A ditadura civil-militar

Sugestão: Gérsio Mutti

São interessados na memória atual as lideranças e entidades civis que apoiaram a ditadura. Se ela foi “apenas” militar, todas elas passam para o campo das oposições. Desde sempre. Desaparecem os civis que se beneficiaram do regime ditatorial. Os que financiaram a máquina repressiva. Os que celebraram os atos de exceção. O mesmo se pode dizer dos segmentos sociais que, em algum momento, apoiaram a ditadura. E dos que defendem a ideia não demonstrada, mas assumida como verdade, de que a maioria das pessoas sempre fora — e foi — contra a ditadura.

Daniel Aarão Reis*

 

Tornou-se um lugar comum chamar o regime político existente entre 1964 e 1979 de “ditadura militar”. Trata-se de um exercício de memória, que se mantém graças a diferentes interesses, a hábitos adquiridos e à preguiça intelectual. O problema é que esta memória não contribui para a compreensão da história recente do país e da ditadura em particular.

É inútil esconder a participação de amplos segmentos da população no golpe que instaurou a ditadura, em 1964. É como tapar o sol com a peneira.

As marchas da Família com Deus e pela Liberdade mobilizaram dezenas de milhões de pessoas, de todas as classes sociais, contra o governo João Goulart. A primeira marcha realizou-se em São Paulo, em 19 de março de 1964, reunindo meio milhão de pessoas. Foi convocada em reação ao Comício pelas Reformas que teve lugar uma semana antes, no Rio de Janeiro, com 350 mil pessoas. Depois houve a Marcha da Vitória, para comemorar o triunfo do golpe, no Rio de Janeiro, em 2 de abril. Estiveram ali, no mínimo, a mesma quantidade de pessoas que em São Paulo. Sucederam-se marchas nas capitais dos estados e em cidades menores. Até setembro de 1964, marchou-se sem descanso. Mesmo descontada a tendência humana a aderir à Ordem, trata-se de um impressionante movimento de massas.

Nas marchas desaguaram sentimentos disseminados, entre os quais, e principalmente, o medo, um grande medo.

De que as gentes que marcharam tinham medo?

Tinham medo das anunciadas reformas, que prometiam acabar com o latifúndio e os capitais estrangeiros, conceder o voto aos analfabetos e aos soldados, proteger os assalariados e os inquilinos, mudar os padrões de ensino e aprendizado, expropriar o sistema bancário, estimular a cultura nacional. Se aplicadas, as reformas revolucionariam o país. Por isto entusiasmavam tanto. Mas também metiam medo. Iriam abalar tradições, questionar hierarquias de saber e de poder. E se o país mergulhasse no caos, na negação da religião? Viria o comunismo? O Brasil viraria uma grande Cuba? O espectro do comunismo. Para muitos, a palavra era associada à miséria, à destruição da família e dos valores éticos.

É preciso recuperar a atmosfera da época, os tempos da Guerra Fria. De um lado, os EUA e o chamado mundo livre, ocidental e cristão. De outro, a União Soviética e o mundo socialista. Não havia espaço para meios-termos. A luta do Bem contra o Mal. Para muitos, Jango era o Mal; a ditadura, se fosse o caso, um Bem.

No Brasil, estiveram com as Marchas a maioria dos partidos, lideranças empresariais, políticas e religiosas, e entidades da sociedade civil, como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a Conferência Nacional dos Bispos Brasileiros (CNBB), as direitas. A favor das reformas, uma parte ponderável de sindicatos de trabalhadores urbanos e rurais, alguns partidos, as esquerdas. Difícil dizer quem tinha a maioria. Mas é impossível não ver as multidões — civis — que apoiaram a instauração da ditadura.

A frente que apoiou o golpe era heterogênea. Muitos que dela tomaram parte queriam apenas uma intervenção rápida, brutal, mas rápida. Lideranças civis como Carlos Lacerda, Magalhães Pinto, Adhemar de Barros, Ulysses Guimarães, Juscelino Kubitschek, entre tantos outros, aceitavam que os militares fizessem o trabalho sujo de prender e cassar. Logo depois se retomaria o jogo politico, excluídas as forças de esquerda radicais.

Não foi isso que aconteceu. Para surpresa de muitos, os milicos vieram para ficar. E ficaram longo tempo. Assumiram um protagonismo inesperado. Houve cinco generais-presidentes. Ditadores. Eleitos indiretamente por congressos ameaçados, mas participativos. Os três poderes republicanos eram o Exército, a Marinha e a Aeronáutica. Os militares mandavam e desmandavam. Ocupavam postos no aparelho de segurança, nas empresas estatais e privadas. Choviam as verbas. Os soldos em alta e toda a sorte de mordomias e créditos. Nunca fora tão fácil “sacrificar-se pela Pátria”.

