MÉDICOS DE VENEZUELA E BOLÍVIA CRITICAM EXPERIÊNCIA DE ‘IMPORTAR’ CUBANOS

dirma terrorista

Representantes de entidades médicas dos dois países relatam problemas vividos durante os programas Barrio Adentro e Operación Milagro

Maria Fernanda Ziegler
iG São Paulo

 

Representantes dos médicos da Venezuela e da Bolívia vieram ao Brasil, a convite do Conselho Federal de Medicina, para contar em um fórum a experiência de seus países com a “importação” de médicos. As associações médicas brasileiras têm se posicionado contra a decisão do Ministério da Saúde de trazer médicos estrangeiros para ampliar o atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS) no interior do Brasil.

O único ponto positivo destacado na entrevista concedida ao iG é que os cubanos, de fato, foram trabalhar nos lugares mais remotos da Bolívia e da Venezuela. Fora isso, os médicos apontaram “barbeiragens”, falta de documentação que comprovasse que os cubanos eram formados em medicina e disseram que as iniciativas foram um fracasso nos dois países.

Douglas León Natera, presidente da Federação Médica Venezuelana, contou que dos seis mil módulos de assistência médica construídos pelos cubanos naquele país a partir de 2003, apenas 20% seguem em funcionamento.

“Dizem que existem 30 mil médicos cubanos na Venezuela. Nós sabemos que não se tratam de médicos, só sabemos que são cubanos. Não vimos um título destes profissionais, só conseguimos ver 37 currículos. O governo venezuelano não permitiu ver mais nenhuma documentação”, disse Natera.

O programa começou em 2003, quando o então presidente venezuelano Hugo Chávez criou um programa de saúde a partir de um acordo do país com Cuba, que recebeu o nome de Barrio Adentro. Natera relata que até 1998, antes da chegada de Hugo Chávez ao poder, havia 298 hospitais e 4980 ambulatórios distribuídos em todo o território venezuelano.

De acordo com o site do programa mantido pelo governo venezuelano, nos dez primeiros meses do programa, chegaram 10 mil médicos, o que teria estabelecido a proporção de um médico para cada 250 famílias.

Atualmente, ainda de acordo com o governo venezuelano, o programa conta com mais de seis mil consultórios médicos, três mil odontológicos e 559 centros de diagnóstico integral. Os postos de saúde do Barrio Adentro, sobrados de alvenaria com 80 metros quadrados, funcionam como moradia dos médicos e posto de saúde. Natera diz, no entanto, que o projeto foi criado exclusivamente para beneficiar os cubanos, com construções superfaturadas e sem licitação.

Na Bolívia, a chamada Operación Milagro começou em 2006, relatou ao iG o médico boliviano Aníbal Cruz, vice-presidente da Confederação Médica Latino-Americana e do Caribe.

“O acordo já havia sido firmado em 2005, quando Evo Morales tinha sido eleito, mas ainda não era presidente. Em fevereiro de 2006, a Bolívia enfrentou uma grande inundação e a primeira equipe, cerca de 200 médicos cubanos, chegou. Ao final de quatro meses, vieram mais 2,4 mil e depois mais 4,2 mil médicos cubanos”,

Dados alterados ou inexistentes

Cruz contou que o corpo médico boliviano exigiu a documentação dos médicos cubanos, mas ela nunca foi apresentada.

“Não conseguimos nem uma lista com a especialidade de cada médico cubano”, afirmou.
Segundo o médico boliviano, depois de seis anos de programa chegaram notícias do governo da Bolívi, da imprensa e de Cuba, de que os médicos cubanos atenderam 58 milhões de bolivianos, sendo 324 mil em UTIs.

O boliviano Aníbal Cruz: “Não conseguimos nem uma lista com a especialidade de cada médico cubano que foi para a Bolívia”
Maria Fernanda Ziegler

 

“Quando soubemos destas notícias a primeira coisa que falamos foi: só temos 10 milhões de habitantes na Bolívia”, disse. Outras informações que circularam davam conta de que os médicos cubanos teriam feito 650 mil cirurgias oftalmológicas.“Ou seja, quase 10% da população da Bolívia. Nós ficamos surpresos, pois se isso fosse verdade, era uma epidemia, os bolivianos estavam ficando cegos”, ironizou.

