Defesa & Geopolítica

Ahmadinejad: “O nosso objetivo é estabelecer a justiça no mundo”

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Elena Suponina

Vladimir Putin manteve hoje conversações com o presidente cessante do Irã, Mahmoud Ahmadinejad. Como se sabe, o presidente eleito, Hassan Rouhani, será empossado em 3 de agosto do ano corrente. Entretanto, segundo admitem peritos, Ahmadinejad manterá sua influência no sistema político iraniano. Ele se reuniu com politólogos e peritos russos. A emissora Voz da Rússia apresenta fragmentos da entrevista mais recente do presidente iraniano.

– Como avalia os acontecimentos na Síria? O Irã continuará defendendo a sua posição assumida nesse sentido?

– É uma questão importante. Gostaria de assinalar três aspetos fundamentais. Primeiro, os povos têm o direito de serem respeitados, têm o direito de eleger seus dirigentes. A compreensão mútua pode ser atingida no decurso das eleições. Os governos que mantêm o poder com ajuda de outros Estados não podem trabalhar por muito tempo. Quanto à Síria, apelamos para que as partes em conflito atinjam a reconciliação nacional mediante a realização de eleições livres e democráticas.

O segundo aspeto diz respeito aos países ocidentais e aos seus objetivos autênticos. Eles têm seus planos de edificar um “Novo Oriente Médio”.

O terceiro aspeto se refere à realidade. Na verdade, o Ocidente não quer a regularização pacífica na Síria. É que a situação instável naquele país é do seu interesse. O Ocidente tem desestabilizado tanto a Síria como o Iraque, o Afeganistão, a Líbia e a Turquia. Quanto a esta última, eu previ o cenário atual. O Ocidente não quer que na região do Oriente Médio existam Estados fortes.

O Ocidente deseja que o Egito, a Arábia Saudita, a Jordânia e outros países se encontrem numa situação instável. Outro objetivo que perseguem passa pela criação de mercados de comercialização dos seus produtos. Deste modo, se pretende desunir os povos do Oriente Médio e expandir o domínio ocidental na região. Quanto à segunda questão, o Irã, como a Rússia, irá defender o seu posicionamento na medida do possível.

– Agora a questão do programa nuclear iraniano. A sua solução terá um impacto positivo nas relações russo-iranianas e na situação em torno do Irã. As conversações sobre esta temática estão progredindo. Não se exclui que uma nova ronda negocial do “sexteto” tenha lugar antes da reunião de setembro do Conselho Executivo da AIEA. Quais as perspetivas que se vislumbram nessa área?

– O Irã solidariza-se com a Rússia na posição construtiva assumida nessa problemática. A saída dessa situação passa pelo diálogo e conversações. Não confiamos nos países ocidentais e eles, segundo parece, também não confiam em nós.

Esta questão podia ser resolvida. Mas nenhuma das partes o tentou porque existe um problema muito mais sério do que o programa nuclear do Irã. Existe uma confrontação histórica entre o Ocidente e o Irã. O Ocidente tem tido uma atitude igual em relação a outros Estados da região. Os ingleses e americanos dominaram no Irã durante 100 anos e a independência nacional do Irã não lhes agrada muito. Por isso, tal atitude hostil tem sido mais importante devendo, contudo, ser eliminada sem prejuízo para a nossa soberania.

– Em última análise, como será possível resolver o problema?

– Pretendemos criar um ambiente em que sejam levados em conta os interesses de todos os países. A ordem mundial que existe há mais de 400 anos não satisfaz as necessidades dos povos. Todavia, tal ordem tem de ser alterada primeiramente a nível pessoal. Há quem veja a sua felicidade na derrota do inimigo. Há quem aposte na sua prosperidade através da miséria de outras pessoas. Mas esta é uma mundividência do regime esclavagista que tem suscitado muitos problemas atuais.

Não se deve formar novos blocos e alianças. A Humanidade não se tornará melhor por causa disso. Devemos mudar a base de nossos pensamentos. Isto levará à criação de blocos políticos normais. Devemos alicerçar as nossas relações em critérios espirituais e humanos. Nisso consiste a nossa solidariedade com a Rússia, que não deixa de ser nosso aliado e parceiro estratégico.

Posso dar mais um exemplo: andamos no mesmo trem. Os imperialistas não querem que nós conduzamos ou ocupemos certos lugares. Mas nós não aceitamos tal conduta. Decidimos mudar a agulha ferroviária e agora estamos caminhando no sentido certo. A nossa meta é estabelecer a justiça no mundo. A questão nuclear foi resolvida para nós há 4 anos, quando começámos a empregar efetivamente tecnologias modernas. Ninguém nos fará desviar desse rumo. Deve-se aceitar o Irã como uma potência nuclear com um programa nuclear pacífico.

– Nas conversações em Moscou foram examinados pormenores da cooperação técnico-militar com a Rússia? Há alguns anos, o contrato de fornecimento de sistemas antiaéreos russos S-300 foi suspenso. O Irã precisa de tais armas?

– É verdade, mas os peritos militares estão debatendo esta questão. Creio que o caso não teve impacto negativo nessa área. Encaro com otimismo as perspetivas da cooperação militar russo-iraniana.

 

 

Fonte: Voz da Rússsia

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