“A inovação é imperativa” – S. D. Shibulal

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S. D. Shibulal é fundador e presidente de uma das gigantes globais do software e aponta caminhos para o futuro.

Há trinta anos, ele ajudou a criar o que se tornaria um gigante mundial do software, fazendo da Índia um novo centro global de crescimento e inovação. Hoje ele está empenhado em viabilizar a empreitada do futuro investindo em pesquisa e desenvolvimento e em novos talentos.

Numa entrevista exclusiva a Viktor Korolev, da“BRICS Business Magazine”, o fundador e presidente executivo da Infosys, S.D.Shibulal, revela os segredos do seu sucesso e como podemos capitalizar melhor as possibilidades que se abrem para nós.

Viktor Korolev – Desde o início da crise financeira, encontrar novas fontes de crescimento econômico se tornou um imperativo na discussão intelectual global. O senhor acredita que avanços tecnológicos podem fornecer os vetores e se tornarem uma chave na formação do futuro próximo?

S. D. Shibulal – Sim, avanços na tecnologia, impulsionados pela inovação, continuarão a desempenhar um papel-chave na formação do futuro próximo. Um novo cenário tecnológico já se impôs, acionado por tendências como consumidores digitais, mobilidade e nuvem, entre outros. Estas tendências oferecem ao empreendedorismo novas oportunidades de inovação e crescimento movidas pela tecnologia.

Para começo de conversa, com ou sem crise, o que ajudou os governos e as empresas a obterem sucesso ontem não os ajudará a obterem sucesso hoje. O que os ajudará a obterem sucesso hoje não os ajudará amanhã. Os negócios e os modelos de negócios precisam se reinventar constantemente para se adaptar ao ambiente social e macroeconômico cambiante em que operam. Para ter sucesso, precisam ser consistentemente relevantes para as necessidades cambiantes do consumidor ou do cliente.

Vivemos hoje numa era em que as tendências emergentes na tecnologia e na sociedade mudam o modo de interagir umas com as outras. Mais de 50% da população mundial estão abaixo dos 30 anos de idade. Existem cerca de dois bilhões de usuários da internet no mundo, e 87% da população global possuem um telefone celular. Se o Facebook fosse um país, ele seria o terceiro país mais populoso do mundo — com o dobro do tamanho dos Estados Unidos.

Estas tendênciasestão mudando os hábitos e padrões de consumo dos consumidores. As empresas que desejam atrair estes consumidores não têm outra opção senão se adaptar a seus estilos de vida em constante mutação. Os negócios coletivos sempre tiveram as escolhas e preferências dos consumidores no cerne de todas as suas estratégias. No entanto, o que mudou mais recentemente foi o fato de que existe pouco espaço para erros.

Produtos e serviços são eleitos como sucesso ou fracasso ainda antes de chegarem às lojas, por consumidores que conversam ativamente nesta mídia. A internet móvel só exacerbou essa tendência. As empresas que procuram levar esse consumidor entusiasta e participativo a fazer mais do que escolhas binárias tipo sim-ou-não, e colaboram com eles para criar um valor único, ensejaram o foco crescente na criação conjunta.

VK – Alguns especialistas dizem que essa nova ênfase na tecnologia como paradigma poderia vir a ser um desastre, não uma bênção. Por exemplo, Ken Rogoff, professor de economia e diretrizes públicas da Universidade de Harvard, no início deste ano, assinalou a proliferação de robôs industriais e outras tecnologias de aumento da produtividade como uma enorme ameaça a milhares de empregos nas economias emergentes e um fator de risco que aprofundaria ainda mais a desigualdade no bem-estar social.

SDS – Não acredito que a revolução tecnológica seja um desastre. Historicamente, a revolução tecnológica só contribuiu para o benefício da sociedade em larga escala, fosse na revolução industrial ou na ascensão da era digital. No entanto, toda vez que testemunhamos uma mudança de paradigma na tecnologia, ocorrem forçosamente consequências indesejadas.  

