Dez anos após golpe, câncer vira principal ameaça contra Chávez

Hugo Chávez

Claudia Jardim

Alvo de conservadores amedrontados pela controvertida “revolução bolivariana”, que estatizou empresas privadas e promoveu amplas mudanças sociais, Chávez foi preso e levado a uma base militar. Nas 47 horas em que esteve afastado do poder, foi sucedido por um “presidente” indicado pelos golpistas – o empresário Pedro Carmona.

A luta pelo poder e o contragolpe deixaram um saldo de duas dezenas de mortos e determinaram os rumos do governo de Chávez, que conseguiu mudar a Constituição que ele mesmo havia instituído, ganhando a possibilidade de reeleição indefinida.

Uma década após ser afastado momentaneamente do poder e duas décadas após ele mesmo liderar uma tentativa de inssurreição fracassada, Chávez agora se depara com outro desafio – o câncer.

A seis meses de decisivas eleições presidenciais, o venezuelano disse esperar um novo “milagre”, como quando foi restituído à Presidência em 2002, em um episódio que movimentou a geopolítica latino-americana e que deixaria fortes marcas na Venezuela.

Os eventos

Em abril de 2002 a Venezuela estava convulsionada. No dia 11, líderes opositores representados por empresários, sindicalistas, políticos e meios de comunicação privados convocaram uma manifestação em frente à sede do governo, onde centenas de simpatizantes chavistas se concentravam em defesa de Chávez.

Uma edição extra do jornal El Nacional premeditava o enfrentamento na manchete: “A batalha final será em Miraflores”.

Naquele mesmo dia, no interior do Palácio de Miraflores, Chávez recebia um ultimato de altos militares: ou renunciava ou a sede do governo seria bombardeada. De acordo com a versão oficial, o mandatário não teria assinado a renúncia, mas teria se entregado. Foi então levado a uma base militar no Caribe venezuelano.

Nos dias 12 e 13 de abril, simpatizantes começaram a sair às ruas pedindo a libertação de Chávez. Ao mesmo tempo, um grupo de generais e tropas leais ao governo armaram uma operação de resgate.

“As manifestações para resgatar o presidente foram totalmente ignoradas pelos meios de comunicação” na época, lembra Margarita López Maya. “Por isso se fala de golpe midiático”, diz a historiadora, hoje crítica de Chávez.

Apesar da postura crítica a Chávez, a históriadora diz que “o golpe de Estado foi uma das torpezas mais graves cometidas por grupos da oposição em um episódio extremamente doloroso para a Venezuela”.

Motivos

Dez anos depois, analistas consultados pela BBC Brasil afirmam que os fatores que desencadearam o golpe continuam presentes, entre eles, a disputa pelo controle do petróleo.

“A receita com o petróleo, definitivamente, é o que está em disputa”, afirmou à BBC Brasil o historiador venezuelano Oscar Battaglini, lembrando interesses divergentes de setores privados e os do governo.

A Venezuela é o quinto maior exportador mundial do produto e tem uma das maiores reservas mundiais.

Para o historiador, que foi reitor do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), a figura do golpe de Estado no país ainda não foi superada “historicamente” e os militares venezuelanos continuam sendo o “fiel” da balança do poder.

O conjunto de 49 leis habilitantes – que incluíam a lei de terras e hidrocarbonetos – foram os detonantes do golpe na avaliação do jornalista Ernesto Villegas, autor do livro “Abril: Golpe Adentro”.

“O programa da revolução do ponto de vista político era inaceitável para as elites”, disse.

A lei de hidrocarbonetos sentou as bases para que o Estado tivesse maior controle sobre a renda petrolífera. A lei de terras previa um amplo programa de reforma agrária e a eliminação de latifúndios.

Para analistas, o golpe de Estado foi um divisor de águas que determinou a radicalização do projeto bolivariano e abriu caminho para o chamado socialismo do século 21.

“Chávez e seu governo saíram fortalecidos pelo golpe”, avalia Ernesto Villegas.

Câncer

Após garantir a possibilidade de reeleição indefinida, o maior desafio de Chávez à continuidade do projeto “bolivariano” é seu estado de saúde.

