PARA AUTORIDADE DA ONU, É DIFÍCIL QUE BRASIL ENTRE NO CONSELHO DE SEGURANÇA

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SABINE RIGHETTI
ENVIADA ESPECIAL A BELÉM (PA)

O Brasil deve assumir um papel mais importante na ONU, inclusive em novas missões de manutenção da paz como já faz no Haiti. Mas o país ainda está longe de integrar os tomadores de decisão da organização, como o Conselho de Segurança.

A afirmação é de Thomas Stelzer, secretário-geral adjunto da ONU. Para ele, “é difícil” que o Brasil passe a integrar o Conselho.

Stelzer esteve no Brasil nas comemorações do Dia Internacional do Meio Ambiente, e falou com a Folha com exclusividade. A seguir, os principais trechos da entrevista.

Folha – O senhor veio ao Brasil em função do Dia Internacional do Meio Ambiente. Qual sua opinião sobre a política ambiental brasileira?

Thomas Stelzer – A ONU não comenta as políticas nacionais dos países. O interesse da ONU é em questões globais. Há questões que só podem ser resolvidas em nível internacional e que dependem de acordos internacionais e que são implementadas nacionalmente. Existe um interesse internacional nas políticas de ambiente do Brasil porque o país tem a grande área verde remanescente do mundo.

Qual é a sua opinião sobre a Rio+20?

A Rio+20 foi um sucesso. Hoje, as emissões de carbono giram em torno de 30 milhões de toneladas de carbono por ano. Precisamos reduzir essas emissões em 50% e, ao mesmo tempo, criar empregos –incluindo empregos que foram perdidos na crise econômica mundial. Como promover crescimento e, ao mesmo tempo, criar emprego? Como fazer tudo isso e ainda promover inclusão? Esses debates começaram na Rio+20. Não esperávamos soluções e acordos concretos, mas um redirecionamento ao debate iniciado na ECO-92.

O senhor acredita que países como EUA e China um dia chegarão a um acordo?

Existe uma concordância de que nós devemos reduzir as emissões de carbono dramaticamente e devemos investir em energias limpas. Não há consenso sobre como fazer isso, mas 97% dos cientistas concordam que o aquecimento global é causado por ação humana. E se for causado por ação humana nós temos de assumir a responsabilidade.

Havia a expectativa na Rio+20 de um acordo entre países e também da transformação do Pnuma [programa da ONU para meio ambiente] em uma agência, o que não aconteceu.
O Pnuma não virou uma agência, mas houve progresso. O desenvolvimento sustentável inclui questões ambientais que dizem respeito ao Pnuma, mas também inclui questões econômicas e sociais. Isso ficou claro na Rio+20.

Nós produzimos mais alimentos do que o mundo precisa. Mesmo assim, um bilhão de pessoas seguem passando fome porque não conseguem produzir comida ou porque não têm dinheiro para comprar alimentos. Não temos problema de recursos, mas temo um problema para acessar os recursos.

Como a ONU pode ajudar a resolver essa questão de concentração de recursos?

A ONU não pode trazer soluções de cima para baixo de questões como clima ou erradicação da pobreza. Mas a ONU pode criar plataformas para reunir governos, sociedade, setor privado, cientistas. Todos os setores participam da discussão.

A garantia da paz pode ser feita por missões militares?

É bastante raro que a ONU autorize missões militares para promoção da paz pelo seu Conselho de Segurança, como aconteceu na Líbia recentemente. Mas a ONU tem muitas missões de manutenção da paz. O Brasil participa dessas missões no Haiti. Isso é importante na ONU.

O senhor vê o Brasil participando de outras missões?

Claro. O Brasil é um país emergente e está se tornando um ator importante nos últimos anos. A ONU espera que o país assuma suas responsabilidades à altura da importância do país. O Brasil tem contribuído bastante com a ONU, por exemplo na organização da Rio+20. Mas não é apenas nisso. O Brasil tem exercido um papel fundamental no Haiti e certamente poderá assumir outras missões de manutenção da paz.

O Brasil pode integrar o Conselho de Segurança da ONU?

Essa é uma questão difícil. Eu acho que seria justo e apropriado que o número de países do Conselho fosse maior [hoje é composto por China, Estados Unidos, França, Rússia e Reino Unido]. Mas isso é difícil de implementar. Para aumentá-lo é preciso ter apoio do próprio Conselho. Mas acredito que podemos ter mais países como membros permanentes, mas sem poder de veto. Como a ONU trabalha com representantes por região, certamente o Brasil poderia ser o representante da América Latina.

Fonte: Folha 

21 Comentários

  1. Os governantes do nosso país não se tocam mesmo, não dão conta de sua própria casa e querem dar pitaco nas questões do mundo, não gosto da influencia desta organização “ONU” no que diz respeito a questões geopolíticas do meu Brasil.

