Vítimas da guerra de informação

Sugestão Diarum
Vários jornalistas da televisão árabe Al Jazeera estão se demitindo por discordarem da posição da direção relativamente à cobertura da situação na Síria. 

Distorção de fatos, omissão da verdade e aberta desinformação – todos os métodos são bons para criar no telespetador ideias erradas sobre os acontecimentos sírios. Mas nem todos os jornalistas concordam em passar por cima das normas da ética jornalística.

As manifestações antigovernamentais na Síria duram há um ano. Se, no início, face aos acontecimentos no Egito e na Líbia, a Síria não estava no centro das atenções da política internacional, agora todos os noticiários começam com notícias sobre Damasco. No entanto, as informações que nos chegam de lá são contraditórias. A opinião pública ocidental vai estando a par da situação através, fundamentalmente, das reportagens dos canais por satélite Al Jazeera e Al-Arabia. Só que o governo de Damasco afirma que estes canais estão travando uma guerra de informação contra a Síria. Um ex-jornalista da Al Jazeera no Líbano, Ali Khashem, falou precisamente sobre esta situação em entrevista ao canal russo Rossia-24.

Há um ano, ele foi testemunha dos acontecimentos que tiveram lugar na Síria. No entanto, a direção do canal preferiu se colocar do lado dos opositores do regime de Bashar Assad, o que se refletiu nas reportagens. Em protesto contra a falta de objetividade da cobertura da situação na Síria, Ali Khashem e dois dos seus colegas apresentaram a demissão.

“As manifestações na Síria nunca foram pacíficas desde o início. Já nessa altura havia lá pessoas armadas. Eu vi isso com os meus próprios olhos. Esta foi uma das razões da minha saída da Al Jazeera. Eu vi pessoas armadas que vieram para a Síria através da fronteira do Líbano. Não eram uma nem duas, eram dezenas de pessoas e elas entraram nos confrontos com as tropas governamentais. Eu vi isso com os meus olhos e não preciso de perguntar a ninguém como aconteceu”.

A grosseira distorção dos fatos nas reportagens televisivas pode contribuir para criar uma imagem falsa no público em geral relativamente aos acontecimentos na Síria. No entanto, tais reportagens, ou melhor, tais provocações informativas, não conseguem induzir a engano os especialistas que conhecem bem a situação, refere Boris Bolgov, do Instituto de Estudos Orientais da Academia das Ciências Russa.

“Eu estive na Síria em agosto de 2011 e em janeiro de 2012 e quando dizem que a Al Jazeera, a Al Arabia, a CNN e algumas agências ocidentais estão levando a cabo uma aberta guerra de informação, isso é absolutamente verdade. Por exemplo, a nossa delegação esteve em Hamah e viu as manifestações de apoio a Bashar Assad. Mas, no dia seguinte, vimos a reportagem da CNN onde se afirmava que tinha havido um ataque à nossa delegação e que havia dois feridos. Eu vi um jornal ocidental com uma fotografia dos manifestantes. A fotografia dizia por baixo: Manifestação contra o regime de Assad. Ora, eu sei árabe e sei o que estava escrito dos cartazes dos manifestantes: Apoiamos o presidente Assad. Ou seja, se trata de aberta falsificação”.

“Não é segredo para ninguém qual é o objetivo que a imprensa árabe e ocidental persegue”, continua o investigador Boris Dolgov.

“A Síria é aliada do Irã. A primeira coisa que os adversários da Síria e do Irã devem fazer é destruir a Síria ou enfraquecê-la ao máximo. O Irã sem a Síria é um adversário muito menos sério”.

Agora, na Síria se encontra o enviado especial da Liga Árabe e da ONU, Kofi Annan. Moscou espera que os países árabes apoiem a sua missão. Quando os observadores da Liga Árabe foram a Damasco, a importância do seu trabalho foi praticamente desautorizada. Cria-se a impressão, diz o ministro russo das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, de que, assim que se consegue alcançar mudanças positivas na posição de Damasco, logo surge do outro lado uma reação contrária e os passos alcançados acabam por não ter efeito. Resta ter esperança de que isso não vá acontecer com a missão de Kofi Annan.