E os civis? O que fizeram? Apenas se encolheram? Reprimidos?

A resposta é positiva para os que se opuseram. Também aqui houve diferenças. Mas todos os oposicionistas — moderados ou radicais — sofreram o peso da repressão.

Entretanto, expressivos segmentos apoiaram a ditadura. Houve, é claro, ziguezagues, metamorfoses, ambivalências. Gente que apoiou do início ao fim. Outros aplaudiram a vitória e depois migraram para as oposições. Houve os que vaiaram ou aplaudiram, segundo as circunstâncias. A favor e contra. Sem falar nos que não eram contra nem a favor — muito pelo contrário.

Na história da ditadura, como sempre, a coisa não foi linear, sucedendo-se conjunturas mais e menos favoráveis. Houve um momento de apoio forte — entre 1969 e 1974. Paradoxalmente, os chamados anos de chumbo. Porque foram também, e ao mesmo tempo, anos de ouro para não poucos. O Brasil festejou então a conquista do tricampeonato mundial, em 1970, e os 150 anos de Independência. Quem se importava que as comemorações fossem regidas pela ditadura? É elucidativa a trajetória da Aliança Renovadora Nacional — a Arena, partido criado em 1965 para apoiar o regime. As lideranças civis aí presentes atestam a articulação dos civis no apoio à ditadura. Era “o maior partido do Ocidente”, um grande partido. Enquanto existiu, ganhou quase todas as eleições.

Também seria interessante pesquisar as grandes empresas estatais e privadas, os ministérios, as comissões e os conselhos de assessoramento, os cursos de pós-graduação, as universidades, as academias científicas e literárias, os meios de comunicação, a diplomacia, os tribunais. Estiveram ali, colaborando, eminentes personalidades, homens de Bem, alguns seriam mesmo tentados a dizer que estavam acima do Bem e do Mal.

Sem falar no mais triste: enquanto a tortura comia solta nas cadeias, como produto de uma política de Estado, o general Médici era ovacionado nos estádios.

Na segunda metade dos anos 1970, cresceu o movimento pela restauração do regime democrático. Em 1979, os Atos Institucionais foram, afinal, revogados. Deu-se início a um processo de transição democrática, que durou até 1988, quando uma nova Constituição foi aprovada por representantes eleitos. Entre 1979 e 1988, ainda não havia uma democracia constituída, mas já não existia uma ditadura.

Entretanto, a obsessão em caracterizar a ditadura como apenas militar levou, e leva até hoje, a marcar o ano de 1985 como o do fim da ditadura, porque ali se encerrou o mandato do último general-presidente. A ironia é que ele foi sucedido por um politico — José Sarney — que desde o início apoiou o regime, tornando-se ao longo do tempo um de seus principais dirigentes…civis.

Estender a ditadura até 1985 não seria uma incongruência? O adjetivo “militar” o requer.

Ora, desde 1979 o estado de exceção, que existe enquanto os governantes podem editar ou revogar as leis pelo exercício arbitrário de sua vontade, estava encerrado. E não foi preciso esperar 1985 para que não mais existissem presos políticos. Por outro lado, o Poder Judiciário recuperara a autonomia. Desde o início dos anos 1980, passou a haver pluralismo politico-partidário e sindical. Liberdade de expressão e de imprensa. Grandes movimentos puderam ocorrer livremente, como a Campanha das Diretas Já, mobilizando milhões de pessoas entre 1983-1984. Como sustentar que tudo isto acontecia no contexto de uma ditadura? Um equívoco?

Não, não se trata de esclarecer um equívoco. Mas de desvendar uma interessada memória e suas bases de sustentação.

São interessados na memória atual as lideranças e entidades civis que apoiaram a ditadura. Se ela foi “apenas” militar, todas elas passam para o campo das oposições. Desde sempre. Desaparecem os civis que se beneficiaram do regime ditatorial. Os que financiaram a máquina repressiva. Os que celebraram os atos de exceção. O mesmo se pode dizer dos segmentos sociais que, em algum momento, apoiaram a ditadura. E dos que defendem a ideia não demonstrada, mas assumida como verdade, de que a maioria das pessoas sempre fora — e foi — contra a ditadura.

Por essas razões é injusto dizer — outro lugar comum — que o povo não tem memória. Ao contrário, a história atual está saturada de memória. Seletiva e conveniente, como toda memória. No exercício desta absolve-se a sociedade de qualquer tipo de participação nesse triste — e sinistro — processo. Apagam-se as pontes existentes entre a ditadura e os passados próximo e distante, assim como os desdobramentos dela na atual democracia, emblematicamente traduzidos na decisão do Supremo Tribunal Federal em 2010, impedindo a revisão da Lei da Anistia. Varridos para debaixo do tapete os fundamentos sociais e históricos da construção da ditadura.

