O Brasil e a bacia do Atlântico

ROBERTO ABDENUR

País, graças a contatos culturais e ao comércio, tem posição privilegiada na ponte com a África

Uma nova expressão começa a ganhar curso nos círculos de estudos internacionais -o novo Atlântico. Trata-se do reconhecimento, ainda por vezes incipiente, de que o Atlântico Sul passa por notável transformação, com o processo de integração na América do Sul e o surgimento de novos laços com a África.

Vai-se tornando claro que já não mais faz sentido pensar-se isoladamente no Atlântico Norte como sendo a principal área do oceano. Por demasiado tempo, a ideia de Atlântico tem sido identificada com os vínculos estratégicos entre os Estados Unidos e a Europa, como a chamada Aliança Atlântica e sua expressão mais forte, a Otan, a aliança militar entre os EUA e a maior parte dos países da Europa.

Um dado novo é o de que, com maior estabilidade e dinamismo econômicos e com os avanços em seu processo de integração -que vai sendo levado a cabo não só por forca de ações governamentais, mas também graças a crescentes fluxos de investimentos diretos entre diversos países-, a América do Sul conta hoje com maior grau de projeção política e econômica.

Isso se deve a instituições como o Mercosul e a Unasul, entre outras. A região, em outras palavras, conta com maior densidade e personalidade própria, o que lhe confere mais credibilidade do que no passado (descontados os casos de regimes autoritários como o da Venezuela e alguns de seus seguidores).

Devido a sua centralidade e capacidade de iniciativa, tem o Brasil ocupado, claro está, papel-chave nos avanços registrados pela região.

Mas tem também o Brasil, de outra parte, atuado como a ponta de lança numa inédita aproximação com a África. Basta citar a IBSA, o mecanismo de cooperação entre Brasil, Índia e África do Sul que tem, entre outros, o objetivo de apoiar países africanos mais pobres.

Ocupa o Brasil, graças a seus fluxos de comércio, investimentos, cooperação técnica e contatos culturais, posição privilegiada de ponte entre os dois continentes.

O ex-presidente Lula terá talvez exagerado ao dizer que América do Sul e África estão separados só por um rio. Mas não há duvida de que o Atlântico Sul se vai estreitando.

Nisso tudo, ocupa o Brasil posição privilegiada como principal parceiro dos EUA e da Europa na América do Sul. Temos hoje uma relação de maior mutualidade e equilíbrio com os EUA e contamos com parcerias estratégicas com a União Europeia como tal e com os principais países europeus individualmente.

Tem o Brasil, assim, papel significativo como ponte entre a América do Sul, de um lado, e os EUA, a Europa e agora a África, de outro. Cumpre, nessas circunstâncias, procurarmos enfatizar e valorizar o mais possível a ideia de uma bacia do Atlântico como espaço geopolítico que merece ser reconhecido como não menos importante do que a tão falada bacia do Pacífico.

Aproveito a oportunidade para despedir-me dos leitores. Por força de outros compromissos de trabalho, não me será mais possível continuar a assinar uma coluna quinzenal neste diário. Agradeço imensamente à Folha pela oportunidade que me proporcionou e, aos leitores, pela atenção e paciência com que me distinguiram.

Fonte:  Folha de S. Paulo via LuisNassif Online

9 Comentários

  1. Sem uma Marinha poderosa nao vai choacoalhar o galho da OTAN nem um pouquinho. nao hora de correr atras do porco pra capar vamos ficar quietos, porque so a Inglaterra tem bases por todo o Atlantico Sul…e esse pessoal que ai esta nao estao planejando nada de grandioso..umas lanchinhas aqui e acola e um submarino nuclear desdentado la ‘pra adiante”
    nao importa se a Inglaterra, OTAN, IV FROTA e o diabo a quatro anda pelos mares do sul, mas todos ficariam com a pulga atras da orelha se o Brasil tivesse uma grande Marinha..

  2. “…Mas tem também o Brasil, de outra parte, atuado como a ponta de lança numa inédita aproximação com a África. Basta citar a IBSA, o mecanismo de cooperação entre Brasil, Índia e África do Sul que tem, entre outros, o objetivo de apoiar países africanos mais pobre…”=========E sem os nefastos ianks/Otan.Estamos quase engatinhando, nós reequipando militarmente..isso é mt bom; vai tornar o n país + seguro e capz de dar uma resposta pesada a um pretenso agressor. Temos, apenas, de agilizar esse rearmamento e p ontem. Sds.

