China constrói Marinha oceânica

Chinese aircraft carrier ex-Varyag Chinese People's Liberation Army Navy (PLAN) j-15

Vassili Kashin

A China está construindo uma Marinha oceânica. O discurso de Xi Jinping, para membros do Comitê Central do Partido Comunista da China, sobre a transformação da China numa forte potência marítima, reflete a continuidade da estratégia naval realizada pelas diferentes gerações de dirigentes chineses. Entretanto, as declarações sobre a especial atenção a dedicar ao reforço das posições marítimas da China permitem tirar determinadas conclusões acerca da inevitabilidade de uma evolução na política externa chinesa.

Xi Jinping referiu o papel importante que irá desempenhar o oceano na defesa dos interesses econômicos e da segurança nacional da República Popular da China. Se prevê que a exploração dos recursos marinhos será, no futuro, uma importante fonte de crescimento da economia do país. Contudo, a retórica da direção chinesa vai muito para além das explicações sobre a viabilidade da exploração dos recursos marinhos. Uma atenção especial é dedicada ao aumento das capacidades do país na defesa de seus direitos no mar. A direção chinesa dá uma grande importância ao aspecto militar de seu crescimento como uma forte potência marítima.

O aparecimento de interesses econômicos globais de um país é sempre acompanhado do alargamento de sua esfera de interesses políticos e da construção de uma marinha de guerra oceânica. A construção de uma poderosa frota oceânica será sempre entendida como um desafio aos países que determinam a ordem mundial nesse momento, independentemente das declarações e justificações que são apresentados para essa construção.

Em 1898, o kaiser alemão Guilherme II proferiu a famosa frase de que “o futuro da Alemanha está sobre a água”. No mesmo ano, o parlamento alemão aprovou a famosa Primeira Lei Naval que deu início à construção acelerada de uma marinha de guerra. No futuro, isso iria desencadear numa rivalidade naval com a Grã-Bretanha.

O criador da marinha alemã de alto mar, almirante Alfred von Tirpitz, dizia, ao discursar no parlamento: “Os interesses marítimos da Alemanha cresceram de uma forma completamente inesperada desde a fundação do Império. Sua defesa se tornou para Alemanha numa questão de sobrevivência. Se se interferir ou prejudicar esses interesses marítimos, o país enfrentará a decadência, primeiro econômica, e depois política.”

Será interessante comparar essa citação com um fragmento do discurso de Xi Jinping: “O papel do mar na estrutura de desenvolvimento da economia nacional e sua abertura ao mundo exterior está se tornando cada vez mais importante, ele tem uma influência cada vez mais importante na defesa da soberania nacional, na segurança e nos interesses do desenvolvimento, assim como na construção de uma civilização ecológica. Na concorrência internacional nas esferas política, econômica, militar e tecnológica, o papel estratégico [do mar] também está a aumentar de forma evidente.”

Estamos a falar de países e épocas históricas diferentes, mas apesar de todas as diferenças de retórica o significado se mantém. Tal como a Alemanha antes da Primeira Guerra Mundial, a China, com seu rápido crescimento econômico e limitação de seus recursos próprios, depende cada vez mais do mercado externo e das matérias-primas importadas. Tal como a Alemanha, a China é obrigada a conquistar seu lugar no mercado global e o acesso às matérias-primas necessárias em dura concorrência com as companhias ocidentais. Essa concorrência é influenciada não só pelos fatores políticos, mas também pelos fatores militares.

A intervenção ocidental na Líbia e a queda do regime de Muammar Kadhafi provocaram às companhias chinesas de construção civil, que trabalhavam nesse país, prejuízos no valor de 16,6 bilhões de dólares e 35 mil cidadãos chineses tiveram de ser evacuados de urgência. Se a China continuar a não ter a capacidade para defender seus interesses econômicos no exterior por meios políticos e militares, a partir de um determinado momento seus planos de expansão econômica global irão esbarrar com limitações inultrapassáveis.