Enquanto tudo isso prevalecer, a História será uma simples refém da memória, e serão escassas as possibilidades de compreensão das complexas relações entre sociedade e ditadura.

DANIEL AARÃO REIS é professor de História Contemporânea da UFF

 

Fonte: O Globo

25 Comentários

  1. foi a mesma coisa com a aboliçao da escravatura os caras quando viram que a monarquia iria dar terras para os abolidos deram um golpe na monarquia ,pior é que sempre fazendo esse estrago e atrazando o brasil esta sendo usado os militares ,pois do jeito que esta os ricos entram por um caminho e os pobres pelo outro nunca que sem mudança o exercito sera uma instituiçao voltada para o que realmente o povo quer

  2. Muita verdade. Mas a principal, que aparece em nuances, é que o Golpe foi instituido por uma minoria rica, que não pretendia abrir para a maioria a possibilidade de usufruir das prerrogativas da cidadania de primeiro mundo que esses sempre desfrutaram. Esses grupos culturalmente inspirados no império, sempre pretenderam para sí uma primazia sobre o que se instituiu chamar populacho. Por que nunca precisaram se sentir brasileiros, com seus recursos poderiam ser recebidos, comprar cidadanias, como é até hoje. Paises por interesse recebem de braços abertos, até ricos que construiram riquezas de modo ilegal. Alias, uma das principais falhas do sistema “capitalista”, ele desnacionaliza os cidadãos, fabricam apatridas que se vendem pelo dinheiro, corrompem a nacionalidade, fabricam apoio com propaganda que o dinheiro pode comprar, criminaliza o civismo. E torna diferentes as pessoas que necessitam sobreviver em determinado país, que esperam contar com sua patria e com seus iguais, amantes dela, para isso. Os cidadãos brasileiros que compõe a maioria tem sido, historicamente, alijado de todas a prerrogativas de difinição de seu futuro. Alguns nobres lhes surrupiam isso, apesar de todas as retóricas de igualdade, de conquistas no Brasil. Para muitos o troca de trabalho por um salario minimo já é uma dadiva que se concede a essas classes. E, deveria ser motivo de contentamento, até de reconhecimento da generosidade dos ricos dominantes. Desprezo e preconceito contra a maioria pobre de nossa gente, é visivel em nossa cultura até hoje. E isso perdura até hoje justamente por motivos que levaram ao Golpe. A necessidade de sua manutenção ocasionada pela falta de compreensão de que é injusto alijar direitos e imputar deveres, sem isonomia entre as classes. O golpe nasceu para proteger esse conceito, essa ordem imperial dominante, apesar de todas as retóricas de um bom mocismo que não existiu.

  3. A Constituição Federal, no artigo 5º, VI, estipula ser inviolável a liberdade de consciência e de crença, assegurando o livre exercício dos cultos religiosos e garantindo, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e as suas liturgias.

    http://www.youtube.com/watch?v=yxHYl4D-2Hw

    E pensar que já vi recentemente postagem aqui no PB, que se o Brasil trocasse sua atual ideologia e se aliasse a “alguns” países totalmente, teriam para conosco ” TOLERÂNCIA RELIGIOSA.”
    Um Escambo de tecnologia por liberdade.

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Liberdade_religiosa

  4. PE DE CAO disse:
    01/04/2012 às 16:39

    “…foi a mesma coisa com a aboliçao da escravatura os caras quando viram que a monarquia iria dar terras para os abolidos deram um golpe na monarquia ,pior é que sempre fazendo esse estrago e atrazando o brasil esta sendo usado os militares ,pois do jeito que esta os ricos entram por um caminho e os pobres pelo outro nunca que sem mudança o exercito sera uma instituiçao voltada para o que realmente o povo quer. …”=== A coisa vai melhorar, eu tenho de acreditar nisso.Sds.

  5. Se estivéssemos em um regime Socialista/Comunista, postar esses links com certeza renderia a invasão da minha casa, prisão, tortura e desaparecimento, com acusãção de subversão, traição, crime contra o Estado e sabe mais o que.
    A liberdade resposável não interessa, o que interessa é mordaça é ignorância.

    http://www.pgr.mpf.gov.br/areas-de-atuacao/direitos-do-cidadao-1

    http://civilex.vilabol.uol.com.br/pagina63.htm

    http://www.youtube.com/watch?v=3DclET7lOkg&feature=related

  6. É devido aos fatos narrados acima, pelo pesquisador Daniel Aarão Reis, que espero muito da “Comissão da Verdade”…

    Quero ver posto à nu a participação do jornal Folha de São Paulo em tortura e mortes de cidadãos brasileiros…

    Quero ver a participação de certos coronéis da nossa política, que como múmias, ainda altivos e participantes da nossa seara política, como vis apoiadores dos crimes da Ditadura…

    Quero ver terminar a agonia das mães, que não puderam enterrar os seus filhos…

    Quero ver muita coisa…

  7. “Se estivéssemos em um regime Socialista/Comunista, postar esses links com certeza renderia a invasão da minha casa, prisão, tortura e desaparecimento, com acusãção de subversão, traição, crime contra o Estado e sabe mais o que.
    A liberdade resposável não interessa, o que interessa é mordaça é ignorância.”