Para ele a situação é alarmante, pois os índices epidemiológicos e os dados estatísticos de Saúde da Bolívia são alterados.

“Ainda não sabemos quantos cubanos chegaram e quantos se foram. Levando em conta os problemas que tiveram na missão cubana, muitos deles desertaram, fugiram para a Argentina, para o Brasil e para os EUA”, disse.

Na Bolívia, os cubanos chegaram a locais onde não havia atendimento médico algum.

“Eles chegaram a locais muito distantes, especialmente no Altiplano boliviano, mas também tiveram muitos problemas de adaptação, pois são caribenhos e estavam acostumados a viver no nível do mar. E no altiplano, com 3 mil metros de altitude, nem a seleção brasileira aguente, não é?”, brincou Cruz.

“Barbeiragens”

Tanto Natera quanto Cruz citaram ao iG casos emblemáticos de erros grosseiros por parte dos médicos cubanos nos dois países. Na Venezuela, um rapaz teria morrido após tomar uma injeção de dipirona.

“Um rapaz de 18 anos chegou ao módulo do Barrio Adentro com 41 graus de febre. A mãe relatou que ele tinha febre e mal estar geral há dois dias. Também disse que ele era alérgico a dipirona. Então o cubano disse que primeiro se tratasse a febre e injetou dipirona na veia do rapaz. Em cinco minutos ele estava morto por uma reação anafilática. No dia seguinte, o cubano não estava mais lá”, denunciou Natera.

Cruz contou de camponês da região de Alto Chapare, Agustin Tucuiarpe, de 36 anos, que foi levado de avião a Cuba após um erro médico da Operación Milagro. Ele caiu de uma árvore, mas quando chegou à emergência do hospital não fizeram os exames adequados e tiraram o rim dele, sem se darem conta que ele tinha apenas um rim.

“Em março de 2008 a embaixada de Cuba e o governo tiraram o paciente do hospital e supostamente o levaram de avião para Cuba, mas nunca mais tivemos notícias da vida daquele paciente”, disse o médico.

Cruz e Natera defenderam que a “importação” de médicos cubanos não é uma solução para os problemas de saúde do Brasil.

“Acredito que é político, há um interesse do governo brasileiro em atacar um problema que eles mesmos criaram e que, por incompetência ou corrupção, ainda não resolveram”, criticou Natera.

Fonte: Último Segundo

29 Comentários

  1. tem que perguntar para os pacientes , pois aqui na periferia de são Paulo já fui atendido por medico de outro pais e se saiu muito bem ,não tenho queixa nenhuma
    mas fazer o que, os médicos brasileiros não gostam ,não querem trabalhar na periferia e quando vao em sua maioria se portam como se estivesse fazendo um favor
    mas não se preocupem médicos já teve uma dúzia de manifestantes protestando ao seu favor na paulista

    • Se oque eles estão falando e verdade,temos que tomar muito cuidado.
      Mas preste muita atenção,oque eles dizem no final a respeito dos erros médicos agente vê aqui no Brasil o dia todo,todas as semanas é meses. 🙁

      Então quer dizer que os Cubanos já estão no Brasil? kkkkkk

  2. Devemos ler essa matéria com cautela,pois essas denuncias dos sindicatos médicos boliviano e venezuelano,podem na realidade não se tratar de denuncia mas sim uma defesa de corporativismo desses profissionais, que em sua maioria são ocupados por membros de famílias abastadas que acabam fazendo fortunas com as carências da população !
    Muitos médicos brasileiros cometem erros grotescos como esses mencionados na matéria,e agora veem a publico falar como se estivessem prestando um trabalho maravilhoso,eu sou a favor que venham médicos sim,MÉDICOS QUALIFICADOS sejam paraguaios,angolanos e etc,pois não deve ser muito difícil prestar um serviço melhor que esses que os médicos brasileiros estão prestando SALVO RARÍSSIMAS EXCEÇÕES !
    A medicina no Brasil se tornou um verdadeiro negócio,alguns anos atrás precisei ir a um especialista,no caso um dermatologista e fiquei pasmo com o valor da consulta que era igual ao salário mínimo da época,ai eu pensei quem é pobre não pode pagar uma consulta devido ao alto valor,isso sem falar que nesse país quem mata não vai para prisão, a toda hora vemos casos de tesouras esquecidas dentro de pacientes, membros errados sendo amputados ,diagnósticos errados e etc!
    Por fim cheguei a conclusão que o curso de medicina deve ser ”popularizado” no país de modo que qualquer cidadão possa ser médico e tenhamos mais profissionais,porque o sistema atual criou uma espécie de casta que ao que tudo parece esta defendendo os seus interesses !

