Thales planeja diversificar para crescer no Brasil

KC-390-Embraer

Por Virgínia Silveira
Para o Valor, de São José dos Campos

O grupo francês Thales pretende atingir um crescimento no Brasil de mais de 10% ao ano e chegar a um faturamento anual de € 300 milhões na América Latina, dentro de três anos. As projeções feitas pela empresa indicam oportunidades de crescimento em todos os mercados onde atua e não apenas nos setores aeroespacial e de defesa. No fim do ano passado a Thales fecho contrato para o fornecimento do sistema de sinalização do monotrilho de Manaus.

“O Brasil é muito representativo daquilo que a nova organização internacional da Thales quer se tornar dentro de outros mercados no mundo. O crescimento da empresa será proveniente de mercados emergentes devido aos novos programas de infraestrutura e investimentos em curso nas áreas de defesa, segurança, aeroespacial e transporte”, disse a nova vice-presidente sênior de defesa e segurança da companhia, Pascale Sourisse, responsável pela área de desenvolvimento de negócios internacionais.

A executiva prevê que, em breve, o país representará mais de 50% dos negócios da Thales na região. No ano passado a empresa transferiu para São Paulo a sua sede na América Latina, que funcionava no México.

A Thales pretende continuar com seus projetos de transferência de tecnologia para estabelecer uma base industrial local, com o desenvolvimento de parceiros industriais e pesquisa e desenvolvimento. Como exemplo de transferência de tecnologia, a executiva cita o investimento de € 120 milhões na produção local de 30 radares de gerenciamento de tráfego aéreo desde 2001. Desses, 12 foram exportados para América Latina, Europa e Ásia.

“A Thales está alinhada para ser um agente facilitador das ambições do Brasil na implantação de projetos nas áreas de vigilância de fronteiras, segurança urbana, gerenciamento de tráfego aéreo, aeroportos, trens urbanos, segurança de ativos de petróleo e gás, entre outros”, afirmou.

No mercado de defesa brasileiro, a Thales está focada neste momento em projetos de vigilância de fronteiras, sob a responsabilidade do Exército brasileiro, vigilância marítima, a cargo da Marinha e no programa do novo avião cargueiro da FAB, o KC-390, em desenvolvimento na Embraer.

A Thales Alenia também participa da concorrência para o fornecimento do satélite geoestacionário de defesa e comunicações estratégicas (SGDC). “O principal objetivo da Thales na América Latina é a produção local de satélites e cargas úteis para meteorologia, observação, comunicação e satélites militares”, comentou a vice-presidente da empresa.

Segundo Pascale, a Thales já está desenvolvendo parcerias com médias e pequenas empresas no Brasil, principalmente para os programas de transferência de tecnologia, incluindo a fabricação de alguns componentes que poderão fazer parte da cadeia de fornecimento global da companhia.

Sobre a parceria com a Andrade Gutierrez, a executiva afirma que a empresa brasileira é um parceiro importante, tanto para o mercado de defesa quanto o de transporte. No início de 2012, as duas empresas estabeleceram uma joint-venture para criar uma empresa estratégica de defesa (EED), para participar de projetos específicos nos mercados de defesa e segurança.

A Thales também possui expertise global em sensores (radares, sistemas optrônicos), sistemas de comunicação (rádios táticos, comunicações via satélite), sistemas de comando, controle e inteligência. A empresa está de olho nas demandas que os grandes eventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas vão trazer para seus sistemas de vigilância urbana, como o que foi implantado no México.

Fonte: Valor via NOTIMP