Modelo econômico da China apresenta sérias rachaduras

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Sugestão: Barca

A economia chinesa está patinando e, para se constatar como pode ser difícil para o país salvar seu antes tão louvado modelo econômico, basta considerar a zona industrial de Caofeidian, onde um projeto de US$ 91 bilhões está atolado em dívidas e promessas não cumpridas.

A siderúrgica instalada no coração de Caofeidian, que fica nos arredores da cidade de Tangshan, a uns 220 quilômetros de Pequim, está no vermelho.

Perto dali, um conjunto de edifícios de escritórios que devia ser concluído em 2010 hoje não passa de um emaranhado de estruturas de aço e obras inacabadas. A construção de um complexo residencial foi interrompida no Natal, depois que os operários terminaram as estruturas de concreto. Há ainda o projeto de uma ponte com seis pistas, abandonado depois que 10 postes de apoio foram erguidos.

“Basta olhar em volta para ver como as coisas estão indo”, disse Zhao Jianjun, operário de uma fábrica que há meses não está produzindo seus tubos de plástico reforçado com aço, apontando para prédios vazios.

Chen Gong, presidente da Beijing Anbound Information, centro de estudos de Pequim, diz que Caofeidian traz à tona as falhas do modelo chinês de crescimento econômico, no qual o governo faz os planos de investimentos e as empresas devem segui-los, quaisquer que sejam as condições de mercado. Os governos regionais e municipais são “movidos pela corrida cega atrás do PIB”, disse Chen.

O consenso entre os analistas é que a segunda maior economia do mundo vai desacelerar durante o restante de 2013 e não deve melhorar muito no próximo ano. Apesar disso, o governo ainda mantém sua meta de crescimento de 7,5% do PIB para 2013, menos que os 7,8% do ano passado e os 9,3% de 2011.

O mais recente sinal de desaceleração veio ontem, quando um indicador preliminar da atividade industrial chinesa caiu em julho para o ponto mais baixo em 11 meses, enquanto a submedida desse índice para o emprego caiu para o nível mais baixo desde a crise financeira global.

O primeiro-ministro Li Keqiang disse que vai pressionar para evitar que o crescimento do PIB se desacelere muito este ano. Mas ele já descartou a possibilidade de um grande plano de estímulo, e disse que a China precisa reformular seu modelo econômico de modo a depender menos dos investimentos e mais do consumo interno e do setor de serviços.

Ainda assim, alguns economistas, empresários e autoridades regionais estão pedindo um grande plano de estímulo econômico, semelhante ao lançado em resposta à crise financeira. Mas a farra de gastos e empréstimos na época, embora tenha dado apoio à economia, contribuiu para os problemas atuais do país.

Para impulsionar o crescimento, os líderes chineses se voltaram para os investimentos alimentados pelo crédito, depois que a demanda pelas exportações despencou, na esteira da crise de 2008. A participação do investimento no PIB subiu de 41,6% em 2007 para 48,1% em 2012, com as prefeituras construindo estradas e aeroportos, as imobiliárias lançando uma série desenfreada de prédios de apartamentos de luxo e as empresas estatais ampliando suas fábricas e fundições.

Sem dúvida, essas atividades impulsionaram o crescimento. Mas ao comprimir em poucos anos o que normalmente seria uma década de investimentos, a China apressou o fim da sua fase de crescimento rápido. Muitos projetos foram duplicados, dizem os economistas, acabando por criar excesso de oferta em todos os setores, da habitação ao aço, cimento e equipamentos de energia solar. A tendência de investir em projetos de grande escala e alto prestígio, embora redundantes, também consumiu empréstimos bancários que poderiam ser melhor utilizados para financiar pequenas empresas e firmas de serviços necessitadas de caixa.

Desde o início dos anos 90, o retorno total sobre o investimento no país caiu em cerca de um terço, segundo o FMI. E cada yuan emprestado no país agora produz apenas um terço do retorno em termos de crescimento econômico do que ocorria antes de 2009, segundo a Fitch Ratings Inc.

Ainda assim, o endividamento relativamente baixo do governo, que o FMI recentemente estimou em 45% do PIB, significa que a China ainda tem espaço para aguentar uma queda acentuada no crescimento ou sustentar o sistema financeiro, se necessário. Mas para evitar os erros cometidos depois de 2008, Pequim terá que descobrir como direcionar seu dinheiro para áreas subfinanciadas da economia de modo a gerar um retorno a longo prazo.