Fonte: Voz da Rússia

18 Comentários

  1. O CAMELO VAI CUSPIR FOGO……….NAVIOS MILITARES RUSSOS E IRANIANOS AO LARGO DA COSTA SIRIA…….Navios do Irã e Rússia ao longo do litoral da Síria é mensagem clara aos EUA, disse clérigo iraniano – Soldados russos guardam navio de guerra da mesma nacionalidade no porto sírio de Tartus – Uma flotilha de navios de guerra iranianos atravessou o Canal de Suez e atracou no porto sírio de Tartus, no sábado. O ministro da Defesa do Irã, Ahmad Vahidi, disse que a missão é mostra da “potência” do Irã, apesar de 30 anos de incansáveis sanções
    Uma flotilha de navios de guerra iranianos atravessou o Canal de Suez e atracou no porto sírio de Tartus, no sábado. O ministro da Defesa do Irã, Ahmad Vahidi, disse que a missão é mostra da “potência” do Irã, apesar de 30 anos de incansáveis sanções.
    Toda a 18ª Frota da Marinha do Irã, já atracada em Tartus, participará de exercícios e dará treinamento “às forças navais sírias, nos termos de um acordo assinado há um ano entre Teerã e Damasco”.
    Hossein Ebrahimi, clérigo influente e vice-presidente da Comissão de Segurança Nacional e Política Exterior do Majlis (parlamento) do Irã, declarou:
    “A presença de flotilhas do Irã e da Rússia ao longo do litoral da Líbia é mensagem clara contra qualquer possível aventureirismo dos EUA. No caso de os EUA cometerem qualquer erro estratégico na Síria, há real possibilidade de que o Irã, a Rússia e vários outros países imponham resposta esmagadora aos EUA”.
    As atividades dos navios de guerra iranianos em Tartus (porto também usado pela Marinha russa) serão observadas de perto pelos países da região – Turquia, Jordânia, Qatar e Arábia Saudita, em especial. Notícias não confirmadas surgidas recentemente dizem que veteranos da Força Qods do Irã (uma unidade especial do Corpo dos Guardas Islâmicos Revolucionários) pode ser enviada à Síria, para auxiliar o governo.
    Em termos simples, a mensagem do Irã à Turquia e seus aliados árabes (que estão armando e apoiando a oposição síria) será: “Irmãos, se continuarem a armar os seus, armaremos os nossos”. Há muito assunto aí sobre o qual todos esses países devem refletir, sobretudo as monarquias do petróleo – que se reunirão no próximo domingo, para o primeiro encontro dos “Amigos da Síria”.
    Para a Turquia, os navios de guerra iranianos chegaram à Síria em má hora. O jornal israelense Ha’aretz noticiou que o exército sírio capturou 40 agentes da inteligência turca envolvidos em atividades subversivas; e que, ao longo da semana passada, Ankara trabalhou “em intensas negociações” com Damasco, tentando libertá-los. Mas Damasco insiste que, em troca, a Turquia ponha fim à transferência de armas e infiltrações, e, além disso, quer que o Irã seja o mediador. Ha’aretz registrou:
    “Oficiais ocidentais temem que a presença militar iraniana, além da ajuda russa, converta a Síria em centro internacional de atrito ainda mais grave que a luta interna na Síria. Temem que uma “parceria” russo-iraniana venha a assumir o controle sobre ações na Síria, o que excluiria a União Europeia e a Turquia (…)”
    Tempos de testes
    Mas Teerã também está testando as águas. Sob a lei internacional, o Irã tem direito de passagem para seus navios, pelo Mar Vermelho e o Canal de Suez. Mas as equações do Egito para o Irã continuam ambivalentes.
    O Egito jamais antes permitiu que navios iranianos cruzassem o Canal de Suez, até fevereiro do ano passado, depois da queda do regime de Hosni Mubarak, quando, indiferente à pressão diplomática dos EUA e aos gritos de ameaça de Israel, o Cairo permitiu a passagem de um destróier. Para Israel, foi “provocação”.
    Mas desde então o Egito está em torvelinho, e o entusiasmo inicial para a normalização de relações com Teerã diminuiu muito, com o Egito tornando-se dependente da ajuda financeira da Arábia Saudita e de outras monarquias árabes sunitas do Golfo Persa.
    Assim sendo, a permissão para que uma flotilha iraniana inteira passasse por Suez no final de semana significa não só que o Egito começa a movimentar-se na direção de apoiar o Irã, mas também que novas complexidades e imprevisibilidades surgem no caminho das relações entre EUA e Egito.
    São tempos de testes para as relações EUA-Egito. Questão potencialmente séria já surgiu com o ataque, pelas autoridades egípcias, a várias dúzias de trabalhadores de organizações não governamentais (ONGs), entre os quais 19 cidadãos norte-americanos. Número ainda não revelado de cidadãos norte-americanos procuraram abrigo na Embaixada dos EUA no Cairo.
