Vitórias e tragédias da Primeira Guerra Mundial

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Mikhail Aristov

Em Moscou será inaugurado um monumento em honra dos heróis da Primeira Guerra Mundial, conflito cujo início será comemorado no próximo ano. Um museu dedicado a este tema será aberto em Tsarskoe Selo, perto de São Petersburgo. O estatuto de local de glória militar será atribuído ao Campo de Gumbinnen, na Região de Kaliningrado, onde as armas russas obtiveram a primeira vitória nesta guerra. Estas e outras questões foram abordadas numa reunião do Comité de Organização dos preparativos do jubileu.

Os contemporâneos chamaram-lhe com razão Grande Guerra: o conflito levou a vida de milhões de pessoas, alterou o curso da história e modificou o mapa da Europa. A revolução e a guerra civil na Rússia fizeram esquecer a Primeira Guerra Mundial, que foi tratada nos manuais soviéticos como errada e imperialista. Isso não é justo, porque milhões de soldados do Exército Russo não combatiam por interesses imperialistas, mas pela Pátria, diz o historiador e presidente da União de Escritores da Rússia, Valery Ganichev:

“Aquela guerra mostrou um altíssimo heroísmo, um esplêndido comando em algumas frentes e importantes vitórias militares. Nomes de tais heróis como o general Brussilov foram eternizados, embora, como qualquer guerra, ela tenha levado a grandes dramas e tragédias e, naturalmente, não possa ser esquecida”.

Um novo feriado nacional, o Dia da Memória dos Combatentes na Primeira Guerra Mundial, será celebrado pela primeira vez na Rússia em 1 de agosto deste ano. Para comemorar esta data, o Ministério da Cultura apresentará os melhores projetos de monumento, a serem escolhidos mediante um concurso. O monumento será instalado no Complexo Memorial de Poklonnaya Gora num local já reservado pela Prefeitura de Moscou. A Sociedade Histórica da Rússia já anunciou a recolha de donativos para sua construção. É importante que o monumento seja de todo o povo, diz a colaboradora-chefe do Instituto de História Russa da Academia de Ciências da Rússia, Elena Rudaya:

“Devemos manter a memória histórica. Tal não significa que temos de instalar um monumento e tranquilizar-nos. Deve haver muitos monumentos, porque temos muitos locais ligados à história da Primeira Guerra Mundial, às suas vitórias e tragédias”.

Uma atenção especial na reunião do Comité de Organização foi dispensada a um desses locais, ao Campo de Gumbinnen, na Região de Kaliningrado, onde no início da guerra, em 20 de agosto as tropas russas causaram uma derrota aos alemães. Os trabalhos de busca, de reconstrução e de manutenção de monumentos são efetuados por entusiastas locais em conjunto com voluntários da União Popular da Alemanha. Está previsto construir também um complexo memorial naquele lugar até agosto do próximo ano.

O dirigente da Duma de Estado e presidente da Sociedade Histórica da Rússia, Serguei Naryshkin, destacou na reunião do Comité de Organização que as placas comemorativas na Sala de São Jorge do Grande Palácio do Kremlin contêm os nomes dos agraciados com as ordens de São Jorge (N.T: alta condecoração atribuída por méritos militares, instituída pela imperatriz russa Catarina II em 1789). “Mas a lista limita-se aos heróis da Guerra Russo-Japonesa. Devemos pensar em como podemos emendar esta injustiça histórica”, disse.

O Museu da Primeira Guerra Mundial em Tsarskoe Selo, perto de São Petersburgo, também abrirá as portas na altura do jubileu. O plano de eventos inclui também a edição de uma enciclopédia, a formação de um recurso eletrônicos sobre os heróis da guerra, novos filmes e reconstruções de ações militares em locais de batalhas.

Fonte: Voz da Rússia