Tática de Cristina leva país a beco sem saída

ARIEL PALACIOS, CORRESPONDENTE / BUENOS AIRES
A estratégia do governo da presidente Cristina Kirchner para reaver as Ilhas Malvinas aprofunda o ressentimento dos ilhéus com a Argentina. Sua posição é cada vez mais rígida e desprovida de alternativas. É um beco sem saída”. A frase é de Vicente Palermo, sociólogo e cientista político, pesquisador do Conselho Nacional de Investigações Científicas e Técnicas (Conicet), membro da Associação Brasileira de Ciência Política e autor de Sal nas Feridas, obra que analisa o simbolismo das Malvinas na sociedade argentina. A seguir, entrevista concedida ao Estado por Palermo, que integra um recém-criado grupo de 17 intelectuais de prestígio que pedem uma revisão da política da presidente Cristina sobre o disputado arquipélago.Nas escolas, desde a primária, semanalmente as crianças aprendem que “as Malvinas são argentinas”. Qual é o peso simbólico das ilhas hoje no imaginário coletivo argentino?

Antes de 1982, a coisa era muito mais “light”, pois não havia ocorrido a guerra. Mas a derrota no conflito do Atlântico Sul deixou uma marca dura no ego. E isso provocou a ideia de uma perda, que talvez seja definitiva. Acho que o argentino médio atual não destina muita atenção ao tema, felizmente, apesar das convicções nacionalistas do governo. Mas muitos argentinos consideram que os direitos de nosso país sobre as Ilhas Malvinas são inquestionáveis e a presença britânica no arquipélago é colonialismo.

Diversos historiadores afirmam que a junta militar, em caso de sucesso nas Malvinas, tinha planos para uma guerra com o Chile….

Sim, com certeza, o próximo alvo teria sido o Chile. Vários setores muito importantes pensavam que nossa capacidade militar era elevada…

Quais as chances de a Argentina recuperar as ilhas?

Considero que fica cada vez mais complicada uma eventual recuperação das ilhas. A estratégia atual de pressão não favorece. Se o governo pretende recuperar as ilhas desse jeito, está perdido. Os kelpers se aferrarão mais ainda aos britânicos. E estes, por seu lado, também afirmam-se mais em sua posição de não entregar as ilhas e seus habitantes. Mas se o governo não puder conseguir as Malvinas, a segunda opção é a de definir os britânicos como os inimigos permanentes.

O respaldo dos países latino-americanos nos esforços do governo argentino para reaver as ilhas possui um efeito prático?

Não terá efeito prático na negociação com a Grã-Bretanha. Acontece que a faixa de negociação de Buenos Aires com Londres é muito estreita. Ou melhor: a Argentina simplesmente não coloca nada na mesa de negociações e somente diz que quer a soberania plena das Ilhas Malvinas. E, por isso, Londres não vai ceder. Além disso, essas pressões sobre a Grã-Bretanha complicam as relações dos outros países sul-americanos com o governo de Londres. E a ideia de uma “soberania compartilhada” parece inverossímil.

O governo Kirchner argumenta que os ilhéus não contam nestas negociações porque são uma comunidade “transplantada”…

Existem dois artifícios entre os preferidos da ortodoxia argentina quando o assunto são os ilhéus. O primeiro é um jogo de números que pergunta qual a relevância de 3 mil pessoas diante de 40 milhões (população da Argentina). Mas acho que mais importante do que isso é que os ilhéus possuem identidade.

Fonte: O Estado de S.Paulo

16 comentários em “Tática de Cristina leva país a beco sem saída

  1. o cara falar que o povo argentino nao liga para as malvinas demostra que ele tá de chapéu atolado ,para as malvinas voltarem a ser argentinas pode demorar mas vai acontecer e talvez sem gastar nenhuma muniçao mas ,a argentina tem que ir se equipando até poder fazer pareo para a inglaterra os ingleses verao que vai ser muito custoso manter essas ilhas mesmo tendo petroleo pois os carros a energia eletrica estão chegando isso vai durar mais uns quinze anos só nesse disse me disse dos dois ,mas nossa parte como pais latino americano esta sendo feita.

  2. Se a Argentina quer se afundar por causa de um punhado de terra que se afunde sozinha. A Argentina tem mania de grandesa ao querer enfrentar o Chile, provavelmente para ter um território o mais próximo da grandesa do Brasil, além do acesso ao oceano pacífico, tentando dominar toda porção sul do continente – o Uruguai que se cuide!
    Um exemplo disso é a compra dos couraçados Moreno e Rivadavia em resposta aos Dreagnouts brasileiros no inicio do século XX.
    Temos que ficar de olho nesses argentinos (venezuelanos, colombianos, peruanos, bolivianos… espanholanos)!

  3. Caros amigos:

    A história é contundente em provar que o pleito argentino é absolutamente descabido. além de geograficamente fora das 200 milhas, os britânicos estão presentes nas ilhas desde o século 18 ou seja, antes da própria argentina existir. No mais os países latinoamericanos, ao apoiarem o pleito argentino, terminam por complicar suas relações não somente com a GB mas com a UE inteira. E isso é especialmente grave para nós, que estamos comprando grandes quantidades de armamento francês.

