Jogo americano que simula guerra vê resultados desastrosos de um ataque israelense contra o Irã

Por Mark Mazzetti e Thom Shanker

Um exercício confidencial de simulação de guerra realizado neste mês, para avaliar a capacidade das forças armadas americanas de responder a um ataque israelense contra o Irã, previu que o ataque levaria a uma guerra regional maior, que poderia arrastar os Estados Unidos e deixar centenas de americanos mortos, segundo autoridades americanas.

As autoridades disseram que o chamado jogo de guerra não visava ser um ensaio para uma ação militar americana e enfatizaram que os resultados do exercício não são o único resultado possível de um conflito no mundo real. Mas a simulação elevou os temores entre os altos planejadores americanos de que possa ser impossível evitar o envolvimento americano em qualquer escalada do confronto com o Irã, disseram as autoridades.

No debate entre os autores de políticas sobre as consequências de um possível ataque israelense, essa reação pode dar mais peso às vozes dentro da Casa Branca, do Pentágono e da comunidade de inteligência, que têm alertado que um ataque poderia ser perigoso para os Estados Unidos.

Os resultados da simulação foram particularmente preocupantes para o general James N. Mattis, que comanda todas as forças americanas no Oriente Médio, Golfo Pérsico e Sudoeste Asiático, segundo oficiais que participaram do exercício do Comando Central ou autoridades que foram informadas sobre os resultados, que falaram sob a condição de anonimato devido à sua natureza confidencial. Quando o exercício foi concluído no início deste mês, segundo as autoridades, Mattis disse aos assessores que um primeiro ataque israelense provavelmente teria consequências terríveis por toda a região e para as forças americanas lá.

O jogo de guerra de duas semanas, chamado “Olhar Interno”, seguiu uma narrativa na qual os Estados Unidos se veem arrastados para o conflito, após mísseis iranianos atingirem um navio de guerra da Marinha americana no Golfo Pérsico, matando cerca de 200 americanos, segundo oficiais e autoridades com conhecimento do exercício. Os Estados Unidos então retaliariam lançando seus próprios ataques contra as instalações nucleares iranianas.

O ataque inicial israelense foi avaliado como fazendo o programa nuclear iraniano retroceder um ano, e os ataques americanos posteriores não desacelerariam o programa nuclear iraniano em mais do que dois anos adicionais. Entretanto, outros planejadores do Pentágono disseram que o arsenal dos bombardeiros de longo alcance dos Estados Unidos, aeronaves de reabastecimento e mísseis de precisão causariam muito mais danos ao programa nuclear iraniano –se o presidente Barack Obama decidisse por uma retaliação em escala total.

O exercício foi concebido especificamente para testar as comunicações militares internas e a coordenação entre os quadros de pessoal de batalha no Pentágono; em Tampa, Flórida, lar do quartel-general do Comando Central; e no Golfo Pérsico, após um ataque israelense. Mas o exercício foi elaborado para avaliar uma situação potencial, urgente, no mundo real.

No final, o exercício reforçou aos oficiais militares a natureza imprevisível e incontrolável de um ataque por Israel, e um contra-ataque pelo Irã, disseram as autoridades e oficiais. Os serviços de inteligência americanos e israelenses concordam de modo geral no progresso feito pelo Irã no enriquecimento de urânio. Mas discordam em quanto tempo há para impedir o Irã de construir uma arma, caso os líderes em Teerã decidam ir em frente com uma.

Com os israelenses dizendo publicamente que a janela para impedir o Irã de construir uma arma nuclear está fechando, as autoridades americanas veem como uma possibilidade um ataque israelense contra o Irã em menos de um ano. Elas disseram de modo privado que acreditam que Israel provavelmente dará aos Estados Unidos um breve alerta prévio, ou nenhum, caso as autoridades israelenses tomem a decisão de atacar as instalações nucleares iranianas.

As autoridades disseram que, de acordo com a cadeia de eventos, o Irã consideraria que Israel e os Estados Unidos foram parceiros no ataque contra as instalações nucleares iranianas e, portanto, consideraria as forças militares americanas no Golfo Pérsico como cúmplices no ataque. Jatos iranianos perseguiriam os aviões de guerra israelenses após o ataque, e os iranianos lançariam mísseis contra um navio de guerra americano no Golfo Pérsico, o que seria visto como um ato de guerra que permitiria uma retaliação americana.

