Entrevista com Luis Alberto Otárola Peñaranda, ministro da Defesa do Peru

Luis Alberto Otárola Peñaranda, ministro da Defesa do Peru, afirmou que o resultado de suas reuniões com o secretário de Defesa dos Estados Unidos e com o comandante do Comando Sul dos EUA mostra o desejo de ambos os países de seguirem de mãos dadas para a conquista dos objetivos comuns em matéria de defesa. (Foto: Sandra)

Horas antes de embarcar no avião de volta para Lima, Luis Alberto Otárola Peñaranda, ministro da Defesa do Peru, fez uma pausa para conversar com Diálogo.

Neste mesmo dia, no Pentágono, ele havia assinado um memorando de entendimento com o secretário da Defesa dos Estados Unidos, Leon Panetta e, mais tarde, sentou-se para dialogar, em Miami, com o Tenente-Brigadeiro-do-Ar Douglas Fraser, comandante do Comando Sul dos EUA (SOUTHCOM).

Com Diálogo, o ministro Otárola Peñaranda falou sobre o resultado de sua visita oficial aos Estados Unidos, o estado de saúde do grupo rebelde Sendero Luminoso, “uma organização terrorista que caiu no fosso mais profundo”, disse, e sobre o compromisso de seu país na luta contra o narcotráfico.

Diálogo: Ministro, qual é o seu mais importante desafio como ministro da Defesa do Peru?

Ministro da Defesa do Peru, Luis Alberto Otárola Peñaranda: Para nós, o desafio mais importante é a desarticulação das organizações criminosas organizadas, especialmente aquelas que se dedicam ao narcotráfico e ao terrorismo.

Nessa questão, a prioridade para o governo do presidente Humala é o restabelecimento das condições de estabilidade e segurança na região dos vales dos rios Apurímac e Ene (VRAE), no sul do Peru.

O Peru tem quatro grandes prioridades:

• A desarticulação das organizações criminosas organizadas, sejam grupos terroristas, de narcotráfico ou de outros crimes organizados, e a recuperação do VRAE.

• A melhora de nossa capacidade de resposta frente a qualquer ameaça externa ou interna à paz, à segurança e à defesa dos interesses do país e do povo peruano.

• A participação ativa do Peru nas operações de manutenção da paz e de segurança internacional.

• Finalmente, a participação ativa no desenvolvimento econômico e social do país e na defesa civil.

Diálogo: Como o senhor vê o estado de saúde do grupo terrorista Sendero Luminoso, e o que está acontecendo com o Movimento Revolucionário Túpac Amaru?

Ministro Otárola Peñaranda: O Sendero Luminoso é uma organização terrorista que caiu no fosso mais profundo porque não apenas emprestou sua ideologia ao crime organizado, mas também aliou-se abertamente ao narcotráfico. Durante o governo do presidente Humala demos um golpe contundente nesta organização, porque capturamos o último líder histórico, Artemio, graças a uma operação conjunta da Polícia e das Forças Armadas. O objetivo deste governo é pacificar o país e derrotar total e definitivamente uma organização terrorista que neste momento não representa ameaça ideológica para o país.

No caso do MRTA, esta é uma organização que tem expressões panfletárias, mas que na realidade foi derrotada pela democracia peruana. O que nos preocupa mais do que esses movimentos terroristas é a presença do narcotráfico na América do Sul, uma questão que deve atrair o interesse de todos os países.

Diálogo: O que mais pode ser feito para combater o tráfico ilícito no Peru?

Ministro Otárola Peñaranda: É preciso que se entenda o tráfico ilícito de drogas como um fenômeno global, que tem a participação de vários países: produtores, de trânsito e consumidores. Nesse contexto, a luta deve ser integral e baseada no princípio da responsabilidade compartilhada.

No caso do Peru, está sendo implementada uma estratégia de desarticulação das organizações narcotraficantes em todas as frentes: interdição dos cultivos ilegais e insumos químicos, presença do Estado nas regiões afetadas, prevenção do consumo, desenvolvimento alternativo e inclusão social. Ao mesmo tempo, enfrentamos os crimes conexos como a lavagem de dinheiro e o tráfico de pessoas.