    O Cairo anunciou no sábado, que 43 dos presos acusados de atividades suspeitas, entre os quais há estrangeiros (norte-americanos, sérvios, alemães, noruegueses, jordanianos e palestinos) e egípcios serão julgados no próximo domingo, 26/2, acusados de “estabelecer filiais não autorizadas de organizações internacionais e de aceitar financiamento estrangeiro para fazer funcionar essas filiais, comportamento que agride a soberania do estado egípcio”.
    Washington alertou o Cairo de que o ataque às ONGs poderia ferir laços bilaterais e ameaçou cortar a ajuda militar anual que chega a US$1,3 trilhão. Washington sabe que qualquer julgamento público pode expor a escala da interferência dos EUA nos em assuntos internos do Egito. Dez importantes organizações civis norte-americanas que operam no Egito foram invadidas, dentre elas o National Democratic Institute, o International Republican Institute e a Freedom House, que recebem financiamento do governo dos EUA.
    O Conselho Supremo das Forças Armadas no Cairo culpa “mãos estrangeiras” pela agitação que não arrefece no Egito. A colorida ministra de Cooperação Internacional do Egito, Fayza Abul-Naga, um dos poucos nomes do regime de Mubarak que não perdeu o lugar que tinha no Gabinete, está chefiando a campanha contra o financiamento estrangeiro para ONGs no Egito. E a Fraternidade Muçulmana ameaçou revisar o tratado de paz entre Egito e Israel, de 1979, caso os EUA cortem a ajuda ao Egito.
    Desafio estratégico
    Isso dito, Teerã avaliou corretamente o melhor momento para testar as ideias egípcias. A decisão egípcia de permitir a passagem da flotilha iraniana por Suez ajuda a sublinhar a ideia de que o Egito preserva sua autonomia estratégica e que, se assim desejar, poderá reatar relações como Irã. O ministro das Relações Exteriores do Irã Ali Akbar Salehi elogiou publicamente a decisão do Egito. Aí há mais que simples “sinal” dirigido a Washington.
    Ambas as capitais, Cairo e Teerã, têm chamado a atenção para as extraordinárias mudanças pelas quais o Oriente Médio está passando; e têm dito que as coisas nunca mais voltarão a ser como antes. A evidência mais espantosa dessas mudanças é que Egito e Irã não têm posições sequer próximas entre si, sobre a crise na Síria; mas, mesmo assim, o Cairo abriu passagem para os navios iranianos, na viagem para Tartus.
    Por sua vez, a mensagem mais importante que o Irã está encaminhando hoje é que nem o persistente impasse com os EUA, nem a avalanche de ameaças israelenses conseguiram fazer curvar a espinha dorsal dos iranianos; e não abalaram nem o desejo nem a capacidade do Irã para ajudar seu aliado sírio.
    O perigo de confrontação real com os EUA, por causa da Síria, é muito, muito reduzido, de fato; e Teerã não crê que o governo Barack Obama esteja sendo arrastado para uma intervenção à moda líbia, na Síria. Teerã mantém-se bem informada sobre a situação em campo na Síria; e não acredita que o presidente Bashar al-Assad corra qualquer grave perigo.
    Contudo, a demonstração de “força” no Mediterrâneo oriental lançará sua sombra sobre a política regional. No sábado, o Hezbollah e o Movimento Amal, em declaração conjunta, reiteraram a aliança com o Irã. Declararam que os eventos na Síria são parte dos “desesperados esforços dos inimigos” para desestabilizar o país, destruir sua unidade nacional e minar o firme apoio que a Síria dá à resistência palestina.
    Sayed Hassan Nasrallah, secretário-geral do Hezbollah, disse esse mês que “O Hezbollah recebe do Irã apoio moral, político e financeiro, de todas as formas, desde 1982. Esse apoio honra a República Islâmica”. Disse que “a mais importante vitória árabe” contra Israel, vitória do Hezbollah, não teria sido possível sem o apoio dos iranianos e que também “a Síria teve papel importante naquela vitória”.
    Seja como for, a demonstração de “força” no Mediterrâneo – historicamente “um lago ocidental” – terá ressonâncias também dentro do Irã. Esses gestos apelam ao senso de honra nacional dos iranianos e contribuem para consolidar a opinião pública, o que é especialmente importante para o regime, em momento em que o país aproxima-se de eleições parlamentares crucialmente importantes, em março, nas quais se estima que mude a equação do poder e que a alquimia do Majlis (parlamento) altere-se decisivamente.