  3. A realidade?… pessoal da saúde nos hospitais sabe!… a maioria não tem preparo algum!… hospitais públicos.. privados!.. Exame de categoria urgente! E que cada faculdade tenha um hospital próprio!

  4. Que beleza, que entrevista isenta de interesses, kkkk

    Médicos carniceiros de Venezuela e Bolívia se encontrando a convite dos açougueiros brasileiros, uma beleza.

    Aqui em Brasília tem fila de espera até na emergência dos hospitais mais caros da Capital, por falta de médicos.

    Esses sócios de laboratórios e vendedores de doenças podem ficar tranquilos, ninguém vai tirar seus empregos ou reduzir seus salários. Mas precisamos de 50 mil médicos, não apenas de Cuba, mas que estejam autorizados a trabalhar em lugar do mundo.

  5. Para um médico ir trabalhar la na Amazônia só se for obrigado, e olha que o salário não é baixo, isso para não falar nas periferias das grandes cidades. Agora não querem gente de fora, mas se eles não ocupam vagas por salários bem significativos, eles se quer querem que o governo abra mais faculdades de medicina. Como se já não bastasse o tal ato médico que transforma a saúde em um feudo deles transformando todos os outros profissionais da área em vassalos.
    Fico me perguntando se um oficial recém formado vai lá para a Amazônia por que um médico não pode ir, para propiciar condições para os brasileiros que lá vivem. Não querem que os estrangeiros venham então que vão trabalhar nessas regiões por uns três anos após formados e está resolvido o problema, e olha que o salário não é pequeno.

  6. Impressionante ver determinados comentaristas que, adeptos do viés bolivariano, defendem a desastrada medida do governo de trazer médicos de Cuba. Omitem esses integrantes da nefanda ideologia do Foro de SP que médicos, tal como charutos e açúcar, fazem parte da pauta de exportação de Cuba. Ou seja: a medida tem por finalidade usar o suado dinheiro dos impostos dos brasileiros para resolver um problema de caixa de Cuba….

    • Grande!

      Esse aí! É o Eike Baptista.

      Endeusado por Veja e Rede Globo… Só que hoje jogado as feras.

      Já o Gilmar Dantas é caso de polícia clássico e está no colo de outro presidente…

      Porém concordo com você. Não houve transparência no caso do Eike…

  7. Enquanto isso…

    Os coxinhas convocaram aqui no Rio de Janeiro uma paralisação para hoje. Só que esqueceram de combinar com os russos (movimento sindical).

    E greve convocada por facebook é de um ridículo de dar dó. Noves fora a má fé política e o golpismo dos seus “líderes”, o movimento marcado para eclodir nesta segunda-feira, 01 de julho, tem as impressões digitais da indigência intelectual e do analfabetismo político.

    • E qual é a legitimidade atual do dito “movimento sindical”, cooptado pelo GF e cujo papel é servir de tropa de choque do Petismo? É isso que dá quando militante do ParTido resolve emitir a sua opinião, sempre recheada de equívocos e com o forte viés autoritário que caracteriza esse bolchevismo chinfrim…

      • Não é questão de legitimidade Tireless, de fato os sindicatos estão mais ligados nos patronatos do que nos trabalhadores, não passam de pelegos puxa-sacos do governo que querem manter suas boquinhas pagas com o suado imposto do trabalhador via impostos sindicais. Porém, gostando ou não, quem controla as classes são eles, se houvesse a adesão deles, o movimento teria ganhado corpo, tentar uma greve geral sem os sindicatos é viver no mundo da ilusão, o Brasil de hoje não é o mesmo de Vargas. As condições mudaram, resta adaptar as estratégias.

      • A legitimidade está em só quem trabalha pode fazer greve… Ou você viu alguma greve segunda feira passada…

    • Claro…com toda a isenção de um blog chapa-branca não é meu nobre Ilya? A questão não é a medicina de Cuba, que é muito boa, mas sim o fato de o problema de “falta de médicos”pode muito bem ser resolvido por aqui sem a necessidade de importar médicos estrangeiros.

