Um buraco no quintal do Brasil

BrasilClóvis Rossi

Aliança do Pacífico ganha forma hoje, com projeto de integração que dá as costas para Brasília

Tem festa hoje no quintal do Brasil: os presidentes do México, Chile, Colômbia e Peru, reunidos em Cali (Colômbia), põem carne na ossatura da Aliança do Pacífico, anunciando a eliminação das tarifas de importação de 90% dos produtos que comercializam (os 10% restantes cairão em sete anos).

Não é preciso ser PhD em Harvard para desconfiar que esse novo bloco abre um rombo no projeto prioritário da diplomacia brasileira desde o governo Itamar Franco, reforçado na gestão de Luiz Inácio Lula da Silva, que é o da integração sul-americana, se possível latino-americana, atraindo também o até agora arredio México.

A Aliança do Pacífico não deixa de ser integração entre os três países sul-americanos mais o México, mas ela se fará de costas para Brasília e, como o nome indica, voltada para o outro oceano que banha a América do Sul.

O novo conglomerado tornou-se objeto de desejo de Costa Rica e Panamá, sem contar o de países extracontinentais, como a Espanha, e o Canadá, que já está ligado ao México no Nafta (Área de Livre Comércio Norte-Americana, em sua sigla em inglês).

E o Brasil, enquanto isso? Nada. É verdade que o Itamaraty está terminando a proposta que gostaria de apresentar à União Europeia, no marco da negociação UE/Mercosul. Mas é uma proposta que terá que ser discutida antes com os parceiros do Mercosul, entre os quais há dois (Argentina e Venezuela) que não são exatamente fanáticos pelo livre-comércio.

A eleição de Roberto Azevêdo para a direção-geral da Organização Mundial do Comércio torna incompreensível a modorra com que se comporta o governo brasileiro nesse capítulo de negociações comerciais. Afinal, Dilma Rousseff fez o maior empenho para eleger Azevêdo, cujo discurso de campanha dizia, com todas as letras, que o livre comércio é ferramenta essencial para o desenvolvimento.

O empresariado industrial brasileiro parece, agora, concordar com ele. Explico o agora: nas negociações tanto UE/Mercosul, como Alca (Área de Livre Comércio das Américas) como Rodada Doha, a indústria resistia a ser a moeda de troca para a abertura dos mercados agrícolas do mundo rico.

Agora, conforme a Folha ouviu na Confederação Nacional da Indústria, há predisposição para uma oferta que cubra 90% de seu volume de comércio, no que coincide, literalmente, com o modelo a ser anunciado hoje pela Aliança do Pacífico.

Duvido que a Argentina concorde com uma proposta desse calibre, mas não dá para o Brasil ficar refém do Mercosul. O bloco está paralisado há muito tempo e sua única chance de ganhar tônus vital seria negociar com gente grande.

Ainda mais agora que surgiu um “new kid” no bloco latino-americano, de tamanho capaz de competir com o Brasil, o gigante adormecido: a população da Aliança do Pacífico é algo maior que a brasileira (209 milhões x 198 milhões) e a economia quase empata (US$ 2,4 trilhões no Brasil, US$ 2 trilhões nos quatro da turma do Pacífico).

Como ensina o grande sociólogo Zé Simão, quem fica parado é poste.

Fonte:Folha de São Paulo

16 Comentários

  1. essa folha de sao paulo é um lixo mesmo ,ele compara o mercosul ao outro grupo mas quando fala em valores so compara o brasil contra o outro bloco inteiro
    so o brasil ja faz frente com esse bloco agora coloca os outros menbros do mercosul e ai aproveita e coloca eles no bolso

    • Cara eu pensei o mesmo que você não existe como comparar o Mercosul com a Aliança Atlantica o Brasil sozinho já possui o mesmo tamanho economico que a Aliança atlantica e se você colocar junto a Argentina e Venezuela o negocio fica vergonhoso para a Aliança Atlantica a Folha a cada dia escreve matérias piores

  2. Gente grande a que se refere o artigo so pode ser Uncle Sam e a UE.O que resta mais. Argentina faliu e esta falida. O Paraguay deve estar atento a essa Coluna do Pacifico e gostariam muito de se encaixarem nessa espinha dorsal. Uma boa guinada na Venezuela e eles tambem entrariam na jogada..
    Quem esta parado sao os postes do PT…fazem alianca com a potencia maxima entao: Cuba..kkk