    Fonte: Pravda

  2. Não há nada nessa notícia que eu (e muitos outros) já não sabia somente analisando os acontecimentos, eu até hoje espero um vídeo sequer, uma foto, um relato pessoal de alguém que tenha visto manifestação popular contra Gadaffi ou comemorando sua queda e posteriormente morte, fato é que um líder é amador pelo seu povo, um ditador é odiado pelo mesmo, os sírios querem Assad.

  3. A turma do catar tá investindo muito em golpes.

    Não sei qual é a de Israel em ficar obsecado com o Irã e a Siria que em parte é a paz dele é a siria e em parte é seu tormento.

    Só que com a Irmandade com o tempo o OM vai virar um problemão geopolítico, pois a turma do catar vai ser contagiado mais cedo ou mais tarde.

  4. Um governo que não abre o país para a imprensa do mundo todo, não pode se queixar de nada. Se assad estiver correto e a imprensa mundial tivesse livre acesso a síria, ele poderia provar a todos que juntamente com sua linda esposa inglesa não são a bela e a fera.

  5. Kiko
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    Você leva muita fé com a “imprensa Mundial livre”. O Russia Today foi quase banido do YT por mostrar o outro lado da noticia, inclusive o Exercito Sírio Livre de Hollywood e as lambanças da NATO e a Revolta da população da Líbia com o NTC e sua Turma, incluindo o povo clamando por gaddafi e as milícias verdes.

    Se você for ver só o que a “imprensa mundial livre” somente fala você nem estaria aqui lendo o PB, pois o PB mesmo tem vários posts com relatos do lado que não esta integrado a “Imprensa mundial Livre”.

    Eles só querem demonizar o Assad por culpa do Irã e seu apoio.

  6. James Petras: a Síria não é uma luta entre democratas e autoritários
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    12 de março de 2012.

    Efraín Chury Iribarne entrevista James Petras, que afirma que a Síria “não é uma luta entre democratas e autoritários, é uma luta entre duas variações de autoritarismo”.

    Chury: Muito bem, e o que fazemos a partir deste momento é simplesmente te dar a palavra. Estou te escutando…

    Petras: Comecemos com as eleições na Rússia onde o candidato Putin ganhou por 2/3 dos votos, com 65% da votação e com uma participação de 64% do eleitorado, que é 30% mais do que os que votam nas eleições americanas.

    As acusações sempre refletem o esforço dos países ocidentais em demonizar Putin, porque Putin tem uma política independente. Tem relações com a Síria, tem relações com o Irã, com a Venezuela, com toda a América Latina. É uma política que não aceita a dominação norte-americana.