    A ditadura invadiu casas, prendeu e matou inocentes, pois para morrer bastava estar no lugar e na hora errada (explosão Rio Centro).

    Quem praticou subversão, traição e crime contra o Estado foram os militares golpistas, que assaltaram o poder para fazer o trabalho de capatazes dos interesses do grande capital, principalmente o estrangeiro.

  8. “Se estivéssemos em um regime Socialista/Comunista, postar esses links com certeza renderia a invasão da minha casa, prisão, tortura e desaparecimento, com acusãção de subversão, traição, crime contra o Estado e sabe mais o que.”… ESSA É A VERDADE QUE NÃO QUER CALAR, caro STadeuR… talvez nem postar vc poderia, dada a vigilancia estatal, como na China comunista… tem uns pregos que adorariam vivenciar isso em nosso pais… provavelmente porque são do partidão… tão loucos por um governo de partido unico onde possam se dar bem, se é que me entende… NOMENKLATURA, palavra que explica esse animo em comunizar o pais…

  9. ÓTIMO TEXTO!!!… SÍNTESE NEUTRA, FIEL AOS FATOS, E QUE NOS DÁ MARGEM À REFLEXÃO… A única ressalva é quanto ao autor ter sugerido, de uma forma geral, que o povo tinha medo no ou do regime militar… Pois eu afirmo, que antes da mudança sim (mudanças repentinas e incertas sempre provocam receio), mas durante a grande parte do período a maioria dos cidadãos comuns e de bem, mesmo os mais humildes, sequer se apercebiam que viviam sob um regime de exceção, à não ser pela mensagem da censura mostrada antes de cada programa televisivo ou da sessão de cinema… E mesmo assim para esta mesma maioria isto era totalmente irrelevante para a sua vida…

    E apenas filosofando, entendo que a verdade nunca se faz de forma absoluta… Pois ela é muti-facetadada e deve refletir todas as causas e efeitos para se chegar a uma conclusão honesta e plausível.

    E só para uma pequena demonstração de algumas nuances “contraditórias” que envolveram estes episódios da história do Regime Militar, citarei as falas do meu avô, militar da reserva na época, dirigidas à mim quando ainda era bem jovem, em conversa familiar sobre os eventos de 64 em que no posto de oficial da MB(se me lembro bem, já como Contra-Almirante) servindo no RJ (Ilhas da Cobras), mesmo não concordando com a tomada de poder pelos – mas não só como já foi dito – militares, se recusou a cumprir as ordens do governo federal e do alto comando, participando ou ordenando aos seus subordinados qualquer ação violenta de investida contra o Palácio do Catete, sede do governo estatual(Governador Lacerda), já que ali estavam entrincheirados centenas de civis, autoridades, e também irmãos de farda que, em sua maioria, segundo ele, só cumpriam ordens superiores… E que ele não mancharia as suas mãos nem a sua consciência com o sangue de brasileiros à menos que isto fosse inevitável (ou seja, se as dependências da Marinha fossem atacadas ou se a população inocente estivesse sob risco iminente)… E para aqueles que não sabem, os fuzileiros navais contavam com posições privilegiadas para promover um ataque, precedido por uma chuva de granadas de morteiros se necessário… Além disso, havia uma divisão de posicionamentos dentro da própria Marinha, com alguns oficiais favoráveis ao ataque, mas que por não obterem o pleno apoio dos demais graduados, cederam e limitaram-se apenas a dar ordens de deslocamentos táticos/estratégicos de suas tropas e viaturas… E segundo outras fontes próximas, situações similares (divergências) também ocorreram, na ocasião, com as forças da FAB… Por tanto, nada na época era “preto no branco” como alguns tentam levar à público nos dias atuais… Pois bem, voltando a fala ou a frase proferida pelo meu avô já pelo fim do regime militar, e que está gravada na minha mente, cito-a agora:

    “- Os militares estavam certos e agiram corretos em muitos aspectos, e poderiam ter transformado este país em um dos melhores países do mundo para se viver… Mas cometeram vários erros… E devido a ambição e a prepotência de “meia dúzia” de generais, a única coisa que consigo visualizar para o futuro, é o caminho da desonra…”
    Interpretem estas falas como acharem melhor, porque eu ainda era bem jovem (uns 17anos) quando ele me falou isto, e não tinha o pleno interesse e talvez o desprendimento necessário para, na ocasião, aprofundar a nossa conversa sobre o assunto… E por isso nunca cheguei a compreender de forma conclusiva, o que meu avô, em sua concepção, chamava de acertos, de erros, e de que tipo de desonra ele se referia…