    • Reitero as boas vindas, Nelore… os Palhaços Trapalhões estão mais perdidos que cego em desfile gay… todo mundo lhe passa a mão na bunda e ele diz que não viu… rsrsrsrsrsrs… o Brasil pftencia formando um bloco magnifico com cuba, venezuela, irá, coreia do norte e demais expoentes da economia mundial vai muito bem… rsrsrsrsrsrsrs… oh gente lesa… lesa a patria por ignorancia… ou sera por morbidez mesmo?… rsrsrsrsrs…

  3. É ao contrario, foi o Brasil quem virou as costas para Aliança do Pacifico. Preferimos o “falido” Mercosul e a mal sucedida rodada de Doha, o primeiro cada vez mais andando pra trás e a outra possivelmente nunca sairá do papel.
    Alguns falam: “Mas essa aliança (pacifico) é muito pequena ($), uma comparação com o Brasil e o Mercosul é até leviana”
    Eu respondo: “Quando o Mercosul começou lá trás, o montante de dinheiro envolvido era minúsculo e hoje tem uma certa consistência”
    Outros vão dizer: “Mas você disse que o Mercosul é falido”
    Eu respondo: “Verdade, o Mercosul é falido por não continuar em uma trajetória de cada vez mais integração dos mercados dos países participantes, por em muitos casos estarmos andando para trás, olha o que a argentina faz com os produtos brasileiro. Além de não envolver a segunda (se ainda não é, está próximo de ser) maior economia da América do Sul (Colômbia), terceira da AL e com gigantesco mercado consumidor, nem previsão de entrada, os próximos serão Bolívia e Equador.”

    • É importante negociar tendo em vista as possibilidades dos parceiros. O Brasil é uma potência dentro do Mercosul, não pode exigir igualdade na relação, os demais povos também desejam crescer e não serem engolidos. O poder do Brasil também decorre do apoio que recebe de países pequenos, que enxergam no Brasil um defensor de seus interesses.

  4. Mesmo que se junte as economias de todos os países membros ( excetuando-se os associados ), o PIB do Mercosul chegaria a pouco mais de 3 trilhões… Sem Brasil, virtualmente não há Mercosul… E o mesmo bloco dependeria muito dos humores brasileiros…

    Em suma, o Brasil se limita ( e muito ) priorizando acordos comerciais com economias que não são plenas… Essas mesmas economias, receosas de que o Brasil tome seus mercados internos ( sua capacidade de produzir não iguala a brasileira e portanto não podem competir ), somente poderiam adotar proteções em massa contra os produtos brasileiros. Muito mais sentido faria fechar acordos bilaterais com economias verdadeiramente fortes, que são realmente capazes de estimular a competitividade, sem receios de que os produtos brasileiros possam toma-los de assalto. Assim sendo, ambos crescem mais rapidamente.

  5. O Mercosul depende priordialmente do Brasil e da Argentina. Os dois países são as principais economias do bloco. Uma vez que a Argentina está amarrada pela “louca”, a política não mudar por lá enquanto um novo grupo político assumir, e assim, até lá, o Mercosul continua congelado. É papel do Brasil continuar avançando na integração sul americana, e portanto, esta aliança do pacífico não deve ser olhada como um competidor, mas sim, uma oportunidade de estreitar laços com vizinhos que estão fazendo o seu dever de casa.

  6. E eu pergunto…

    Quem é mais forte baseando força como uma economia MAIS independente, já que TOTALMENTE independente seria impossível no mundo globalizado??

    – Mercosul, que pode viver de sua capacidade industrial e de auto financiamento…

    O que a aliança do Pacifico faz sem comerciar com o Mercosul?

    Nada, é o Mercosul o mercado econômico real na América Latina, sem o Mercosul a aliança do pacifico não sobrevive.. faz um muro contra muro pra ver quem sobrevive economicamente.. o Mercosul sobrevive!!