Apoiar ainda mais os empréstimos para pagar por mais investimentos — o remédio tradicional de Pequim para reforçar o crescimento — não funciona mais, dizem economistas. Quando o crédito cresce ao dobro do ritmo do PIB, como tem ocorrido recentemente, disse Chu, analista da Fitch, “matematicamente, não há jeito de fazer o país crescer”.

Zhang Danping, um porta-voz do governo regional de Caofeidian, disse que embora alguns projetos tenham sido interrompidos durante o inverno, todos já foram retomados, avaliação que os operários nas obras locais pareciam não compartilhar.

(Colaborou Liyan Qi)


Fonte: TWSJ

8 Comentários

  1. Percalços de uma economia capitalista de estado… governo algum consegue manter por muito tempo um crescimento baseado somente em obras publicas e exportação sem tornar sua população consumidora de produtos e serviços… necessário se faz trazer a população das classes menos abastadas para as classes com capacidade de consumo… mas como fazer isso em um país onde a grande massa trabalhadora não ganha o suficiente sequer para comer?… queria ver a China com capacidade de consumo que o povo americano tem… ainda que existam alguns críticos no PB que juram que os americanos estão maus das pernas… por mais que queiram mudar o eixo econômico mundial, vão ter que esperar, e muito…

  2. Alguns olhares, sobre a China, de um pobre mamífero racional terceiro mundista brazuca…

    Antes de tudo… que bacana… para o Brasil certos entendidos apontam que nosso mal é a economia tupiniquim se basear no mercado interno, e com isso ser fraca em exportações as quais deveriam ser muito maiores. Lá na China a grande recomendação é justamente o contrário… eles devem relaxar nas exportações e se dedicarem a um grande aumento do mercado interno… rsrsrsrsrs!

    Entretanto…
    Já há algum tempo que se sabia, pelo menos alguns mais atentos, que o PIB de altos índices chinês era resultado de uma produção industrial falsa… muito cimento, aço, maquinário etc sendo aplicado em obras para fantasmas, ou seja, sem real utilidade de uso. Apenas grandes volumes de produção para caracterizar grande pujança nacional. Porém, a farsa está cada vez mais clara para todos.
    E quanto a queda em suas exportações, que está sendo creditada a desaceleração econômica mundial, não é bem assim. Vários países asiáticos se deram conta que era também possível produzir e exportar quinquilharias seguindo o modelo das formigas pirateiras chinesas. Ou seja, o feitiço vira contra o feitiçador (tá bem! Feiticeiro), Fipinas, Formosa etc estão competindo e conquistando espaço no grande mercadão 1,99 internacional… tudo balatinho balatinho, desde pilhas até estojos de maquiagem descartáveis, feitos por todos aqueles povos de olhos puxados.
    São os chineses exportando a cultura da baixa qualidade para seus vizinhos (eles não têm o grande sonho de exportarem também cultura, pois conseguiram).
    Só que os grandes consumidores ocidentais além de estarem de bolsos vazius, já estão ficando cançados de levar na cabeça com todo esse lixo oriental, que acaba saindo mais caro que a encomenda. Logo, além da China está tendo que contar com uma concorrência cada vez mais forte dentro da própria Ásia, seus antigos consumidores ocidentais estão deixando de serem otários.

    E então, afinal, nossa grande mãe Terra Brasílis aos pouquinhos, mas de forma firme, vai conquistando seu lugar ao Sol. Temos problemas vários para resolver, porém sabemos quais são, e não estamos fazendo jogo de cena teatral internacional. Não sei se estarei vivo para ver, mas nosso dia de grande líder chegará.
    Já quanto aos…
    Chineses… construiram um enorme castelo de areia, e agora vão ter que se virar nos trinta para ele durar em pé.
    Os americanos se apoiam em financiamentos monstros promovidos pelo seu dólar feito de sangue mundial. Mas até quando essa moeda será soberana internacionalmente, e privilegiadíssima, e fartamente fabricada por eles?
    Europeus, com o fim do eterno financiamento artificial americano, terão cair na real… que todo seu luxo e arrogância serão apenas lembrança histórica.

    Quanto ao Brasil basear suas exportações em commodities, que grande mal há nisso? Alguém tem algo contra ser um fazendeiro rico e poderoso?
    (e olha que um fazendeiro quebrado não passa fome, já um industrial falido, morre como mendigo esfomeado na sarjeta).

  3. Acho graça de quem faz críticas ao modelo chinês, ou ao nosso baixo crescimento, pois estes críticos são filhos das nações quebradas da Europa, ou dos EUA, que seguiram a cartilha neoliberal e agora estão a naufragar…
    Realmente o porco não olha o rabo.