    Só pra constar, meu avô sempre levou uma vida tranquila e sem ostentações, morreu em 1999, aos 81 anos, já reformado como almirante, recebendo um soldo em torno de 5 mil reais + 2 mil e poucos reais referentes ao tempo de serviço e inúmeras especialidades que ele desenvolveu ao longo da sua carreira… Tinha um bom apartamento de dois dormitórios em laranjeiras(RJ) com um automóvel Monza na garagem, e um pequeno terreno de 450m2 em Rio das Ostras-RJ, e deixou uma poupança com pouco menos 20 ou 15 mil reais (não lembro bem)… Como era casado (não mais com a minha avó que já havia falecido), deixou uma pensão vitalícia apenas para esposa (também recém falecida) no valor do soldo que recebia… Enfim, um militar de carreira e por vocação, de conduta ilibada, com comportamento sereno mais ao mesmo tempo de personalidade forte que não fugia aos seus princípios, mesmo que isto significasse quebrar a cadeia hierárquica… E é isso!

    Espero que meu relato sirva para uma maior compreensão no que se refere “AO HOMEM E AS SUAS CIRCUNSTÂNCIAS… COM SEUS AGRAVANTES E SEUS ATENUANTES”… E que é assim se constroem as histórias…

  10. Blue Eyes, Na Resistência disse:

    02/04/2012 às 01:40

    “…talvez nem postar vc poderia, dada a vigilancia estatal, como na China comunista… tem uns pregos que adorariam vivenciar isso em nosso pais… provavelmente porque são do partidão… tão loucos por um governo de partido unico onde possam se dar bem, se é que me entende… NOMENKLATURA, palavra que explica esse animo em comunizar o pais…”
    —-
    Na verdade caro Blue Eyes, eu devo fazer uma pequena correção porque postar até poderia correndo sério risco, o problema maior é que os donos do Blog e suas família já teriam sido executados sumariamente a tempos.
    NÃO HAVERIA BLOG.

    http://www.youtube.com/watch?v=q7iDZnkn1xo&feature=related

  11. Ao Felipe Augusto,
    não tive a oportunidade de te responder no outro post, que tinha tema semelhante à este, infelizmente (ou felizmente, para alguns) o PB é um bom “site”, mas a sua formatação não favorece o debate, sendo assim, responderei aos seus argumentos agora.
    Meu camarada 21 anos após o contra golpe, foi tempo mais do que suficiente para que os intelectuais e artistas de esquerda, pondo em prática os ensinamentos de Antonio Gramsci (você conhece esta pessoa?), trataram de abocanhar todos os espaços nas universidades, nas instituições culturais e na indústria editorial, desalojando um a um os conservadores que, quando veio a transição para o governo civil, já estavam tão marginalizados e isolados que a eleição de Roberto Campos para a Academia Brasileira de Letras, em 1999, surgiu como uma anomalia escandalosa e quase inacreditável.
    A simples contagem de cabeças basta para mostrar que o relativo pluralismo existente nas redações em 1964 foi cedendo lugar à hegemonia esquerdista mais descarada, até o ponto de que, dos anos 80 em diante, os grandes jornais fizeram questão de ter pelo menos um direitista no seu corpo de articulistas para atenuar a impressão de uniformidade ideológica que fluía de cada uma de suas páginas, do noticiário policial até as colunas sociais, mas sobretudo das seções de arte e cultura, onde uma hegemonia se somava a outra.
    Nos regimes totalitários, a opinião da mídia, por definição e por uma questão de mera sobrevivência, vai se amoldando cada vez mais ao discurso oficial, até desaparecer toda possibilidade de oposição. A história do jornalismo brasileiro nos vinte anos de governo militar seguiu o curso simetricamente inverso, com a mídia em peso apoiando o golpe em 31 de março de 1964 e depois tornando-se cada vez mais esquerdista até que, no fim do governo Figueiredo, já não sobrava nos jornais e canais de TV um só jornalista que ousasse se opor ao consenso esquerdista e mencionar em voz alta, mesmo com restrições, os méritos mais óbvios de um regime que alcançara progressos econômicos jamais igualados antes ou depois (a expressão nunca nêfte paíf… é um salto anacronístico de trinta anos).