    Mas tenho que admitir que este senhor Thomas Stelzer falou com propriedade quando afirmou: “O Brasil deve assumir um papel mais importante na ONU, inclusive em novas missões de manutenção da paz como já faz no Haiti. Mas o país ainda está longe de integrar os tomadores de decisão da organização, como o Conselho de Segurança.”

  2. Já é chegada a hora de chutar o pau da barraca. Chamar todos os descontentes com a ONU para formar uma outra entidade internacional, sem países com poderes de veto. Creio que muita gente que se acha vai ficar falando sozinho.

  3. Só existe um passe para entrar no conselho de segurança, e se chama Bomba Atômica. Se o Brasil quiser um assento vai ter que ralar muito na área bélica, ao contrario da nossa academia brasileira de letras que arruma lugar até pra quem escreveu um único livro.

  4. ” .. acredito que podemos ter mais países como membros permanentes, mas sem poder de veto.”Thomas Stelzer
    Que adianta ser membro do conselho permanente e não ter direito a veto? esse Thomas Stelzer ou é burro ou dissimulado !
    Rui Barbosa e o Barão do Rio Branco,na então criação da Liga das Nações,viram e lutaram de uma certa maneira contra a ocupação por parte das grandes potências dos lugares estratégicos que decidem o destino do mundo !
    Eu acredito se houver uma reformulação no Conselho de Segurança com a colocação de novos membros permanente não haverá como deixar Brasil e Índia de fora !
    Mas a culpa de tudo isso é de nossos governantes,pois deveríamos assim como os EUA,termos nos preparados para ocupar essa posição que nos é de direito!
    A solução agora esta numa reestruturação do país,com edução,ensino e etc,mas tem que ser breve pois eu já acredito que o século 21 sera mais um século perdido para o Brasil,caso não haja esse reformulação nas próximas décadas.

  5. Podem botar isso na conta de 8 anos de política externa irresponsável da dupla Estadista de Sindicato-Megalonanico.

  6. O Sr muttley está certo não ameaçamos ninguém, pois não temos com o que ameaçar conseqüentemente estamos ameaçados pelos outros por estarmos indefeso, nossas forças armadas estão em frangalhos, nossos armamentos convencionais são obsoletos a única forma de impor alguma segurança e através de armas nucleares , devemos nos libertar dos grilhões que são os tratados de não proliferação de armas nucleares e de desenvolvimento de mísseis e foguetes com alcance superiores a 300 km ,dessa forma teríamos alguma segurança e tentar desenvolver armas convencionais mais capazes, pois ninguém atacou ninguém até hoje com armas nucleares exceção a Segunda Guerra em que os Americanos tacaram bomba num Japão já morto (algo como empurrar bebo em ladeira)pois todos tem certo medo de uma Guerra nuclear ,mas só dessa forma para termos a proteção definitiva de nossas fronteiras e riquezas e quem sabe ter um trunfo para podermos ter um assento definitivo no conselho de segurança da ONU parece chantagem atômica sim ,pois despertamos a cobiça de todo o mundo !

  7. Espero q a ficha tenha caído…e q tomemos conta de n próprio umbigo. E olhos nos n ‘mui amigos’ q estão no CS de forma permanente….temos de mudar n configuração miltar de obsoletos a modernos , aptos e perigosos . Qdo a presa está bem armada o predador dorme c fome e mt das x ferido.P ontem.sds.

  8. Por isso eu não gosto de política… são sempre ilusionistas e cheios de “visões do mundo”
    Realmente eu não sei em que mundo vivem os políticos…..meio obvio que o Brasil militarmente como está NUNCA SERÁ ACEITO NO CONSELHO DE SEGURANÇA DA ONU… mas eles acham que sim, que com palavras se chega lá… não.. não se chega a lugar nenhum, a nossa espécie somente reconhece a força das armas e do dinheiro, nada mais!

    Se o objetivo Geopolítico do Brasil for mesmo chegar ao conselho de segurança da ONU com poder de veto, muitas coisas deverão mudar…

    – Em primis abandonar o tratado de não proliferação nuclear e iniciar o caminho verso a produção de armas atômicas de tipologias variadas uma vez vencido o prazo de carência de 6 meses do abandono do TNP…

    – Abandonar o tratado de misseis de longa distancia, PRA PODER VENDE-LOS e aumentar assim a nossa influencia geopolítica, além dos benefícios na geração de baterias antiaéreas e misseis antimísseis balísticos ou anti-navais de longo raio…

    – Investir pesado no programa espacial do VLS, ao fim de produzir misseis ICBM pra uso próprio. pra ter capacidade de dissuasão nuclear com as ogivas produzidas.