Por exemplo, na primeira fase, quando a automação na indústria manufatureira trouxe enormes aumentos de produtividade, isso custou milhares de empregos. Na segunda fase da revolução tecnológica, aquela que presenciamos hoje, os empregos de serviço estão sendo automatizados. O aumento dos caixas automáticos substituindo os caixas pessoais de banco é um exemplo. A terceira onda da revolução tecnológica testemunhará o aumento de empregos de nicho ou high-tech no futuro próximo, de novo ao custo de perdas de empregos.

Por outro lado, cada nova fase da tecnologia também criará milhões de empregos. Os empregos do futuro, nos próximos 5 a 10 anos, serão criados em várias áreas, como robótica,saúde, tecnologia de genomas, atendimento e mobilidade personalizados, entre outros.

No entanto, alavancar estas oportunidades requer certos facilitadores-chave.

VK – Que tipo de facilitadores, especificamente?

SDS – Primeiro, há o investimento de todos os setores envolvidos – governo, setor privado e individual – na construção da infraestrutura de talento e treinamento. Em segundo lugar, existe a mobilidade do talento – dentro do país e entre países. Por isso, enquanto os empregos são criados num país ou numa região, o talento poderia estar disponível em outros locais. Terceiro, há a exposição global. O cenário competitivo hoje é seguramente global, daí a necessidade de serem a prontidão e estratégias também globais. E, finalmente, é requerida perícia, e perícia contínua.

Para concluir, sim, a revolução tecnológica causa perda de empregos em curto prazo imediato. No entanto, em longo prazo, é uma imensa geradora de empregos,

VK – Quais são as chances, paraas economias emergentes, deaparecerem e serem bem-sucedidas na corrida global pela inovação, bem como de alcançarem posições mais elevadas na hierarquia tecnológica do mundo emergente?

SDS – Isso já está acontecendo. Economias emergentes como a Índia e a China se estabeleceram na plataforma global. Como as manufaturas na China, a tecnologia da informação na Índia pode reivindicar sua posição de força significativa que ajudou a escrever a história do sucesso econômico do país nas duas últimas décadas.

Para colocar a questão no devido contexto, vamos vê-la num panorama mais amplo. Nos anos recentes, lideradas pela Índia e pela China, as economias emergentes estiveram na vanguarda do processo motor do crescimento econômico global. Elas figuraram entre as economias mais elásticas durante a recente crise financeira global. Enquanto economias desenvolvidas se debatiam com um crescimento econômico que encolhia e estagnava, a Índia e a China continuaram a crescer, ainda que um pouco mais lentamente. A Índia e a China cresceram em média cerca de 8% e 10% nos últimos três anos, e espera-se que tenham crescido 7,5% e 8,1% respectivamente em 2012. Economias avançadas como os Estados Unidos só tiveram uma expectativa de crescimento de 3,5% em 2012.

VK – Vamos olhar mais de perto a Índia. Quais são os fatores-chave que impulsionam seu crescimento econômico?

SDS – Existem vários fatores-chave. Inicialmente, a Índia tem um grande dividendo demográfico: 61% de sua população estão na idade de trabalho (25 a 60 anos). A força de trabalho indiana teria subido de 472 milhões em 2006 para 526 milhões em 2011. Por volta de 2050, a porcentagem de pessoas acima da idade de 65 anos será de 39% nos Estados Unidos, 53% na Alemanha e 67% no Japão. A Índia, em contraste, só terá 19% acima da idade de 60 anos, segundo um relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Em segundo lugar, a Índia tem uma das maiores reservas de talento do mundo, produzindo cerca de três milhões de diplomados todo ano em suas mais de 480 universidades e 22 mil faculdades. Desta reserva, mais de 700 mil são engenheiros e 20 mil são pós-graduados.

Finalmente, a tecnologia em si é um poderoso agente de desafio na história da transformação da Índia. A Índia possui a segunda maior base de assinantes de celulares do mundo, com mais de 919 milhões de usuários. Em adição, o número de usuários de internet no país se eleva a mais de 121 milhões, com cerca de 15 milhões de usuários de banda larga. A Índia tem também a população internética mais jovem do mundo, com 75% de seus usuários abaixo dos 35 anos de idade.