    • É, estão naufragando… rsrsrsrsrsrsrs… estão tão mau que estão construindo uma nave de 32 bi… rsrsrsrsrsrsrs… em Oeste Virginia !!!… rsrsrsrsrs… como são engraçados esses comunistas !!!… bem está cuba, coréia do norte, MIAMAR… rsrsrsrsrsrs… não me esqueci da Venezuela e ARGENTINA… rsrsrsrsrs… prósperas em idiotas bolivarianos vomitadores de indigências… rsrsrsrsrsrs… putz… quase cai da cadeira de tanto rir… não posso mais passar por tais emoções… to ficando velho… RSRSRSRSRSRSRSS…

  4. Aproveitando a menção à economia e China, um texto de Samuel Pinheiro Guimarães:
    ———————–

    Mercosul, a nova Alca e a China

    por Samuel Pinheiro Guimarães

    1. Todo o noticiário sobre Mercosul, Aliança do Pacífico, Parceria Transpacífica e China tem a ver com um embate ideológico entre duas concepções de política de desenvolvimento econômico e social.

    2. A primeira dessas concepções afirma que o principal obstáculo ao crescimento e ao desenvolvimento é a ação do Estado na economia.

    3. A ação direta do Estado na economia, através de empresas estatais, como a Petrobrás, ou indireta, através de políticas tributárias e creditícias para estimular empresas consideradas estratégicas, como a ação de financiamento do BNDES, distorceria as forças de mercado e prejudicaria a alocação eficiente de recursos.

    4. Nesta visão privatista e individualista, uma política de eliminação dos obstáculos ao comércio e à circulação de capitais; de não discriminação entre empresas nacionais e estrangeiras; de eliminação de reservas de mercado; de mínima regulamentação da atividade empresarial, inclusive financeira; e de privatização de empresas estatais conduziria a uma eficiente divisão internacional do trabalho em que todas as sociedades participariam de forma equânime e atingiriam os mais elevados níveis de crescimento e desenvolvimento.

    5. Esta visão da economia se fundamenta em premissas equivocadas. Primeiro, de que todos os Estados partem de um mesmo nível de desenvolvimento, de que não há Estados mais e menos desenvolvidos. Segundo, de que as empresas são todas iguais ou pelo menos muito semelhantes em dimensão de produção, de capacidade financeira e tecnológica e de que não são capazes de influir sobre os preços. Terceiro, de que há plena liberdade de movimento da mão-de-obra entre os Estados. Quarto, de que há pleno acesso à tecnologia que pode ser adquirida livremente no mercado. Quinto, de que todos os Estados, inclusive aqueles mais desenvolvidos, seguem hoje e teriam seguido no passado esse tipo de políticas.

    6. Como é óbvio, estas premissas não correspondem nem à realidade da economia mundial, que é muito, muito mais complexa, nem ao desenvolvimento histórico do capitalismo.

    7. Historicamente, as nações hoje altamente desenvolvidas utilizaram uma gama de instrumentos de política econômica que permitiram o fortalecimento de suas empresas, de suas economias e de seus Estados nacionais. Isto ocorreu mesmo na Inglaterra, que foi a nação líder do desenvolvimento capitalista industrial, com a Lei de Navegação, que obrigava o transporte em navios ingleses de todo o seu comércio de importação e exportação; com a política de restrição às exportações de lã em bruto e às importações de tecidos de lã; com as restrições à exportação de máquinas e à imigração de “técnicos”.

    8. Políticas semelhantes utilizaram a França, a Alemanha, os Estados Unidos e o Japão. Países que não o fizeram naquela época, tais como Portugal e Espanha, não se desenvolveram industrialmente e, portanto, não se desenvolveram.

    9. Se assim foi historicamente, a realidade da economia atual é a de mercados financeiros e industriais oligopolizados em nível global por megaempresas multinacionais, cujas sedes se encontram nos países altamente desenvolvidos. A lista das maiores empresas do mundo, publicada pela revista Forbes, apresenta dados sobre essas empresas cujo faturamento é superior ao PIB de muitos países. Das 500 maiores empresas, 400 se encontram operando na China. Os países altamente desenvolvidos protegem da competição estrangeira setores de sua economia como a agricultura e outros de alta tecnologia. Através de seus gigantescos orçamentos de defesa, todos, inclusive a Alemanha e o Japão, que não poderiam legalmente ter forças armadas, subsidiam as suas empresas e estimulam o desenvolvimento cientifico e tecnológico. Com os programas do tipo “Buy American” e outros semelhantes, privilegiam as empresas nacionais de seus países; através da legislação e de acordos cada vez mais restritivos de proteção à propriedade intelectual, dificultam e até impedem a difusão do conhecimento tecnológico. Através de agressivas políticas de “abertura de mercados” obtém acesso aos recursos naturais (petróleo, minérios etc) e aos mercados dos países periféricos, em troca de uma falsa reciprocidade, e conseguem garantir para suas megaempresas um tratamento privilegiado em relação às empresas locais, inclusive no campo jurídico, com os acordos de proteção e promoção de investimentos, pelos quais obtém a extraterritorialidade. Como é sabido, protegem seus mercados de trabalho através de todo tipo de restrição à imigração, favorecendo, porém, a de pessoal altamente qualificado, atraindo cientistas e engenheiros, colhendo as melhores “flores” dos jardins periféricos.

