LOURIVAL SANTANNA
Anfitriã da última reunião de cúpula do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), a Índia vê com reservas essa aliança. Teme que a Rússia e a China a queiram utilizar em suas disputas com o Ocidente. Seu principal interesse é que o Brics seja uma plataforma pela ampliação do Conselho de Segurança da ONU e por maior influência dos países emergentes no Fundo Monetário Internacional (FMI) e no Banco Mundial.
Por isso, a Índia vê mais possibilidades na parceria com o Brasil e a África do Sul, que comungam esses interesses. A análise é do economista Mohan Guruswamy, presidente do Centre for Policy Alternatives, de Nova Délhi. Autor de Chasing the Dragon: Will India Catch Up with China? (Caçando o dragão: a Índia alcançará a China?, de 2009), entre outros estudos sobre a inserção global do país, Guruswamy diz que os indianos, maiores importadores de armas do mundo no ano passado, compradas principalmente da Rússia, estão se armando contra a expansão militar chinesa.
Ambos têm disputas territoriais e por causa da ajuda militar chinesa ao Paquistão. Noutro exemplo da diversidade de interesses no interior do Brics, o Irã, apoiado no comunicado final da cúpula, no dia 29, fornece 12% do petróleo consumido pelos indianos. A Índia está construindo no Irã uma ferrovia que lhe dará acesso aos importantes mercados da Ásia Central e da Rússia. Já na Síria, não tem interesse tão direto e defende apenas o princípio de não intervenção, como o Brasil. Seguem trechos da entrevista ao Estado.
Quais os objetivos da Índia nessa parceria com o Brics?
O principal é democratizar o sistema mundial: o Conselho de Segurança, o FMI e o Banco Mundial, bem como a ampliação do G-7 (grupo das 7 maiores economias), de modo a tornar a distribuição de poder mais equitativa. Como grande economia, que caminha rapidamente para se tornar uma das três maiores, e possivelmente a maior em 2050, segundo estudo do Citibank, a Índia gostaria que a gestão financeira mundial se tornasse mais inclusiva e representativa. Os sistemas de segurança e financeiro do mundo são dominados pela aliança da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e pela mentalidade da Guerra Fria. A Índia ainda não está muito segura em relação ao Brics. Ela suspeita que a China e a Rússia queiram usá-la como plataforma de sua rivalidade com o Ocidente, e não para alterar o sistema mundial, uma vez que ambos já são membros permanentes do Conselho de Segurança. Portanto, a Índia vê a possibilidade de uma sub-parceria mais ativa dentro do Brics com o Brasil e a África do Sul (Ibas), que têm muito mais interesses comuns.
Como estão as relações entre Índia e China?
São tensas. Oficialmente, ambos os governos tentam evitar conflitos. Mas temos uma disputa séria de fronteira. Somados, mantemos mais de meio milhão de soldados de frente uns para os outros na fronteira não demarcada no Himalaia. Travamos uma guerra em 1962. De inimigos, passamos a rivais. A Índia está se armando contra a rápida expansão militar chinesa. No ano passado, a Índia foi a maior importadora de armas do mundo. Nos últimos meses surgiram novas tensões por causa da prospecção, por parte da Índia, de petróleo na costa vietnamita do Mar do Sul da China, que os chineses consideram suas águas territoriais. Temos também contenciosos com a China por seu fornecimento de armas e contínua transferência de tecnologia nuclear e de mísseis ao Paquistão. Mas por outro lado a China tornou-se o maior parceiro comercial da Índia. O comércio bilateral deve superar US$ 100 bilhões dentro de dois anos. Muitas empresas chinesas investem na Índia e muitas indianas, na China, particularmente nos setores de tecnologia da informação e fármacos. A recente decisão do Brics de fazer trocas com suas moedas nacionais vai aliviar o resultado negativo da balança comercial indiana. Mas essa é uma rivalidade grave, que continuará tendo consequências sobre o mundo nos anos vindouros.
Qual o interesse da Índia com relação ao Irã?