Esta evolução surpreendente fez da Índia o novo polo de crescimento, talento e inovação. Firmas de tecnologia global, até então focadas nos mercados desenvolvidos, despertaram modestamente para essa oportunidade há alguns anos. Hoje, a Índia desempenha um papel crítico em seus planos de crescimento.

VK – Poderia dar-nos alguns exemplos?

SDS – Na Índia, a Infosys, com aAirtel – uma das maiores operadoras de telecomunicações do mundo –, lançou um tipo pioneiro de plataforma de pagamento para celulares que facilita pagamentos sem dinheiro. Essa plataforma permitirá a clientes com “dinheiro airtel” efetuar pagamentos, recarregar contas, fazer comprasem mais de sete milpontos de venda e operar transações online através de múltiplos canais, incluindo telefones celulares, resposta vocal interativa, caixas automáticos e pontos de venda.

Poroutro lado, hospitais como o ShankarNethralaya vêm realizando cirurgias cardíacas de ponta por uma fração do custo daquelas em economias avançadas.

Na China, o BYD se destacou como uma das companhias automobilísticas mais inovadoras do mundo e se tornou a primeira a trazer a energia elétrica para o transporte público. Conseguiram isso ao construir o primeiro ônibus puramente elétrico do mundo.

Investindo no novo futuro

VK –  Qual foi o plano “anticrise” da própria Infosys? Até que ponto ela está preparada para os desafios do futuro próximo?

SDS – Nos 32 anos desde o nosso início, ciclos de negócios cambiantes foram parte do jogo para nós. Testemunhamos três crises econômicas importantes nesse período, inclusive a crise financeira mais recente, e acreditamos que a frequência dessas crises só tende a aumentar.

Nosso plano “anticrise”, se quer chamá-lo assim, sempre consistiu em permanecermos consistentemente relacionados às necessidades de negócios cambiantes de nossos clientes. Esse foi um aspecto que permitiu nos adaptarmos, evoluirmos e adotarmos tecnologias, modelos e ciclos de negócios cambiantes e continuarmos relacionados. Isso levou nossos investimentos a fortalecerem nossas capacidades. Ajudou-nos a nos transformar numa organização consistente.

VK – Como isso afeta seu planejamento estratégico, sua estrutura interna e suas diretrizes?

SDS – Recentemente embarcamos na nova jornada estratégica “Construindo a Empresa de Amanhã”. Como parte dessa jornada, fizemos investimentos significativos para fortalecer nossas capacidades em várias áreas estratégicas, incluindo nuvem, mobilidade empresarial, análise e mídia social. Nossas recém-lançadas plataformas como a BrandEdge já estão ajudando nossos clientes a alavancarem as oportunidades oferecidas pelo complexo mundo da mídia social . Nossas capacidades em nuvempermitiram a líderes globais como a Ricoh transformar sua infraestrutura de TI a fim de reduzir seu rastro de carbono eecocondução. Realinhamos nossa estrutura interna e nossas ofertas a fim de agilizar nossas capacidades de foco industrial e acesso aos mercados. No último trimestre também adquirimos a Lodestone, uma firma de consultoria global com base em Zurique e uma forte presença na Europa, nas Américas e em outros mercados globais. Estes investimentos estão ensejando parcerias com nossos clientes para superar os desafios e alavancar as oportunidades.

VK – No ano passado, foi citada uma afirmação sua de que “Infosys” e “conservadora” não deveriam ser mais usados na mesma frase. O que o senhor quis dizer com isso?

SDS – Historicamente, a Infosys sempre foi conhecida por criar práticas de benchmarking industrial que outros pudessem emular. Sempre fomos agressivos em nossas aspirações para tirar vantagem das oportunidades bem à frente de nossos pares. Qualquer crise, incluindo a mais recente, só reforça a necessidade de as companhias serem agressivas na alavancagem de novas oportunidades – bem como de criarem oportunidades onde ainda não existem. Nossas estratégias não foram diferentes.

