáxia “rebelde”. O Qatar foi confinado à lata (cara) de lixo, como Vijay Prashad comenta. É parte do plano de Washington – se é que há plano – para isolar a Fraternidade Muçulmana Síria e suas sombrias ramificações / conexões jihadistas.

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