O Irã fornece 12% do petróleo consumido pela Índia. Uma grande refinaria indiana está configurada exclusivamente para processar o petróleo iraniano. Se a Índia parar de comprar petróleo do Irã, essa refinaria terá de fechar e isso causará falta de gasolina e de óleo diesel. As civilizações dos dois países têm vínculos tradicionais. O acesso da Índia ao crescente mercado da Ásia Central se dá apenas através do Irã. Com esse fim, a Índia está construindo uma ferrovia que liga o porto iraniano de Chahbahar à Ásia Central e, de lá, à Rússia. A Índia respeita o Irã como uma antiga civilização, um país responsável, e não aceita sua demonização por Israel e, consequentemente, pelos Estados Unidos. A Índia acha que os Estados Unidos devem conversar com o Irã e não tentar intimidá-lo. Uma guerra com o Irã mergulhará os mercados mundiais de petróleo numa turbulência e o barril do petróleo (hoje na casa dos US$ 100) irá para US$ 200 a US$ 300.
E em relação à Síria?
A Índia não tem interesse real na Síria. Mas não quer interferência externa em seus assuntos internos.
Concordo em parte com o texto, como já disse em outras ocasiões a Índia será o melhor parceiro econômico do Brasil.
Por isso torço tanto pela Índia, pois onde há indianos há uma exelente penetração de nossas indústrias e bons acordos.
Ja a Índia tem muitos problemas com a China que tem Acordos com a Russia.
“… Anfitriã da última reunião de cúpula do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), a Índia vê com reservas essa aliança. Teme que a Rússia e a China a queiram utilizar em suas disputas com o Ocidente. Seu principal interesse é que o Brics seja uma plataforma pela ampliação do Conselho de Segurança da ONU e por maior influência dos países emergentes no Fundo Monetário Internacional (FMI) e no Banco Mundial. …”==== E estão mt certos, afinal, o > dos BRICA’s , a China, poderia fazer esse jogo…Sds.
Excelente artigo! Apenas confirma duas coisas que eu já disse inúmeras vezes: Os BRICs como bloco passam muito longe do consenso e da coesão e que a parceria mais promissora é o grupo IBAS. Os indianos conseguem ver o óbvio ou seja, os BRICs servem tão somente aos interesses de Rússia e China, em especial está última quando quer confrontar o Ocidente. Algo que o touperismo ideológico que norteia as relações exteriores do Brasil desde 2003 ou não percebeu ou faz de conta que não posto sua obsessão em tornar nosso país uma enorme fazenda exportadora de commodities baratas para a China. E na defesa da dependência brasileira na exportação de matérias primas para abastecer o crescimento chinês até o mais notório dos réus do mensalão anda escrevendo artigos defendendo “A hora e a vez dos Brics”
Apenas tenham em mente uma coisa,toda imundice midialitica Ocidental fundamenta-se em argumento consistente pois esta é a forma de conquistarem adeptos.Quando do louco de Oslo não faltou materia e argumentos usados sutilmente para fazerem cabeças e mudarem opiniões a arrastar multidões para o radicalismo segregacional e intolerante agora me vem uma enxurrada de materias e pensamentos que questionam a unidade dos BRICS,seus propositos e interesses.Na mente ultrapassada dos loucos cadentes não tem cabimento uma aliança diplomatica e comercial com parceiros diversificados e cada uma a seu modo cheios de desigualdades e diferenças ideologicas e politicas.A globalização pretendida Ocidental fundamenta-se no conhecimento e intercambio do mesmo mas com finalidade unica de unificação e a finalidade dos BRICS é o oposto pois fundamenta-se em entendimento,reciprocidade,respeitando diferenças.O grande mal da humanidade é justamente este que não se respeitam diferenças e o segregacionismos prolifera intolerancias.Não se permitem nações atores e somente coadjuvantes.Esse teatrinho perdeu a graça pois todos ja sabemos qual sera o epilogo.A India e o Brasil são as bolas da vez ao jogo sujo de chantagens,ameaças e imposições que o mundo ocidental usa para obter satelites.Olhem para a Turquia que a meses atraz apenas cogitou apreciar tecnologias e armamentos Russos e Chineses E FOI CHANTAGEADA PELA OTAN,ameaçaram-na deixarem-na as escuras sem a proteção de satelites e redes antecipadas.Fazem de tudo para atrair a India ora jogando-a contra a China ora tentando minarem a aliança estrategica dela com a Russia.E o indefeso Brasil o que fazem?Aqui é simples é so botar a quarta frota no Atlantico Sul e destribuir medalhinhas,flamulas e Play Toys a milicos.Toma vergonha na cara Brasil e tenha personalidade senão seras eterno serviçal a extrair e cultivar para enriquecer Lobos Corsarios.
No Brics o Brasil tem que realmente ter um olho no padre (Rússia) e outro na missa (negócios) e não pode perder de vista o coroinha (China) sob pena de tomar uma bola nas costas.