O ambiente dos negócios da Índia durante os anos 1980 não era de modo algum propício a riscos empresariais. O cenário era dominado por um punhado de conglomerados de propriedade familiar, regulamentos governamentais bizantinos e restrições de importação que tornavam extremamente difícil o início ou o sucesso de qualquer novo negócio. Nesse ambiente, o empreendedorismo como uma escolha de carreira estava na sua infância. Em meio àqueles tempos desafiadores, um grupo de sete profissionais de software com aspirações elevadas, mas recursos limitados,fundou a Infosys.

Os primeiros dez anos foram caracterizados pela superação de tremendos obstáculos. Foi preciso um ano para conseguir uma linha telefônica, dois anos para obter a licença para importar um computador, e os negócios demoravam a aparecer. No entanto, a companhia perseverou. Desenvolvemos um forte sistema de valores erguido sobre os princípios do foco no consumidor, na liderança pelo exemplo, na equidade, na excelência de execução, integridade e transparência.

Depois da liberalização econômica do início dos anos 1990, a Infosys começou a crescer em tamanho e rendimento. Lenta mas regularmente, ela começou a aumentar seu domínio na indústria e começou a praticar o benchmarking com os pares globais e as melhores práticas – uma das primeiras companhias indianas a fazer isso.

Esse foco e essa disciplina mostraram resultados à medida que a Infosys começou a evoluir como uma liderança industrial, com muitas conquistas em seu crédito.

Como eu disse anteriormente, adquirimos recentemente a Lodestone, uma firma de consultoria global baseada em Zurique, para fortalecer nosso foco em crescimento inorgânico.

VK – Num artigo o senhor destacou a importância de permanecer relacionadoao “novo futuro” para que as companhias sobrevivam.Como vê a empresa de amanhã?

SDS – Na qualidade de líderes empresariais, nós temos de lidar com os desafios de cenários de negócios que mudam continuamente e com novas tecnologias que surgem rapidamente. Estes desafios tornam redundantes os modelos de negócios existentes, e tornam novos modelos relevantes. Cada desafio traz também novas oportunidades.

O mundo de hoje está dramaticamente diferente do mundo de uma década atrás. Novas tecnologias, ao lado de sociedades e perfis demográficos em mutação, estão afetando a interação humana.

A penetração sem precedentes da tecnologia que mencionei antes mudou a mentalidade do consumidor e os padrões de consumo. Simultaneamente, novos mercados surgiram, e a sustentabilidade assumiu o centro do palco. Entre estas mudanças, nosso foco em permanecer relevante diante das necessidades de negócios cambiantes dos nossos clientes ficou constante.

É evidente para nós que as empresas de amanhã serão aquelas com a capacidade de usar a inovação para alavancar novas oportunidades. A inovação é imperativa para se construir as empresas de amanhã – seja inovando para identificar novos mercados, para criar novos produtos ou para criar novos experimentos de consumo.

VK – No contexto do “Construindo a Empresa de Amanhã”, qual é a abordagem da Infosys para com inovação e pesquisa e desenvolvimento?

SDS – Enquanto a inovação e a pesquisa& desenvolvimento são uma parte integral de todos os aspectos de nosso negócio, não somos uma companhia tradicional de produtos; por isso, pesquisa &desenvolvimento em nosso contexto é algo diferente. O nosso Finacle é uma das soluções bancárias universais mais abrangentes, flexíveis e escaláveis no seu gênero, e um de nossos produtos mais antigos e bem-sucedidos. Deixem-me dizer que é a solução escolhida por mais de 165 bancos em 78 países, atingindo 14% da população mundial com conta bancária e mobilizando 423 milhões de contas bancárias através de 48.500 agências.

O InfosysLabs foi estabelecido como parte do “Construindo a Empresa de Amanhã”. Consistindo num dedicado complexo de pesquisa e inovação, ele se apoia nos êxitos do premiado Software Engineeringand Technology Labs (SETLabs) e visa a uma conquista ainda maior.

A equipe de 600 membros focada em tecnologia e domínio trabalha na busca de inovação através de sete tendências identificadaspara transformar os negócios de nossos clientes globalmente. Trabalhando em conjunto com nossos clientes, parceiros tecnológicos, universidades e o mais amplo ecossistema de inovação, o InfosysLabs converge seu foco na criação de centros conjuntos de inovação e no desenvolvimento de soluções para complexos problemas de negócios.