  12. Seja nos órgãos de educação e cultura, seja no jornalismo, a esquerda, em vez de ser calada e marginalizada, foi indo cada vez mais para o topo e falando cada vez mais alto, até que já não se podia ouvir nenhuma outra voz senão a sua: se tagarelice esquerdista fosse alta cultura, o tempo dos militares teria sido o apogeu da nossa história intelectual até então (digo “até então” porque nada se compara ao brilho e à majestade da Era Lula).
    Se houve na história da América Latina um episódio sui generis, foi a Revolução de Março (ou, se quiserem, o golpe de abril) de 1964. Numa década em que guerrilhas e atentados espoucavam por toda parte, seqüestros e bombas eram parte do cotidiano e a ascensão do comunismo parecia irresistível, o maior esquema revolucionário já montado pela esquerda neste continente foi desmantelado da noite para o dia e sem qualquer derramamento de sangue.

  13. Alguns mentes curtinhas, aparelhadas, que defendem o arbitrio que lhes atende, e vem apontar o dedo para o que sequer vivenciam, tudo com base no informação atravessada. Deveriam olhar para suas contradições, afinal o que é o arbitrio de qualquer lado, senão um grupo mediante a força das armas tomar a prerrogativa do povo de decidir seu caminho. Alguns falam a ditadura de Stalim, e ela existiu, ceifou milhoes de vidas na extinta URSS, mas o quanto são diligentes nas acusações a vitimas russas, são benevolentes com nossos criminosos, como que o crime por ter sida praticado pelo Algoz alheio fosse mais grave que o praticado pelo algoz interno.Fico fulo da vida com essa bossalidade que posa de intelectual, contando com a ignorancia popular, alias mantida assim, e cheia de temor. Esses paladinos hipocritas. A dor Russa devia servir de exemplo para contra regimes autoritários independente da ideologia, mas é uma cobfrança que deve ser feita pelos Russos. A nós Brasileiros deve caber a cobrança sobre nossos assuntos, sobre aqueles ointernos que nos infrigiram a vergonha, a tutela da cidadania, o crime e a dor para muitos brasileiros. Cada Nação constroi sua história, mas só os idiotas acreditam em construir uma história com independencia vivendo a história alheia, isso é o supra sumo da inversão de conceito da nacionalidade é colonismo puro intranhado na alma. O mundo segue dando exemplos, novos arranjos são feitos. Mas o crime sempre será por suas vitimas, e mais cedo ou mais tarde os algozes terão de pagar a conta, nem que seja sendo relegados ao lixo da história, como hoje é Stalim, como será o Bush para alguns países, como foram os milicos ditadores para o Brasil, e não adianta fantasiar.

  14. Julio, quem queria importar o modelo stalinista para o Brasil foram seus herois, não os militares… “Cada Nação constroi sua história, mas só os idiotas acreditam em construir uma história com independencia vivendo a história alheia, isso é o supra sumo da inversão de conceito da nacionalidade é colonismo puro intranhado na alma.”… é a mais pura verdade qndo aplicada a ideologia internacionalista esquerdista… vide foro de São Paulo e a internacionalização da nossa soberania… hoje estamos tentando importar o modelo social-democrata que sabidamente levou a Europa ao estado em que se encontra… na epoca da contra-revolução, os miseraveis revolucionarios queriam importar o modelo stalinista mesmo que isso significasse guerra civil no pais… graças aos nossos gloriosos militares isso não aconteceu, até para que vc tivesse a liberdade de vir aqui escrever estultices… leve isso em consideração… ou preferes a liberdade chinesa e cubana?…

  15. Vamos lá Júlio, pelo visto a sua capacidade de compreensão é tão confusa quanto sua capacidade de expressão.
    Se eu entendi bem, nesse amontoado de frases sem sentido, você quis dizer que é incoerência criticar a ditadura Russa e ser a favor do regime militar brasileiro.
    Incoerência é colocar os dois eventos no mesmo patamar. O que você não compreende é que os militares não tiveram outra saída,que não fosse intervir no processo político para restabelecer a ordem e a segurança nacional. Se fraquejassem o Brasil hoje seria uma republiqueta no estilo de Cuba. Isso é fato histórico, se você quer contestar isso, terá que me mostrar qual a alternativa o país teria.
    Outro erro seu é colocar no mesmo patamar os terroristas brasileiros mortos ao inocentes russos, vítimas de um dos regimes mais sombrios que já pairou pela humanidade, o socialismo.
    Você, como outros, comete o mesmo erro de ter, como bem explicou Olavo de Carvalho, “A imagem oficial dos combates travados entre os anos 60 e 70 no Brasil opõe, de maneira reiterada e obsessiva, os “jovens” guerrilheiros aos “velhos” generais. Adolescentes românticos e entusiastas contra setentões endurecidos e carrancudos. O estereótipo, instituído pela minissérie “Anos Rebeldes” (Globo, 1992), tornou-se obrigatório em todos os filmes, romances, contos, novelas de TV e reportagens, ao ponto de arraigar-se no imaginário popular como uma cláusula pétrea da verdade histórica, a base infalível de tudo que se pensa, acredita e sente daquele período histórico.”
    “O simbolismo aí embutido é auto-evidente: a juventude representa a inocência, o idealismo, a esperança, a visão rósea de um mundo melhor; a velhice personifica o realismo cínico, a acomodação ao mal, o apego tacanho a uma ordem social injusta e caquética.”
    “No entanto, é claro que nada disso corresponde aos fatos. Vejam os comandantes da guerrilha. Carlos Marighela era jovem? Joaquim Câmara Ferreira era jovem? Jacob Gorender era jovem? E os soldadinhos das Forças Armadas que trocavam tiros com os terroristas nas ruas e nos campos eram anciãos? Como em todas as guerras, os comandantes dos dois lados eram homens velhos ou maduros, os combatentes em campo eram jovens. Sob esse aspecto, nada se inventou no mundo desde os tempos homéricos.”