O “Olhar Interno”, há muito um dos mais importantes exercícios de planejamento do Comando Central, é realizado cerca de duas vezes por ano para avaliar como os quartéis-generais, seu pessoal e postos de comando na região responderiam a diversas situações no mundo real.

Ao longo dos anos, ele foi usado na preparação de várias guerras no Oriente Médio. Segundo o site de defesa Globalsecurity.Org, os planejadores militares usaram o Olhar Interno durante a Guerra Fria para se prepararem para uma possível tomada pela União Soviética dos campos de petróleo iranianos. O plano de guerra americano na época pedia o deslocamento pelo Pentágono de quase seis divisões do Exército do Golfo Pérsico para o norte, até as Montanhas de Zagros no Irã, para bloquear um ataque soviético.

Em dezembro de 2002, o general Tommy Franks, que era então o oficial mais alto do Comando Central, usou o “Olhar Interno” para testar a prontidão de suas unidades para a futura invasão no Iraque.

Muitos especialistas previram que o Irã tentaria administrar cuidadosamente a escalada após um primeiro ataque israelense, visando evitar dar aos Estados Unidos uma desculpa para atacar com suas forças muito superiores. Assim, ele poderia usar terceiros para detonarem carros-bomba nas capitais mundiais ou canalizar altos explosivos para os insurgentes no Afeganistão, para atacarem as tropas americanas e da Otan. Apesar do uso de substitutos poder no final não ser suficiente para esconder a instigação dos ataques pelo Irã, o governo em Teerã poderia, ao menos publicamente, negar a responsabilidade.

Alguns especialistas militares nos Estados Unidos e em Israel, que avaliaram as ramificações potenciais de um ataque israelense, acreditam que a última coisa que o Irã desejaria é uma guerra plena em seu território. Logo, eles argumentam que o Irã não atacaria diretamente alvos militares americanos, tanto navios de guerra no Golfo Pérsico quanto as bases na região.

Mas a análise deles inclui uma grande ressalva, a de ser impossível saber o pensamento interno da liderança iraniana e a de que ela está ciente de que mesmo os jogos de guerra mais detalhados não podem prever como as nações e seus líderes reagiriam no calor do conflito.

Entretanto, esses especialistas dão continuidade ao seu trabalho, dizendo que qualquer vislumbre de como os iranianos reagiriam a um ataque ajudaria a determinar se um ataque seria lançado pelos israelenses –e qual seria a posição americana se o fizessem.

As estimativas da inteligência israelense, apoiadas por estudos acadêmicos, colocam em dúvida a suposição de que um ataque militar contra as instalações nucleares iranianas provocaria uma série catastrófica de eventos, como uma conflagração regional, atos disseminados de terrorismo e uma enorme alta nos preços do petróleo. “Uma guerra não é um piquenique”, disse o ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak, para a “Rádio Israel” em novembro. Mas, se Israel se sentir forçado a agir, a retaliação seria suportável, ele disse. “Não haverá 100 mil mortos, nem 10 mil mortos ou mil mortos”, disse Barak. “O Estado de Israel não será destruído.”

Fonte: NOTÍCIAS.UOL

 

14 Comentários

  1. Até uma guerra de ocupação contra a Síria já é uma temeridade, gastar 300bi para quem deve mais de 14 trilhões e sua moeda cai cada vez mais em desuso é um desastre.

  2. Simulação.. uma piada mesmo… piada americana…
    KKKKKKKKKKK
    O dia que um programador de software conseguir simular as diversas nuances e decisões complexas tomadas por humanos em momentos de altissimo envolvimento emocional, já estaremos viajando ao passado e ao futuro…

  3. Quando os escolhidos estiverem com seus investimentos bem posicionados, alguém vai apertar o gatilho para começar o caos global. O cheque-mate.

  4. fica facil para os falcões do pentagono ficaem brincando de joguinhios de guerra, quando não são seus filhos que vaõ matar e morrer do outro lado do mundo.


    ” existe alguem que esta contando com você, para lutar em seu lugar, ja que nesta guerra não são eles que vão morrer”

    RENATO RUSSO.

  5. Até os mais leigos dos entusiastas sabem disso, oras se o Irã venceu o Iraque que era bem mais poderoso que eles em meados dos anos 80 os mesmo já possuem tradição em guerras de longo prazo, certeza que os yankes tem receio total deste conflito os yankes não vão perder um simples navio, vão perder muitas frotas, muitas baixas vão ser tidas experiencia própria de guerra por parte do Irã.