Hoje, as ofertas de “Produtos, Plataformas e Soluções” constituem uma parte-chave de nossa direção estratégica. Estamos fazendo investimentos enfocados a fortalecer nossas capacidades de pesquisa e desenvolvimento ao longo de nossas ofertas de serviços. Nosso depositório de pesquisa e desenvolvimento inclui 3 mil nuvens e mais de 1.200 especialistas em mobilidade empresarial, bem como Academias de Nuvem e Mobilidade.

Lançamos também o Centro de Inovação do “Construindo a Empresa de Amanhã.” Trata-se de uma vitrine de nossas capacidades únicas e estrutura de inovação que está permitindo aos clientes tirarem partido das novas oportunidades.

VK – O Centro de Educação Global (GEC) em Mysore é um investimento único da Infosys em novos talentos. Poderia dizer algumas palavras sobre ele?

SDS – O GEC é a maior universidade de treinamento corporativodo mundo. Sua infraestrutura é capaz de acolher 14 mil novos trainees simultaneamente, em regime interno, bem como uma faculdade em tempo integral com mais de 600 alunos, dos quais 200 possuem PhD.

O GEC é usado para oferecer nosso programa de treinamento residencial de 16 semanas, destinado a ajudar a transição dos estudantes do mundo acadêmico para o mundo corporativo como profissionais qualificados. O programa oferece treinamento genérico e específico contínuo em várias áreas da tecnologia, ao lado de capacitação em software e programas de liderança.

Na Infosys, o foco no treinamento começou ainda em 1991, quando recrutamos quatro trainees dos prestigiosos Institutos Indianos de Tecnologia. O GEC foi a culminação desse foco em treinamento e desenvolvimento. Estávamos empenhados em transmitir conhecimento, compartilhando as melhores práticas e construindo capital intelectual.O GEC deu escala a esta visão. Até hoje, mais de 100 milengenheiros recém-formados completaram com sucesso o Programa da Fundação.

O CEG também abriga o Instituto Infosys de Liderança, que focaliza o Programa de Liderança em Nível para identificar e preparar os futuros líderes da organização.

A nova face da Índia

VK – Embora a Infosys seja uma manifestação clara da “nova face” da Índia, o país como um todo permanece bastante pobre, pelo menos em termos de renda per capita. Nesse contexto, o senhor não acha que a Infosys é uma espécie de exceção na Índia, e que teria de contribuir mais para a comunidade nacional?

SDS – Como a maioria das economias emergentes, a Índia é um país de contradições. Tivemos um crescimento de 8 a 8,5% nos últimos anos, mas 300 milhões de pessoas estão abaixo da linha de pobreza. Formamos cerca de 700 mil engenheiros, porém mais de 16 milhões de crianças e jovens em idade escolar ainda estão fora da escola. Dos iletrados do mundo, 35% são indianos. Nosso índice de alfabetização é de 63%. Enquanto a Índia representa um sexto da população total do mundo, ela não figura sequer entre as 100 primeiras nações no Índice de Desenvolvimento Humano (estava em 134.º lugar no ranking mais recente). Temos finanças públicas precárias, posições internacionais fracas, estruturas de negócios falhas, infraestrutura pobre, corrupção e atrofia política.

Claramente, existem abismos imensos em nosso desenvolvimento, e a história do nosso crescimento não tem sido inclusiva. As corporações desempenham um papel-chave na transposição destes abismos porque, além dos governos, elas são os maiores e mais influentes organismos capazes de promover o desenvolvimento socioeconômico em larga escala. Criam empregos, direta e indiretamente – proporcionam meios de vida – e contribuem com melhoramentos no padrão de vida geral das sociedades em que operam.

Ao mesmo tempo, as corporações também consomem recursos das sociedades em que operam para alcançar lucros – seja o talento local, os recursos naturais ou a infraestrutura pública. Por isso, elas têm uma responsabilidade implícita de preencher o seu contrato social. Precisam privilegiar um crescimento que seja sustentável e inclusivo.