    Texto completo:

    http://www.diarioliberdade.org/index.php?option=com_content&view=article&id=25304:james-petras-a-siria-nao-e-uma-luta-entre-democratas-e-autoritarios&catid=256:direitos-nacionais-e-imperialismo&Itemid=131

  7. Legal! Aceitaram, heheh

    Até a Al Jazeera está sendo corrompida. Lembro que uma vez assisti um documentário sobre a mesma, que até o esquema de segurança era reforçado na sede, uma das medidas tomadas para ser a mais idônea possível. Acho que não deve ser o caso mais…

  8. Os amigos do Plano Brasil não estão supreendidos pelo fatos noticiados, alertados que foram pelos textos do jornalista brasileiro, especialista em Oriente Médio e Ásia Central, Pepe Escobar, que desnudou os interesses não confessos, da Casa de Saud e dos emirados do golfo.

  9. A Al-Jazeera é uma emissora da Familía real do Catar, precisamente Hamad bin Khalifa o Emir do Catar. Ela não é uma emissora isenta mesmo com toda a segurança.

    Não existe meio de comunicação isento e imparcial, A Al-Jazeera apenas é apenas uma ferramenta do governo do Catar, assim como a BBC é porta voz dos interesses Inglêses, O Voz da russia e o Pravda são porta vozes dos Interesses Russos.

    A questão é Análisar criticamente cada versão, pois o Russia Today colocou por diversas vezes os veículos midiáticos ocidentais, inclusive a Al-Jazeera.

  10. Mas com tamanho disparate perante os reais fatos? Não consideram que a mídia atual está por demais extrapolando em seus poderes já que tem de ser ‘livre’?… sem qualquer meio de fiscalização realmente eficaz?…
    São meus olhos que estão começando a enchergar em cores e mais nítido o que se passa, ou tamanha discrepância dos fatos sempre aconteceu desde que a mídia é mídia?…

  11. Altamente suspeito o texto afinal traduz tão somente a parcial visão dos russos, que estão receosos com o perigo real de perder seu dócil aliado naquelas bandas, receito também compartilhado pela teocracia fascista de Teerã. Pepe Escobar? um sujeito que não consegue esconder sua louca admiração pelo regime fascista iraniano jamais conseguiria escrever um texto com um mínimo de imparcialidade e isenção. Por fim, um texto interessante embora eu não partilhe do título do texto:
    .
    VISÃO GLOBAL: Armemos agora os rebeldes sírios