Parece engraçado, mas é uma situação do cão!
É ruim achar algo em comum de uma ex-superpotência e um grande candidato a dominador mundial… Mas precisamos de ambos. Da Rússia, a tecnologia (pelo amor de DEUS, nada da indústria, só a tecnologia!) e da China, seu mercado interno.
É, a propósito, o que todo mundo quer, não? Índia, África do Sul e Brasil.
Programas de desenvolvimento tecnológico tem muito mais proveito se forem empreendidos em conjunto pelos três. O programa espacial é algo para ser pensado a três. Prospecção de petróleo em águas profundas também.
Em outras palavras… O Brics é pura dor de cabeça para o Brasil tanto quanto para África do Sul e Índia, mas o IBAS é algo com real futuro.
[]´s
1maluquinho disse: 08/04/2012 às 19:28
Sua analise esta muito bem feita, tenho falado a anos que não interessa a grupos estrangeiros a união e acordos do Brasil que promovam qualquer tipo de resist~encia economica, tecnologica e militar.
O ocidente , sabiamente, não quer perder o Brasil de vista, uma analise de autoridades britanicas foi clara em reconhecer que não deram a devida atenção não somente ao Brasil ou America do sul, mas a toda America Latina.
Na verdade acho que isso foi muito bom, tivemos que achar novos caminhos, ” inclusive caminhos para as Indias “.
Devo acrecentar ainda a união sulamericana sera motivo de muita sabotagem .
Falo tudo 1maluquinho.
BRAZ é isso ai mas Brasil,India e Africa do Sul não podem simplesmente abrirem mãos.O Brasil depende muito de tecnologia Americana,Francesa,Inglesa e Alemã.A Africa do Sul depende muito de tecnologia Inglesa,Americana e Alemã e tem consorcios e projetos com a Suécia.A India embora tenha parcelas de dependencias de tecnologias Ocidentais sua espinha dorsal é Russa e abrirem mão disso representaria ficarem as cegas embora a OTAN sempre tente atrai-los mas atrai-los para que?Para subjuga-los com fazem com a Turquia,Japão e Coreia do Sul.Projetos eprogramas envolvendo o IBAS,atraindo a Turquia e com participação da Suécia seria realmente uma interessante e promissora alternativa.A Suécia tambem busca sair da dependencia Americana e Inglesa.Temos boas opções resta-nos sabermos qual sentido tomar-mos se realmente aqueles que decidem e investem pensam em evolução ou apenas em contratos e serviços…………………Uma grande parcela das populações Europeias-Ocidentais,Americana e Judia sonham com a destruição do Irã e com a queda dos BRICS.É irreversivel a sequencia da historia e nem bomba atomica modifica a sequencia.Ou aceitam ou a vida no planeta se extinguira.Enquanto relutam e boicotam o gerado de intolerancias e covardias so agravara o desfecho pois ainda é tempo de aceitação e busca de entendimento mas quando o bicho pegar é A VITORIA OU A MORTE não tem meio termo.
“É, a propósito, o que todo mundo quer, não? Índia, África do Sul e Brasil.
Programas de desenvolvimento tecnológico tem muito mais proveito se forem empreendidos em conjunto pelos três. O programa espacial é algo para ser pensado a três. Prospecção de petróleo em águas profundas também.”
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Assim também acho só que os BRICS lutando pelo os seus interesses em comum é algo mais proveitoso até certo ponto, principalmente que se o Brasil for se fortalecendo a Russia e China podem fazer pressão para a Reforma na ONU e furar o olho do Japão e Alemanha e por o Brasil lá.
Já nas alianças de longo prazo é só serão efetivas entre o Brasil India e A. do Sul por que eles não tem confrontos e os seus interesses são convergentes.
Mesmo assim os BRICS ainda vão ser uma tabua de salvação para muitos e tirarão muitos assassinos econômicos e os lobos do FMI e BM do caminho com essa crise.
Ótima análise 1maluquinho. Parabéns.
1 maluquinho bem dito…
essa história de BRICS incomoda muita gente.
Qualquer olhada torta, os discordância bilateral entre alguns dos atores do grupo pode gerar uma enchurrada de “disse-me-disse”.
China e índia? tem sim suas rusgas. Imperialismo por parte de Russia e China? também existe, mas a níveis bem menores(ou em certos pontos diferentes) do que já experimentamos com americanos e europeus…
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Se eu tivesse que apostar minhas fichas, apostaria no sucesso do bloco…