    O Chile não é um grande país, sua economia não paga as aposentadorias do Brasil, e tudo que tem valor agregado é importado, não tem mais montadoras de autos, antes do Pinochet tinha umas 10 se não me engano, não tem mais industria eletrônica, antes do Pinochet tinha umas 3…

    Todos os demais países da aliança do pacifico mal conseguiriam se endividar pra financiar suas fontes produtivas, se não fosse o aval dos USA e do banco mundial, ou seja, não passam de capachos econômicos, e a Colômbia é a primeira deles!!

    Qual produto com grande valor agregado o GRANDE CHILE produz??? Nenhum, só vive de troca de Cobre e vinho por produtos importados, e eu que sou micro-empresario na área se serviços sei como é difícil viver em região pouco industrializada, e o Chile nem tem de seu os serviços básicos, os serviços mais especializados por lá são todos de empresas estrangeiras, até o correio deles lá é baseado em DHL, TNT, UPS… tudo de multinacionais, deles mesmo como nacional não tem praticamente nada!

    Liberdade econômica tem, mas aqui NO MERCOSUL tem mais produção, MAIS INDEPENDÊNCIA INDUSTRIAL… se tem mais independência e produção a economia traz mais oportunidades… e o Mercosul tem também mais financiamento, e capacidade de AUTO-FINANCIAR-SE…

    A imprensa escrava dos interesses dos USA vai obviamente puxar a farinha pra Aliança do Pacifico que se os USA financia e ganha com isso, mas vendo a realidade econômica sem ideologias americanizadas, os fatos são outros!!

    Normal acreditar em reportagens por ai quando se vive sem analisar fatos… crenças raramente pedem uma analise, pois vive pra si mesma, não serve uma analise na crença!!

    Valeu!!

    • Eu não troco a minha empresa aqui no Mercosul pra me mudar pra um dos países da Aliança do Pacifico por nada desse mundo… pelo menos não pelo que existe de atualidade econômica nos dois blocos!!

      Valeu!

  7. Perfeito Francoorp, falou tudo, e em relação ao comentário de que os países do mercosul tem medo do Brasil tomar seu mercado em função de não terem uma industrialização capaz de competir dito pelo -RR- , vale o mesmo raciocineo do brasil perante os EUA e a UE, temos que ser protecionistas mesmo, veja que eles não liberam sequer o mercado agricola deles que é onde o brasil poderia entrar com competividade e querem transformar o Brasil num grande Chile, tudo privatizado e comprado por multinacionais deles e com financiamento nosso (BNDES) e viraríamos um grande mercardo consumidor com 198 milhões de pessoas,ou seja, 10 chiles, muito bom para eles, e para o povo brasileiro emprego de camareiro, barman, pedreiro, engraxate, embalador ou na melhor das hipoteses empregado de uma nestle, Wall mart, mc donalds, tudo assim , dentro do quadrado deles. Prefiro o Brasil como está, fora aliança(capachos) do pacífico.

    • Isso aí… o Brasil tem agora que fazer com o grupo da aliança do Pacifico o mesmo protecionismo que os USA e Europa fazem conosco… aí quero ver o quão grande é essa aliança dos escravos do pacifico!

      Muito bom alexandre, não tinha pensado nisso…

      Valeu!!

  8. Com o ingresso da Venezuela, passando a contar com população de 270 milhões de habitantes e PIB em torno de US$ 3 trilhões, o que representa cerca de 83% do PIB sul-americano e 70% da população da América do Sul. Tornando-se um dos principais produtores mundiais de alimentos e de minérios.

    Na área comercial, os resultados do MERCOSUL são palpáveis:

    (a) o comércio intraMERCOSUL foi recorde em 2011, tendo alcançado a marca de US$ 53 bilhões;
    (b) em 2008, o comércio havia sido de US$ 40 bilhões. Mesmo depois do início da crise internacional, portanto, o intercâmbio continuou crescendo (mais 33%, de 2011 sobre 2008);
    (c) desde 1991, ano de assinatura do Tratado de Assunção – e, portanto, da “fundação” do bloco -, o valor do comércio intrazona se multiplicou por 10, enquanto o intercâmbio dos países do MERCOSUL em seu conjunto com o mundo cresceu 7 vezes;
    (d) em 2011, 90% das exportações brasileiras para o MERCOSUL foram bens manufaturados

    De poste em poste vamos iluminando o país.

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