O hermetismo com que tem sido tratado o câncer do presidente, rumores sobre uma piora em seu estado de saúde, e suas cada vez mais exacerbadas demonstrações de fé, geram dúvidas sobre se Chávez terá saúde para assumir a candidatura à reeleição contra o jovem candidato de centro-direita Henrique Capriles Radonski.

“Esse é o momento mais grave enfrentado pela (chamada ) revolução. Nem o golpe de abril foi tão determinante para o destino político do país como a enfermidade do presidente”, afirmou o analista político Nicmer Evans, vinculado ao chavismo.

Ao longo desta semana, o governo deve capitalizar a seu favor o 10º aniversário do fracassado golpe de Estado contra Chávez, em uma tentativa de colocar em evidência que os “golpistas são os mesmos” que pretendem enfrentar o mandatário nas urnas em 7 de outubro.

Desafio

Para a oposição venezuelana, que vê pela primeira vez uma possibilidade real de disputa contra Chávez, o aniversário do golpe é uma data incômoda.

“Tornar o menos visível possível esse aniversário do golpe é vital para Capriles”, afirma Ernesto Villegas.

À época do golpe, Capriles – que era prefeito do município de Baruta – esteve envolvido no chamado “assédio” à embaixada de Cuba, liderado por manifestantes antichavistas que ameaçavam invadir a sede diplomática para comprovar se funcionários do gabinete de Chávez estariam ali escondidos.

Também durante a crise de abril, o partido de Capriles, o Primeiro Justiça (PJ), difundiu um comunicado no qual pedia a renúncia do presidente da República e de todo seu gabinete e dos demais poderes “para destrancar o jogo democrático”.

Dez anos depois, ao ser procurado pela reportagem da BBC Brasil, o deputado opositor Julio Borges, coordenador nacional do PJ, se recusou a falar sobre o tema. “Não tenho nada que dizer sobre isso (o golpe). A Venezuela tem outros problemas”, afirmou.

Apesar das incertezas que rondam a saúde de Chávez, as mais recentes pesquisas de opinião o apontam como vitorioso nas eleições de outubro, com uma diferença que varia entre 13 e 20 pontos em relação a Capriles.

Mas o maior desafio do presidente não serão as urnas nem a sublevação de oficiais militares. Desta vez, Chávez precisa enfrentar outro golpe – o câncer que ameça seu projeto “bolivariano”.

Fonte: BBC Brasil    

 

17 Comentários

  1. Konner, NÃO adianta SUA torcida. LUGO se CUROU. DILMA se CUROU. LULA está se CURANDO e, HUGO CHÁVEZ vai lhe dar um TRABALHO dus infernus, pode jogar seu AGOURO NOJENTO em outro!!!

  2. O erro do chaves foi ter achado que podia fazer com o câncer, o que faz com os seus adversários. Pelo menos agora com a doença caiu na real, que ao contrário do seu governo, a vida não é eterna.

  3. Um inimigo da humanidade,qualquer cabeça de ameba torceria a favor de CHAVES,espero que ele vença este inimigo global ! Uma sugestao para o CHAVECO,deixe o orgulho de lado e va aonde tem mais recursos,EUA,BRASIL,FRança e,repense seus conceitos de politica !BOA sorte camarada bolivariano .

  4. Cada vez mais sua face assemelha-se ao CAPIROTO rsrs rsrs É Chavinho tu enganas a muitos mas a mim jamais enganou,não passa de um agente duplo abuscar atrair multidões com seus jargões anti-imperialismo depende do beneficiamento e do consumo Americano e joga a merda pro alto esquecendo a cabeça embaixo rsrs rsrs Ele é a tua cara RONIN rsrs rsrs teu heroi rsrs rsrs teu exemplo rsrs rsrs

  5. Calma 1MALUQUINHO,Ronin é um amigo do blog,e não é só ele quem acha o Chaves um bom lider,cito Oliver Stone,SEAN PEAN que era um crítico feroz dele mas visitou a Venezuela e virou um admirador do Chavez,independente do que falam dele,ele melhorou e muito os indices de IDH do povo Venezuelano,UMA QUALIDADE QUE ADMIRO NOS AMERICANOS É SUA CORAGEM DE DEFENDER SEUS IDEIAS INDEPENDENTE DA SITUAÇÃO,COMO JANE FONDA TEVE A CORAGEM DE SENTAR NUMA BATERIA VIETINAMITA,PESSOAS RECONHECIDAS COMO OLIVER STONE,SEAN PEAN SÃO IGNORANTES E O NOSSO CINEASTA JABOR QUE ESPUMA AO FALAR DELE É O UNICO SER PENSANTE.
    Não sou admirador do Chavez mas acho que muitos aqui deve respeito não ao político mas a pessoa Chavez que passa por uma doenta acho que dev eriamos ter respeiro.

