Gilson Caroni Filho: O cavalo grego quase trotou por aqui

por Gilson Caroni Filho,

O que está acontecendo  na Grécia, país que perdeu parte significativa de sua soberania, tornando-se um laboratório para experimentos do capital financeiro, não pode ser atribuído a um  raio num dia de céu azul ou a uma saída de emergência para salvar o capital dos credores, mesmo que o preço seja levar o país à falência. É produto de uma ação planejada há mais de duas décadas.

A presença permanente de uma equipe da troika (Banco Central Europeu, União Européia e FMI), monitorando o fluxo de empréstimos, a criação de uma conta vinculada destinada exclusivamente ao pagamento do serviço da dívida e aceitação que tribunais de Luxemburgo julguem dissídios, não cabendo ao governo grego qualquer tipo de recurso, são evidências de uma estratégia amadurecida ao longo do tempo. Trata-se de remover os entraves colocados pelo Estado-Nação e pela democracia à dinâmica capitalista que requer, em última instância, salários baixos e elevadas taxas de poupança.  Pela capacidade do capital de evitar a tributação e condições empregatícias onerosas, através da livre movimentação para  outros mercados, o sonho social-democrata se desfaz como uma carta antiga de Bernstein.

Mas voltemos no tempo para irmos aos fatos.

Na década de 1990,o Acordo Multilateral de Investimento( AMI)  era negociado na surdina, entre os países desenvolvidos da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), por iniciativa dos Estados Unidos e da União Européia, com cinco países observadores, entre eles o Brasil, então governado pelo consórcio demotucano.

O que vinha a ser esse documento pôde ser resumido  numa frase de Renato Ruggiero, à época diretor-geral da OCDE: “Com este documento estamos escrevendo a Constituição de uma economia global Unificada”. Assim, ficamos sabendo por que até 1997 as negociações da AMI eram secretas. Ou seja, o acordo não era conhecido nem pelos parlamentares dos países envolvidos. O sigilo era explicável se conhecermos algumas das condições contidas no documento.

O AMI era uma espécie de carta magna das corporações internacionais concebidas com o objetivo de vigência mundial, para respaldar suas atividades, por cima das instituições e constituições onde atuavam. Uma antecipação do cavalo de Tróia entregue à Grécia recentemente. Criava uma nação corporativa, virtual, acima das nações convencionais, movida por um único e superior motivo: o lucro do capital internacional.

Nos seus termos conhecidos, os investidores poderiam ingressar em qualquer área, setor ou atividade sem qualquer tipo de restrição, podendo contestar  ações políticas ou governamentais, desde que entendessem que qualquer uma delas viesse a prejudicar seus lucros. Muito ao contrário, o governo deveria assegurar os investimentos externos e garanti-los contra tudo que pudesse afetar sua rentabilidade.

Os governos nacionais deixavam assim de ser guardiões de seus cidadãos e passavam a representar uma espécie de guarda pretoriana do capital externo. E, se não exercesse bem essa função,cada governo passava a ser responsabilizado para cobrir qualquer intervenção do Estado suscetível de reduzir a capacidade das corporações de obterem um lucro maior. E, vejam a terrível coincidência, quem escolheria o foro para tais litígios seria o grande capital, ficando o Estado sem qualquer status jurídico-político,sem poder negar o tribunal escolhido, nem submeter os litígios à arbitragem internacional.

Nesses temos, a nossa soberania (lembremos que eram os tempos de FHC), inclusive política, estaria num dos livros-caixa dos grandes conglomerados ou disquetes de organismos multilaterais de crédito. Estaria eliminado todo e qualquer sentido de autodeterminação e independência que ainda pudéssemos ter.

O aparente recuo foi meramente tático. O que vemos na Grécia é a implantação de um fundamentalismo de mercado incompatível com o sistema democrático. Repletos de volumosas estatísticas e modelos matemáticos arcanos que fornecem a ideologia para o estabelecimento de governos autocráticos, capazes de impor sua vontade a um povo com seus direitos fundamentais subtraídos.

