Na Alemanha crescem os ânimos anti-europeus

Merkel

Serguei Duz

A zona do euro tem de ser reformada ou abolida. A tese constitui a tónica de vários relatórios de peritos e discussões políticas. Deste modo, os euro-céticos começam a  marcar a agenda do Velho Mundo.

Veja-se um dos eventos políticos mais recentes – o congresso do partido “Alternativa para Alemanha”, cujo objetivo prioritário consiste em devolver à RFA a sua moeda nacional. Em opinião de analistas, o partido poderá vir a ser apoiado por cada quarto alemão que participe em futuro escrutínio. Um dos seus líderes, cientista e escritor, Conrad Adam, considera que na sociedade “surgiu a necessidade de uma discussão transparente sobre eventuais medidas de resgate das economias de países comunitários”. Em entrevista concedida à Voz da Rússia, disse:

“Estamos convencidos de que a futura presença da Alemanha na atual aliança monetária custa os olhos da cara. Sai muito mais cara do que a decisão de acabar com essa experiência fracassada. Teremos de pagar caro em qualquer caso. E preço será cada vez elevado se não deixarmos essa via errada. Por isso, a saída da Alemanha da zona do euro seria uma melhor solução”.

Na sua ótica, o princípio da economia socialmente responsável, que foi comprovado pelo desempenho econômico-social da Alemanha nos tempos pós-guerra, nem merece ser revisto em prol de slogans bonitos e conjuntura política. O político acha inadmissível o facto de terem sido “esbanjadas centenas de milhões de euros para a dúbia salvação da moeda única”. Daí seguem numerosas críticas que os euro-céticos têm dirigido a Berlim pertinente que afasta qualquer cenário de regresso do marco alemão e a prática de alianças monetárias dentro da UE.

O tema foi prosseguido pelo chefe do Centro de Pesquisas Alemãs junto do Instituto da Europa, Vladislav Belov.

“O fenômeno de euro-ceticismo existiu sempre na RFA. Os adversários do euro têm apontado para a imperfeição do modelo da zona do euro que se deve desenvolver em bases econômica e política. Foi preciso criar uma confederação política, dado que a política orçamental única pode ser conduzida somente em escala supranacional. Creio que a zona do euro será mantida. Mas o futuro passa pelo estabelecimento de confederação política. Esse processo será prolongado e pressupõe múltiplos debates e polémicas acaloradas”.

Os euro-céticos se dividem em duas “categorias”. A primeira, relativamente pequena, se manifesta pelo desmantelamento da UE. A sua palavra de ordem é a “salvação da Europa passa pela desintegração da União Europeia”. Mas os peritos duvidam que, algum dia, isso se torne a realidade. A maior parte de euro-céticos se opõe à zona do euro no seu estado atual. No seu parecer, a introdução da moeda única foi um erro histórico. Hoje em dia, o euro não une, mas sim desune mais a Europa comunitária.

Comenta o perito do Instituto Internacional de Pesquisas Políticas, Vladimir Butner:

“O euro-ceticismo está ganhando vulto. Mas, por outro lado, a integração não tem alternativa. A Alemanha como a locomotiva econômica tem de levar a maior carga de despesas. A Polônia não quer entrar na zona do euro. A Grã-Bretanha nem quer discutir esta questão. Por isso, os que têm ficado à margem, levam uma vida mais fácil. A sua situação econômica interna tem estado mais flexível às medidas de regulação tradicionais. A UE realmente receia poder desintegrar-se. Mas não se sabe de que lado a desintegração se pode iniciar”.

Na realidade, a questão de conservação do euro é mais política do que econômica. Existem apenas duas vias: uma integração macroeconômica mais profunda, prevendo a delegação de alguns poderes soberanos para o nível supranacional ou a desagregação. Não há terceira via. Pelos vistos, não serão tomadas em breve decisões sobre a provável unificação política. Por isso, a UE vai continuar abandonando a arena política mundial.

Fonte: Voz da Rússia

1 Comentário

  1. deixa eu ver se entendi depois da alemanha mandar outros paises europeus a brecar seu desenvolvimento as custas de cortes e penurias ,e emprestar dinheiro a eles apenas se fizerem reformas de amputaçao ,os alemaes querem dar um chute no trazeiro da uniao europeia e negociar com sua moeda que viria forte ,eu acho que isso nao vai terminar bem .

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