    As coisas vão piorar na Síria antes de melhorar, mas a mulher de Assad já começou a comprar imóveis em Londres: vamos obrigá-la a habitá-los
    POR ROGER COHEN, DO NEW YORK TIMES*
    Eis aqui algumas verdades a respeito da Síria. As coisas vão piorar antes de começar a melhorar. Ninguém pode obrigar esse gênio a voltar para dentro da lâmpada. Estamos diante da mãe de todos os conflitos indiretos. O inescrupuloso regime Assad está acabado, resta apenas saber quando será seu último suspiro.
    Os países tomaram rumos diferentes na sua trajetória da tirania à liberdade. Quando o comunismo caiu, alguns planaram do império soviético para o Ocidente enquanto outros agonizaram. A Iugoslávia – uma ideia maravilhosa que nunca funcionou – é um dos muitos países citados como possível exemplo do destino sangrento que aguarda a Síria; outros exemplos incluem Líbano e Iraque.
    Os ingredientes são conhecidos: a Síria é um Estado multiétnico governado com mão de ferro por uma minoria – os alauitas (quase xiitas) – e inclui minorias cristãs e drusas, entre outras, que juntas correspondem a aproximadamente um quarto da população. A maioria é sunita. Quando a mão de ferro é afastada desses países, a liberdade é mais imediatamente vista como um libertar-se uns dos outros, não como a oportunidade de unir-se no processo de concessões mútuas para a formação de uma nova ordem liberal.
    Assim tem sido há um ano na Síria de Bashar Assad, que, aprendendo as lições do pai, buscou suprimir por meio de massacres maciços um amplo levante daqueles que almejam libertar-se do controle da família. Assad se formou médico! Nenhum doutor tripudiou tanto o juramento de Hipócrates.
    Os Assad são uma máfia, uma minoria (a família) dentro de outra minoria (os alauitas) dentro de outra minoria (a polícia secreta Mukhabarat). Eles cooptaram os demais – principalmente a classe dos comerciantes sunitas – por meio de uma estabilidade imposta. Essencialmente, como todos os tiranos derrubados durante a Primavera Árabe, governaram o país como se ele fosse o seu feudo particular, um brinquedo a ser legado de pai para filho, beneficiando primos e capangas.
    Bem, tudo isso acabou. Alepo não é a nova Marrakesh, afinal. Aqueles atraentes cartazes turísticos nos ônibus londrinos foram guardados. Os árabes se cansaram de seus poderosos chefões.
    Eu disse que as coisas vão piorar antes de começar a melhorar. O pacto social sírio foi quebrado. Um novo pacto sob o mando dos Assad é inconcebível. Há interesses maiores envolvidos. A teocracia xiita iraniana, cada vez mais isolada, está defendendo o regime contra um Exército Livre da Síria fundado em parte por uma teocracia sunita saudita: essa é a guerra indireta.
    Vladimir Putin, temendo eventuais primaveras russas no seu próprio quintal, optou com o cinismo habitual por defender um antigo aliado contra as demandas americanas, que exigem a saída de Assad, objetivo até agora não perseguido com coerência pelo governo Obama. Israel conhece Assad, que ajuda a armar o Hezbollah, mas é também um inimigo previsível e, em geral, passivo. Mas Israel não imagina o que pode haver além de um Estado policial de hábitos previsíveis.
    Em resumo, a Síria é perigosa. Mas isso não é razão para passividade ou incoerência. Como mostrou a guerra da Bósnia, a base de qualquer acordo deve ser uma igualdade aproximada de forças. Assim, proponho que sejam intensificados os esforços – que já ocorrem discretamente – no sentido de entregar armas ao Exército Livre da Síria. Essas forças devem ser treinadas, assim como foram treinados os rebeldes na Líbia.
    Chegou a hora do acerto de contas: os EUA alertaram Assad para o perigo de permitir que combatentes da Al-Qaeda entrassem no Iraque vindos da Síria. Agora, material bélico e forças especiais com a capacidade de treinar um Exército improvisado podem vir do Iraque – e de outros países vizinhos – para a Síria. Isso deveria ser um esforço conjunto dos países árabes e do Ocidente.
    Ao mesmo tempo, devemos organizar uma grande operação humanitária coordenada pelas Nações Unidas centrada em enclaves de refugiados na Turquia, na Jordânia e em outros países, estabelecendo onde for possível corredores seguros conduzindo a esses refúgios. Temos de pressionar Rússia e China para que mudem seus votos: esses países não defenderão Assad se essa atitude passar a representar um risco para outros de seus grandes interesses nos EUA, no Golfo Pérsico e na Europa.
    Já podemos ouvir as manifestações de indignação: se armarmos os oponentes de Assad, conseguiremos apenas exacerbar os temores das minorias sírias e uni-las, garantindo um maior derramamento de sangue e prejudicando os esforços diplomáticos atualmente liderados por Kofi Annan, um astuto e qualificado negociador da paz. Corremos o risco de transformar uma guerra indireta numa conflagração indireta. A esta altura, não há para a Síria nenhuma política que não envolva riscos importantes. O único cessar-fogo que consigo imaginar tem como base um equilíbrio aproximado das forças, caso contrário um acordo desse tipo não passará de um pedaço efêmero de papel. Para tanto, o Exército Livre da Síria precisa ser armado.
    No fim, esse rumo vai reforçar – e não prejudicar – a diplomacia de Annan, possivelmente abrindo caminho para o tipo de transição sugerida pela Liga Árabe. Em troca, a dividida oposição síria precisa apresentar um firme compromisso com o respeito aos direitos das minorias. O tratamento dispensado a elas é um dos principais testes enfrentados pela Primavera Árabe, assim como a questão das mulheres.
    Se Assad cair, o Irã se verá muito enfraquecido. O elo estabelecido por Teerã com o Hezbollah desaparecerá. Não há muito o que escolher entre engendrar a queda de Assad e bombardear as instalações nucleares iranianas: a primeira opção é inteligente e factível; a segunda não passa de tolice.
    A mulher de Assad tem comprado imóveis em Londres: vamos obrigá-la a habitá-los e libertar o povo sírio.
    *É COLUNISTA
    TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL
    .
    http://blogs.estadao.com.br/radar-global/visao-global-armemos-agora-os-rebeldes-sirios/

