CNV RECONTANDO A HISTÓRIA DO BRASIL SOB A ÓTICA DOS RESSENTIMENTOS E REVANCHISMOS

Rumo a ditadura comunista.“A Comissão Nacional da Verdade (CNV) também recomendará, no seu relatório final, que se faça uma “revisão drástica” do ensino de História nas academias militares. O grupo quer mudar a forma como o golpe de 1964 é ensinado e visto por essas instituições.

– É preciso uma revisão drástica do ensino de História nas academias militares, onde mentiras e mitos sobre 64 são repassados. Como a de que o golpe foi uma revolução contra o comunismo. Isso é história da carochinha.”

Recontando a História
Organograma da repressão

Após um ano de atuação, Comissão da Verdade vai revelar centros de tortura e nomes de torturadores

Evandro Éboli, O Globo

BRASÍLIA – Balanço que a Comissão Nacional da Verdade divulga na próxima semana vai indicar os centros de tortura clandestinos utilizados pelos comandos dos órgãos de repressão durante a ditadura. Nessa relação constam casas e até propriedades rurais usadas para reprimir os opositores do regime militar. São locais até agora desconhecidos onde os perseguidos políticos eram torturados e até mortos antes de serem entregues às unidades do regime, como o DOI-Codi. A comissão identificou também diversos nomes de militares e agentes da repressão que atuavam nesses locais.

– É um levantamento dos centros de tortura e um grande organograma no qual os espaços antes desconhecidos começam a ser preenchidos com nomes, cargos e instituições – disse Paulo Sérgio Pinheiro, que está deixando a coordenação da comissão.

comissão apresentará 61 nomes

A Comissão da Verdade completa hoje uma ano de existência. A presidente Dilma Rousseff, atendendo a pedidos de entidades e também da própria comissão, vai estender o trabalho por mais seis ou sete meses. Originalmente, o prazo de funcionamento é de dois anos, e se encerraria em maio de 2014. Pinheiro estava no grupo que se reuniu com Dilma anteontem e defendeu a ampliação do tempo de trabalho.

– Temos uma lista de 1.500 nomes de torturadores e agentes, de uma listagem básica. Temos que descobrir se estão vivos, o RG (identidade), o último endereço. Já levantamos 250 nomes e entrevistamos 61. E é uma entrevista que tem que ser bem preparada, para não fazermos papel de tontos. O sonho de toda comissão é ter mais tempo de trabalho – disse Pinheiro.

O balanço da semana que vem apresentará vários documentos inéditos produzidos pelos órgãos de repressão e os nomes dessas 61 pessoas já entrevistadas pela comissão, e que estiveram envolvidas ou conhecem as práticas de tortura, de desaparecimentos e ocultação de cadáveres.

Revisão do ensino de história

Ao todo, a Comissão da Verdade já contabiliza 15 audiências públicas com familiares de mortos e desaparecidos, e depoimentos de 220 sobreviventes e testemunhas. Cerca de 16 milhões de páginas estão sendo digitalizadas.

A Comissão da Verdade também recomendará, no seu relatório final, que se faça uma “revisão drástica” do ensino de História nas academias militares. O grupo quer mudar a forma como o golpe de 1964 é ensinado e visto por essas instituições.

– É preciso uma revisão drástica do ensino de História nas academias militares, onde mentiras e mitos sobre 64 são repassados. Como a de que o golpe foi uma revolução contra o comunismo. Isso é história da carochinha. Esse golpe de 64 foi sendo preparado desde Juscelino Kubitschek. Esse desejo de imposição de ditadura em nome da segurança nacional é velho. Foi o terrorismo de Estado, que implementou uma ditadura. O ensino militar tem que ser compatibilizado com a democracia que estamos tendo – disse Pinheiro.

Esse argumento foi utilizado semana passada pelo coronel reformado Carlos Brilhante Ustra. Em seu depoimento público na Comissão da Verdade, Ustra disse que o golpe ocorreu para evitar a uma “ditadura do comunismo”. O coronel disse ainda que , se não fossem os militares, o Brasil hoje seria um grande “Cubão” (uma referência à Cuba) e que ele teria ido para o “paredón”.

Os centros de tortura vêm sendo investigados pela comissão, que já visitou a Casa da Morte, em Petrópolis. No local, militantes de esquerda teriam sido mantidos presos, foram torturados e mortos. Por lá passou o ex-deputado federal Rubens Paiva. Também em seu depoimento na comissão, Ustra garantiu que esses centros nunca existiram.

– Só porque um sujeito lá no interior de São Paulo tinha uma fazenda batizada com o nome de 31 de Março desconfiaram dele. Foram lá, vasculharam tudo e não encontraram nada. É tudo mentira – disse Ustra, na semana passada.

Comissão e militares mantêm diálogo

Outro ponto que constará no documento são as boas relações da Comissão da Verdade com o Ministério da Defesa e os três comandos militares. Pelo menos uma vez, conselheiros reuniram-se com os comandantes de Marinha, Exército e Aeronáutica, no Ministério da Defesa. O encontro foi mediado pelo ministro da Defesa, Celso Amorim.

