Mais de três anos depois de sua prisão no Iraque, soldado Bradley Manning, de 25 anos, pode ser condenado à prisão perpétua em corte marcial.
Começou nesta segunda-feira (3) o julgamento do soldado americano Bradley Manning, acusado de promover o maior vazamento de informação confidencial na história dos EUA. Seu julgamento tem início mais de três anos após sua prisão no Iraque.
Manning admitiu o envio de materiais para o website WikiLeaks e se declarou culpado de acusações que resultariam em penas superiores a 20 anos de prisão. O Exército dos EUA e o governo americano, entretanto, o acusam de “ajudar o inimigo”, o que pode levar à prisão perpétua.

WikiLeaks: Soldado Bradley Manning se declara culpado de ‘infrações leves’
O julgamento dessa acusação mais séria e de outros 20 crimes começou nesta segunda-feira contra o ex-analista de inteligência de 25 anos natural de Oklahoma. Manning escolheu ser julgado por um juiz militar em vez de por um júri. É esperado que o julgamento dure até agosto.
Nesta segunda, promotores militares americanos disseram que a arrogância foi o que motivou o soldado. “Esse é um exemplo do que acontece quando a arrogância tem acesso a redes de informação classificadas”, disse o promotor-chefe no Exército, capitão Joe Morrow, em comentários iniciais no tribunal de Fort Meade. “Isso teve grande interesse para os nossos adversários e para os nossos inimigos.”
Em fevereiro, Manning afirmou à juíza militar Denise Lind que vazou o material para expor a “sede de sangue” do Exército americano e seu desrespeito pela vida humana no Iraque e no Afeganistão. Ele disse que não acreditava que a informação prejudicaria os EUA e queria dar início a um debate sobre o papel do Exército e da política externa.
Muitos daqueles que apoiam Manning enxergam nele um herói e um preso político. Outros o veem como um traidor.
Autoridades dos EUA afirmaram que os mais de 700 mil relatórios de batalha do Afeganistão e do Iraque e telegramas do Departamento de Estado enviados ao WikiLeaks colocaram a segurança nacional em perigo.
O material que o WikiLeaks começou a publicar em 2010 documentava abusos sofridos por detentos iraquianos, um registro dos EUA das mortes de civis no Iraque, e o fraco apoio dos EUA ao governo da Tunísia – divulgação que, segundo os partidários de Manning, incentivou a revolta popular que derrubou o presidente da Tunísia em 2011 e ajudou a desencadear as revoltas no Oriente Médio conhecidas como Primavera Árabe .
No mês passado, o governo concordou em aceitar a confissão de culpa de Manning em relação a um dos crimes, envolvendo um cabo diplomático resumindo discussões entre os EUA e autoridades da Islândia sobre problemas financeiros no país.
Manning também reconheceu ter enviado ao WikiLeaks um vídeo confidencial de 2007 de um ataque de helicóptero que matou civis, incluindo um fotógrafo da agência Reuters. Uma investigação interna do Exército concluiu que as tropas confundiram o equipamento do fotógrafo com armas.
A divulgação dos documentos e do vídeo provocou constrangimento dos EUA com seus aliados. O governo Obama disse que Manning ameaçou contatos diplomáticos e militares importantes além de estremecer a relação do governo americano com outros governos.
Com AP
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