  6. Concordo com Gustavo G.

    Sou analista de sistema, mas não sou nenhum ‘gênio’. Sei que essa simulação não é nada mais que um chute! Estamos engatinhando na inteligência artificial. A única coisa que conseguimos fazer foi um computador de milhares de dollares ganhar de um enxadrista. A politica mais complexa do mundo está no OM, e simplesmente não há capacidade humana pra prever o futuro em uma gama tão grande de fatores. Pra piorar estamos na pior crise de décadas, um agravante exponencial, e a china/russia estão a mostrar os dentes. Isso tudo não era imaginado logo após o ataque as torres gêmes, quando a CIA concluiu o plano de bombardear o Irã.

  7. Então a senha para os EUA atacarem é o ataque a um navio. Mas necessariamente não seriam os iranianos os menos interessados numa retaliação sem precedentes? Quem se interessaria em produzir tal retaliação?
    Eu sei quem… mas é segredo.

  8. E com td contra os falcões judeus vão se lançar nessa temeridade ,vão atacar os Persas, lançando o mundo na + profunda das recessão.Espero esta mt errado. Quem viver verá. Sds.

  9. Esse Ehud Barak é um sociopata de primeira linha, fala em milhares de mortos com se estive-se no jogo de bingo. Ele e a sua corja vai esta em um bunker quando o Irã retaliar, quem vai pagar o pato inicial vai ser os marujos estadunidenses e a pupolação israelense comum.
    Quando se fala em 200 estadunidenses mortos iniciais leia-se, um navio afundado por mísseis, isso nas primeiras 5 horas e depois podemos ver mais dois ou tres serem afundados rapidamente.
    Vai ser uma coisa tão constrangedora para o EUA que ataque nenhum vai curar mais essa derrota.

  10. Me digam onde se encontram os computadores mais rápidos do mundo. E tirem suas conclusões.

    O mundo seria um caos sem estas simulações. Faltaria água, alimento, energia, comunicação, tudo.
    Claro que não corresponderá jamais à realidade futura, mas a idéia é obter subsídios para se chegar próximo a isto, com uma alta probabilidade de acontecer. Assim como também nada pode acontecer.
    É a sensação de saber que há a probabilidade de ser atingido por um raio em pleno jogo de futebol durante uma chuva com relâmpagos. Pode acontecer ou não, é pouca a chance, mas ela está lá!…

  11. Prezados Srs,

    Essa história das recentes guerras contra Líbia, Iraque, Afeganistão, e a situação adversa contra Síria e Irã possuem quatro níveis de sigilo…

    Nível Quatro: São as informações vazadas para a midia em geral, e que chegam aos nossos televisores e jornais. Falam sempre em parte do que já aconteceu. São informação que chegam muito manipuladas à imprensa (lembrem que a verdade pertence ao vencedor).

    Nível Três: São as informações que percorrem os meios militares dos defensores e dos atacantes, carregadas por fontes de espionagem. São totalmente de cunho prático, responsáveis por ações e reações. São elas, que na maioria das vezes deturpadas, chegam aos ouvidos e olhos da imprensa.

    Nível Dois: São as questões que se originam nos dirigentes políticos e precedem as ações de guerra, jamais chegam na imprensa, são ultrasecretas e dadas a conhecer apenas a elite militar, para considerações e avaliações bélicas definitivas. Ex: A execução de Bin Laden.

    Nível Um: São informações cuja origem, é a base da atual civilização, e que explicam, por exemplo, que o Irã não pode ter armamento nuclear, enquanto que a Coréia do Norte pode; e que o Iraque teve que virar pó e a Líbia também; e a troco de quê o Oriente Médio está sempre com sangue correndo. É neste nível primário que a real disputa pelo controle mundial ocorre, e ele atua em certos fundamentos de nossa civilização. E um dos fundamentos da civilização são seus controles religiosos (quem pensou em energia e petróleo se enganou feio). Para este terceiro milênio (+ os próximos) e a Nova Terra, feita de paz e felicidade, o Islâmismo está se apresentando como um permanente pedregulho ou buraco no meio da estrada, e pelo jeito já deu o que tinha que dar, e acontece que a estrada tem que ser lisa.

    PS: Esse enredo político-militar no Oriente Médio tem seu início por volta de 450.000 anos atrás. Nossa organização social é controlada desde tempos remotos. O que explica muita coisa que fica por baixo dos panos, e não no comum das notícias. Mas quem procura acha!!

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