Próxima escala: EUA, com turbulências

A presidente Dilma Rousseff convenceu-se de que encontrará, nos Estados Unidos, na semana que vem, um governo com pequena margem de manobra para apresentar boas surpresas e atender suas expectativas. Já concentrava o interesse no que se tornou seu projeto do coração, o Ciência sem Fronteiras. Após a reunião dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), em Nova Déli, apimentou a agenda: “Vou levar a posição dos Brics sobre Irã”, disse, a membros da sua comitiva em território indiano. A atitude equivale a uma pisada de calcanhar nos calos de quem manda na Casa Branca.
 
Os Brics, na quinta-feira, condenaram sanções unilaterais ao Irã, e defenderam seu direito ao uso pacífico de energia nucelar. Barack Obama nem ligou. No dia seguinte, determinou ações para garantir que não faltará petróleo caso se cortem as compras do óleo iraniano e ameaçou represálias a quem negocia com o país. No sábado, a secretária de Estado, Hillary Clinton, de viagem à Arábia Saudita, indicou que a “janela de oportunidade” para o regime dos aiatolás está se fechando. Não está no script dos EUA alguma ação que perturbe a estratégia de isolar e sufocar o Irã economicamente para forçá-lo a parar com seu programa nuclear.
Dilma não tinha intenção de elevar o tema Irã ao primeiro plano. A presidente quer, muito, uma boa relação com os EUA. Ela avalia que a recuperação, ainda que lenta, da economia americana abre chances comerciais. A agenda da semana que vem traduz o interesse em basear a conversa com Obama nos temas de inovação, ciência e tecnologia: num dia, estará em Washington; noutro dia visitará instituições de ponta, a Kennedy School, de ciência política, em Harvard e o Media Lab do Instituto de Tecnologia de Massachussets (MIT), que já tem parceira com o Instituto Tecnológico da Aeronáutica.
A presidente gostaria de ver, pelo menos, 20 mil brasileiros nos EUA pelo Ciência sem Fronteiras, das 100 mil bolsas que o Brasil distribuirá. Dos estudantes inscritos no programa, até hoje, 40% querem ir para instituições americanas.
Mas incomoda ao governo brasileiro o atolamento da agenda econômica com os EUA; dizem faltar sinais favoráveis ao aumento do valor agregado das exportações brasileiras àquele país. Não impressionam muito os inúmeros gestos positivos vindos de Washington (o fim da barreira ao etanol brasileiro, promessa de facilitar a emissão de vistos, visitas de autoridades como o subsecretário de Estado William Burns, o primeiro com esse alto cargo a vir ao Brasil). O cancelamento da compra já acertada de aviões da Embraer pela Força Aérea Americana é mencionado no Palácio do Planalto como a mais recente decepção com o governo Obama.
Nem todos falam em decepção. Um graduadíssimo diplomata prefere um termo com perfume de Itamaraty: “perplexidade”. Mas o desgosto com Obama apenas varia de grau, conforme o interlocutor. É lembrado, com irritação o episódio da visita de Obama no ano passado em que ele, do Palácio do Planalto, telefonou a Washington para dar ordens de invasão da Líbia – outro assunto que divide os dois países.
Auxiliares de Dilma dizem ser bobagem pensar que ela ficou incomodada por não ter recebido convite com status de visita de Estado, com pompa e luxo (coisas que detesta). O incômodo tem razões bem mais profundas: na visão da cúpula do governo, a forte “polarização” na política americana traz perspectivas sombrias para a relação com os EUA, e não só a do Brasil. Para o governo brasileiro, a radicalização na política interna fez Obama recolher suas intenções de exercer o poder dos EUA pela negociação e influência benigna, em lugar da força como principal instrumento.
Com o crescimento da oposição conservadora, aumenta o constrangimento da Casa Branca, diz uma autoridade brasileira, lembrando que, no Congresso americano, com poder sobre as ações do país incomparavelmente maior que o do parlamento no Brasil, congressistas saíam para beber juntos após as sessões e, hoje em dia, mal trocam cumprimentos hostis.
Embora o Irã não estivesse no radar do Palácio do Planalto como ponto importante do encontro com os EUA, a passagem por Nova Déli, na semana passada, reforçou a sensação de alarme contra o que a presidente e os demais Brics chamaram de “escalada retórica” com os iranianos. No discurso aos chefes de governo dos Brics, Dilma falou duas vezes o termo “nuclear”, deixando claro o apoio do Brasil ao direito do Irã à tecnologia atômica para fins pacíficos.
Ao falar à imprensa, ela foi mais explícita, e ainda mencionou as queixas de Índia e África do Sul contra o aumento no custo do petróleo provocado por ameaças dos EUA e Israel de uma ação armada contra os iranianos. Faz lembrar o governo Lula e suas tentativas de buscar acordo com o Irã, que esgarçaram as linhas de comunicação entre Brasília e Washington. Dilma já não botava muita fé nas conversas com Obama. Agora tem um assunto explosivo como companhia na visita aos EUA.

13 Comentários

  1. Como sempre nossos últimos líderes perdem excelentes oportunidades de construir uma agenda positiva e abraçam o discurso terceiro mundista de tomar as dores do Estado fascista iraniano.

  2. Os EUA sempre foram e sempre serão importantes para nós.Mas o tempo da vassalagem DEVE acabar,para a tristeza nostálgica de muitos “brasileiros”.