Se tais fatos e manobras chegam a espantar pelo tamanho da queda imposta a países com tradição democrática, imaginemos o que poderia ter acontecido ao Brasil se o resultado das urnas tivesse sido outro em 2002, 2006 e 2010. O capital nos ensina que “presente de grego” não tem nacionalidade específica. E, principalmente, que “em cavalo dado não se olha os dentes”. Principalmente se estivermos diante de um pangaré troiano.

Fonte: CartaMaior via viomundo

19 Comentários

  1. caiu a mascara doa tal globalização, não passa de uma coleira do capital internacionalista, a fim dominar todo sistema produtivo mundial e concentrar poder, a midia global e a grande vagabunda desses intereces obscuros e chios de tentaculos, depois veem as ideologias arcaicas de luta de classes, ajustada para ser um verniz da neo-escravida~produtiva que querem nos lançar, e por ultimo esse pseudo secularismo “modernete” que quer desmoralizar as patrias e a familia tradicional, criando a falsa sensação de “cidadão do mundo” sem indentidade nacional, e que serve a um unico proposito, nos tornar uma grande sodoma e gomora que de lucros na putaria mundial


    o europeus estão provando do propio veneno que ajudaram a criar, o grande balcão de agiotagem mundial FMI

  2. senhores administradores,me permitam uma critica construtiva,o quanteudo continua exelente e muito bem postado,mas os recursos do antigo layout estão fazendo falta mesmo,quado fica pronto o novo ??

  3. Na verdade existe uma quadrilha internacional que extorque países com dificuldades e lançam seus cidadaõs a miséria, precisa ter uma revolução dos povos e não aceitarem isto, que mandem seus dirigentes entreguista do capital especulativo para as cucuias.

  4. KKKKKK..capa preta, essa macacada é lenta no trabalho e quando para para comer banana, pra voltar ao trampo!!!!!KKKKKKKK…é de matar qualquer patrão de enfarto.
    abraço

  5. harry disse :

    kkkk, po herry, não precisava ir tão fundo na questão rsrsrs,parabens pelo bom trabalho saudações

  6. Não ha novidade nenhuma nisso, acho que todo o cidadão com um minimo de conhecimento em direitos trabalhistas sabe que certas partes do globo não todo ainda é dominado por corporações maléficas a uma sociedade justa e sadia representada pelo seu governo que os protegem, e que cada vez mais sociedades até mesmo dos países desenvolvidos estão na luta para derrotar esses monstros diabólicos que nasceram e se alimentaram do sangue de muitos trabalhadores na surdina por seculos é chegada a hora de se destruir por vez essas corporações como fazer isso ? se cada um não consumir o que tais produzem ou oferecem como serviços eles morrem assim como um animal agressivo carnívoro sem a carne para se alimentar.

  7. A questão da crise Europeia é fruto do modelo político econômico adotado por aquelas nações, que se baseiam no intervencionismo do estado na economia, através de regulamentações, protecionismo, assistencialismo e todos os ismo mais que se pode imaginar. O que a Grécia precisa é de austeridade.
    A austeridade de que se fala, é um código para “cortes nos gastos do governo”. Em uma mídia controlada por keynesianos, a ideia de cortes nos gastos governamentais é um pesadelo. Keynesianos acreditam que os gastos do governo são a fonte tanto da estabilidade quanto do crescimento da economia. Qualquer sugestão de que o governo tenha gasto muito dinheiro é imediatamente considerada herética.
    A social democracia, que é o socialismo politicamente correto, se sustenta através da interpretação de Keynes sobre a economia. Quando os socialistas viram que um economista incentivava o gasto público e o inchaço do estado, viram nele aquilo que completava Marx,As ideias keynesianas permitem que os governos manipulem suas políticas de tal maneira que as condições econômicas estejam especialmente favoráveis às vésperas de uma eleição. Assim como os ciclos econômicos, políticos e burocratas podem, por meio de manipulações monetárias e fiscais, criar também um “ciclo político” acelerando seus gastos, déficits e expansões creditícias bem antes da data de uma eleição.

