Médico cubano vem trabalhar no Brasil e vira prefeito de Mucajaí (RR)

Medico cubano

“Nessa época, conheci Leila, minha mulher. Nos apaixonamos em 2001, antes de eu voltar para Cuba, pois o contrato iria terminar.

Consegui convencê-la a ir comigo. Queríamos casar e viver perto da minha família.

Mas a situação econômica de meu país era muito difícil e o governo não aceitou que ela ficasse. Leila tinha que entrar e sair da ilha de dois em dois meses.

Decidi retornar ao Brasil quando vi que, após quatro anos trabalhando em Cuba, não era bem tratado e não aceitavam a mulher que esperava um filho meu. Pedi permissão e virei brasileiro.”

Médico cubano vem trabalhar no Brasil e vira prefeito de Mucajaí (RR)

Depoimento a

CYNEIDA CORREIA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM MUCAJAÍ (RR)

Nascido e formado em Cuba, Josué Jesús Matos, 46, chegou ao Brasil em 1997, num dos primeiros grupos de médicos cubanos que trabalharam no país. Matos atuou no interior de Roraima, se casou e voltou a Cuba com a mulher brasileira. Depois de pouco tempo na ilha, retornou ao Brasil e foi eleito prefeito de Mucajaí (a 60 km de Boa Vista).

NOVO LAR

Em 1998, fui morar em Mucajaí. Eram mais de mil casos de malária em uma cidade de 9.000 habitantes.

Atendíamos mais de cem pacientes por dia. Íamos a todas as estradas do interior, de casa em casa.

Em alguns lugares, era a primeira vez que a população via um médico.

Nessa época, conheci Leila, minha mulher. Nos apaixonamos em 2001, antes de eu voltar para Cuba, pois o contrato iria terminar.

FAMÍLIA

Consegui convencê-la a ir comigo. Queríamos casar e viver perto da minha família.

Mas a situação econômica de meu país era muito difícil e o governo não aceitou que ela ficasse. Leila tinha que entrar e sair da ilha de dois em dois meses.

Decidi retornar ao Brasil quando vi que, após quatro anos trabalhando em Cuba, não era bem tratado e não aceitavam a mulher que esperava um filho meu. Pedi permissão e virei brasileiro.

Comecei a trabalhar atendendo os moradores em Mucajaí. Quando não existe dinheiro no meio, tudo flui, você vê o ser humano como ele é. Eu me sentia um rei: querido, paparicado por todos. Era muito feliz.

Até entrar para a política.

VOLTA POR CIMA

Fui convencido a entrar num partido e, depois de pedir votos para um candidato derrotado, me demitiram após dez anos de trabalho.

Sou da primeira leva de médicos cubanos que veio a Roraima integrar o programa “Médico em Sua Casa”.

Quando falaram que vínhamos, procurei no mapa e achava que era só selva, índio e malária, aquela imagem estereotipada. Mas era totalmente diferente.

Não tínhamos medo, pois vivíamos em Cuba o espírito da solidariedade, de nacionalismo proletário e da ajuda ao próximo. Era um desafio.

Chegamos em maio de 1997 e fomos levados a uma residência médica no centro de Boa Vista, cidade linda e planejada. Quando vi aquele banquete de recepção, com tanta fartura, fiquei feliz.

Na ilha, a realidade econômica era muito difícil. Éramos pobres, mas não passávamos fome. Eu plantava arroz, caçava e pescava para complementar a alimentação.

Cuba enviava médicos a todo o mundo, gratuitamente. No convênio com o Brasil, não fomos aceitos de graça, então nos pagavam R$ 3.000.

Mandávamos metade do salário para Cuba, pois nossa formação acadêmica não nos custou nada e ainda contribuíamos para outros se formarem. Ficávamos com
R$ 1.500 -éramos ricos.

O idioma foi o maior problema. Tenho dificuldade com certas palavras até hoje.

A comunidade fez um abaixo-assinado com 3.000 assinaturas pela minha volta, mas não teve jeito. Fiquei sem emprego, sofri perseguição politica e tive que me mudar.

Fiquei vários anos sem estabilidade, isso roubou a paz da minha família.

No final, acabei aceitando o apelo da população e concorri à prefeitura de Mucajaí, mas minha campanha não teve comício, nem uma placa sequer. Eu não tinha dinheiro para nada. Ia de casa em casa visitando as pessoas.

Agora, eleito com 4.698 votos em 2012, sou o primeiro cubano prefeito no país.

Ser prefeito é uma bomba. Tive problemas financeiros na prefeitura e enfrento protestos por salários atrasados.

A coisa é dura.

Fonte: Folha

14 Comentários

  1. É o Brasil é um pais de pernas abertas, bem como gostam os estadunidenses e europeus! Tente fazer o contrário!

  2. O Brasil não é um “país de pernas abertas”, mas poderá vir a ser, se opiniões como esta que foi propalada ganhe eco nas mentes alheias.

