Exército entra em guerra cibernética

Por Iliá Krâmnik

Ilustração: PhotoXPress
O ministério da Defesa russo publicou em seu site um documento inédito, intitulado “Visões conceituais sobre as ações das Forças Armadas da Federação da Rússia no espaço de informação”.

 Paralelamente, o vice-primeiro-ministro, Dmítri Rogózin, anunciou a possibilidade de criar um “comando cibernético” com o objetivo de garantir a segurança de informação das Forças Armadas.

O programa publicado pelo ministério da Defesa é o primeiro documento oficial do gênero e poderá ser usado para a elaboração de uma estratégia nacional de “guerra no ciberespaço”.

 O relatório não faz referência a ações ofensivas, mas enfocando os seguintes aspectos principais: dissuadir, prevenir e resolver conflitos de guerra no espaço virtual.

 O documento também equipara as ações de guerra no espaço de informação à  guerra convencional e, por esse motivo, a Rússia teria o direito de responder ao agressor com todos os meios a seu alcance.

De fato, uma derrota no espaço de informação pode levar ao fracasso de uma campanha militar ou gerar problemas sérios em termos de segurança real do país.

 Ao reconhecer a guerra de informação como forma de operações militares, o relatório permite encarar os propulsores, coordenadores e participantes das operações, levando em consideração suas possíveis consequências.

O documento prevê, ainda, uma cooperação com os aliados da Rússia sujeitos a se tornarem vítimas de tais ataques.

 Afinal, deixar os aliados vulneráveis nesse tipo de guerra significa perdê-los mais rápido do que em um conflito convencional.

É muito provável que o novo documento do ministério da Defesa assuma o papel de diretriz para as ações das Forças Armadas na guerra de informação.

Do ponto de vista da defesa nacional, a necessidade de criar um comando especial para a realização de operações no ciberespaço é óbvia.

Resta saber, contudo, quão rapidamente tais medidas serão efetivamente aplicadas à doutrina teórica e ações práticas das Forças Armadas russas.

 

Legado militar da URSS


As questões relacionadas à obtenção e processamento de informações e aos ataques e contra-ataques informativos sempre ocuparam um lugar de destaque na máquina nacional de guerra.

 Embora os meios técnicos de transmissão e processamento de informações mudassem, o princípio básico continuava o mesmo, prevendo a coleta contínua de informações sobre o inimigo, medidas ativas para neutralizar suas ações e campanhas de desinformação.

Nos tempos soviéticos, a prioridade era o desenvolvimento dos sistemas de ação psiciológico-informativa sobre as próprias tropas e o inimigo.

Quando a internet passou a conectar o mundo inteiro em um único espaço , ampliando as possibilidades de acessar dados e controlar fluxos de informação, o valor da informação cresceu muito.

O espaço virtual virou um palco de guerra independente e tornou-se extremamente importante na evolução dos acontecimentos no mundo real.

 A queda da União Soviética e os eventos associados que coincidiram com o rápido desenvolvimento das tecnologias de informação não propiciaram a evolução das Forças Armadas russas.

Como resultado, o exército russo ficou atrasado em diversas vertentes importantes, inclusive no que dizia respeito à guerra de informação, em comparação a seus potenciais adversários.

 As forças armadas dos países desenvolvidos foram desenvolvendo estruturas especiais para a guerra no ciberespaço, desde a busca de informações sobre o inimigo até a guerra de propaganda, além da intercepção do controle e destruição física de equipamentos com o auxílio de softwares modernos e vírus.

Fonte: Gazeta Russa

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