Exploração de petróleo preocupa índios em aldeias remotas na Amazônia

indio

Lucas Bonolo

Da fronteira entre Brasil e Peru para a BBC Brasil

Em um conjunto de aldeias encravado na Amazônia brasileira, na fronteira com o Peru, os índios matsés – já familiarizados com a exploração da borracha, da madeira e de minérios – agora vivem às voltas com um novo “adversário”.

“Dizem que petróleo dá dinheiro, mas não queremos dinheiro”, afirma Waki Mayuruna, cacique da aldeia Lobo, a 2 mil quilômetros a oeste de Manaus. “Devemos pensar em nossos filhos e netos, e eles precisam de terras limpas.”

Por décadas, os matsés, que vivem entre o Brasil e o Peru, ouviram histórias sobre a atuação de empresas petrolíferas nos vales tropicais do Equador e os problemas que elas causaram.

A bacia hidrográfica do Javari, território tradicional dos matsés e de outros povos indígenas, também era tema de cobiça de representantes do setor energético de vários países. Mas as tentativas de prospecção no local nunca tiveram início.

Mas os anos passaram, e o cenário mudou.

Consolidadas as atividades petrolíferas na fronteira com o Equador, o governo peruano acaba de conceder o direito de exploração de petróleo em dois lotes de terra encostados na fronteira com o Brasil, que rodeiam e abrangem território indígena demarcado.

Se encontrar hidrocarbonetos, uma empresa canadense terá direito a 40 anos de exploração das terras no lado peruano de um rio binacional.

“É nossa responsabilidade supervisionar os trabalhos petroleiros, e que a empresa cumpra com aquilo que foi autorizado, gerando impactos mínimos”, afirmou Maria Elena Díaz, chefe do parque natural peruano Zona Reservada Sierra del Divisor, ligado ao Ministério peruano do Meio Ambiente.

“Por outro lado, deve-se considerar que os lotes concessionados pelo governo peruano também passam por outras terras, e algumas comunidades mestiças são favoráveis à extração petroleira”, ponderou.

Fronteiras na floresta

A aldeia Lobo faz parte da Terra Indígena Vale do Javari, que inclui outros seis povos espalhados em dezenas de aldeias e reúne cerca de 3,6 mil índios no Brasil.

A área demarcada é de 8,5 milhões de hectares – hoje a segunda maior área de terra indígena do país.

Para discutir a defesa do território onde vivem, cerca de 200 índios matsés de várias aldeias se reuniram, no início de março, com representantes da Funai, do Ministério Público e do Exército.

Órgãos ligados ao Ministério do Meio Ambiente peruano, políticos locais e pesquisadores também participaram do encontro.

Foram três dias de intensos debates e seminários, que mudaram o ritmo tranquilo da comunidade indígena Lobo, durante a 4ª Reunião Binacional Matsés Brasil-Peru. Pouco acostumados com a movimentação, os índios – inclusive mulheres e muitas crianças – lotaram a casa central para ouvir as comitivas da região e os convidados.

Durante o evento, um grupo de cozinheiras serviu sucos e bolachas, além de fartas refeições com arroz, feijão, banana, mandioca, farinha e a saborosa carne de uma anta macho, caçada ali mesmo, e que deu conta de toda a comitiva.

Vestidos como guerreiros, os líderes matsés ocupavam logo cedo a grande maloca da aldeia Lobo, por volta das cinco da manhã, com microfone em punho chamando nome a nome as pessoas para tomar o café e retomar os trabalhos.

O motor de um velho gerador elétrico ecoava alto entre as árvores amazônicas, mas não foi suficiente para aplacar as vozes vindas da maloca, amplificadas com a ajuda de um microfone.

“A floresta não entende de fronteiras, eu sou filho de minha terra e vou ficar aqui pra protegê-la”, afirmou o anfitrião do evento, Waki Mayuruna.

Patrimônio

A preocupação com a exploração de petróleo não é só ambiental. Observadores temem que a atividade ameace também um patrimônio etno-cultural que poucos países possuem: entre o Brasil e o Peru vivem índios isolados, nunca contatados, e que rejeitam relações com a sociedade ao redor.

Esses grupos sobrevivem em uma situação delicada, que poderia ser afetada por possíveis embates com a sociedade e por qualquer alteração no equilíbrio local.

“A sociedade brasileira não consegue entender o serviço que o índio presta ao defender os limites territoriais e zelar pela natureza, à qual estão profundamente vinculados até hoje”, avalia Walter Coutinho, analista pericial do Ministério Público Federal.

“Além dos serviços de fiscalização, as sociedades indígenas oferecem ao Brasil recursos de cultura, medicina, tradição, arte e beleza, recursos que não custam nada”, conclui Coutinho.

Fonte: BBC Brasil

5 Comentários

  1. BBC (British Broadcasting Corporation) reportando isso
    me pergunto se tbm nao e de preucupacao do parasita Ingles tbm
    ja com os olhos no que nao e seu

  2. Coisas anacrônicas para a Nova Era (3º Milênio, séc21 e posteriores):

    – URSS (essa já foi para o ralo da História)
    – Agenda Comunista (que ainda teima em imperar)
    – Revolução Árabe ( Fraternidade Mulçumana – Sayyid Qutb – fanatismo assassino – só aceita quem faz parte de sua panelinha)(pior ainda que os hipócritas comunistas)(quanto antes sumir, melhor)

    e…
    -Monarquias (ênfase para inglesa vapiresca)(até quando?)

    Não há como termos Nova Era (Uma humanidade de paz e amor) enquanto todos esses ranços sociais continuarem existindo. Mas estamos avançando com… a internet um meio universal e instantâneo de trocas de informações, sistemas eleitorais se aperfeiçoando e difundindo, transporte aéreo mais rápido e popularizado etc, e quem sabe então (se o mundo não for destruido) nossos tatatataranetos vejam a verdadeira Nova Era, e não apenas uma passagem de calendário.


    PS: petróleo, minerais, plantas, demais riquezas etc na floresta, até os índios sabem que isso é um fato e amam sua terra e águas por tudo que elas significam, mas o maior problema não é a falta de espaço para eles, e sim a ausência do Estado policialesco naqueles desertos verdes e todo tipo de pilantragem correndo solta por lá. Brasil abre o olho e cuida de seus filhos mais nobres, não porque o estrageiro cínico é bandidão, mas por simples amor a esses brasileiros queridos.

  3. “(…)Se encontrar hidrocarbonetos, uma empresa canadense terá direito a 40 anos de exploração das terras no lado peruano de um rio binacional. (…) ”

    .
    .
    Ufa!…ainda bem que é uma empresa canadense que irá explorar,o meio ambiente estará mais salvo e as ONG’s que sempre criticam os governos sul-americano pelo descaso com o meio ambiente amazônico como o Greenpeace,ficarão mais tranquilas,afinal é uma canadense,coisa de 1° mundo…Hahaha!

    • Essa ONGs são um verdadeiro perigo à soberania nacional Lucena! Acho prudente que o EB reforce a vigilância por lá viu?

    • Nessa eu tenho que concordar com os amigos..

      Essas ONGs são a 5° coluna mais agressiva que uma nação pode usar contra o nosso país, contra os nossos interesses e contra o nosso desenvolvimento!!

      Tem que mandar embora essa massa de traíras!!

      Valeu!!

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