    – Aumentar as forças armadas convencionais e a geração de tecnologia militar ao nível de ser TOTALMENTE AUTOSSUFICIENTE nesse quesito!

    – Tirar da gaveta da agencia espacial brasileira o sistema de posicionamento global via satélite brasileiro, e investir nesse ramo estratégico para as armas e comunicação modernas.

    – Aumentar os empréstimos pro FMI e Banco Mundial, pois somente ter armas e dissuasão não basta, tem que ter disponibilidade e capacidade de financiamento também… sem esquecer o BNDS pra fazer financiamentos diretos a países estrangeiros sem passar por instituições estrangeiras…

    – E obvio, isso tudo não vem de um dia pro outro, leva tempo, uns 5-10 anos na melhor das hipóteses, pra começar a ter resultados, e com uma politica de estado séria nessa direção… e obvio tem que investir em educação de qualidade, saúde publica pra gerar capacidade de resistência em caso de guerra, indústria pesada de base e indústria agrícola e de fertilizantes pra evitar fome em caso de embargos, indústria química, e ciências biológicas, etc… entre outros setores… então leva tempo, mas com decisão, carácter e determinação pode-se sim chegar lá, ser um dos grandes, um dos que mandam ao invés de ser um dos que obedecem!!

    Agora na retorica politica e acreditando na boa intenção de nação estrangeira é que fica difícil ser alguma coisa de importante nesse mundo… é só mais um servo!!

    Se o Brasil quiser tem que ser assim, mas se quiser continuar a ser capacho aliado ou alinhado de potencia por aí, seja qual for, naõ serve nada disso, basta ficar como está hoje, muita gente estaria até feliz com isso, pois tem medo que o Brasil seja independente e autossuficiente, deixando a proteção de uma potencia, falando que assim como está hoje está bom, temos segurança, fora das asas de potencia estrangeira teremos que nos virar sozinhos… ai que medo.. que coisa boba essa, é igual o medo que tivemos quando saímos da caso dos nossos país, certamente não tínhamos mais aquela segurança de viver, mas ser independente é bem melhor…

    Valeu!!

  9. Lendo inúmeros comentários aqui postados,vejo que muitos sabem que é necessário para o Brasil,ocupar o seu lugar de direito,e se não conseguir mesmo assim um lugar no CS,pelo menos tais medidas nos levarão a independência verdadeira e tão almejada por nós!
    Todos temos um plano de nação livre para o Brasil,só nossos governantes não os tem ! Devemos trilhar novos caminhos,termos coragem,ousadia e buscar de fato nossa liberdade.

  10. O Brasil deve sair da ONU, aí vai ser uma debandada!A ONU está perdendo a importância como protagonizara nos destinos das nações desde que os EUA invadiu o Iraque e a realidade hoje evidencia que o mundo caminha para um panorama multipolar, logo a própria ONU não faz mais sentido!Então, se o Brasil quer ser protagonista tem que chutar o pau da barraca, mudar esse chororô e sair dela agora!Quem protagoniza não sai por aí chorando, que lhe tenham piedade ou lhe deem espaço, as nações lideres do mundo todas elas conquistaram seu lugar com luta e mérito, o Brasil nessa novela tem mérito, mas falta luta!Tem que se impor e pronto, bananas pra essa tal de ONU!

  11. se a soluçao fosse a bomba atomica o Pakistan, israel e coreia do norte tb fariam parte do conselho, é obvio que é muito mais que isso, desde um exercito bem preparado , efetividade em solucionar “‘problemas internacionais””, boa politica externa, preparo diplomático (entender como é o mundo, quem sao os jogadores, qual a melhor estrategia e etc) e ………. etc.(fora os problems internos do nosso pais), acho que o brasil poderia sim estar no conselho da onu, porem acho que ainda falta um pouco de maturidade(muitos assim como eu nao vejo o brasil como um pais serio).

  12. Depois da invasão unilateral do Iraque o CS-ONU deixou de ter coerência, pois deixou de ser o agrupamento de nações de importância global, para ser apenas palco de uma nação prepotente e covarde. Dessa forma perde todo o significado e importância nosso país fazer parte dele, pois sua opinião vai continuar sendo desprezada, como tem sido a dos outros membros. Esse CS hoje é vergonhoso e patético.
    Caberia a seus atuais membros o largarem de mão, devido ao ato desrespeitoso desse seu integrante norte-americano. Já quanto ao Brasil o certo é deixar de lado essa grande piada de CS. E diminuir ao máximo seus gastos com a ONU que dá a entender ter se tornado mais um cabide de empregos. Porém deve continuar como um de seus membros banais, pois dessa forma pode criticá-la de forma legítima.