    10. A segunda concepção de desenvolvimento econômico e social afirma que, dada a realidade da economia mundial e de sua dinâmica, e a realidade das economias subdesenvolvidas, é essencial a ação do Estado para superar os três desafios que tem de enfrentar os países periféricos, ex-colônias, algumas mais outras menos recentes, mas todas vítimas da exploração colonial direta ou indireta. Esses desafios são a redução das disparidades sociais, a eliminação das vulnerabilidades externas e o pleno desenvolvimento de seu potencial de recursos naturais, de sua mão de obra e de seu capital.

    11. As extremas disparidades sociais, as graves vulnerabilidades externas, o potencial não desenvolvido caracterizam o Brasil, mas também todas as economias sulamericanas. A superação desses desafios não poderá ocorrer sem a ação do Estado, pela simples aplicação ingênua dos princípios do neoliberalismo, de liberdade absoluta para as empresas as quais, aliás, levaram o mundo à maior crise econômica e social de sua História: a crise de 2007. E agora, Estados europeus, pela política de austeridade (naturalmente, não para os bancos) que ressuscita o neoliberalismo, atacam vigorosamente a legislação social, propagam o desemprego e agravam as disparidades de renda e de riqueza. Mas isto é tema para outro artigo.

    12. Assim, neste embate entre duas visões, concepções, de política econômica, a aplicação da primeira política, a do neoliberalismo, levou à ampliação da diferença de renda entre os países da América do Sul e os países altamente desenvolvidos nos últimos vinte anos até a crise de 2007. Por outro lado, é a aplicação de políticas econômicas semelhantes, que preveem explicitamente a ação do Estado, que permitiu à China crescer à taxa média de 10% a/a desde 1979 e que farão que a China venha a ultrapassar os EUA até 2020. Ainda assim, há aqueles que na periferia não querem ver, por interesse ou ideologia, a verdadeira natureza da economia internacional e a necessidade da ação do Estado para promover o desenvolvimento. Nesta economia internacional real, e não mitológica, é preciso considerar a ação da maior Potência.

    13. A política econômica externa dos Estados Unidos, a partir do momento em que o país se tornou a principal potência industrial do mundo no final do século XIX e em especial a partir de 1945, com a vitória na Segunda Guerra Mundial, e confiante na enorme superioridade de suas empresas, tem tido como principal objetivo liberalizar o comércio internacional de bens e promover a livre circulação de capitais, de investimento ou financeiro, através de acordos multilaterais como o GATT, mais tarde OMC, e o FMI; de acordos regionais, como era a proposta da ALCA e de acordos bilaterais, como são os tratados de livre comércio com a Colômbia, o Chile, o Peru, a América Central e com outros países como a Coréia do Sul. E agora as negociações, altamente reservadas, da chamada Trans-Pacific Partnership – TPP, a Parceria Transpacífica, iniciativa americana extremamente ambiciosa, que envolve a Austrália, Brunei, Chile, Malásia, Nova Zelândia, Peru, Singapura, Vietnã, e eventualmente Canadá, México e Japão, e que, nas palavras de Bernard Gordon, Professor Emérito de Ciência Política, da Universidade de New Hampshire, “adicionaria milhares de milhões de dólares à economia americana e consolidaria o compromisso político, financeiro e militar dos Estados Unidos no Pacifico por décadas”. O compromisso, a presença, a influência dos Estados Unidos no Pacifico isto é, na Ásia, no contexto de sua disputa com a China. A TPP merece um artigo à parte.

    14. Através daqueles acordos bilaterais, procuram os EUA consagrar juridicamente a abertura de mercados e obter o compromisso dos países de não utilizar políticas de desenvolvimento industrial e de proteção do capital nacional. Não desejam os Estados Unidos ver o desenvolvimento de economias nacionais, com fortes empresas, capazes de competir com as megaempresas americanas, por razões óbvias, entre elas a consequente redução das remessas de lucros das regiões periféricas para a economia americana. Os lucros no exterior são cerca de 20% do total anual dos lucros das empresas americanas!

