Anac concede 1ª autorização para drone particular e civil voar no Brasil

Vant civil Nauru é o 1º produzido no Brasil e privado certificado pela Anac no país (Foto: XMobots/divulgação)
Vant civil Nauru é o 1º produzido no Brasil e privado certificado pela Anac no país (Foto: XMobots/divulgação)

Até então apenas a Polícia Federal possuía certificação para operar vants civis – são dois aviões comprados de Israel. Nenhuma autorização havia sido expedida até então para drones brasileiros. Já a Força Aérea possui 4 unidades, também israelenses, mas que, como são militares, não precisam de validação da Anac.

A Anac informou que o Cave autoriza a aeronave a operar para fins de pesquisa e desenvolvimento e determina diversas limitações para garantir a segurança do voo. Uma das exigências é que os voos sejam realizados apenas em áreas remotas e com condições meteorológicas visuais diurnas. Além disso, o piloto remoto ou observador deve manter contato visual direto com a aeronave durante todo o voo.

Anac concede autorização para 1º drone civil (Foto: XMobots/Divulgação)Segundo o diretor da XMobots Fábio Henrique de Assis, o processo para obtenção do Cave do Nauru começou em outubro de 2012, após o modelo ser usado por mais de um ano no monitoramento da construção da usina hidrelétrica de Jirau, no Rio Madeira, em Rondônia, a serviço do consórcio que administra a obra.

Nesta fase, diz o técnico, o Nauru completou mais de 70 horas de voo que foram decisivas para melhorar seu desempenho. “Ele enfrentou vento forte, perdeu o link, sofreu situações de desestabilização nos pousos e decolagens que serviram para que pudéssemos fazer ajustes e ter a confiança que precisávamos para usá-lo”, afirma Assis.

Paraquedas de segurança

Uma das preocupações no processo de certificação é com a segurança. No Brasil, é proibido pela Aeronáutica o uso de drones em regiões habitadas.

Além disso, o controle aéreo deve ser informado com 30 dias de antecedência sobre a área em que se pretende voar – neste caso, a FAB autoriza ou não o voo e avisa os pilotos de aviões e helicópteros para desviarem, evitando riscos de colisão.

Para conseguir a certificação, diz Assis, o Nauru possui um sistema que, caso o avião perca a conexão com o piloto em terra, retorna e pousa sozinho em um ponto previamente determinado. Além disso, para não cair sobre as pessoas, possui um paraquedas acoplado. A empresa não pretende voar sobre cidades, o que já facilitou o processo de negociação com a Anac, informou o diretor da XMobots.

“Estamos trabalhando em conjunto com a Anac desde 2010 em busca da obtenção do certificado para outro modelo, o Apoena, que ainda não conseguimos. Mas este trabalho serviu para sabermos o que era necessário aprimorar e fazer adaptações ao projeto. Quando entramos com o pedido junto à Anac para a autorização do Nauru, já sabíamos os procedimentos”, afirma Assis.

O Cave autorizado pela Anac seguiu o processo determinado pela  Instrução Suplementar 21-002A, expedida em outubro de 2012, e que explica os documentos que as empresas e pessoas que desejam operar drones no país devem seguir.

É um texto preliminar para uma regulamentação que a Anac pretende definir até o fim de 2012, em parceria com a indústria de defesa, para tentar regulamentar o uso comercial dos sistemas no país.

anac drone (Foto: XMobots/Divulgação)Drone Nauru 500, da XMobots, foi avaliado pela Anac
(Foto: XMobots/Divulgação)

Após concluir 50 horas de voo com a Cave para desenvolvimento, a empresa poderá requisitar à agência novos certificados para pesquisa de mercado e treinamento de pilotos. Atualmente, não há especificação da agência sobre quais requisitos e conhecimentos prévios os pilotos de vants devem ter para operar os aviões no país.

Para o gerente-geral de Certificação de Produto Aeronáutico da ANAC, Hélio Tarquinio, a emissão do Cave mostra a “maturidade” da indústria brasileira de vants e que a Anac “considera o tema relevante e trabalha de forma a viabilizar as operações”, divulgou a agência.

Fonte: G1 via Guerras e Armas