ARTILHARIA ANTIAÉREA PARA A COPA DO MUNDO

Flugabwehrkanonenpanzer Gepard 1 A2Publicado no Jornal “A CRÍTICA DE CAMPO GRANDE/MS” em 01/08/2013

ARTILHARIA ANTIAÉREA PARA A COPA DO MUNDO
Este País é mesmo incrível, fantástico, extraordinário. Em verdade, não existe outro no mundo que se obrigue a comprar um material obsoleto, no afogadilho, para defesa antiaérea de, nada mais nada menos, é de pasmar, que arenas de futebol.  Mas foi o que aconteceu. De repente a TV exibe um blindado sobre lagartas adquirido na União Européia (UE), desses bem montadinhos, do tipo que agrada os olhos e a imaginação fértil de meninos recém-saídos da primeira infância.
Como se não bastasse essa motivação, no mínimo leviana para aquisição de sistema de armas defensivo, a informação sobre o potencial atual do material GEPARD para sua atividade fim praticamente não foi repassada ao cidadão brasileiro que, no final das contas, está pagando por produto lançado na década de 1960, de tecnologia ultrapassada e que já foi retirado do serviço pela Alemanha, Bélgica e Holanda há algum tempo.
Alerta! Estaríamos aceitando gato por lebre?  O Brasil estaria servindo para depósito de ferro velho novamente, repetindo alhures a compra do refugo dos blindados americanos desgastados quando do final da guerra do Vietnã? Que se diga, ainda em outubro de 2011 se quis “vender o peixe”, tendo sido levada a cabo, no Campo de Instrução de Formosa, Brasília/DF, uma exposição das possibilidades deste material para especialistas do metier. Ao que tudo indica, alguns oficiais-generais teriam sido de parecer que os 30 milhões de euros pedidos por 36 destes carros, necessários para “modernização” das nossas unidades antiaéreas, não deveram pagar a obsolescência precoce dos “GEPARD”.
Ainda que as contraindicações não pesassem, é de se lamentar a motivação “lúdica” que levou a governança a optar por esta sucata, preocupada muito mais com uma copa do mundo do que com a absoluta falta de meios antiaéreos que tem nossas Forças Armadas, por exemplo, para uma real defesa do parque industrial de São Paulo e de nossas hidroelétricas, alvos vitais que, uma vez atingidos, colocarão sem tardança a nação de joelhos.
 
                                                                                           Paulo Ricardo da Rocha Paiva
                                                                                       Coronel de Infantaria e Estado-Maior

30 Comentários

    • Muito bom, mas isso não muda o fato de termos comprado um equipamento obsoleto. Nossos políticos continuam brincando de defender o Brasil.

  1. Que há de errado nisso ? isso é pratica comum nas forças armadas brasileiras, é mais do mesmo,infelizmente !

  2. Não considero o GEPARD um veiculo antiaéreo ultrapassado, e com toda certeza o fato de se um produto lançado na década de 1960 não faz a menor diferença. O que importa é sua eletrônica que felizmente é recente. Posso entender que o autor do texto queira algo melhor, o que eu apoio, mas dizer que o GEPARD é ultrapassado é um erro.
    Com tudo se “eu” tivesse o poder da caneta não seria essa a minha escolha para a defesa de curto alcance e sim veículos Marrua rechiados de sensores e computadores para o controle do diro, armados com misseis Igla ou Mistral complementados por um canhão 20mm ou metralhadora 12,7mm.
    O veiculo Marrua é relativamente barato de fácil manutenção de boa autonomia e velocidade. E de fabricação nacional. Os misseis Igla e Mistral já são usados pelas nossas forças armadas, são leves rápidos e mais eficientes que canhões. Por ultimo, tanto a munição 12,7mm como a 20mm são fabricadas aqui, o que nos da a vantagem de não precisarmos implorar munição para ninguém em caso de guerra.

    • Carl,

      É bem verdade que mísseis são eficientes, mas o tiro-canhão ainda é bastante efetivo no que diz respeito a ameaças a baixa altura; e em algumas situações, pode ter uma empregabilidade mais racional que mísseis, sendo que uma rajada de projéteis ainda é menos custosa que qualquer míssil…

      O alcance do canhão de 35mm é maior que o de peças de 20mm e 12,7mm. As munições também são muito mais poderosas…

      A rigor, peças de 12,7mm são muito leves para esse tipo de serviço e as de 20mm podem até ser eficientes a baixíssima altura, mas inadequadas para acertar alvos a mais de 2000 metros de altitude… É para tanto que praticamente todos os sistemas similares mais recentes possuem canhões de calibre superior a 25mm.

      • RR
        Primeiro vou deixa claro que eu não acho o GEPARD um projeto obsoleto e apoio a compra do mesmo, mas digo que existem outras opções também muito boas.

