Violência pós-eleitoral mata 7 na Venezuela

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Confrontos entre chavistas e apoiadores de Capriles deixaram ainda 63 feridos; Maduro proíbe marcha opositora. Presidente venezuelano também exigiu que emissoras definam de que lado estão nos embates com oposição

FLÁVIA MARREIRO ENVIADA ESPECIAL A CARACAS

Dois dias depois da vitória apertada de Nicolás Maduro na eleição presidencial da Venezuela, distúrbios entre governistas e opositores deixaram ao menos sete mortos, segundo o Ministério Público.

Os conflitos ocorreram após manifestações de partidários de Henrique Capriles, derrotado por pequena margem.

Em resposta, Maduro elevou o tom e ameaçou processar opositores que exigem a recontagem dos votos.

Em cadeia nacional de rádio e TV, ele prometeu radicalizar a “revolução” bolivariana iniciada por seu mentor, Hugo Chávez, e proibiu Capriles de liderar uma marcha prevista para hoje para levar seu pedido de recontagem dos votos à sede do CNE (Conselho Nacional Eleitoral), no centro de Caracas.

“Podem marchar quanto queiram, mas não entram em Caracas [centro de Caracas, município Libertador, coincidente com o Distrito Federal]. Digo com a autoridade que me outorga a Constituição”, disse Maduro, que chamou Capriles de “fascista”.

O presidente eleito, que venceu com 50,75% dos votos contra 48,97% do opositor, fez uma ameaça às duas maiores emissoras de TV privadas da Venezuela, a Venevisión e a Televen.

“Faço um chamado à Venevisión e à Televen, a todos os meios de comunicação. Definam-se com quem estão. Com a pátria, com o povo ou vão voltar a estar com o fascismo”, disse.

Os dois canais apoiaram a tentativa de golpe de Estado contra Chávez em 2002, mas nos últimos anos moderaram sua linha editorial e reduziram o noticiário político. A Globovisión, que segue ferrenha crítica do governo e serve como porta-voz da oposição, está sendo vendida a um empresário tido como próximo do chavismo.

Horas depois, Capriles, governador de Miranda (que abarca parte da Grande Caracas), suspendeu a convocatória de manifestação para hoje alegando não querer provocar mais violência.

Anteontem, o opositor chamou seus apoiadores para um panelaço em Caracas e protestos pacíficos em sedes regionais do CNE, do qual participaram ontem milhares de apoiadores.

Em vários pontos da capital e do restante do país, no entanto, houve protestos nas ruas, alguns violentos.

Segundo a procuradora-geral da Venezuela, Luísa Ortega Díaz, ao menos sete pessoas morreram anteontem em distúrbios –duas em Caracas, três em Ojeda, uma em Cumaná e uma em San Cristóbal.

Segundo o Ministério do Interior, ao menos 63 pessoas ficaram feridas e há cerca de 170 detidas.

A procuradora-geral, alinhada ao governo, considerou abrir processo contra Capriles por incitação à violência. Maduro e o presidente da Assembleia Nacional, o chavista Diosdado Cabello, prometeram o mesmo.

“Seu tempo está acabando”, disse Maduro a Capriles. Afirmou que já que Capriles o chama de “ilegítimo” ele não enviaria mais recursos do governo nacional ao Estado de Miranda.

GRANDE CARACAS

Ontem foi mais um dia de tensão, com relatos de violência na Grande Caracas e em vários pontos do país.

Em Los Teques, na região metropolitana, funcionários de dois jornais relataram que suas sedes foram cercadas por supostos apoiadores do chavismo.

Por causa dos problemas e de ataques a funcionários, o metrô de Caracas suspendeu os serviços da frota de ônibus associada em parte da capital e região metropolitana.

O clima também foi de tensão em sessão da Assembleia Nacional, onde opositores reclamara de agressão.

Fonte: FSP via CCOMSEX

 

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