    15. Nas Américas, a política econômica dos Estados Unidos teve sempre como objetivo a formação de uma área continental integrada à economia americana e liderada pelos Estados Unidos que, inclusive, contribuísse para o alinhamento político de cada Estado da região com a política externa americana em seus eventuais embates com outros centros de poder, como a União Européia, a Rússia e hoje a China.

    16. Assim, já no século XIX, em 1889, no mesmo ano em que Deodoro da Fonseca proclamou a República, na Conferência Internacional Americana, em Washington, os Estados Unidos propuseram a criação de uma união aduaneira continental. Esta proposta, que recebeu acolhida favorável do Brasil, no entusiasmo pan-americano da recém-nascida república, foi rejeitada pela Argentina e outros países.

    17. Com a I Guerra Mundial, a Grande Depressão, a ascensão do nazismo e a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos procuraram estreitar seus laços econômicos com a América Latina, aproveitando, inclusive, a derrota alemã e o retraimento francês e inglês, influências históricas tradicionais.

    18. Em 1948, na IX Conferência Internacional Americana, em Bogotá, propuseram novamente a negociação de uma área de livre comércio nas Américas; mais tarde, em 1988, negociaram o acordo de livre comércio com o Canadá, que seria transformado em Nafta com a inclusão do México, em 1994; e propuseram a negociação de uma Área de Livre Comércio das Américas, a ALCA, em 1994.

    19. A negociação da ALCA fracassou em parte pela oposição do Brasil e da Argentina, a partir da eleição de Lula, em 2002 e de Kirchner, em 2003 e, em parte, devido à recusa americana de negociar os temas de agricultura e de defesa comercial, o que permitiu enviar os temas de propriedade intelectual, compras governamentais e investimentos para a esfera da OMC, o que esvaziou as negociações.

    20. O objetivo estratégico americano, todavia, passou a ser executado, agora com redobrada ênfase, através da negociação de tratados bilaterais de livre comércio, que concluíram com o Chile, a Colômbia, o Peru, a América Central e República Dominicana, só não conseguindo o mesmo com o Equador e a Venezuela devido à eleição de Rafael Correa e de Hugo Chávez e à resistência do Mercosul às investidas feitas junto ao Uruguai.

    21. Assim, a estratégia americana tem tido como resultado, senão como objetivo expresso, impedir a integração da América do Sul e desintegrar o Mercosul através da negociação de acordos bilaterais, incorporando Estado por Estado na área econômica americana, sem barreiras às exportações e capitais americanos e com a consolidação legal de políticas econômicas internas, em cada país, nas áreas de propriedade intelectual, compras governamentais, defesa comercial, investimentos, em geral com dispositivos chamados de OMC – Plus, mais favoráveis aos Estados Unidos do que aqueles que conseguiram incluir na OMC, que, sob o manto de ilusória reciprocidade, beneficiam as megaempresas americanas, em especial neste momento de crise e de início da competição sino-americana na América Latina.

    22. Na execução deste objetivo, de alinhar econômica, e por consequência politicamente, toda a América Latina sob a sua bandeira contam com o auxílio dos grupos internos de interesse em cada país que, tendo apoiado a ALCA no passado, agora apoiam a negociação de acordos bilaterais ou a aproximação com associações de países, tais como a Aliança do Pacífico, que reúne países sul-americanos e mais o México, que celebraram acordos de livre comércio com os EUA.

    23. Hoje, o embate político, econômico e ideológico na América do Sul se trava entre os Estados Unidos da América, a maior potência econômica, política, militar, tecnológica, cultural e de mídia do mundo; a crescente presença chinesa, com suas investidas para garantir acesso a recursos naturais, ao suprimento de alimentos e de suas exportações de manufaturas e que, para isto, procuram seduzir os países da América do Sul e em especial do Mercosul com propostas de acordos de livre comércio; e as políticas dos países do Mercosul, Argentina, Brasil, Venezuela, Uruguai e Paraguai que ainda entretém aspirações de desenvolvimento soberano, pretendem atingir níveis de desenvolvimento social elevado e que sabem que, para alcançar estes objetivos, a ação do Estado, i.e. da coletividade organizada, é essencial, é indispensável.

  5. Os caras desaceleraram investimentos e se voltaram para o comercio e consumo interno e os invejosos do mundo alardeiam que naufraga.
    É justamente para fortalecer empresas internas que tomam essa atitude.
    eles podem fazerem isso enquanto o mundo …

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