Ataque a escola judaica deixa a França em estado de alerta

Além da França, também a Bélgica e a Holanda reforçam a segurança nos arredores de instituições judaicas. Comunidade internacional repudia atentado que resultou na morte de quatro pessoas, três delas crianças.

A comunidade internacional condenou o ataque a uma escola judaica em Toulouse, sul da França, nesta segunda-feira (19/03), que deixou um saldo de quatro mortos – três deles crianças – e dezenas de feridos.
Além de Jonathan Sandler, um professor de religião de 30 anos que havia se mudado de Jerusalém para a França no ano passado, foram mortos dois filhos dele, um de 3 e outro de 6 anos, e uma menina de 10 anos.
Segundo testemunhas, o atirador chegou pela manhã, numa moto, a abriu fogo contra as pessoas que estavam em frente à escola Ozar Hatorah.Segundo os investigadores, tudo indica tratar-se da mesma pessoa que dias atrás matou três soldados paraquedistas de origem árabe e feriu gravemente um quarto em dois episódios distintos, em Toulouse e Montauban, mas com vários detalhes em comum.
A arma do crime é a mesma, uma pistola semiautomática calibre 11.43, e também a moto, uma Yamaha T-MAX roubada há uma semana.
Revolta em Israel
O governo de Israel liderou as manifestações de repúdio ao ataque. O porta-voz do Parlamento israelense, Reuven Rivlin, afirmou que o ataque à escola judaica foi uma ação contra Israel e os judeus e por isso deveria ser um alerta à comunidade internacional.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, qualificou o episódio como um assassinato mesquinho. “É muito cedo para determinar exatamente o que está por trás desse ato criminoso, mas certamente não podemos descartar a possibilidade de que tenha sido motivado por um violento e criminoso antissemitismo”, afirmou Netanyahu.
O ministro israelense do Exterior, Avigdor Lieberman, declarou ter ficado “profundamente chocado” com o incidente. O Centro Rabino Europeu, sediado em Bruxelas, afirmou: “Difícil acreditar que o principal desafio para o judaísmo europeu continua sendo o antissemitismo e as ameaças a suas vidas”.
O Vaticano também se manifestou condenando o ataque. A Igreja Católica expressou indignação por meio de seu porta-voz, Federico Lombardi, com o ato “abominável” neste novo episódio de “violência sem sentido” na França.
O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, classificou o crime como “odioso” e “intolerável”. “Nada é mais intolerável do que o assassinato de crianças inocentes”, disse o português.
Na Alemanha, o ministro do Exterior, Guido Westerwelle, disse esperar que os autores sejam encontrados rapidamente e prestem contas dos seus atos. “Antissemitismo e violência contra instituições ou pessoas de fé judaica não encontram mais lugar na Europa e precisam ser rigorosamente punidas”, afirmou Westerwelle.
Reforço na segurança
O presidente francês e candidato à reeleição, Nicolas Sarkozy, considerou evidente a motivação antissemita do ataque e anunciou que elevou para o máximo o alerta antiterrorista na região. Segundo ele, informações transmitidas à presidência pelas autoridades policiais permitem afirmar que “uma mesma pessoa e uma mesma arma” mataram os três militares na semana passada e as quatro pessoas na escola judaica.
O chefe de Estado, que suspendeu a campanha eleitoral “pelo menos até quarta-feira”, o dia do enterro dos três militares assassinados na semana passada, assegurou que “este ato odioso não pode ficar impune” e que foram mobilizados “todos os meios disponíveis” para capturar o responsável.
Sarkozy anunciou que o plano de alertas antiterroristas foi elevado ao nível máximo, e que 120 investigadores se encontram em Toulouse, numa investigação coordenada pelo ministro do Interior, Claude Guéant.
Também a Bélgica e Holanda reforçaram a segurança nos arredores de escolas e em outros prédios onde funcionam instituições judaicas, enquando grupos de judeus na Europa cobram das autoridades francesas agilidade na captura do atirador.
“Na medida em que aparecem os detalhes, parece que este foi um ataque premeditado com a intenção de matar crianças judias”, disse o presidente do Congresso Judeu Europeu, Moshe Kantor. “Seja lá quem estiver por trás disso, essa pessoa mirou exatamente o ponto mais fraco da comunidade judaica, os jovens, na esperança de espalhar o medo pela comunidade.
“Segundo o Ministério francês do Interior, o país abriga a maior comunidade judaica na Europa, formada por 600 mil judeus. Está programado para esta terça-feira um minuto de silêncio no país em homenagem às vítimas.
Palco para candidatos
O ataque contra a escola judaica acabou desviando a atenção dos franceses das eleições presidenciais no país, marcadas para 22 de abril. Os principais candidatos interromoperam as agendas e foram a Toulouse manifestar solidariedade às famílias judias.
O principal adversário de Sarkozy nas urnas, o candidato socialista François Hollande, também esteve na escola e conclamou uma reação comunitária em repúdio ao atentado. “Precisamos fazer de tudo para dar a estes atos antissemitas e ao racismo uma resposta coesa e definitiva de toda a república”, afirmou Hollande.
Em terceiro lugar na corrida presidencial, a candidata do principal partido de extrema direita, Marine Le Pen, também condenou um “tiroteio criminoso” e empenho dos poderes públicos para impedir “um novo drama”.
Apesar de questões de antissemitismo não terem sido abordadas durante a campanha eleitoral, a grande presença de estrangeiros na França frequentemente é tema dos candidatos. Há cerca de dez dias, Sarkozy afirmou num debate na televisão que o país já tem muitos estrangeiros. E prometeu, num eventual segundo mandato, reduzir à metade o número de novos imigrantes. As declarações foram criticadas por Hollande. (Revisão: Alexandre Schossler)