        Sobre o emprego de canhões e de misseis, é verdade que o uso do canhão é mais barato, porém, em uma guerra o que vai importar é abater o alvo (e seja como for os mísseis são muito eficientes). Mas não propus o uso do míssil por te maior ou menor eficiência, e claro que o uso do canhão é mais barato que o uso de misseis. Considerando tudo isso, a minha proposta se baseou no tamanho da viatura Marrua que não suportaria um canhão potente e de grande cadencia.

        Mais uma vez não acho que o Marrua suportaria o uso do canhão 35mm em movimento. E não precisa dizer que a munição 35mm é mais potente e de maior alcance que 12,7mm e 20mm. Isso é bem obvio até para o mais leigo…

        O uso da metralhadora 12,7mm ou do canhão 20mm é o mais apropriado para um veiculo pequeno, leve e rápido como o Marrua. E o canhão ou a metralhadora nesse tipo de sistema são usados somente quando os misseis são todos disparados, para a alto defesa contra inimigos no solo e para alvos aéreos de baixo desempenho. Em resumo o uso de armas de tubo são somente para apoio nesse tipo de sistema.

        Um exemplo:
        http://www.planobrazil.com/chile-podera-adquirir-sistemas-antiaereos-avenger/

        A vantagem desse tipo de sistema é sua fácil, barata e rápida manutenção em comparação com o GEPARD. Sei que você não é nenhum leigo e sei também você já sabia disso tudo, o que me faz pensar que o senhor está brincando!

      • Carl,

        Eu também disse que em algumas situações, o tiro-canhão pode ter empregabilidade mais racional que mísseis…

        Imagine uma situação na qual se está próximo de um espaço contestado, com aeronaves aliadas próximas. Utilizar um míssil orientado por infravermelho ( como o Igla ) em um ambiente assim seria problemático, pois haveria o risco dele adquirir o alvo errado, mesmo que se usasse um radar para orienta-lo no início. E vale dizer que uma vez o míssil lançado, não há mais como voltar atrás… Assim sendo, o tiro-canhão orientado por radar/IFF se torna mais recomendável nessa situação…

        Há um outro sistema que poderia evitar o fogo amigo, que é justamente o RBS-70…

        Por fim, foquei no canhão de 35mm ao invés do armamento sugerido por você apenas como referência ao alcance… Certamente o armamento de 35mm será mais eficiente…

    • Resumindo, é da década de 60, não está entre os mais eficientes do mercado, a eletrônica não é ultima geração e teríamos segundo sua análise, uma solução nacional melhor. Ou seja é obsoleto.

      • A eletrônica é moderna – não sei de onde você tirou que não é, mas seja de onde for está errado. O canhão por sua vez (35mm) é extremamente eficiente dentro de seu raio de ação, na verdade é o melhor calibre para defesa aérea de curto alcance (se pesquisasse saberia disso).
        A desvantagem do GEPARD para um veiculo leve 4×4 é sua manutenção que é mais cara, demorada e complexa, sem falar que um veiculo leve gasta menos combustível o que faz render mais o suprimento. Mas em pleno funcionamento o GEPARD é melhor que qualquer veiculo leve lançador de misseis, até porque o GEPARD também pode lançar misseis, além disso, pode contar com muito mais sensores e claro um radar, o que só melhora sua probabilidade de acerto.

        As duas são boas opções, é só uma questão de escolha. O GEPARD é muito bom, porém, sua utilização é cara, já os veículos leves (4×4) tem uma operação mais barata, por sua vez são um pouco menos eficientes.
        Particularmente só defendo os sistemas antiaéreos de curto alcance baseados em veículos leves (4×4), porque nós mesmo poderíamos fabrica-los e até vender pra outros países.
        Lembrando que dizem que o Igla será fabricado no Brasil, ou seja, teríamos independência no quesito defesa antiaérea de curto alcance.

      • Então parece que estamos de acordo.
        Quanto à eletrônica, você também deve saber que um veículo nacional desenvolvido agora, com certeza teria sensores mais eficientes.
        Quanto ao canhão, sem dúvida não da para comparar um 35mm com um 20 ou 12,7mm, andei perguntando para meu irmãozinho de 8 anos, e ele me ensinou isto. Em momento algum questionei a arma, ( canhão 35mm). Você mesmo listou algumas das vantagens de um veículo 4×4, só se esqueceu de uma: a disponibilidade e a agilidade de um 4×4 é maior que a de um Gepard. A combinação de um Marrua com canhão 20mm e misseis seria mortal para qualquer inimigo no curto alcance, e levando em conta custos de manutenção, seria mais adequado aos cofres públicos.

      • … o Gepard não pode lançar misseis pois ainda não foi adaptado para isto.
        É um veiculo que se presta para a defesa da colunas blindadas contra aeronaves de baixo rendimento. A falta de um bom míssil compromete seu uso efetivo contra aeronaves de maior rendimento e que tenham razoáveis recursos de ECM. Resumindo: Não me convenceram, continuo afirmando que para os padrões atuais, é uma arma obsoleta.

