Índios de Rondônia vão vender carbono com selo verde

Arquivo Idesam - Índio suruí­ mede tronco para fazer inventário do estoque de carbono na terra indígena Sete de Setembro, em Rondônia

POR CLAUDIO ANGELO

Uma tribo amazônica que até a década passada entregava suas terras à exploração ilegal de madeira será a primeira nação indígena do mundo a faturar com uma nova commodity: o carbono da floresta mantida em pé.

Os paiter-suruís, de Rondônia, receberam na semana passada duas certificações internacionais que lhes permitirão fechar contratos para gerar créditos de carbono pelo desmatamento que evitarem em seu território.

O projeto explora o chamado Redd (Redução de Emissões por Desmatamento), mecanismo que visa compensar financeiramente a manutenção de florestas tropicais, mitigando o gás carbônico que causa o aquecimento global.

O líder da tribo, Almir Narayamoga Suruí, estima que o negócio possa gerar de R$ 2 milhões a R$ 4 milhões por ano até 2038. O dinheiro será aplicado em uma espécie de “fundo soberano” para alavancar atividades econômicas sustentáveis, como o turismo e a produção agrícola nas terras já desmatadas.

O Projeto de Carbono Florestal Suruí, fruto de quatro anos de negociação, é o primeiro esquema indígena de Redd a receber os selos VCS (Verified Carbon Standard) e CCB (Climate, Community and Biodiversity).

Segundo Mariano Cenamo, do Idesan, ONG de Manaus que elaborou o projeto, o VCS dá a garantia aos investidores de que a tribo segue uma metodologia criteriosa para avaliar a redução das emissões. O CCB atesta que o projeto não afeta a biodiversidade ou os direitos dos índios.

O mercado mundial de Redd ainda é voluntário; sua regulamentação deve ocorrer em 2020. Apesar disso, só em 2010, ele cresceu 35% e hoje é estimado em US$ 250 milhões por ano no mundo.

Segundo Michael Jenkins, diretor da ONG americana Forest Trends, os potenciais clientes dos suruís incluem empresas em busca de “créditos carismáticos” para neutralizar emissões de seu processo produtivo. Quinze países estão regulamentando mercados de carbono, e o Redd deve fazer parte deles.

A validação do projeto ocorre no momento em que o Redd em terras indígenas anda na berlinda no país.

A Funai (Fundação Nacional do Índio) e a Advocacia-Geral da União investigam 30 contratos de compra de créditos de carbono fechados por aventureiros com índios Amazônia afora. Um deles, entre a empresa irlandesa Celestial Green e os líderes mundurucus, do Pará, proíbe a tribo de usar a própria terra.

O único projeto apoiado pelo órgão federal é o dos suruís -porque a etnia resolveu esperar a validação antes de assinar contratos.

“Não faltou gente interessada”, diz Almir Suruí. “Mas nunca recebemos um centavo. O projeto foi todo bancado com dinheiro de doação.”

O responsável por levantar a verba foi Jenkins. Ele estima em US$ 1 milhão o custo da montagem do projeto. O dinheiro foi usado em parte para contratar o Idesam, que inventariou o carbono estocado nas florestas da terra suruí e criou um modelo computacional para simular o desmatamento que ocorreria até 2038 sem o Redd.

Outra parte bancou um escritório de advocacia para determinar se os índios tinham direito ao carbono de suas terras – têm. “Saiu caro, mas agora temos uma análise jurídica para 15% do território brasileiro”, diz Jenkins, em alusão à área total das terras indígenas no país.

NEGOCIAÇÃO
A decisão dos suruís de lançar créditos de carbono no mercado foi fruto de longas negociações, que envolveram o consentimento de líderes de 25 aldeias e a expulsão de uma centena de madeireiras.

A costura foi feita pelo chefe Almir Suruí, 37, que ganhou fama em 2008 ao fechar um acordo com o Google para monitorar o desmate na terra indígena.

