Brasil negocia com Evo asilo para senador

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LISANDRA PARAGUASSU

O governo brasileiro negocia uma saída discreta para o senador boliviano Roger Pinto Molina, há mais de um ano refugiado na Embaixada do Brasil em La Paz. O presidente da Bolívia, Evo Morales, deve permitir que Molina deixe o local em segurança, mas não dará um salvo-conduto.

O acordo, negociado de maneira sigilosa entre as duas chancelarias, permite que os bolivianos mantenham a palavra de não entregar o senador oficialmente, mas resolve um impasse que vem desde maio de 2012. Pesam contra Molina mais de 20 acusações de corrupção na Justiça, todas negadas pelo senador.

Opositor de Evo, Molina se diz ser perseguido por suas posições políticas e por ter acusado membros do governo de envolvimento com o narcotráfico. O acordo para que ele possa sair da embaixada e consega asilo definitivamente no Brasil prevê que o senador responda a algumas das questões judiciais em que está envolvido, mas o Ministério das Relações Exteriores não dá detalhes da negociação.

O avanço no caso ocorreu depois que o Itamaraty decidiu tocar diretamente de Brasília as negociações com a chancelaria boliviana. Em uma visita oficial ao Brasil, o ministro da presidência boliviana, Juan Ramón Quintana, pediu a saída do embaixador Marcel Biato. Irritados com a atuação do embaixador, que foi o responsável por receber de Molina o pedido de asilo, os bolivianos recusavam-se a negociar com o diplomata. Biato está sendo transferido para a Suécia.

O advogado do senador, Fernando Tibúrcio, criticou ontem duramente a atuação do governo brasileiro no caso, especialmente a retirada de Biato de La Paz, alegando que seu cliente ficará “desassistido”. “As informações que tenho são de que o embaixador queria ficar. Essa mudança é um linchamento público de um diplomata”, afirmou, ao sair de uma audiência na Comissão de Relações Exteriores com o chanceler, Antonio Patriota.

Tibúrcio reclama, especialmente, das restrições de uso de telefone, de internet e de visitas, impostas ao senador pelo Itamaraty. O controle foi determinado para evitar que as ações de Molina pudessem ser interpretadas como atividade política, o que é vedado pela convenção de Caracas sobre asilo político.

“Não é permitido ao asilado exercer qualquer atividade que seja interpretada como ação política. Mas posso garantir que estamos fazendo de tudo para assegurar sua saúde”, disse o ministro, ao ser questionado por senadores sobre as restrições.

Durante a audiência, Patriota evitou dar detalhes aos senadores sobre as negociações que, segundo eles, são sigilosas. “Não será admitida nenhuma solução pela metade para o senador que ponha em risco sua integridade física”, afirmou o ministro.

 

Fonte: Estadão

1 Comentário

  1. Sair da Bolívia para ir para Suécia tá mais para promoção… Ainda mais visto que ultimamente as relações dos dois países tem incrementado e muito, devido a Saab, seus programas de pesquisa aqui no Brasil, e etc… Se o governo boliviano simplesmente se recusava a falar com o cara, então ele estava lá atoa, não adianta forçar a barra, é melhor move-lo para um local em que as habilidades dele vão ser melhor aproveitadas.

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