Obviamente a cooperação internacional desempenha um papel importante para que possamos atingir nossos objetivos.

Diálogo: Quais são as vantagens de se trabalhar com os Estados Unidos e outras nações para enfrentar essas e outras ameaças regionais?

Ministro Otárola Peñaranda: Trabalhar em conjunto com outros países traz uma série de benefícios, como o intercâmbio de experiências, a captação e o manejo dos recursos financeiros, o apoio técnico, logístico e de recursos humanos, as operações conjuntas, entre outros.

Devemos lembrar que ameaças como o terrorismo e o narcotráfico não conhecem fronteiras e afetam nossas nações de forma transversal, e por isto uma luta conjunta e coordenada com nossos sócios regionais permite-nos encarar tais ameaças de maneira mais ampla.

Diálogo:* O Peru continuará participando de missões de paz no Haiti e em outros países?

Ministro Otárola Peñaranda: Evidentemente, continuaremos participando ativamente no Haiti e em qualquer outro país onde o apoio peruano se faça necessário para a manutenção da paz e da segurança internacionais.

Além disto, o Peru conta com um Centro de Treinamento Conjunto de Operações de Paz, que fornece ainda capacitação em nível regional para esses tipos de tarefas.

Diálogo: Quais resultados o senhor considera mais importantes nesta visita aos Estados Unidos?

Ministro Otárola Peñaranda: Sem dúvida, meus encontros com o secretário de Defesa, Leon Panetta, com o subsecretário de Estado, Bill Burns, e com o chefe do Comando Sul dos EUA, Douglas Fraser.

Saímos daqui muito satisfeitos porque cumprimos uma agenda muito importante, que tem três elementos que também conseguimos conquistar.

Por ocasião de minha visita oficial aos EUA, foi assinado um memorando de entendimento para o fortalecimento das relações político-militares. O memorando em questão institucionaliza consultas regulares nesta questão entre os EUA e o Peru. Da mesma forma, amplia e fortalece a cooperação bilateral e o diálogo sobre uma vasta gama de temas, o que contribuirá positivamente para o sucesso dos objetivos que ambos os países compartilham no que se refere à segurança.

O memorando reflete a diversidade e o poder da relação bilateral, bem como os avanços desta aliança regional chave entre os EUA e o Peru.

Em segundo lugar, colocamos em dia uma agenda pendente de colaboração com o governo dos EUA na questão do treinamento, capacitação, enfoques comuns e convergentes na luta contra o crime internacional, com especial ênfase no narcotráfico. Concordamos plenamente com a necessidade da existência de pontes comuns que nos ajudem a combater o que consideramos uma ameaça contra a segurança e a paz na América do Sul. O narcotráfico e suas diversas variáveis afetam nossa economia e degradam nosso meio ambiente.

Tivemos uma participação muito ativa nos programas dos Estados Unidos no Peru: programas de ajuda humanitária, exercícios militares conjuntos, como o Unitas… E coordenamos as datas desses eventos, os níveis de cooperação e, sobretudo, resgatamos aquilo que para nós fica como um legado muito importante desta reunião: a vontade de nossos governos de seguir de mãos dadas para a conquista dos objetivos comuns nas questões da defesa.

Fonte: Diálogo

1 Comentário

  1. “… Tivemos uma participação muito ativa nos programas dos Estados Unidos no Peru: programas de ajuda humanitária, exercícios militares conjuntos, como o Unitas… E coordenamos as datas desses eventos, os níveis de cooperação e, sobretudo, resgatamos aquilo que para nós fica como um legado muito importante desta reunião: a vontade de nossos governos de seguir de mãos dadas para a conquista dos objetivos comuns nas questões da defesa. …” ==== Só espero q essas conquistas ñ esteja o BRASIL como alvo…dona, temos FAs equipadas e presentes no norte do n país p nos dá suporte em uma emergência?!?! Quem souber q nos esclareça..Sds.

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