      • Até que se resolva o problema, afinal formar um novo médico, devidamente especializado, demora só 8 anos, o povo que MORRA!

  8. A menos que, de 2011 pra cá tudo tenha mudado……

    Atendimento médico infantil no mundo: Cuba tem o 8º melhor sistema, EUA o 15º e Brasil, o 35º
    Ranking da ONG Save the Children mensura número de profissionais da área da saúde disponíveis, alcance de sistema de vacinação pública e atendimento a gestantes e parturientes em 161 países. Estudo foi entregue à ONU para pressionar por execução do projeto “Toda Mulher, Toda Criança”. A cada ano, 8,1 milhões de crianças morrem por falta de atendimento.

    SÃO PAULO – A ONG Save the Children, organização internacional com sede nos EUA que luta pelos direitos das crianças, divulgou nesta semana um novo estudo em que mensura o grau de qualidade dos países no atendimento médico infantil.

    De acordo com o ranking produzido pela entidade, entre os 161 países avaliados, Chade e Somália ocupam as duas últimas posições e Suíça e Finlândia, as duas primeiras. Cuba foi a primeira nação latino-americana listada, na 8ª posição, à frente de Alemanha (10ª), França (12ª), Reino Unido (14ª) e Estados Unidos (15ª).

    Só no Facebook mesmo…. kkkkkkkkkkk!

  9. Ricos e classe média preferem que pobres morram do que sejam atendidos por médicos estrangeiros

    Egoísmo diagnosticado
    Paulo Moreira Leite

    Pesquisa do DataFolha mostra aquilo que todos poderiam adivinhar. A aprovação e rejeição ao projeto de trazer médicos estrangeiros obedece a um critério básico.

    Quem reside em regiões pobres e carentes é a favor da contratação de médicos estrangeiros.

    Quem se encontra do outro lado da pirâmide é contra.

    No fundo, se há alguma revelação espantosa no levantamento, ela diz respeito ao egoísmo das classes que se situam nos patamares superiores da pirâmide. Segundo o DataFolha, a turma que é contra a importação de médicos leva uma vantagem de 2 pontos sobre aqueles que são a favor.

    Os dados objetivos mostram que o país tem a metade dos médicos que uma nação civilizada necessita. Não há o que discutir, não é preciso investigar nem apurar mais. O ponto básico é: faltam médicos. Mesmo que todos eles resolvessem, de uma hora para outra, ocupar os postos existentes, na periferia violenta de São Paulo e no interior da Amazônia, no Piauí e no sertão da Bahia, ainda assim a população não estaria bem atendida.

    A experiência mostra que outros países conseguiram resolver o problema abrindo o mercado para profissionais estrangeiros. Na Europa e nos Estados Unidos, a parcela de médicos estrangeiros passa dos 20% e muitas vezes supera 30%.

    • O problema de saúde vai continuar

      Isto! Façam testes de aptidao nos médicos que vierem.. e esqueçam os médicos mal-formados por aqui!.. Que se formam em suas falculdades sem hospital universitário, sem laboratórios decentes.

      Mas tudo se resume a falta de $, como sempre! Mais $ na saúde!… O problema não é a eficiência na aplicação de recursos mais sim o QUANTO.

      Daqui a pouco investirão mais o dim-dim do pré-sal nisto e ainda haverão problemas graves! Mas a culpa… os srs.. sabem, é do tamanho do brasil, da logística.. pegar uma desculpinha vai ser moleza!

  10. Realmente Beto,esse texto não tem,nenhuma imparcialidade,visa somente atacar de forma rasteira os profissionais de Cuba,interessante que eles usam um médico boliviano para dar um depoimento quando é sabido aqui no Brasil que os conselhos de medicinas locais relutam em reconhecer o diploma de brasileiros que se formaram na Bolívia.

    • Ninguém dá tombo no BNDES, o banco só empresta para quem oferece garantias reais, ou seja, patrimônio, imóveis, não vale o mesmo para os bancos privados, que aceitam ações de empresas em garantia. Ademais, tudo não passa de um golpe de gente grande, para tomar o controle das empresas de Eike, junto com o azar de não ter encontrado todo o petróleo que imagina haver em Tubarão. Por outro lado, o fato derruba a tese de que Eike teria obtido, por meios fraudulentos, os mapas de exploração da Petrobrás.

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