    OBS:Ronin se vc acha o Chavez um bom político fique tranquilo que vc não está sozinho,cito dois desses americanos que tb o admiram e são reconhecidos por suas capacidades intelectual e artistica.

    Cineasta Oliver Stone mostra Chávez heroico e visionário em novo filme

  6. Espero tamben que o Chaves fique mais algum tempo no poder dos nossos hermanos Venezuelanos!! Mesmo parecendo o Mestre Yoda, ou o Tio Chico da família Adams.
    VIVA A VENEZUELA DE CHAVES!

  7. HMS TIRELESS disse:
    12/04/2012 às 22:15

    Espero que ele vença o câncer e perca a eleição. Quero ele bem vivo para ver o próprio malogro.

    Correto o seu pensamento,concordo em gênero,número e grau.

    Parabéns pelo comentário,crítico mas respeitoso a pessoa que passa por uma doença.

  8. Obrigada querido amigo Barca! Independentemente de ser um tirano populista, Chávez é um ser humano e tem família. E o câncer é uma doença que atinge não somente a pessoa mas também a família. E é muito mais justo que ele saia do poder rejeitado pelo seu povo.

  9. Torço por ele.

    Pois sem ele o que o povo de lá ganhou vai ser perdido em pouco tempo.

    O Grande problema dele nem é ganhar a eleição e sim ter um sucessor de peso.

  10. http://www.youtube.com/watch?v=M9Nt_WXruKg&feature=fvsts ……………………………………………………………………………………………………BARCA pra voce e muitos outros que reverenciam estatisticas graficas talvez tua referencia ao IDH Venezuelano deva ser po o mesmo esta na frente do Brasil. IDH2011 http://www.youtube.com/watch?v=M9Nt_WXruKg&feature=fvst onde o IDH onde Chile,Argentina,Barbados e Cuba são os cinco melhores IDHs Latino-Americanos.Nas midias comemoramos a estatistica grafica que coloca o Brasil como sexta economia mundial.Então no teu entendimento BARCA o povo Venezuelano deve ter uma vida melhor do que o povo Brasileiro né mesmo e o fato de sermos sexta economia e termos um consumo interno aquecido deve ser uma garantia de que tudo vai bem e que tudo na vida se explica e se resume por estatisticas graficas rsrs rsrs Hugo Chavez meu amiguinho compromete o futuro do proprio povo afundando a Venezuela e gigantescas dividas e dando como garantia o xisto impuro que ele extrai mas que não tem capacidade nem de processa-lo nem tampouco de beneficia-lo dependendo unica e exclusivamente de refinarias dos EUA para faze-lo.Se os EUA não processassem mais o xisto impuro de Chavez aonde ele levaria esse xisto para ser beneficiado?A unica opção são paises Europeus e todos do bloco da Otan e poucos que possuem tecnologia e capacidade para beneficiamento do xisto Venezuelano o que encareceria muito o preço final do mesmo tornando-se inviavel.Então Hugo Chavez depende ate o talo do processamento e beneficiamento e da compra Americana.Pois bem meu caro BARCA Hugo Chavez não vivera para sempre e quando a Venezuela acordar do sonho Bolivariano estara com uma divida monstruosa a quitar sem ter condições de quita-la.Hugo Chavez ja comprometeu o xisto que ainda não extraiu com a Russia e a China em divida monstruosa que os tolos acham que ele faz a coisa certa enquanto ilude multidões condena o futuro da propria nação.Tenha certesa BARCA que Hugo Chavez é agente duplo ou mesmo uma figura induzida e manipulada justamente por quem ele ataca e de quem depende.E quanto ao Brasil sexta economia com incentivos de baixa de juros e ofertas de credito a euforia do momento é a certeza do desespero de amanhã de todo aquele que se ilude com estatisticas graficas e acaba afundado em dividas e inadimplencias.

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