Brics avaliam criar banco conjunto e aproximar bolsas de valores

Iniciativa permitiria que os países reunissem recursos para obras de infraestrutura.

O grupo Brics (que reúne as potências emergentes Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) deve lançar nesta semana a proposta de um banco conjunto de desenvolvimento, e medidas para aproximar suas bolsas de valores.

Autoridades dizem que as iniciativas vão demorar, já que ainda precisam ser definidos os detalhes. Mas elas marcam um novo grau de ambição para o bloco que reúne cerca de metade da população mundial. O Oriente Médio e a segurança energética também serão discutidos, disseram autoridades.

 

Foto: Reuters

Ministro brasileiro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, cumprimenta ministros da Rússia, Índia, China e África do Sul

A sigla Bric foi cunhada em 2001 pelo economista Jim O’Neill, do Goldman Sachs, para descrever a guinada econômica global na direção dos grandes mercados emergentes. A África do Sul aderiu ao grupo em 2010, transformando-o em Brics.

Os países realizaram sua primeira cúpula em 2009, e têm sido criticados como nada além de uma mera sigla, já que têm dificuldades para encontrar uma causa comum dos quatro continentes, com economias, sistemas de governo e prioridades radicalmente diferentes.

O anúncio mais relevante da cúpula desta semana na Índia deve ser a intenção de criar um banco de desenvolvimento nos moldes do Banco Mundial.

A iniciativa permitiria que os países reunissem recursos para obras de infraestrutura e também poderia ser usada, em longo prazo, como instrumento de crédito durante crises financeiras globais como a que assola atualmente a Europa, segundo autoridades.

O ministro brasileiro de Indústria e Comércio, Fernando Pimentel, disse na semana passada a jornalistas em Brasília que os países devem assinar na cúpula um acordo para estudar a criação do banco.

Na sexta-feira, deve ser lançado um índice de referência para derivativos, a ser usado pelas bolsas dos cinco países, conforme anúncio feito neste mês pelas bolsas envolvidas. Os derivativos seriam listados em todas as bolsas, de forma que pudessem ser adquiridos nas moedas locais.

Os líderes também devem assinar acordos permitindo que seus bancos nacionais de desenvolvimento estendam crédito a outros membros em moeda local, um passo rumo à substituição do dólar como principal unidade de transações entre os emergentes.

Uma fonte de alto escalão do governo indiano disse que o Oriente Médio e a segurança energética estarão em destaque na agenda, incluindo o Irã. O embaixador russo em Nova Délhi disse nesta semana que uma discussão sobre a Síria estaria entre as principais prioridades.

Enquanto a sessão plenária da cúpula, na quinta-feira, deve se concentrar em pontos de afinidade, os encontros bilaterais paralelos podem tocar em questões mais delicadas.

A política cambial chinesa, por exemplo, tem gerado protestos de vários países, inclusive de industriais brasileiros, que acusam Pequim de manter o iuan artificialmente desvalorizado. A maioria dos países do bloco também enfrenta uma desaceleração nas suas economias.

“Por diferentes razões, cada um (dos países) tem alguma questão política séria a tratar aqui, que determinará se eles continuam no caminho com o qual todos nos animamos tanto”, disse O’Neill.

Apesar dos problemas, a perspectiva de crescimento ainda é melhor do que na maior parte do mundo desenvolvido, o que significa que a influência dos Brics deve continuar crescendo. O’Neill prevê que o PIB total do bloco superará o dos EUA dentro de três anos, e que a economia chinesa, sozinha, vai se tornar a maior do mundo até 2027.

Fonte: Último Segundo

 

7 Comentários

  1. Se tudo for feito harmoniosamente eu até apóio, mas a questão é com a apetite que tem a China, ela tem como por as cartas na mesa e engolir tudo.

    Esse é o maior temor.

  2. Nova Ordem Mundial. China assumirá o primeiro lugar como potência, substituindo os EUA (EUA em segundo). É a troca de seis por meia duzia, o Brasil será vassalo e fornecedor de matérias primas para a China.

  3. Eu já sou um tanto reticênte a isso, pois mesmo na Europa com toda a seriedade que existe por lá, a idéia de uma MOEDA única esta levando aos paises ao extremo de suas capacidades ecônomicas, imaginem os BRICS que estão em fase de transformação, de desenvolvimento terem o objetivo em criar uma instituição que esta até acima de uma MOEDA.

    Sei lá.

  4. Uma das matérias mais importantes. Fala-se em defesa,mas aguerra que está sendo travada no momento é a guerra cambial.
    coma criação de um banco único, vem a possibilidade de criação de um banco único. E essa é a única foram de contrapor a UE e os EUA que podem imprimir novas cédulas sempre que o calo aperta.

  5. A criação deste banco, é entre outras coisas, um mecanismo de defesa dos BRICS. Se, no futuro, algum deles necessitar de recursos, não precisará recorrer ao FMI, que quando empresta dinheiro para qualquer país, o faz atrelado a severas imposições. O Brasil que o diga!!!

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