Contatados em 1969, os paiter (como os suruís se intitulam) eram conhecidos até o fim dos anos 1990 por venderem madeira a extratores ilegais de Rondônia. Quase toda a terra do grupo foi explorada.

O esquema gerou desagregação social e desigualdades de renda que fizeram lideranças jovens investirem contra ele a partir da última década.

Em 2007, começou a discussão sobre o Redd, no âmbito de um planejamento do uso do território suruí para os 50 anos seguintes. Em 2009, Almir fechou um acordo entre os clãs para parem de vender madeira e de arrendar terra a agricultores vizinhos.

“A economia declinou. Eles não viveram, sobreviveram”, conta Mariano Cenamo, do Idesam.

Ivaneide Bandeira, da Associação Etnoambiental Kanindé, ajudou os paiter nos debates. “A parte mais difícil foi convencer os indígenas envolvidos no roubo de madeira de que manter a floresta em pé podia ser um bom negócio.”

Explicar créditos de carbono a gente que nem português fala direito (as reuniões eram traduzidas para o tupi-mondé) também não foi simples. “Tinha um idoso que dizia que os brancos eram estranhos, pois vendiam algo que não se pode tocar”, afirma a ambientalista.

Já a mudança climática foi fácil de entender. “A gente convive com ela no território”, diz Almir.

Fonte: bol.notícias

 

18 Comentários

  1. Sou uma pessoa patriota, mas as tribos de Indios querem ser países Indigenas dentro do territorio brasileiro, isso é uma vergonha e fico revoltado com isso.
    Se os Indios conseguir criar as suas proprias nações, as Forças Armadas Brasieliras vai ter que matar os indios e os membros das Ongs, isso será uma atitude patriota

  2. Calma Ceip..ninguen esta criando nenhuma nacao em lugar nenhum. Companhias que querem poluir em outros lugares o fazem porque e economicamente inviavel nao faze-lo. Ao mesmo tempo pagam para evitar o desmatamento na Amazonia comprando o carbono e a floresta fica em pe…o que interessa a todos.
    Quen nao pode dormir no ponto e o Governo Brasileiro, que deve intervir e regular o mercado de carbono.Este esta aqui para ficar.

    A propagando com os mundurucus saiu mal para todos. Foi mal feito e deve ser anulado ate tudo estar de acordo com os planos.

  3. Um país só perde seu território se o Estado não se faz presente. Constitucionalmente, as FAs podem transitar livremente no território nacional e defender as fronteiras. Não é obrigação do Estado ou dos militares tutelar cidadão, índio ou não. No caso do índio, quem cuida dos seus interesses é a Funai, q não pode impedir incursões de vigilância e reconhecimento de nenhuma força militar nacional. Porém, tem uma estrutura muito deficiente e deveria ser potencializada com as agências de inteligência e mais ativa no setor acadêmico e de saúde pública.

    Seria de bom tom haver uma maior cooperação entre a Funai e o Ministério da Defesa, mas cada um no seu quadro.

  4. Ótima iniciativa… o estado deve estar sempre presente, ao lado destes povos que contribuiram e tanto para o enriquecimento cultural de nossa nação….
    Vender o carbono que a mata em pé consome é o ideal.. Vender o minério que está debaixo desta mata é que é um absurdo!

  5. Se continuar assim eles vão é morrer de fome, pois 5 índios ficam ricos e o resto nem sabe o que está acontecendo.

    Esses acordos tem que ser invalidados já, esse imposto de carbono é a maior pilantragem existente.

    É como se te cobrassem uma taxa para respirar.

  6. “… Uma tribo amazônica que até a década passada entregava suas terras à exploração ilegal de madeira será a primeira nação indígena do mundo a faturar com uma nova commodity: o carbono da floresta mantida em pé.”===== Temos de nos fazer mt presentes dentro de td essas reservas. E essa tribo está de parabéns, e q a funai ñ eskeças deles, pois as ONGS vão lembrar deles à cada minuto…sds.