Fonte: DW.DE

7 Comentários

  1. é o mesmo atirador que semana passada matou 2 soldados do exército francês quando eles retiravam dinheiro em um caixa eletrônico , foi usado mesmo calibre nos disparos e a mesma moto foi vista nos do 2 acontecimentos. Provavelmente é vigança contra ocupação do afeganistão e aos bombardeios a faixa de gaza que deixaram dezenas de mortos semana passada.

  2. Fazendo uma análise tática rápida da questão , sem levar em conta as motivações, na tese de que o assassino age sozinho, podemos ver que um ÚNICO CARA e com uma arma de fogo comum pode provocar um enorme terror na população. Imagine 30 homens e mulheres treinados em atacar e se esconder, atacar e se esconder.
    Como exemplo temos o sgt dos EUA e o louco da Noruega e agora esse.

  3. BLECAUTE NA TERRA DA LUZ

    A França hoje é um país que está preste a mergulhar em um fascismo,se depender do canastrão Nicolas Sarkozy,sim.

    Há extremismos na sua retórica de campanha a sua reeleição pra a presidência na França.

    Todo os extremismo que ocorre na Europa tem o seu viés nacionalista de direita,com desprezo a dignidade humana em especial aos estrangeiros,basta vê o nível de xenofobia e de intolerância que lá há.

    Sabemos que os extremistas são por natureza indolentes no que se referem aos bons costumes de convivência social,pregam preconceitos e o ódio as minorias,além de mentiras.

    Basta vê as que são apregoados aqui pelos nossos extremistas;“O nazismo e o comunismo são duas faces da mesma moeda”;é mole!_Hehe….

    Os miolos moles que só pensam em sacanear o próximo,produto da ociosidade,procuram preencher o seu tediosos tempo fazendo isso ai,imolando inocentes.

    Não é atoa que eles “resistem” a paus e pedra a evolução humana,coisa de trogloditídeo na resistência.

  4. “Exatamente quando Sarkozy radicaliza seu discurso xenofóbicos, contra os imigrantes, sucedem os atentados contra judeus e muçulmanos na França, como para lhe favorecer na campanha eleitoral”, interessante, não é????

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