Defesa & Geopolítica

Nações reconhecem conselho sírio como representante legítimo

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Cerca 70 nações árabes e ocidentais, reunidas na conferência “Amigos da Síria” em Istambul, reconheceram neste domingo o Conselho Nacional Sírio (CNS) como legítima força representativa da população síria e principal interlocutor da comunidade internacional. Ainda segundo o comunicado final do grupo, obtido antecipadamente pela Reuters, o grupo deu apoio total à missão de paz na Síria do enviado da ONU e da Liga Árabe, Kofi Annan, mas defendeu que o plano tenha prazos definidos.

A iniciativa reflete o crescente consenso de que os esforços de mediação de Annan, não conseguiram deter a violência na Síria. Com a Rússia e a China bloqueando medidas que poderiam abrir o caminho para uma ação militar por parte das Nações Unidas, os países alinhados contra o governo do presidente Bashar al-Assad têm procurado reforçar oposição síria.

A secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, confirmou pela primeira vez que o governo Obama está fornecendo equipamentos de comunicação por satélite para ajudar as pessoas dentro da Síria “a se organizar e fugir de ataques do regime”, e ficar em contato com o mundo exterior. Hillary anunciou um repasse adicional de US$ 12 milhões em ajuda humanitária para organizações internacionais que atuam na Síria, elevando o total de ajuda americana até agora para US$ 25 milhões.

A secretária ainda cobrou dos membros do governo Assad o fim das operações contra civis, caso contrário enfrentará “sérias consequências”.

– Nossa mensagem precisa ser clara para aqueles que dão ordens e aqueles que as executam: Parem de matar seus cidadãos ou enfrentarão sérias consequências – disse Hillary em discurso.

Desertores serão pagos pelo CNS

Mais cedo, o chefe do CNS, Burhan Ghalioun, pediu ajuda para a criação de corredores humanitários no país e apoio o Exército Sírio Livre (FSA, na sigla em inglês). Em uma indicação da crescente cooperação entre as facções da oposição, Ghalioun disse que o conselho vai assumir o pagamento dos salários de todos os membros do FSA.

Ghalioun instou a comunidade internacional a tomar medidas sérias para deter repressão do governo contra rebeldes. Em um apelo emocionado na abertura da reunião em Istambul, Ghalioun, disse:

– Exigimos ação séria. O regime sírio, inevitavelmente, cair. Não prolonguem a catástrofe. A oposição está unida, agora é hora de vocês se unirem e apoiar a oposição síria.

A questão de armar os rebeldes – como pediram países como Arábia Saudita e alguns membros do Congresso americano – permanecem dividindo opiniões por conta da incerteza de quem as receberia. O pagamento de salários aos desertores, entretanto, deixa a linha entre o apoio letal e não letal pouco definida.

Molham Al Drobi, membro do CNS, disse que a oposição precisaira de US$ 176 milhões em assistência humanitária e US$ 100 milhões para o pagamento de salários ao longo de três meses. Ele disse que algum dinheiro já havia sido enviado, incluindo o repasse de US$ 500 mil na semana passada, através de “um mecanismo que eu não posso revelar agora.”

Na abertura do encontro, o primeiro-ministro turco, Tayyip Erdogan, afirmou que as “demandas legítimas do povo sírio precisam ser atendidas, aqui e agora”.

– Acreditamos que interesses geopolíticos não podem governar o mundo. Nos recusamos a aceitar uma situação onde tanques atiram contra mulheres e crianças – disse Erdogan. – A comunidade internacional tem uma obrigação moral. A mensagem que enviamos ao regime sírio precisa ser muito exata. O massacre na Síria precisa ser interrompido.

‘Inimigos da Síria’, diz imprensa estatal

A agência estatal síria, Sana, afirmou que o encontro deste domingo em Istambul era “uma série de círculos conspiratórios contra a Síria já que os participantes são inimigos da Síria, e não seus amigos”.

O encontro reuniu representantes de nações ocidentais e árabes críticas a Damasco, além de membros do CNS. O grupo não inclui a Rússia e a China, que bloquearam a ação contra o país no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Segundo dados da ONU, desde o início dos protestos na Síria, o que ocorreu em março do ano passado, mais de 9.000 pessoas morreram, enquanto 200 mil se deslocaram a outras regiões dentro do país e 30 mil partiram para o exterior.

Fonte: O Globo

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