Não se trata mais de uma escolha. As consequências do crescimento injusto terão impacto numa sociedade através da inquietação social e da elevação do crime. Este ambiente não seria propício aos negócios ou ao crescimento social. Portanto, todos os envolvidos – corporações, governos, instituições acadêmicas, ONGs e a sociedade em geral – precisam trabalhar juntos para enfrentar estes desafios.

Mais recentemente, na Índia, o governo aprovou uma emenda à Lei das Empresas. Essa emenda obriga as companhias a gastarem 2% de seus lucros em causas sociais. A Infosys tem sido pioneira nesse aspecto, contribuindo para causas sociais com parte de seus lucros décadas antes que a lei tornasse isso obrigatório.

VK – Qual é o seu sentimento em relação a isso?É constrangedor, ou perigoso, ser rico num país geralmente pobre como a Índia? Pode a caridade ser uma solução?

SDS – Não. Não é nem constrangedor, nem perigoso. A Índia é o meu país natal, uma nação secular que acomoda povos de todas as religiões, culturas, faixas sociais e classes financeiras. Eu não chamaria a Índia de um país pobre, mas um país em que uma grande faixa da população vive abaixo da linha da pobreza. Existe um imenso abismo de crescimento desigual, e todos os grupos envolvidos, incluindo os governos, o setor privado, as ONGs e os indivíduos estão fazendo seu papel no sentido de aliviar a situação.

Como eu disse, as empresas têm a capacidade única de fazer uma diferença positiva nas sociedades em que operam. Somos felizes por termos podido fazer a nossa parte. Na Infosys, nosso foco sempre convergiu para preencher nossas responsabilidades com todos os setores sociais – clientes, empregados, indústria, acionistas e a sociedade em geral.

Como parte de nosso compromisso com a sociedade, empreendemos várias iniciativas. A Fundação Infosys, em particular, tem sido um exemplo bem-sucedido. Foi criada em 1996 para apoiar faixas carentes da sociedade. A Infosys contribui com 1% de seu lucro, depois do imposto, à Fundação, para sua campanha destinada a melhorar as condições de vida das populações das áreas rurais da Índia. A Fundação privilegia saúde, educação, cultura, apoio aos desamparados e desenvolvimento rural.

Outra iniciativa de sucesso é a Fundação de Ciência da Infosys, uma entidade nãolucrativa criada em fevereiro de 2009 pela Infosys e por alguns membros de sua diretoria. A Fundação instituiu o Prêmio Infosys, uma recompensa anual para honrar conquistas notáveis de pesquisadores e cientistas em seis categorias: Engenharia e Ciência de Computação, Filosofia e Letras, Ciências Humanas, Ciências Matemáticas, Ciências Físicas e Ciências Sociais. A missão básica da Fundação é propagar e encorajar a cultura da ciência.

Além disso, líderes seniores da Infosys estão empenhados em várias iniciativas caritativas com suas capacidades pessoais.

 

Fonte: Diário da Rússia

 

 

9 Comentários

  1. “O ambiente dos negócios da Índia durante os anos 1980 não era de modo algum propício a riscos empresariais. O cenário era dominado por um punhado de conglomerados de propriedade familiar, regulamentos governamentais bizantinos e restrições de importação que tornavam extremamente difícil o início ou o sucesso de qualquer novo negócio.”

    Parece um certo país ao sul e a oeste, não é mesmo?

  2. Honestamente, eu não acredito em nenhuma previsão que façam da Índia!Aquilo lá é predominante idade da pedra, socialmente falando, estão como os árabes muçulmanos!Alimentando crenças em deuses pérfidos, que nunca viram!

    • O mesmo vale para os EUA, aonde no interior se ensina “criacionismo” como sendo verdadeiro e evolução como mentira. Ainda assim estão onde estão. Todo país tem suas idiossincrasias e seus problemas. A Índia é um país saindo da idade medieval direto para o ápice do século XXI, isso gera um conjunto enorme de problemas e defasagens, mas nada impossível de se resolver.