A China já começou a construção de sua frota de alto mar, incluindo porta-aviões, submarinos nucleares, contratorpedeiros com mísseis de cruzeiro e grandes navios de desembarque. Por enquanto esses esforços da China se encontram numa fase inicial. Os EUA ainda não veem aí razões evidentes para uma preocupação e nos círculos político-militar es norte-americanos não existe uma opinião definida sobre a forma de reagir às pretensões navais chinesas. Uma reação semelhante teve a principal potência do século XIX, a Inglaterra, quando a Alemanha iniciava sua corrida aos armamentos navais. Mas, mais tarde, o crescimento constante da Marinha de guerra alemã foi um dos fatores principais a preocupar os ingleses e uma das razões importantes para o conflito entre essas duas potências.

É evidente que a China do início do século XXI não é parecida com a Alemanha do início do século XX pela maioria dos indicadores e o conflito sino-americano não está predeterminado. Ao mesmo tempo, a lógica dos comportamentos das partes relativamente ao desenvolvimento da força naval agora e então poderá se revelar surpreendentemente semelhante.

 

Fonte: Voz da Rússia

10 Comentários

  1. Veja , eu não vou nem discutir o o que eles estão construindo, o que sei ou o que acho é que esse aparato todo não é meramente um enfeite dissuasivo defensivo, com certeza eles projetarão poder em altos mares de seu interesse, e não tiro a possibilidade aliás incluo eles passearem pelo atlântico Sul olhando para os dois lados ,América do Sul e África.
    E como eles estão fazendo manobras com os russos , não estarão sozinhos e se complementarão.
    http://portuguese.ruvr.ru/2013_08_02/russia-china-a-missao-de-paz-tera-sucesso-8475/

    Advinha quem são os responsáveis por essa , por enquanto , tese.

  2. “Não interessa a cor do gato,desde que ele pegue o gato “

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    ditado popular chinês
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    Aos poucos a China se coloca de quem quer assumir as rédeas do controle planetário,a estrela de xerifão que vinha sendo interpretada pelos EUA, esta aos poucos sendo passada (oferecida) ao dragão.
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    A cor do diabo,azul ou vermelho, não impedirá que os verdadeiros usurpadores do planeta tenha mais tempo para fazer as patifarias que se ver,veja-se o quê se tornou a Europa que lançou na lama todas as conquistas trabalhista,conquista essas que procura humanizar a relação trabalho e capital,que busca uma sociedade mais justa e solidária,que busca harmonia entre a natureza e o homem.
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    Más a China esta ai,uma realidade uma imensa incógnita para a sociedade planetária,o diabo azul e o vermelho tem uma coisa em comum,ambos advêm do mesmo império cujo o soberano é o Belzebútico cartel financista internacional,o Wall Street se mudará com caldeirão e tudo mais para Xangai…Rsrsrs.
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    Não adianta questionar a cor do diabo,só quem faz tal coisa são aqueles de mentalidade piegas,que só estão eternamente na resistência,se pegando ao passado,com ideias conservadoras medievalísticas.

  3. Parabéns ao Dragão, está fazendo o dever de casa direitinho. Os iankss q tem q se preocuparem e mt…vão bater de frente e vãp pro fundo….Olha esses caças Sinos (J-15) são lindos..cairiam mt bem em n MB, + mt bem mesmo …Qto ao BRASIL, esse GF/Congresso, fomos nós q elegemos esses trastes…p ontem, e trágico.sds.

  4. E o engraçado é que abrem o bico, atazanam, choram e se descabelam quando o Japão lança um avião novo ou navio. A retórica é a mesma quando é pra criticar o vizinho, mas ninguém olha pro próprio umbigo.

    • A diferença é que a China nunca cometeu nenhum genocídio contra os japoneses e nunca invadiu seu território… O Japão ainda tem a cara de pau de alegar direito sobre ilhas longe de seu território.

      • Sai fora COMJNISTA torpe… chineses não são santos, tanto qnto os japas… mas não venha querer defender um em detrimento de outro por convicções ideológicas equivocadas…

      • A china nunca cometeu nenhum genocídio, e uma frase meio estranha, para um regime que tem nas costas mais de 70 milhões de execuções, desde que Mao tomou o poder nos anos 60.
        Sem falar que se algum tibetano lesse isto, teria crise de choro.

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