Restrições argentinas preocupam Brasil, Uruguai e Paraguai
Todas as semanas, jornais uruguaios e paraguaios publicam alguma informação sobre o clima de irritação entre os empresários e os governos de seus países em relação à política protecionista aplicada pela Argentina. Os sócios menores do Mercosul já disseram, publicamente, que as barreiras aplicadas pela Casa Rosada estão afetando gravemente empresas nacionais e pediram algum tipo de solução ao governo Kirchner. O Brasil, mais cauteloso em suas declarações, também acompanha com preocupação o impacto das medidas adotadas por seu principal sócio comercial na região.O clima de nervosismo no bloco comercial também é notícia nos jornais argentinos. “Mercosul: cresce a tensão pelas barreiras argentinas”, noticiou recentemente o “La Nación”, um dos mais importantes do país. Nas últimas semanas, funcionários uruguaios, paraguaios e brasileiros passaram por Buenos Aires na tentativa de negociar acordos com a Casa Rosada que flexibilizem a entrada de seus produtos no mercado argentino. Na última sexta-feira, foi a vez do ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Jorge Mendes Ribeiro, que conseguiu fechar um entendimento sobre a importação de suínos brasileiros na Argentina.
Estabelecimento de cotas pode ser solução
Nos últimos meses, as vendas do Brasil para o mercado argentino ficaram praticamente paralisadas pela política protecionista do governo Kirchner. Em entrevista junto a seu colega de pasta argentino, Norberto Yauhar, o ministro brasileiro disse que o problema será solucionado com a implementação de cotas para os produtos brasileiros.
– Ter cotas é melhor do que nada – admitiu um empresário brasileiro, que pediu para não ser identificado.
Em Montevidéu, um setor cada vez maior do governo do presidente José “Pepe” Mujica defende a necessidade de endurecer a postura nas negociações com a Argentina, barrando, por exemplo, a entrada de produtos argentinos no país. Mas Mujica ainda parece disposto a tentar uma solução pelo diálogo. O vice-presidente, Danilo Astori, chegou a dizer que a Argentina “desconheceu completamente o Tratado de Assunção (principal instrumento jurídico do Mercosul)”.
Na capital paraguaia, as queixas dos empresários são cada vez mais intensas, principalmente do setor de têxteis, que nos últimos meses teria registrado uma queda de 90% de suas exportações para a Argentina.
– Queremos negociar uma medida de exceção para nossos produtos – admitiu o secretário da Presidência do Paraguai, Miguel López Perito. (Janaína Figueiredo)
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