      • Tá se vendo que vc conhece a realidade americana… rsrsrsrsrsrs… mais um bufão, leitor de periódicos como a superinteressante… ouvir falar é uma coisa, saber é outra…

      • Você não muda mesmo né? No dia que eu começar a ler superinteressante por favor, me interne. Eu leio artigos científicos sérios e não baboseiras pseudocientíficas.

        http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI328703-17770,00-ATIVISTA+DE+ANOS+PROTESTA+CONTRA+CRIACIONISMO+NAS+ESCOLAS+AMERICANAS.html

        http://ceticismo.net/2010/10/21/o-avanco-criacionista-nas-escolas-americanas/

        http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u12703.shtml

        Aqui vai duas fontes americanas:

        http://tv.msnbc.com/2013/01/16/creationism-spreading-in-schools-thanks-to-vouchers/

        http://www.motherjones.com/blue-marble/2013/01/how-texas-public-schools-still-teach-creationism

        Apesar da wikipedia não ser exatamente confiável, existe uma enorme lista de sites usadas nas referências, se quiser mais, só olhar lá.

        http://en.wikipedia.org/wiki/Creation_and_evolution_in_public_education

        (imagino que inglês não seja um problema para você…)

      • Só há uma verdade Sena… os conservadores americanos entendem mais de ciência que os progressistas, mas nem por isso querem pautar suas vidas por um relativismo oco que não leva a nada… quem tem a visão mítica de que o conservador americano não passa de um caipira está deveras enganado… sua base antropológica cultural e filosófica é rígida e fortificada… não serão modismos e aforamentos momentâneos que mudarão séculos de dedicação a uma postura digna perante o mundo… se deixar levar por apontamentos duvidosos e sabidamente partidários não desvenda a realidade de uma situação… melhor seria se tu pudesses se deslocar até o local, in situs, e verificar com seus próprios olhos o que se passa… num mundo tomado pelo ideologismo grassante, periódicos, mesmos ditos científicos carecem de honestidade… ainda mais os editados acadêmicos… se for no Brasil, então, artigos publicados por universidades devem ser vistos com desconfiança… culpa da influencia nefasta da visão unilateral do pensamento revolucionário… exemplos temos diversos, tal qual o caso do “aquecimento global antropogênico” que hoje desperta debates e cada vez mais se mostra uma farsa científica com atores políticos defendendo sua causa por motivos inconfessáveis…

      • Cada coisa no seu lugar. É lógico que não iria colocar artigos científicos, pois estes falam(obviamente) sobre ciência. Matérias investigativas e função de matérias e reportagens. E elas mostram que existem sim, locais onde criacionismo é explicado como sendo científico e não o é.

        Agora eu tenho perfeita noção de que a maioria(não todos) dos conservadores americanos são seculares, isso a própria história americana mostra, hora nenhuma disse do contrário, porém da mesma forma tem surgido grupos radicais idiotas a lá Tea Party que não são bem assim.

        Quanto a questão dos artigos universitários, só se você estiver se referindo aos das áreas de humanas, o que não acompanho pois não são a minha área. Agora posso te garantir que isso não é verdade na área das ciências exatas e biomédicas. Basta olhar revistas de divulgação científica(Nature, e etc…) e olhar os embasamentos dos artigos. Verás que não existe qualquer perseguição a ideias ou ideais e os artigos sempre passam por rigorosa revisão do método dos pares. Isso também acontece no Brasil. Mas como disse, sobre a área de humanas não posso opinar, pois não acompanho.

      • Em tempo… esses que citastes não pode ser considerados “artigos científicos SÉRIOS”… I’m sorry…

  3. Regivaldo
    20 de julho de 2013 at 15:20

    Honestamente, eu não acredito em nenhuma previsão que façam da Índia!Aquilo lá é predominante idade da pedra, socialmente falando, estão como os árabes muçulmanos!Alimentando crenças em deuses pérfidos, que nunca viram! ===== E como são cruéis esses deuses…intocáveis, dalits..castas…pessoas q valem menos q merda …e são td p seus deuses.Onde um mulher c 5 ou + meses de gestação ‘tem’ de abortar pq o feto e de uma menina, akela panela qdo chegar a 1.8 bilhões dentro de 15 anos ou menos…sei ñ.Quem viver verá.sds.

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