  3. Exageros são a especialidade do Lula. De qualquer forma levar paz a Africa nos dara um mercado consumidor ascendente e colossal, já que não existe nada por lá em questão de estrutura. Tem-se que importar de tudo aos montes. E quem for vender vai lucrar muito com isso. Além do que, se criarmos laços e os ajudarmos, eles nos verão como amigos e não exploradores, e tudo isso conta ponto. Além do que, militarmente falando a africa fica no “meio” de tudo. Próximo do tranquilo e pacifico Oriente Médio, da Europa, e mesmo da Ásia. A criação de bases ou de alianças na área pode nos dar uma vantagem geopolítica muito grande se quisermos de fato chegar ao CS e tornarmos um global player. Ninguém chega ao topo pensando e agindo como pequeno. Criar o IBAS foi uma tacada de mestre, já que nos aproximamos de dois paises chaves. A Africa do Sul, que é um país emergente que tem uma economia crescente e grande influência na Africa, e a Índia, com sua imensa população e economia forte e crescente.

  4. O Brasil tem sim que fazer isso, temos de crescer mais e mais e fazer novas parcerias onde por muitas vezes outros países olham com maus olhos, vamos invadir a Africa, claro que no bom sentido, vendendo nossos produtos e trazendo melhor colaboração a esse povo que em muito já cansaram de serem explorados e tratados como lixos !
    Angola, Cabo Verde, Moçambique, África do Sul, São Tomé e Principe, já estão com melhores laços com o Brasil e o negócio é aumentar as colaborações e nossa presença no continente !

  5. BRASIL,ACIMA DE TUDO E ABAIXO DE DEUS!

    Lula foi um dos grandes construtores dessa ponte,onde muitos aqui criticavam a opção Sul-Sul em detrimento ao norte hoje a história conta quem estava certo.

    O Brasil não é o mesmo daquele meninão molenga;hoje ele mostra o seu potencial para o mundo e é motivo de orgulho para aqueles que acreditaram nele e também é motivo desdém para aqueles que padecem do “complexo de vira-lata” que só o critica e até hoje,o menospreza e só vê defeito nele.

  6. BRASIL,ACIMA DE TUDO E ABAIXO DE DEUS!
    CORRIGINDO

    Lula foi um dos grandes construtores dessa ponte,onde muitos aqui criticavam a opção Sul-Sul em detrimento ao norte hoje a história conta quem estava certo.

    O Brasil não é o mesmo aquele meninão molenga;hoje ele mostra o seu potencial para o mundo e é motivo de orgulho para aqueles que acreditaram nele e também é motivo desdém para aqueles que padecem de “complexo de vira-lata” que só o critica e até hoje,o menospreza e só vê defeito nele.

  7. Para realmente integrar-nos com Àfrica teremos que expulsar os ingleses e americanos da ilhas que ocupam nesse caminho, ou seja, levantar o “virtual” bloqueio que tem no Atlântico SUL

  8. Claudio Alfonso disse tudo. As Malvinas estão a cerca de 2.000 Km de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, com população metropolitana de vários milhões de brasileiros… Um contingente moderno de mísseis, aviões e submarinos baseados nas Malvinas atacariam e reduziriam a pó o sul do nosso país!

    Expulsem os corsários do Altântico Sul

  9. Claudio Alfonso disse:
    24/03/2012 às 18:26

    Para realmente integrar-nos com Àfrica teremos que expulsar os ingleses e americanos da ilhas que ocupam nesse caminho, ou seja, levantar o “virtual” bloqueio que tem no Atlântico SUL

    Aldo disse:
    24/03/2012 às 19:46

    Claudio Alfonso disse tudo. As Malvinas estão a cerca de 2.000 Km de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, com população metropolitana de vários milhões de brasileiros… Um contingente moderno de mísseis, aviões e submarinos baseados nas Malvinas atacariam e reduziriam a pó o sul do nosso país!

    Expulsem os corsários do Altântico Sul

    ========

    Menos pessoal, bem menos…

    tirando as Malvinas que são contestadas pelos argentinos, sobre todas as outras ilhas inglesas no Atlântico mais ao norte, não há nenhum tipo de contestação, são inglesas e ponto!

    O Brasil deve sim procurar a integração com a Africa, más sem procurar confrontação gratuita e irresponsavel com a Inglaterra. Afinal o que pensam que fariam os ingleses com suas ilhas?:bloqueariam o trafego maritimo entre Brasil e Africa? Porque?

    E se o fizessem: aí sim, seria o caso de o Brasil impor seu direito de trafego maritimo, mesmo que atrávés da força militar. Más para isto, antes de mais nada precisamos é formar uma força aéro-naval de respeito, o que por sí só já teria a capacidade de dissuadir idéias estupidas como um eventual bloqueio naval (que é um ato de guerra..).

    O caminho para o Brasil no Atlântico Sul é ter capacidade militar dissuasiva e crescer integrando e não confrontando…

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