  12. Quanto maior a desinformação mais a sociedade acaba acreditando em fatos que nunca ocorreram, igual ao Iraque que fizeram todos os tipos de reportagens sobre as armas de destruição em massa e a única arma que vimos foi a invasão americana !

  13. Tireless você é um piadista mesmo.. tudo o q sai de você está contaminado por esse seu bafo de jack daniels .
    Estadão? sabe o q vc faz com ele? eu uso ele pra meus cachorros fazerem xixi e cocô no mesmo lugar, mais nada.
    .
    É inegável que o exercito sirio não está lutando contra manifestantes armados de pau e pedra..
    em gente organizada, tem um poço de armas e munição brotando no “jardim” dos rebeldes..
    As imagens que vemos na TV? totalmente inconclusivas… predios destruidos, um tanque em chamase bla bla bla… isso nos trás a memoria aquele sentimento de pena que sentíamos quando viamos uma guerra civil de verdade, como KOSOVO e tal…
    Deixe o partidarismo nojento de lado.. analise os fatos… Assad está a mil anos no poder sim, mas isso faz dele um ditador?
    ABRIR O PAIS Á IMPRENSA, não só garanto que está aberto a jornalistas corajosos, como também lembro do que aconteceu ao IRAQUE, quando abriu seu país á imprensa “internacional”: “Olha a bomba/Onde?/Não sei passou tao rapida que nem vi direito/na dúvida chama os defensores da liberdade!”

  14. É isso aí, Gustavo G. Falou tudo.

    E só para lembrar o tal roger cohen é mais um judeu tentando enganar os incautos!

  15. Gustavo G:

    Antes o aroma de Jack Daniel`s, que é um uísque muito bom, do que o bafo de cachaça barata, bebida de excelência dos grêmios estudantil, que é exatamente o odor que exala das suas idéias. Então o sujeito herda o governo do pai, se reelege com eleições fajutas, reprime opositores e não permite a liberdade de expressão e não é um ditador? E o que ele seria então? um Democrata? ou um “líder antiimperialista” daqueles que vocês gostam de venerar? Só mesmo alguém que se “informa” por meio da “conversa fiada” de blogs chapas-branca da esgotosfera versados na arte de praticar injúria racial pode tentar esboçar alguma defesa ao regime de Assad. Por fim, certamente seus cachorros são melhor informados que você

  16. Gustavo G, eu também! E acho que os editores também, acho que foi por isto que aceitaram rápido ele. Mexe com o que tem mais de precioso no ser-humano, o conhecimento. Sem conhecimento o homem morre.
    Agora se pergunte, porque as mídias que se dizem sérias não veiculam coisas assim?.. Jornalistas com pompa de donos da verdade, inclusive até dando pitaco mais do que mostrando a própria notícia. O telejornalismo brasileiro virou um espetáculo de hipocrisia e ignorância, falam um monte de baboseira, e tudo sequenciado e repetido no dia seguinte, não sei como aguentam.
    Vou por um video! Aqui de uma reportagem dos anos 80! Parecia um documentario! Uma aula sobre o assunto!..:
    http://www.youtube.com/watch?v=q4GJbGO6RJE

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