  16. Continuando:
    “Desde logo, as guerrilhas são sempre mostradas como fruto de reação ao golpe de 1964. Isso é absolutamente falso. As guerrilhas começaram em 1962, em pleno regime democrático, orientadas e subsidiadas pela ditadura cubana e ajudadas pelo presidente da República, de modo a articular, segundo a estratégia comunista clássica, a “pressão de baixo” com a “pressão de cima”, a agressão armada no subterrâneo da sociedade com a agitação política vinda das altas esferas do poder. Não foram concebidas para derrubar uma ditadura, mas destruir qualquer governo, democrático ou ditatorial, que se opusesse ao plano de Fidel Castro de instituir um regime comunista no continente.”
    “Investiguem um a um os guerrilheiros, desde os líderes e planejadores até o último tarefeiro encarregado de vigiar os sequestrados. Não poucos dentre eles eram maoístas, discípulos de um monstro genocida, pedófilo e estuprador. E entre os demais não se encontrará um só que não fosse comunista, marxista-leninista, acima de tudo devoto da Revolução Cubana, que àquela altura já havia matado pelo menos 17 mil civis, quarenta vezes mais que o total de “vítimas”, quase todas combatentes, que, num país de população bem maior que a de Cuba, o nosso regime militar viria a fazer ao longo de vinte anos.”
    “Vasculhem novelas, reportagens, o diabo: raramente encontrarão referência à OLAS, a Organização Latino-Americana de Solidariedade, ancestral do Foro de São Paulo, criada nos anos 60 pela KGB e por Fidel Castro para disseminar na América Latina “um, dois, muitos Vietnãs”, segundo a fórmula consagrada pelo teórico Régis Débray num livrinho idiota, A Revolução na Revolução, que os nossos guerrilheiros liam como se fosse a Bíblia.”

  17. P.. QUE P… esse Carlos Alberto é foda… MATOU A PAU…rsrsrsrs… é isso ai amigo… contra a verdade e os fatos não tem mi mi mi… toda hora eles tomam o que merecem… continuemos assim, vigilantes contra esses blasfemos mentirosos… não os deixemos tomar ar para gerar infamias e milongas odiosos… são como vermes, se proliferam… mas nada que uma boa lavada de verdade concentrada não limpe e desinfete… saudações…
    em tempo: quase não nos dedicamos a figuras sombrias como José Dirceu, manipulador e engenheiro do sistema PeTralha que quer se perpetuar no poder… temos que estudar mais essa figura medonha… quem sabe não acertamos a medusa em seu ponto fraco…

  18. Prezado Carlos Alberto, em seu afã, de criticar o que escrevi, esqueceu de ler em que contexto o fiz.
    Voce meu prezado, deveria ater-se não apenas se a ultima participação sobre o tema, no caso a minha, mas também as anteriores que me obrigou a escrever contra a hipocrisia. E é disso que me refiro. Você me acuso de ser confuso, creio que não, minha visão é clara e cristalina, mas depende de intelecto ou boa vontade para ser entendida( como não lhe conheço te darei o beneficio da duvida). Não preciso citar autores para me apoiar no que ele pensa disso ou daquilo. Vou frizar para voce,( que parece ser a primeira vez que analisa minhas palavras) não tenho nenhuma vinculação partidaria. Porém, diferente de muitos e com o tempo de existência que possuo, e procurando exercer ao maximo o dominio de minha capacidade intelectual, percebi o país que vivo. Onde grupos que, (com certeza gente como voce faz parte), mantem uma grande maioria de brasileiros revolvendo as sobras. Que as vezes se traem, por ignorancia, mas pode ser por interesse mesmo, a serviço da treva que esteve sempre no comando do Brasil, por achar o Brasil se resume a terras, a dinheiro, a poder. Mas isso não serve para todos, apenas para alguns exclusivistas, que talvez voce se insira. Ou achas que um cidadão iria ser louco de buscar rebelar-se sem necessidade, que iria expor sua(até onde sei) unica existencia, sabendo que tudo está uma maravilha. Cidadão, não subestime minha inteligencia, trazendo livros que mostram consequências, de monobristas que não explicam o essencial. E, te digo mais, para muitos, os motivos para revoluções populares ainda existam no Brasil, talvez até voce pense isso, lógico com seu grupo dominando. Hoje em pleno seculo XXI, acredito cada vez mais em democracia, e acredito que no aprofundamento dela se encontra a chave para nivelar um pouco mais a situação da sociedade brasileira. Com ela é que conseguiremos desmascarar os hipocritas que falam em liberdade, mas usurpam da cidadania e do estado (que em primeira analise são os proprios cidadãos), o direito de fazerem suas escolhas ao primeiro sinal de resistência contra seus proprios erros.