    Permanece, ainda, em nosso espírito, ainda, uma visão egoísta, autocentrada, portanto, desprovida de foco para com a realidade, que permeia, principalmente, as nossas classes privilegiadas, também chamadas de “elites”. Fato é, que os jovens estudantes de medicina, não alimentam o desejo de trabalhar, assim que formados e aptos, no interior, no sertão. Querem, antes, a comodidade, e os fartos ganhos financeiros ofertados pelos grandes centros, advindos de uma medicina privada e elitizada…

    Por isso a sanha hipócrita dos Conselhos Regionais de Medicina, encimados pelo Conselho Federal… Não existe assistência alguma para a população, a carência de médicos é absurda, as faculdades, mesmo com a mercantilização do ensino não fornece a mão de obra necessária, mas ainda assim, esses órgãos, como representantes do atraso, com matérias distorcidas e argumentos falseados, promovem intensa oposição à contratação de médicos estrangeiros, em especial, dos médicos cubanos.

    Pois…
    Virão médicos cubanos, portugueses e espanhóis. Vão assistir a população, está ficará grata e responderá nas urnas.
    Ótimo. Que a direita política ganhe o seu quinhão de fel, mais uma vez, por virar as costas à pátria, e ao seu povo.

  3. para falar a verdade ainda bem que a esposa dele e ele inclusive ficaram no brasil, viver naquele pais com uma ideologia de lixo, fracassada e vencida que jamais iria dar certo, pq ja começou errado, iria ser o maior atraso da vida deles.
    é extremamente patetico e ridiculo que a pessoas que ainda querem aplicar o comunismo(que na verdade de socalista nao tem nada é pura farsa onde poucos governariam e os outros seriam os comandados).

    • por mais que ele tenha vivido em regioes praticamente esquecidas pelo brasil, acho que foi melhor para ele o brasil

  4. Que venham médicos para o Brasil,e que estejam dispostos a servir essa população tão carente por esses serviços !
    Que venham de onde for,que ajudem a esse povo cansado de morrer em filas,UPAs,corredores de hospitais sem sequer serem atendidos !
    É MELHOR ACENDER UMA VELA,QUE MALDIZER A ESCURIDÃO !

  5. Eu admiro a coragem dele, ir para outro país, onde falam outra língua(ainda que parecida), tem outros costumes para um ambiente inóspito de condições bem diferentes a que eles estava habituado, viver numa sociedade no ápice do capitalismo, é algo bem desafiador. Ninguém pode condena-lo por querer buscar uma vida melhor para si e construir uma família. Aliás a vinda de médicos cubanos já não é sem tempo, além de formarmos menos do que a demanda, aqui os médicos recém formados a maioria só quer saber de ir pra área de estética abrir clínica porque é isso que dá dinheiro. E olha que várias vezes o governo abre vagas para médicos na Amazônia com salários de mais de 20 mil reais, mas não aparecem interessados, tudo porque tem na cabeça a falsa ideia de que na Amazônia só tem mosquito e mato.

  6. Nesse caso aí Cuba não deu condição pra ele viver por lá com sua mulhe… fez igual os USA andam fazendo com questões de reagrupamento familiar e casamentos mistos… não tem mais GreenCard!!

    Então que venha pra cá mesmo, no fim das contas, acaba virando brasileiro, alias já virou mesmo!!

    Valeu!!

  7. A vasta maioria dos cubanos são trabalhadores qualificados com curso superior.
    É deste tipo de imigrante que o Brasil precisa…

    E entre espanhóis e cubanos, me parecem ser menos safados os cubanos…

  8. Isso aí é política menor levado a cabo pelo governo brasileiro, que pretendendo ajudar Cuba, que não tem dinheiro, paga então com mão de obra explorada dos médicos de lá, que estão ganhando lá vinte dólares ao mês!Se Cuba quiser se ajudar tem que mudar o regime, ditadura de Estado, pra um modelo que valorize a livre iniciativa!Então vamos torcer pra que os estrangeiros, fugindo da crise deles no hemisfério norte, se tornem prefeitos no Brasil, talvez governem melhor que nós e mude o Brasil!Eu vou me candidatar a prefeito também em Cuba, pra auxiliar a dona Dilma melhor ajudar a Ilha!Essa historia de que não tem medico no Brasil, com tantas universidades é pequenez, discurso de desinformado!E os medico formados no Paraguay e Bolívia? Tem milhares de brasileiros estudando lá, porque não facilita a regularização?

  9. Bando de patifes que dizem que medicos nao gostam de ir trabalhar no meio do mato, basta que este governo de merda, socialista, invista em cidades pequenas, crie condições de ter profissionais qualificados.
    Quem é o filho da puta que quer ir trabalhar na selva de graça? Nem o patife do Lula que largou o nordeste pra ir pra Sao Paulo.
    Nos Estados Unidos qualquer cidade pequena, simples, tem hospital, delegacia, medicos, engenheiros e advogados.
    Quanto a Cuba, aquilo la é um lixo, se fosse bom, todo petista se mudava pra la!

  10. se for pensar dessa forma o soldado também não pode ir para a amazonia porque ,não tem mac donalds não tem suquinho de maça , os portugueses nunca teriam vindo para o brasil porque não tinha cidade ,e depois nem os decendentes de fugido de guerra pois não teria shopin center para eles ,o brasil não existiria porque não tinha cidades e os índios não investiram em cidades ,aqui em são Paulo falta medico na periferia sera que é porque a periferia no brasil é mato

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