  7. Uma ótima noticia mas o governo deve ter controle sobre estes negócios, não pode ser chegar la e firmar acordo com os índios até porque as terras são da união.

  8. Esse pelo menos esteve dentro dos parâmetros da Lei. Assim até pode-se até fechar alguns bons negócios para os índios ( abandonados pelo poder público, FUNAI) sem ferir a constituição e nossa soberania.
    Parabéns aos Suruís, esses pelo menos parecem ser Índios Brasileiros e não Índios estrangeiros.

  9. esse projeto parece ser interessante para os indios porque eles também precisam de dinheiro assim como os cabloclos que vivem na floresta.para os brasileiros porque preserva a floresta.

  10. Creditos de carbono !!. Somente a midia brasileira continua alimentando essa Farsa do Aquecimento Global. Enquanto o mundo todo, tomou conhecimento da GRANDE FARSA DO AQUECIMENTO GLOBAL e os motivos dela ter sido criada, atraves de dados manipulados e falssificados por cientistas da ONU e outros ligados a governos.
    Cientistas serios já provaram que a terra passa atualmente por um periodo de resfriamento, que ira durar pelos proximos 20 anos. O mundo todo já tomou conhecimento sobre isso e as pessoas se revoltam. So mesmo no Brasil !!
    A Grande Farsa do Aquecimento Global / The Great Global Warming Swindle
    http://www.youtube.com/watch?v=tpvpiBiuki4

    Os mitos e fatos da mudança climática 1 / 7
    http://www.youtube.com/watch?v=JxC_JIwat9s

  11. A GRANDE FARSA DO AQUECIMENTO GLOBAL
    Existem pessoas que são como crianças AUTISTAS. Vivem em um mundo a parte, separados da realidade, repetindo de forma mecânica uma ação ou frase, como se fosse um mantra. Olham, mas não enchergam. São influenciadas pela midia e pelos modismos do politicamente correto. E como gado se deixam conduzir, não pensam por si. Bem como existem o aproveitadores que utilizam movimentos ecologico como cabide de emprego e forma de ganhar muito dinheiro, ONGS pilantropicas financiadas por governos e empresas cujo objetivo é ursupar e manterem controlados países e povos sobe a bandeira ecologica.

  12. Índio de verdade nunca precisou de dinheiro para viver.
    De que espécie de índio são esses?
    Afinal, que índios são esses que a FUNAI protege em detrimento da nação brasileira?
    Engana que eu gostiu! kkkkkkkkkkkkkkkkk!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

  13. Para mim quem tinha tutela sobre os índios era a Funai e o Ministério Público.
    Índio recebendo dinheiro internacional, sobre terras localizados em território brasileiro, acordos assinados na ONU, mídia manipulada, político omi$$os,hah… essa estória não vai acabar bem.

  14. Ronin disse:Esses FAJUTOS ÍNDIOS são mais brasileiros que eu?????????

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    são tão brasileiros quanto eu e voce , nem mais nem menos.

  15. ViventtBR disse:Índio de verdade nunca precisou de dinheiro para viver.
    De que espécie de índio são esses?

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    SÃO SERES HUMANOS, e como todo ser humano, tem anseios, desejos, sonhos, por acaso voce ja sentiu uma dor de dente, e o dentista mais proximo estava ha milhares de quilometros ??

  16. senhores, não podemos cometer a burrice da generalização, a maior parte de nossas tropas de fronteira norte, são formadas por brasileiros indigenas e decendentes, não vamos jugar todos por meia duzia de vendidos, DIVIDIR PARA CONQUISTAR, uma tatica tão antiga quanto a propia guerra em si, não devemos cair nessa armadilha.

  17. Isso aew CAPA PRETA.

    Quando é para defendermos nossa soberania contra Índios estrangeiros temos direito sim.

    Agora esses Índios aí parecem estar no caminho certo e não vamos generalizar, eles tem o direito de evoluir e duvido que queiram se separar do BRASIL, não vale a pena se separarem.

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