  19. Ah! e Blue Eyes na resistência, achei engraçadissimo essa tua tietagem pela opinião do Carlos Alberto. Mas meu caro, tudo que voces possam fazer em apoio mutuo, e quando digo isso não falo apenas para ambos mas todos que comungam dos objetivos tristes de voces, estão fadados a perderem. Com o tempo, e a medida que a sociedade aumenta sua intelectualidade com cultura e capacidade de analise(talvez seja por isso que voces relutaram tanto em partilhar esse bem humano) o povo ficará mais liberto para avaliar as consequencias que lhes impõem seus, bem intencionados, algozes. E provalvemente esse tempo já tenha iniciado visto que pessoas alinhadas com o pensamento de voces existem em cada vez menor numero.

  20. É o que vc pensa… iludido… continue achando que as coisas são como vc ve… enquanto isso nós nos fortalecemos, ainda que isso pareça improvavel… logo estaremos batendo às portas de sua desilusão mentirosa… levamos tempo desenvolvendo anticorpos para nos livrarmos dessa sua doença corrompedora dos valores humanos que criaram nossa civilização… no tempo certo tudo estara limpo… saudações…
    Tudo posso naquele que me fortalece.

  21. Caramba, um tirano, que defende tiranias, falando em valores humanos, em civilização. Só pode ser piada ou uma completa falta de noção do significado. Quando vejo testemunhos lunáticos, acreditando que depois de seu sacrificio, ou de seu grupos, consolidarão seu mundo perfeito, e receberão por direito suas virgens no paraiso, não dá mais para acreditar, como querem fazer crer que seja coisa só de muçulmano.

  22. Não confunda seus valores com os meus… as recompensas que almejamos não passam por seus valores iniquos, antes pela compreensão de que sem uma JUSTA adequação moral e de equilibrio interior nada valera a pena… ainda que alcancemos o progresso material, sem o uso consciente do mesmo, no que tange a sabedoria de usa-lo, só gerará injustiças… sociedade justa é aquela que ama a liberdade mas cobra de cada um a responsabilidade pelos seus atos… sociedade onde os que estão no poder não prezam pela moral em sua representatividade não merece existir, antes fenecer… os responsaveis pela condução da sociedade devem antes de mais nada ser colunas de exemplo aos seus comandados e incentivar as virtudes morais, reconhecidamente ancorada em valores cristãos, marco civilizatorio que sustenta a sociedade ocidental, e a responsabilidade social, não o igualitarismo superficial que esquece as diferenças naturais entre seus membros, mas antes a concientização responsavel que todo individuo social tem que ter, independente de posicionamentos ideologicos, de que a sociedade é o utero que o gerou e os seios que o amamentam, logo o seus bem estar esta ligado a esta… os membros devem proceder de acordo com a indole moral de seus comandantes (entendidos como chefes hierarquicos) que por sua vez deverão buscar o bem comum e a justiça na condução da sociedade… sem esses parametros morais nada se sustentará…
    “Com o tempo, e a medida que a sociedade aumenta sua intelectualidade com cultura e capacidade de analise(talvez seja por isso que voces relutaram tanto em partilhar esse bem humano) o povo ficará mais liberto para avaliar as consequencias que lhes impõem seus, bem intencionados, algozes.”…
    com certeza… e isso se aplica muito bem aos que estão atualmente no poder… então temos que fazer a pergunta que não quer calar: até quando a sociedade será enganada?… saudações…

  23. A sociedade será enganada toda vez que acreditar em embusteiros que através dos séeculos estiveram no poder, rejeitando avanços sociais no particular em defesa dos interesses de sua minoria social. E em publico, camuflados, se passando por iguais as suas vitimas seculares. Utilizando-se do seu instrumento maior de poder, o dinheiro. Visando conquistar-lhes a simpatia. E assim foi o Brasil, lobos governando ovelhas. Hoje, uma experiência nova acontece, gera gritos de ansiedade dos lobos apegados de outrora. Mas pelo menos, são ovelhas que governam ovelhas, pode ser que existam algumas ovelhas negra, mas essas pelo menos serão avaliadas pelas suas iguais.

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