  8. A expansão econômica artificial, porém febril, que tal medida irá gerar pode ser suficiente para garantir a reeleição. Após tal feito, eles terão de lidar com as consequências indesejáveis desta tática, como a elevação acentuada dos preços dos bens de consumo e quedas nos salários reais. Eles podem até optar por reduzir os déficits e restringir novas expansões do crédito — até que uma nova eleição se aproxime.
    doutrina do conflito social estimulou a formação de “grupos de interesse” que, por meio de lobbies, tentam garantir privilégios e proteção aos seus membros. Ansiosos para promover seus interesses econômicos, estes grupos podem influenciar os partidos políticos e até mesmo a opinião pública geral. Seu principal alvo, a área em que concentram os seus esforços, é o Congresso. Ao prometerem generosas doações para congressistas simpáticos às suas causas ou ao garantirem os votos de toda a sua classe nas próximas eleições, estes grupos de interesse conseguem persuadir legisladores, deputados e senadores a criarem projetos de lei que nada mais são do que agressões à propriedade privada e a defenderem sua aprovação. Muita pressão também é feita sobre burocratas que comandam agências reguladoras, como as do setor de telefonia, do setor aéreo, do setor farmacêutico/sanitário, do setor de transportes terrestres, do setor energético etc. Seus diretores são extremamente vulneráveis às influências das pessoas que eles regulam.

  9. E dizer q o BRASIL foi observador com os “DEMOTUCANATOS” da venda sem fiador de um país e ou continente, eskeceram q o paú q bate em Alexande pode tbm bater no FHC…está de fato ocorrendo o andamento do Protocolo de Budapeste , para nascer o a Nova Ordem Mundial…Trágico.Sds.

  10. “A questão da crise Europeia é fruto do modelo político econômico adotado por aquelas nações, que se baseiam no intervencionismo do estado na economia, através de regulamentações, protecionismo, assistencialismo e todos os ismo mais que se pode imaginar. O que a Grécia precisa é de austeridade.”

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    Discurso liberalóide dos anos 90, atropelado pela próprias tropelias dos neoliberais, que são os grandes responsaveis pela crise que aí está….

  11. Aton,
    desculpe minha iguinorância, mas o que é liberalóide? e o que é neoliberalismo? Qual a relação deles com a crise que está aí? Obrigado.

  12. Carlos Alberto:

    Aton,
    desculpe minha iguinorância, mas o que é liberalóide? e o que é neoliberalismo? Qual a relação deles com a crise que está aí? Obrigado.
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    o que é neoliberalismo?
    https://pt.wikipedia.org/wiki/Neoliberalismo

    https://pt.wikipedia.org/wiki/Cr%C3%ADticas_ao_neoliberalismo

    mas o que é liberalóide?

    um neoliberal que faz da teoria econômica do liberalismo uma “religião dogmática”, que à credita como sendo uma panaceia universal para os males economicos, muito semelhante a um comunistoide, que crê ser o marxismo a solução economica final… Ambos são dogmáticos…

    Qual a relação deles com a crise que está aí?

    relação direta, de pai para filho…onde os pais são os neoliberais e a crise o filho dos ditos cujos…

  13. Carlos Alberto tenta aqui passar o discurso de propaganda neoliberal sobre a crise européia, esquecendo-se, convenientemente, de que os mecanismos de proteção aos trabalhadores daquelas sociedades, em nada, respondem pela crise, esta, é o resultado da “financeirização” da economia européia e pela má regulamentação das finanças européias na fase pós-euro. Em outras palavras, foram os movimentos “especulatórios”, e os empréstimos desenfreados para quem não poderia arcar, os motivos da bancarrota.

    O avanço sobre as conquistas trabalhistas e sociais, nada mais é do que um oportunismo típico da direita rançosa e raivosa, a qual volta e meia, com a ajuda dos porcos meios de comunicação brasileiros, tenta voltar ao poder por aqui…

    Tentam, mas para a felicidade brasileira, não conseguem.

  14. Não era a esquerda que cantava “Estao chegando os Alquimistas, os Alquimistas estão chegando…”?… alerta raposa velha do urais… o novo sempre vem… enquanto estiverem nos dando a falsa impressão de crescimento economico baseado no credito permanecem… se os ventos da economia mudarem, não duram uma lua nova… FATO…

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