Adesão do Brasil ao maior consórcio astronômico mundial gera expectativas

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Apesar de controvérsia sobre alto valor a ser pago para acessar Observatório Europeu do Sul, grande parte dos astrônomos brasileiros consideram projeto fundamental para o avanço da ciência no país.

Se o Congresso Nacional aprovar, o Brasil será o primeiro país não europeu a integrar o Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês). A adesão ao maior consórcio de pesquisa astronômica mundial, que reúne 15 países, daria aos cientistas brasileiros acesso aos telescópios mais avançados do mundo. Enquanto alguns astrônomos acreditam que a parceria seja fundamental para fortalecer a ciência, outros entendem que o valor é alto demais.

“Sou radicalmente contra. Não cabe subsidiar a ciência europeia com dinheiro do contribuinte brasileiro”, defende o professor João Steiner, do Departamento de Astronomia da Universidade de São Paulo (USP). “A adesão do Brasil custará 255 milhões de euros em dez anos, e depois teremos que continuar a pagar anuidades pesadas, pois é tudo proporcional ao PIB”, conclui.

O ESO é a principal organização intergovernamental em astronomia na Europa e é considerado o observatório astronômico mais produtivo do mundo. Possui telescópios de última geração instalados no Chile (apesar de o país não ser membro do consórcio, tem direito de usar os equipamentos por ter cedido o território). A sede do ESO está localizada em Garching, na Alemanha. A participação brasileira no consórcio já teve aprovação dos ministérios da Ciência e Tecnologia e das Relações Exteriores. O gabinete da presidente Dilma Rousseff encaminhou o projeto ao Congresso Nacional, onde está sob análise.

Vozes favoráveis

“Sozinho, o Brasil faria muito menos. É praticamente impossível fazer ciência como país isolado. É preferível ter uma parcela de um grande instrumento (telescópio) a ter apenas para si um instrumento menor”, defende Jacques Lepine, que também é professor do Departamento de Astronomia da USP.

O Brasil já participa de dois consórcios internacionais, o Gemini e o SOAR. O Gemini foi criado em 1993, com a intenção de operar dois telescópios de 8 metros de diâmetro, no Havaí e no Chile. Pelo diâmetro, os espelhos do telescópio conseguem absorver uma gigantesca quantidade de luz, e com isso geram imagens mais nítidas do espaço. Em 1996, o Consórcio SOAR foi criado para construir e operar um telescópio de 4 metros no Chile.

“Apoio a ideia integralmente. A comunidade astronômica brasileira possui qualidade e astrônomos em quantidade suficiente para fazer um bom uso do ESO”, acredita o astrônomo Luiz Paulo Ribeiro Vaz, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Para ele, o Brasil já possui cientistas e técnicos de expressão internacional em várias áreas, e o consórcio possibilitará avanços para as possibilidades observacionais dos astrônomos brasileiros.

“A adesão do Brasil ao ESO será benéfica para a comunidade astronômica brasileira e para o país”, acredita Patrícia Feigueiró Spinelli, astrônoma e pesquisadora do Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST). No entanto, ela acredita que é preciso justificar ao cidadão o dinheiro investido. “A adesão ao ESO deve vir acompanhada de ações de divulgação e popularização da astronomia.”

Considerada uma das cientistas mais influentes da astrofísica brasileira, Beatriz Barbuy, também da USP, acredita que ao entrar no ESO o Brasil terá futuro na astronomia mundial. “Caso contrário, ficaremos com pequenos projetos aqui e acolá, desordenadamente, e com esforços gigantescos para obter cada um deles”, defende.

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Complexo no deserto do Atacama abriga o observatório ótico mais avançado do mundo.

Área em ascensão

Ao todo, existem no Brasil 290 astrônomos com doutorado, contratados em diversas instituições. O país forma cerca de 35 mestres e 20 doutores por ano. São 19 programas de pós-graduação que oferecem mestrado ou doutorado em astronomia. A maior parte é vinculada à área da Física.

“A procura aumentou. Só neste ano houve 14 candidatos por vaga no curso, mais que a grande maioria dos cursos da USP”, conta Lepine.

Segundo ele, a Sociedade Astronômica Brasileira reúne 663 pesquisadores (mestres e doutores de universidades de todo o país). Especialistas consideram o momento bastante favorável à astronomia brasileira. A USP, o Observatório Nacional no Rio de Janeiro e as universidades federais de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul estão entre os principais centros de pesquisa do país.

Steiner comenta que a astronomia brasileira viveu um boom entre 1970 e 2000, período em que cresceu a uma média de 11% ao ano. “Depois veio uma estagnação, entre 2000 e 2008, quando expandiu apenas 1% ao ano. Hoje voltamos a crescer, graças aos telescópios Gemini e SOAR”, analisa.