    Se a destruição de um país inteiro (Iraque) por parte da potência norte-americana, como vingança pela destruição de seus dois arranha-céus por um ataque terrorista transnacional não foi suficiente para mostrar o fracasso do CS para evitar guerras. Então a posterior destruição de um outro país(Líbia), sob novos frágeis argumentos, deveria ter bastado para dissolvê-lo. Pois esse grupamento, exclusivista, dentro de outro INCLUSIVO, deixou escandalosamente de ser o freio para agressões entre nações.

    Nosso Itamaraty (ridículo esse y) que passe a ser mais pragmático com nossos recursos.

    PS: Não sei dos colegas, mas meu acesso ao PB, e trocas de janelas dentro dele, tá mui demorado.

    • realmente viventtbr, tb nao sei se é vantagem mais entrar neste conselho de segurança da ONU, pois ja é bem claro que tal conselho é “ilegitimo”, ja não corresponde ao mundo atual.

    • ViventtBR

      Russos, franceses, britânicos e chineses jamais abandonarão o conselho de segurança, pois compreendem que as decisões americanas afetam a eles mesmos ( independente de suas aspirações )… Assim sendo, permanecendo o conselho, podem opor-se de forma legal, fazendo uso do próprio sistema ( algo que seria impossível se simplesmente se retirassem ). Se o conselho desaparecesse, então toda e qualquer “rolha” que poderia conter o avanço militar mundial também desapareceria. Sem uma posição firme e clara de todos os membros, não haveria equilíbrio e o risco de todos partirem para ações militares independentes seria muito maior ( haja visto que não mais estariam limitados pelo compromisso para com os demais membros para, no mínimo, manterem alguma conduta ). Na pior das hipóteses, voltaríamos a uma “paz armada”, como a que anteriormente predominava no período anterior a Primeira Guerra Mundial.

      Ademais, com a quase certa ascensão militar chinesa antes da metade desse século, é mais que conveniente que o conselho prevaleça, tendo pelo menos um membro em condições de ombrear os EUA e proporcionar ainda um maior equilíbrio de forças…

  13. A primeira figura é um pouco injusta com os americanos,pois no final da Segunda Guerra eles cogitaram em dar um assento ao Brasil,mas essa proposta foi vetada pelos Soviéticos,quando as chances do Brasil ser membro vamos ter que largar o grupo que formamos com o Japão,Alemanha,Índia e acho que a África do Sul,e nos candidatarmos sozinhos,esse sonho é antigo e a algumas décadas atrás não tinhamos a força que temos hoje,por isso nos aliamos a esses países,se o Brasil fosse candidato único não teriamos problemas pois a China é a Rússia nos apoiaria,os Europeus por interesses tb,no caso da frança por ter inumeros interesses aqui,a inglaterra tenho minhas dúvidas,dependeria das nossas relações econômicas com eles,os E.u.a,faria vista grossa,mas o problema é o Japão pois a China e a Rússia não querem o Japão no CS,pois o Japão é o obstáculo que impede a China de dominar parte da Região, juntamente com a Índia,mas o japão é a grande ameaça.Quanto a Rússia tb não é vantagem ter o Japão no CS pois tb tem algumas desavenças passadas e futuras.
    A curto prazo eu vejo uma chance,seria do brasil colocar entre linhas a seguinte proposta,separar algo em torno de 100 bilhoes de dólares para a compra de armamentos caso seja menbro do CS,100 bilhoes em 10 anos,ai o LOBY seria enorme,tanto de europeus,americanos e Russos.

  14. Conselho de Seguranca da ONU ( Traducao Literal ) = TER PODER
    qual poder o Brasil tem ????
    se um pais comceca a ter muito poder, e inevitavel o CS inclui-lo, ate como forma do proprio CS da ONU manter se status, e o caso da India, potencia espacial, militar, multinacionais de respeito (Tata, Videocon, entre outras ), etc.
    Japao acordou de vez devido a China, com um PIB de 6,2 trilhoes, alta-tecnologia, uma das maiores e mais diversificadas industrias belicas do mundo (pouco conhecida aqui devido a constituicao do pais nao permitir exportar armas, oque esta sendo alterado).
    Alemanha, como ter Franca e Reino Unido no CS sem ter a Alemanha, que e quem manda na UE hoje em dia, pode-se dizer que a Alemanha e a ultima potencia que restou na Europa, ja que Reino Unido e so mais um “estado” americano e Franca “arrota” muito mas depende e muito dos EUA( ver Rafale e suas tecnologias criticas).
    o povo brasileiro nao esta nem ai pra humilhacao que e um pais desse tamanho nao lancar satelites, nao fabricar chips, etc, estao preocupados e com a selecao brasileira de futebol.

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