Que países desejam criar rebeldes sírios?

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Andrei Ontikov

São poucos os rebeldes que partilham os valores democráticos e querem viver num Estado laico. O anúncio foi feito pelo chefe da Comissão da ONU para a Investigação de Eventuais Violações de Direitos Humanos na Síria, Paulo Sérgio Pinheiro, que na próxima semana, apresentará mais um relatório. “Eles têm aspirações diferentes. Os lutadores pela democracia que realmente acreditam na opção ideal – o Estado laico, Estado para todos, constituem a minoria”, constata.

Enquanto isso, o vice-presidente do comitê de solidariedade com os povos da Síria e da Líbia, Israel Shamir, qualifica a declaração do alto responsável da ONU como um sinal positivo:

“É bom estar surgindo a compreensão do cenário real das coisas naquele país. Como é natural, entre os oponentes do regime há pessoas que se manifestam a favor da democracia, dos direitos humanos e liberdades cívicas. Mas a atual crise colocou no primeiro plano os que se encontram longe do objetivo de transformações democráticas. No meio deles há ainda bandidos, ladrões e mercenários, bem como extremistas islâmicos, preparados pela Arábia Saudita e Qatar. Os autênticos oposicionistas, que tinham criticado o regime ainda antes da crise, chamados de “oposição interna”, se solidarizam com a ideia de diálogo. Mas a “oposição externa” não leva a sério suas intenções e os propósitos que advogam.

Muitos peritos indicam que os rebeldes que preconizam a intenção de edificar um regime democrático na Síria têm para tal sobejas potencialidades. Sob seu controle se encontram algumas zonas do país, por exemplo, uma região na fronteira com a Turquia. Ali também é possível estabelecer as normas de vida democráticas, realizar eleições autárquicas e fazer outros procedimentos necessários. Todavia, das regiões ocupadas pela oposição armada, chegam até nós vídeos sobre as “limpezas étnicas”, punições públicas e massacres.

Um representante da oposição, membro da Coligação Nacional, Ahmad Kamil, divulgou, em entrevista à Voz da Rússia, que o seu partido cuidará da questão de direitos do homem logo depois da vitória:

“Quando derrubarmos o regime criminoso, vamos proceder ao combate à violação dos direitos do homem. Vamos investigar os crimes cometidos nesse domínio, e até interrogar as pessoas que pegaram em armas para se proteger. Vamos levar tudo isso conta quando chegarmos ao poder”.

Peritos, duvidam, contudo, quanto à sinceridade de tais intenções. Não é segredo que o fulcro da Coligação Nacional tem sido constituído por Irmãos Muçulmanos, cuja eventual subida ao poder não será assinalada pelo “florescimento da democracia”.

Israel Chamil, em contacto permanente com as pessoas que viveram em territórios ocupados pelos rebeldes, numa espécie de protótipo da nova Síria, admite:

“As declarações de os rebeldes terem estabelecido ou estarem instaurando ali um regime democrático ou as leis de sharia não correspondem à verdade. É mentira. As pessoas que ali viveram por algum tempo relatam que os insurretos praticam atos de pilhagem, roubam tudo que podem roubar e depois levam as coisas roubadas para a Turquia. Por isso, trata-se de saques típicos e banais. Quando querem castigar alguém, costumam agir à margem da lei islâmica sob a capa de justiceiros. Para dizer verdade, eu não partilho os receios da ONU acerca da alegada instauração de leis islâmicas no caso do derrubamento de Assad. As leis de sharia se baseiam num determinado quadro jurídico. Nem todos os sírios gostariam de viver ao abrigo dessa lei, mas viver sob estas normas rígidas é possível. O problema se prende com o banditismo comum”.

Seria, realmente, muito difícil imaginar que os assassinos de ontem, bandidos e ladrões, quando chegarem ao poder, se tornarão de repente autênticos defensores de valores democráticos e direitos humanos.

3 Comentários

  1. acho que tem que mandar para inglaterra pois essa quer armar entao que treine eles tambem ,esses dias mesmos eu vi pela televisao os arabes decapitando a cabeça de um soldado ingles ,,ja começou o treinamento?

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