A última grande descoberta da astronomia foi a expansão acelerada do universo, que garantiu o Prêmio Nobel da Física em 2011 aos americanos Saul Permutter e Adam Riess e ao australiano-americano Brian Schmidt.

“O número de planetas descobertos também vem crescendo. Sempre se pensa em encontrar um planeta parecido com o nosso, com a mesma massa e temperatura”, diz o professor Eduardo Cypriano, da USP.

Grupos amadores

Um dos fenômenos comuns nesta área de estudo é proporcionar o acesso de leigos ao tema. “A astronomia é ímpar nesse sentido. Raramente vai se ouvir falar de grupo amador de Física, Biologia, Química ou de Filosofia. Mas é muito comum encontrar grupos amadores de Astronomia”, observa Cypriano.

Para ele, esta é uma ciência que desperta muito a atenção das pessoas e propicia o aparecimento desses grupos. “O observador amador contribui para a popularização e divulgação da ciência”, analisa o professor.

Fonte: DW.DE

8 Comentários

  1. pronto daqui a pouco vai ter manifestação dos pros e dos contras , depois desse precedente dos governos federal estadual e municipal ,quando forem escolher os caças protesto contra quando forem escolher o porta aviões e etc e tal ,vai haver protesto
    vai ter gente querendo protestar contra o iptu ,ipva
    para que governo para que policia ,a ideia furada do Fernando henrique cardoso de acabar com exercito vai sair do papel pois para que exercito em um pais pacifica dirá eles
    um bando de playboi que saiu da bolha em que foi criado com mascarazinha de um maluco la da Inglaterra ,provocando a periferia falando que não estamos lutando pelo pais
    quando não tiver mais lojas nem supermercados para saquear irão saquear a sua casa ,
    manifestantes estão querendo o marcola governador de são Paulo e o Fernandinho beira mar como governador do rio

  2. A prioridade é desenvolvermos nossa capacidade de pesquisa astronômica dentro do sistema solar. As verbas para entrar nessa panelinha não se justificam em termos de retorno prático para nosso progresso. Se sequer enviamos um satélite próprio ao espaço encostado nas nossas nuvens, vamos é bancar os incoerentes com esse consórcio.
    Com essa verba poderiamos construir um centro de pesquisa astronômica em cada estado, já que um dos argumentos usados é a divulgação da ciência aqui dentro.
    Sou totalmente contra essa participação por meras questões técnicas e de coerência com que precisamos agora para a nossa astronomia. E o principal é termos independência e atuação no espaço próximo a Terra. Com sondas, satélites etc.
    No mais o que se percebe é muita vaidade nessa área que quer provar que o Universo possui 15,343 bilhões de anos e não cerca de 14 bilhões. E quanto a exoplanetas não temos absolutamente condições de visitar nenhum deles, nem mesmo de visualização alguma, tudo são apenas equações matemáticas apontando forças gravitacionais e irradiações distorcidas, só isso. É dinheiro demais para pagar doutorados de nenhum retorno prático para nossa sociedade, a não ser mais de muito exibicionismo acadêmico.

  3. Vai ser um grande avanço a entrada nesse consórcio, afinal nos dará acesso a maior rede e mais avançada rede telescópios do mundo. Que estão num lugar muito estratégico, que é a cordilheira dos andes, no Chile. Agora é só esperar que o governo brasileiro não cometam o mesmo vexame cometido durante o projeto de construção da ISS.

  4. Aqui perto no CLBI lançaram um foguete!

    Sempre quando lançam informam no site!

    Mas hoje não aconteceu!

    Antes pensei que era um caça passando.

    Alguém tem alguma informação sobre?..

    • ^^ Bom!… Que assim seja! Só deve sair coisa boa disto!…
      E espero que o resultado do teste de hoje seja parte daquilo que estou pensando!!!..

  5. Salve engano… É apenas mais um ridículo e diminuto foguete de treinamento, fez um voozinho parabólico de algumas dezenas de km, apenas o mesmo de sempre. Com boa vontade se faz o mesmo no quintal de casa. Aff!

    Curiosidade… salve engano também… o radar de rastreamento aí da CLBI tem alcance de 4000km, ou seja, nem condições próprias de nos avisar sobre a chegada de um asteróide perigoso, com pelo menos umas poucas horas de antecipação, o suficiente para nos escondermos nos esgotos da cidade, com um punhado de velas e umas garrafas d’agua, esses nossos astrônomos pretenciosos têm.

    Nosso programa espacial é um fiasco. Mas agora estão pedindo centenas de milhões de dólares para darmos para os europeus… é muita cara de pau mesmo.

    sds!

  6. A contribuição é proporcional ao PIB, tudo bem, mas o acesso, o tempo disponível de telescópio também é proporcional? Se for, tudo bem, logo seremos o maior contribuinete e principal parceiro do projeto.

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