  3. já que os nossos politicos já sabem que o futuro ira aumentar nossa discussoes ,melhor é o brasil se armar direitinho pois ai sim poderemos nos expressar melhor no que queremos e quais convicçoes defenderemos tudo passa pelo reaparelhamento das nossas forçars armadas ,quanto mais o brasil estiver forte mais ele podera discordar ou concordar com veemencia!! um salve para os guerreiros!

  4. O pior que a Dilma não está errada, porém os outros Brics ainda tem melhor capacidade de se defender das ameaças os EUA é uma delas e também por muito tempo nos livrou de problemas com a Europa seguindo os seus interesses.

    Até o Hugo Chavez tem melhor capacidade de Defesa, mas pior treinamento. Só que eles podem até certo ponto falar mais grosso que nós.

    Ao invés de fazer carnaval temos é que fazer nosso dever de casa.

  5. Desculpem-me alguns caros amigos, mas aqui muito só pensam e se armar armar armar e armar…se arma fosse a solução, o mundo seria perfeito, e não me venha com balela de defesa, pois o Brasil jamais seria uma potência de dissuasão como muitos pregão aqui, fanáticos e guerrilheiros de plantão…esse não é o caminho, precisamos apenas dos equipamentos militares necessários para manter nossas fronteiras vigilantes contra mau intencionados e duvido que seja uma nação inteira a querer invadir-nos, principalmente se focarmos em cultura, ciência, livre mercado, intelecto. O que precisamos mesmo é de liberdade e estudo, precisamos que o ESTADO desate as amarras fiscais que nos impede de evoluir por nossas próprias pernas. Não precisamos de uma babá que insiste em achar que pode saber o que eu preciso ou o que você precisa, como e onde devo gastar meu dinheiro. Podemos ser a nação do futuro se pararmos com esse ufanismo de BOMBA e vetores de destruição. Estamos começando a parecermos com ISRAEL e seu medo irrestrito de ser dominado…Aqui somos Brasileiros e gostamos de trabalhar, de criar e inventar para produzir felicidade para nós e para o mundo. Espero que a nossa presidente Dilma não vá a Washington com o coração embasado de arrogância só pelo fato de estarmos por cima da carniça. Pois seria muita pretensão, no que diz respeito a evolução, estamos muiiiiiiiiiiita coisa ATRAS.

  6. O problema é a atitude dos EUA, não do Brasil.
    Agenda positiva , para muitos, confunde-se com vassalagem, e abanos profusos de rabo.
    No mais, a política externa brasileira há muito se choca com as dos EUA, e nada tem a ver com ideologia. A última crise séria foi no governo Geisel, para quem não se lembra ou não se deu ao trabalho de se informar.
    Embora interesses devam ser considerados, é importante não ser ‘levinskyano’ no trato com nenhum país, mesmo o mais poderoso.
    E embora um bom porrete ao alcance seja de grande valia, atitude também conta na diplomacia. Se nos falta por enquanto o porrete, que tenhamos atitude.

  7. Hugo Chavez sossegou o facho e porque sera heim rsrs rsrs Cagaço da Dilmona rsrs rsrs Ele sabe que se ele e o Evito tivessem continuado na retorica dos 8 anos de governo do Lula a borduna ia cantar redondinho pro lado deles e então colocaram as hemorroidas no salmora.Evito ficou tão solicito……..Que tal SU30MK2 como tampões ate que se escolha Rafale,Gripen o SU35 Ebaa Dilminha comprou uma Burca pra se apresentar na Withe House.

  8. O BRASIL SABENDO O QUÊ QUER E ONDE QUER CHEGAR

    Ela avalia que a recuperação, ainda que lenta, da economia americana abre chances comerciais. A agenda da semana que vem traduz o interesse em basear a conversa com Obama nos temas de inovação, ciência e tecnologia: num dia, estará em Washington; noutro dia visitará instituições de ponta, a Kennedy School, de ciência política, em Harvard e o Media Lab do Instituto de Tecnologia de Massachussets (MIT), que já tem parceira com o Instituto Tecnológico da Aeronáutica.

    Nisso ai vale à pena conversar,hoje a Brasil busca se aprimorara e se capacitar trazendo tecnologia e conhecimento externo.

    O que a Dilminha irá fazer por lá é a mesma coisa que o seu governo faz com ou outros grandes centros de excelência tecnológica,basta vê com os resultados que o Brasil tem com a; China.Alemanha,Japão,Islândia,França,Rússia, Índia…etc;e com os EUA não será diferente.

    Hoje o governo vai para lá com os bolços cheio de dinheiro e o melhor,não irá fazer como se fazia no passado,além de pedir dinheiro,se curvava submetendo a uma agenda pré-estabelecida de Washington.

    hoje é outa história para tristeza dos cocacolas de plantão.

  9. Pelo que vejo, para meu prazer, os Tupiniquins estão ganhando dos Tupinyankes. Parece que os yankes vão começar a não ganhar mais aqui e nós ficaremos mais dificeis de perder.

  10. 1maluquinho disse: 03/04/2012 às 03:33
    Hugo Chavez sossegou o facho e porque sera heim rsrs rsrs Cagaço da Dilmona rsrs rsrs Ele sabe que se ele e o Evito tivessem continuado na retorica dos 8 anos de governo do Lula a borduna ia cantar redondinho pro lado deles e então colocaram as hemorroidas no salmora.Evito ficou tão solicito……..Que tal SU30MK2 como tampões ate que se escolha Rafale,Gripen o SU35 Ebaa Dilminha comprou uma Burca pra se apresentar na Withe House.
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    Tampões? Só se for os primeiros 30. Sonho em ver esses caças rasgando o nosso céu.

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