A União Europeia ameaçou interromper o compartilhamento de dados com os serviços de inteligência dos Estados Unidos por causa das escutas que a Agência de Segurança Nacional (NSA) supostamente fazia nos escritórios norte-americanos do organismo. A informação foi divulgada na sexta-feira, 5, pelo jornal britânico Financial Times, que citou uma carta da Comissária europeia para Assuntos Internos, Cecilia Malmström.
Tendo como destinatários a Secretária de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Janet Napolitano, e o Subsecretário do Tesouro, David Cohen, a carta afirma que, se não for possível demonstrar a utilidade dos programas de vigilância, bem como a dos instrumentos de registro de passageiros da União Europeia, além de se comprovar que esses procedimentos são implementados em plena conformidade com a lei, a comissária europeia para Assuntos Internos se verá obrigada a reconsiderar a continuidade da cooperação com os serviços secretos norte-americanos.
Malmström acrescentou que o momento é delicado nas relações entre a União Europeia e os Estados Unidos e disse que esperava que a Casa Branca fizesse o possível para restaurar a “confiança erodida”. Na quinta-feira, 4, os deputados europeus votaram por larga maioria para derrubar dois acordos de partilha de dados com Washington, apesar de sua decisão não ter tido caráter vinculativo.
Anteriormente, devido às bombásticas informações reveladas pelo ex-agente da CIA Edward Snowden, diversos países europeus exigiram que os Estados Unidos dessem esclarecimentos sobre as denúncias de que o país usava escutas para espionagem. O jornal alemão Der Spiegel informou na semana passada, citando documentos do arquivo de Snowden, que a NSA também monitorava redes cibernéticas dos escritórios da União Europeia em Nova York e Washington. Paralelamente, o britânico The Guardian relatou que a agência norte-americana também grampeava as ligações telefônicas de 38 delegações europeias no país, incluindo as de seus aliados na OTAN, como França e Itália.
Snowden encontra-se atualmente na área de trânsito do aeroporto de Sheremetyevo, em Moscou, onde aguarda asilo político. Ele está sendo caçado pela Justica dos Estados Unidos por traição, e pode inclusive ser condenado à morte se for extraditado.
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