O ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schauble, voltou hoje a acusar a Grécia de não querer colaborar a nível técnico para sair da crise, reavivando a polémica sobre as suas últimas críticas a Atenas.
“Só se ajuda quem deseja ser ajudado. Estamos preparados desde há algum tempo para ajudar os gregos a montar uma instituição fiscal eficiente e com funcionários (do Ministério das Finanças alemão). A oferta não foi aproveitada até ao momento”, lamentou Schauble em declarações ao jornal Tagesspiegel.
O responsável pelas Finanças alemãs foi recentemente criticado pelo presidente da Grécia, Karolos Papoulias, por este ter feito declarações sobre o país, em que lamentava a rejeição repetida do Governo helénico à ajuda técnica que foi oferecida pelo seu ministério para poder cumprir as reformas estruturais a que está vinculado pelos acordos que permitiram avançar com os resgates.
Neste mesmo sentido, o jornal alemão Welt am Sonntag deu hoje a conhecer um documento interno do Ministério das Finanças alemão em que se dão diversos exemplos da falta de resposta dos gregos face às ofertas concretas de ajuda técnica propostas pela Alemanha.
“O Ministério das Finanças [alemão] considera que o crescimento na Grécia, em conjunto com os esforços de consolidação, são fundamentais e, por isso, mostrámos interesse em aumentar a competitividade do país. Do lado grego é claro que a implementação [das medidas] não é uma perioridade”, destaca-se no texto.
Berlim considera que este comportamento é “inaceitável” e, por isso, defende que entre as condições para o segundo pacote de resgate financeiro à Grécia, que agora se está a negociar, se especifique a necessidade de melhorar a cooperação técnica.
O presidente grego, Karolos Papulias, insurgiu-se na última quarta-feira contra Schäuble e acusou-o de insultar a Grécia depois do governante alemão ter expressado as suas dúvidas sobre o cumprimento por parte do país helénico dos compromissos com ‘troika’ – Comissão Europeia, União Europeia, Fundo Monetário Europeu (FMI).
Papoulias, num discurso citado pela agência de notícias financeira Bloomberg, considerou que a Alemanha estava a insultar os gregos, tendo dito: “Não aceito os insultos do Senhor Schaüble ao meu país”.
Na ocasião, Karolos Papulias, criticou também os países nórdicos, insurgindo-se quanto ao teor de algumas declarações divulgadas na imprensa internacional.
“Não o aceito como grego. Quem é o Senhor Schaüble para ridicularizar a Grécia? Quem pensam que são os holandeses? Quem pensam que são os finlandeses? Temos o orgulho não só de defender a nossa liberdade, não apenas o nosso país, mas a liberdade de toda a Europa”, salientou.
Papoulias abdicou na quarta-feira passada do seu salário anual de 300 mil euros, num gesto de “solidariedade” com o povo grego, que está a ser alvo de “tantos sacrifícios”.
As críticas de Karolos Papoulias surgiram numa altura em que os líderes europeus questionam se poderão avançar com um segundo resgate à Grécia, que impeça o país de entrar em incumprimento já em Março.
A Alemanha tem liderado as declarações de ameaça sobre Atenas para aplicar medidas suplementares de austeridade mais severa, pois caso contrário o país não terá a nova ajuda financeira.
Acredito no meu país, acredito na Europa, disse Passos Coelho na Guarda
O presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, disse, este domingo, na Guarda, que, apesar do atual momento de crise, acredita em Portugal e na Europa.
“Não tenho uma mensagem mais forte para Portugal hoje, que não seja a de dizer: eu acredito no meu país, eu acredito na Europa”, afirmou Pedro Passos Coelho num encontro com militantes, promovido pela Comissão Política Distrital da Guarda.
O também primeiro-ministro disse acreditar que o país vai ultrapassar a “crise terrível” em que está mergulhado, por saber “que não são cidadãos tecnocratas” que estão “por trás de grandes estudos, que vão tomar as decisões mais relevantes”.
Disse que “as decisões mais relevantes podem e devem ser tomadas por cada um dos portugueses no dia a dia”, referindo que Portugal “vai ter de ser um país mais aberto, mais forte e mais competitivo”.
Passos Coelho passou grande parte da intervenção a falar sobre a atual crise que afeta o país e sobre as medidas tomadas pelo governo para as ultrapassar, assumindo que “a confiança externa no país é hoje muito maior” e que os resultados das medidas tomadas “já são visíveis”.
Referiu também que “quando aparecem algumas vozes socialistas preocupadas por o ministro das Finanças da Alemanha ter vindo dizer que, se nós precisássemos depois de algum ajustamento, que a Alemanha lá estará para nos ajudar, esquecem o essencial”.
“Nós não sabemos se precisaremos disso ou não. Esperemos que não. Esperemos poder pôr as nossas contas em ordem na altura devida, com o apoio que nos deram”, observou.
O líder do PSD referiu ainda que o Governo enfrentou os problemas do país e procurou soluções.
“Não podemos andar a varrer os problemas para debaixo do tapete e fazer de conta que as dificuldades não são muitas. Parceria de tolos. Já houve tempo em que os portugueses ouviam os seus governantes falar e perguntavam-se onde é que aquela gente viveria, se não teriam noção” das dificuldades, observou.
Passos Coelho disse ainda ter conhecimento da existência de portugueses “que estão a viver momentos muito difíceis”.
Para ultrapassar a situação defendeu a união e a necessidade de “acreditar muito na capacidade e na iniciativa dos portugueses”.
Defendeu também que, no atual contexto económico, os bancos “precisam cada vez mais de dar menos crédito” para a habitação, para as empresas públicas e para o consumo.
“Precisam de dar mais crédito para a agricultura, para a indústria, para as empresas que têm capacidade exportadora e que, de um modo geral, não conseguem ir buscar mais do que seis por cento do crédito que os bancos conseguem dar”, disse.
Na opinião do líder nacional do PSD, em Portugal é preciso “financiar menos o imobiliário e mais a indústria e a agricultura”.
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