  3. Este País é mesmo incrível, fantástico, extraordinário. Em verdade, não existe outro no mundo que se obrigue a comprar um material obsoleto, no afogadilho, para defesa antiaérea de, nada mais nada menos, é de pasmar, que arenas de futebol. Mas foi o que aconteceu. De repente a TV exibe um blindado sobre lagartas adquirido na União Européia (UE), desses bem montadinhos, do tipo que agrada os olhos e a imaginação fértil de meninos recém-saídos da primeira infância. === Fazer o quê…conforme disse o Cesar Pereira o mt do mesmo. Qdo ñ é sucatas dos nobres iankss e de outros…eles tem sorte. errado somos, por termos às autoridades q temos…nós os elegemos…Sds.

    • Quem sabe se aprendermos a votar em pessoas verdadeiramente comprometidas com as Forças Armadas isto mude não é meu caro.

  4. Coronelllllllll, me desculpe mas como diz o Ronaldão, nosso país precisa é de estádio. Deixe o parque industrial com os chineses e use vela para não se preocupar com as hidrelétricas

  5. Paulo Ricardo da Rocha Paiva – Coronel de Infantaria e Estado-Maior…
    Está na reserva, óbvio.
    Gepard é uma sucata tecnológica? Sim, o é…
    Mas, lembro bem dele ser defendido, com unhas e dentes, por alucinados da direita política, que são “colaboradores de revistas de defesa”, defendendo esta sucata em fóruns militares, afinal, era um produto “alemão”, “ocidental”…
    Eu, pelo meu lado, posso dizer que sempre apontei o Gepard como um veiculo obsoleto, cuja compra só tinha como justificativa ser uma mesura para instalação da KMW no país…

    O Pantsyr, caso a compra venha a se efetivar, será um sistema muito superior e efetivo… E faltará ainda a aquisição de sistemas de média e grandes distâncias, 40~180 km…

    😉

  6. Gepard é bom para a finalidade que foi adquirido … proteger estádios … melhor que nada ou uns caras em cima de prédios com Iglas no ombro só no visual.
    Frutos e mais frutos da atual política brasileira desde 1994 quando FHC foi eleito e passou o bastão das aquisições quando disse :

    “””Pra que ???”””

  7. O Guepard foi sim uma boa compra, mas não ele não serve para proteger eventos esportivos, pois não e uma defesa aerea de ponto, e sim um escolta de colunas blindadas, e vai ser muito util para defender nossos Leopard.
    Para defesa aerea so temos canhões Bofors, esta e a realidade que o partidão no MD quer esconder.

    • CAPA PRETA,

      Pelo contrário… O Gepard pode ser empregado como uma defesa fixa; nada impede… Possuindo seus próprios radares de vigilância e de direção de tiro, ele pode operar de forma completamente autônoma.

      O problema é que ele sozinho não faz muito… Considerando o sistema de defesas aérea em camadas ( baixa, média e grande altitude ), o Gepard pertenceria a camada da baixa altura. Haveria, em teoria, a possibilidade de uma adaptação para dota-lo de um míssil orgânico para baixa altura ( stinger ou Igla ), tornando-o assim mais completo, mas ainda assim seria um sistema de baixa altura…

      Seja como for, o ideal é coloca-lo em ação como complemento de outros sistemas defensivos, tais como Mistral, RBS-70 e similares…

  8. E agora ainda tem que fazer assinatura biométrica nas votações.

    Não muda muito de quando marcavam os escravos com ferro quente.

    Também acho… que se o país tivesse levando a sério a defesa teria uns sistemas anti-aéreos nos moldes do s-300.

    Mas vamos ver!.. tomara que saia algo do guarani do astros 2020 e do marrua.

  9. O nobre coronel-infante se “esquece” de dizer que proteger jogo de futebol foi só a desculpa utilizada pelo EB para dobrar a área econômica do governo do PT e adquirir esse sistema, para complementar a aquisição dos Leopard 1, Guarani e M109A5+, e a modernização do M-113 e formar pela primeira vez na história desse país uma verdadeira Força Tarefa Blindada completa.

    O sistema Gepard está LONGE de ser obsoleto, e só foi aposentado pela Alemanha porque esta optou por outro tipo de defesa antiaérea, baseada em mísseis, por conta d a necessidade de comunalidade de suas forças blindadas com o padrão OTAN, que usa mísseis.

    O Gepard não é para defesa de ponto, embora faça isso razoavelmente bem, se necessário. Para defesa de ponto não é necessário um sistema com a mobilidade do Gepard.

    Ponham uma coisa na cabeça: o Gepard é para proteger COLUNA BLINDADA! Uma Força Tarefa (FT) Blindada! Não para proteger população civil. É para enfrentar ameaças desde helicópteros até aeronaves de desempenho subsônico, caso de 99% das ameaças vizinhas. O Gepard também não é para atacar caças de alto desempenho (jatos supersônicos): para isso existem outras armas.

    Misturar alhos com bugalhos dá nisso aí…

  10. Para quem não tinha nada de ponta bateria antiaérea…….
    Agora Brasil que ter no mínimo S-400 para defesa total do Brasil……

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