  4. na minha modesta opinião a Argentina está jogando com essa discussão sem fim em relação as ilhas Malvinas. Enquanto o governo permanece com esse discurso vazio, pois não tem capacidade militar, politia ou econômica para se estabelecer nas ilhas, esquece-se a crise e a mer… de pais que eles estão.
    Se os ingleses não largaram o osso quando as ilhas só possuíam ovelhas, agora que ganham uma boa grana com a exploração da pesca e do petróleo é que não irão largar.
    Se a argentina quer ir para o beco sem saída e afundar o problema é dela, mas que o Brasil deixe que ela vá sozinha para tal canto, claro que é muito mais interessante para nós vivermos em um atlântico sul sem potências estrangeiras passeando para lá e para cá, mas pior ainda é comprarmos a briga dos outros.
    No nosso pais o ópio é a Copa 2014, enquanto se discute a copa esquece-se dos grandes problemas que o pais tem que enfrentar.

  5. Existem cerca de 40 países no mundo, entre eles a china, rússia, estados unidos e outros reclamando na omc sobre o protecionismo da economia argentina. O governo argentino é assim, quer apoio, mas não coopera com ninguém. Desse jeito não vai conseguir nada.

  6. Para ser justo que tal um plebiscito vota a população Argentina e os ilheus das Malvinas, quem tiver mais voto leva. E a proposito, os ingleses não devem contar, por estarem lá em cima na Europa e terem sido os usurpadores.

  7. Caro, HMS Tireless…

    A Argentina tornou-se um estado independente em 25 de maio de 1870.
    Em 1827 enviou colonizadores às ilhas, herança que era da Coroa Espanhola. Os bucaneiros britânicos a invadiram e dela tomaram posse, em 1833.

    Portanto, não estão os piratas por lá antes do aparecimento dos argentinos, como nação independente. Descabida, portanto, foi a vossa intervenção.

    Que os argentinos pleiteiem as ilhas, tudo bem, mas que tenham em mente que apenas com outra ação armada, poderão recuperar eles, a soberania perdida. Não os vejo, entretanto, montando o necessário aparato militar para outra invasão. Neste caso, a atual gritaria portenha nada mais é do que uma irritação para os britânicos, bem como para os demais vizinhos latino-americanos…

    😉

  8. As Ilhas Malvinas são um território Argentino. Queiram ou não, os PIRATAS britânicos não perdem por esperar, nós voltaremos para o que é NO$$O. Fora do Atlântico Sul PIRATAS SANGUINÁRIOS de Tia Beth II!!!!!

  9. Meu caro “Prêmio Stálin da Paz”

    O que você fez foi repetir a falsificação histórica ensinada por gerações nas escolas argentinas. Os ingleses fixaram um assentamento na parte ocidental das ilhas em 1766, ao passo que a parte oriental das mesmas pertencia à Espanha. Ainda que tenha desmontado seu assentamento em 1776 em virtude das pressões advinda da guerra de independência Norteamericana, deixaram ali uma placa onde deixavam clara sua soberania sobre a parte ocidental. Da mesma forma foi a Espanha, em virtude das guerras napoleônicas, forçada a desmantelar seu assentamento e igualmente deixou uma placa deixando clara a sua soberania. EM 1829 os argentinos ali chegaram e usurparam a soberania que pertencia a ingleses e espanhóis, e é digno de nota que quando al retornaram e m 1833 constataram que os argentinos estava todos em um navio ou seja, nada fizeram para colonizar ou povoar as ilhas.

    Em suma: O único usurpador da história foram os argentinos, que foram repelidos duas vezes (em 1833 e em 1982), mas que têm usando sua versão falsificada da história para desviar a atenção quando em problemas internos. Foi o que fez a ditadura genocida, é o que atualmente faz o (des)governo da Senhora K, às voltas com problemas econômicos e ataques à liberdade de imprensa. Felizmente um grupo de intelectuais levantou-se contra a tirania intelectual da Senhora K e vem tentando dar uma visão diferente.

  10. Cara Belonave da Real Marinha,

    As Ilhas Malvinas eram um território espanhol reconhecido pela coroa inglesa. Portanto, as ilhas são uma herança da antiga metrópole (Espanha) para as Províncias Unidas do Rio da Prata (Argentina).

    Os ingleses fizeram valer a força naval, em 1833, quando invadiram o lugar, e novamente impuseram a soberania via Status Quo Belli…

    Portanto, para os argentinos, só haverá esperança mediante ações agressivas bem planejadas (o que não houve em 1982). Noutras palavras: Bellum Victor!
    No mais, só esperneio.

  11. Prêmio Stálin da Paz:

    Os espanhóis exerciam soberania apenas na porção oriental do arquipélago posto que a parte ocidental pertencia à Coroa Britânica.

    Ademais o raciocínio de que A União das Províncias do Prata sera herdeira de Madri é torpe. Como já havia dito os espanhóis dali se retiraram em virtude das guerras napoleônicas, embora à semelhança dos britânicos tenha deixado uma placa garantindo a sua soberania ou seja, se alguém poderia reclamar de soberania com os Ingleses seriam os espanhóis e não os argentinos.

    Em suma, apenas muita ginástica verbal, falsificação histórica e retórica populista sustentam o descabido, desacreditado e acima de tudo risível pleito argentino.

Comentários não permitidos.