– Ultrapassamos a fase do queimou ou não queimou documento. Neste primeiro ano ficou estabelecido que essa prática é ilegal. E, pela primeira vez em 40 anos, estamos dialogando com os três comandos. Foi repassada documentação. Esses militares que estão aí não têm nada a ver com os crimes praticados (na repressão). Os crimes dos que os antecederam, nós estamos pesquisando. E tem aqueles que estiveram envolvidos, caso do Ustra. Há um diálogo com as Forças Armadas de hoje. É um diálogo discreto, não dá para bater bumbo. Mas é um avanço – disse Pinheiro.

Segundo ele, o relatório final da comissão será contundente e vai reconstituir a veracidade dos crimes negados por seus autores diretos e mandantes:

– Depois do relatório, se fará verdade sobre os crimes da ditadura, e se estará mais perto do que nunca para que a impunidade dos mandantes e autores desses crimes não mais prevaleça.

Na semana passada, a audiência para interrogar o Ustra acabou em bate-boca. O militar se negou a participar de acareação com o vereador Gilberto Natalini, ex-militante de esquerda que declarou ter sido vítima de tortura. Ustra chamou Natalini de terrorista. O vereador reagiu chamando Ustra de torturador.

Leiam o que informa Sergio Torres, na Folha (*).

(*) Araguaia: Vannuchi solicita avião militar para levar ossos de guerrilheiro 

Volto em seguida. O título acima, claro, é meu:

Os restos mortais do guerrilheiro Bergson Gurjão Farias serão transportados para Fortaleza em avião da Aeronáutica em um caixão envolto nas bandeiras do Brasil e do PC do B, disse o ministro da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência, Paulo Vannuchi.

O funeral de Farias, primeiro guerrilheiro morto pelos militares que combatiam a guerrilha do Araguaia, em junho de 1972, foi marcado para 6 de outubro, na cidade em que nasceu e onde militou no movimento estudantil e no então clandestino Partido Comunista do Brasil.

Em visita ao Rio anteontem, Vannuchi antecipou o que pretende dizer à beira da sepultura do guerrilheiro, cuja ossada foi exumada do cemitério de Xambioá (TO) em 1996 e identificada por exame de DNA em julho passado: “Bergson, você hoje volta para o Ceará para descansar em paz e vitorioso, porque o Brasil pelo qual você morreu começa a nascer”.

Comento

Os ministros de Lula se dividem em dois grupos: os limitados e os sem-limites. Vannuch integra o segundo grupo. Quando a gente acha que ele já foi longe demais, sempre nos surpreende com uma nova pirueta.

Bergson lutou para implementar uma ditadura comunista no Brasil. E, para atingir esse objetivo, entrou num movimento cujos integrantes mataram e morreram. Felizmente, aquela “utopia” foi vencida, ou os mortos se contariam aos milhares, quem sabe aos milhões.

Mas Vanucchi diz que aquele Brasil que os comunistas almejavam já começou a nascer. É… Talvez ele tenha um pouquinho de razão!!!

Ah, sim: bandeiras do Brasil e do PC do B juntas? Não é só um cadáver que elas cobrem, não. A bandeira de um partido comunista, qualquer que seja ela, embrulha bem uns 150 milhões deles.

É… Havia quem sonhava e há quem ainda sonhe com isso.

3 Comentários

  1. esta correta a comissão da verdade ,acaba com essa instrução que fala olha soldados os gringos são nossos amigos e a união soviética são nossos inimigos ai o soldado conversa entre eles e responde sem a presença do aspirante professor ou melhor garoto de recado de coisa nenhuma,. ACORDA ELITE MILITAR NINGUEM É NOSSO ALIADO NEM A NEM B
    simples assim o engraçado é que a rapaziada sabe, mas essa elite vem com esse papo furado já começa ai a divisão que mais parece um abismo entre os praças e os estrelas ,então a comissão esta mais do que certa em falar para essas escolas de formação da ELITE que na época da ditadura eles transformaram o brasil em uma colônia americana que so poderia fazer comercio com os americanos ,quem estudou MERCANTILISMO Tiradentes deve ter se remexido no tumulo ,ainda não entendo como essa geração de militar da época da carochinha alias do regime da carochinha tinham coragem de desfilar no 7 de setembro ,vergonha queimou o filme da farda geral ,agora tem que limpar mesmo estão corretos a medida da comissão da verdade

  2. Muitos brasileiros foram presos e torturados sem nunca ter passado sequer perto de uma sede do partido comunista.

    Durante a ditadura, bastava um prefeito ou vereador ligado ao regime acusar alguém de subversivo para que ele fosse preso e torturado.

    Em centenas de casos era apenas um desafeto da família, um concorrente indesejado, alguém que sabia demais, um servidor que ficou sabendo de uma maracutaia em um licitação, etc..

    O poder sem controle é sempre desviado para o lado do mal.

    Não havia o menor risco de uma ditadura comunista no Brasil. Como nunca houve. O partido comunista nunca chegou a 5% do eleitorado. Jango era filho de milionários.

    As reformas de base que anunciou, distribuía terras públicas e não particulares. Pretendia fazer muito menos do que Lula e Dilma já fizeram. Os golpistas entregaram o país aos domínio da Europa e dos EUA. Passamos várias décadas pagando altíssimos juros para eles. Nosso parque industrial é totalmente dependente até hoje.

  3. Como já disse algumas vezes aqui. A única razão desta comissão é reescrever a história do país. O mesmo caminho que tem sido historicamente seguido pelas ditaduras. E assim a nossa frágil democracia está sendo enterrada, à vista de todos.

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