A singular mania da centralidade de Lisboa para os países descolonizados, incluindo o Brasil, é pura e simplesmente desastrosa e não é mais que um reflexo da própria colonização

“A singular mania da centralidade de Lisboa para os países descolonizados, incluindo o Brasil, é pura e simplesmente desastrosa e não é mais que um reflexo da própria colonização. Ver o mundo a partir do Tejo é uma grave imprudência e um erro fáctico que afeta o desenvolvimento de uma política pensada à altura das forças do país, políticas, económicas e militares.”

Por António Marques Bessa

As Grandes Linhas da Política Externa Portuguesa nos Últimos Anos
Finis Mundi, número 3

Esta visão é de facto, neocolonial. Num mundo globalizado, onde os transportes de bens e mercadorias são hoje feitos a custos e velocidades inimagináveis à algumas dezenas de anos atrás e onde o inglês se instituiu como o “esperanto” das atividades de negócios é anacrónico pensar – como pensam muitos pró-lusófonos – que Lisboa pode tornar a ser o eixo de entrada e saída do antigo império colonial para a Europa. Anacrónico, ridículo e patético. Os países lusófonos não se sujeitariam jamais a essa intermediação, a esse fechamento dos seus portos e da sua atividade mercantil.

Portugal e todos os demais países da fala oficial portuguesa têm que se aproximar, mas não na base das “proibições” ou “fechamentos”. Esta aproximação (maior desígnio do  MIL: Movimento Internacional Lusófono) tem que passar também – necessariamente – por uma maior aproximação comercial:
1. Defendemos a constituição de um acordo multilateral sobre Dupla Tributação extensivo a todos os países da CPLP, dispensando os complexos e incompletos acordos bilaterais atuais.
2. Defendemos a progressiva supressão de todas as barreiras alfandegárias entre todos os países da CPLP no que concerne a exportações de setores produtivos que não sejam concorrentes. Nos demais, haveria que definir quotas, a partir da ultrapassagem das quais, se iriam aplicando de forma escalar taxas alfandegárias.
3. Constituição de uma moeda de comércio única que simplificasse o comercio inter-lusófono. Esta moeda poderia começar por ser apenas virtual (como foi o ECU europeu entre 1979 e 1999). Esta moeda seria de câmbio fixo entre os países aderentes e poderia regressar à estabilidade do Padrão-Ouro (o “Escudo CPLP” que alguns MIListas advogam) como forma de permitir o uso extra lusófono da moeda.
4. Aposta sistemática, continuada e profunda no desenvolvimento dos Portos, das ligações ferroviárias e rodoviárias dos mesmos às massas continentais (América do Sul, Sul de África e Europa). Grande aposta na construção naval, de alta tecnologia, mas elevado rendimento, por forma a devolver aos países lusófonos um lugar de destaque no comércio mundial. Investigação nas possibilidades técnicas de utilização de grande Zeppelins para o transporte aéreo de mercadorias pesadas a grandes distâncias.

Com esta abordagem para produzir uma aproximação comercial lusófona, a vertente económica da Lusofonia cumprir-se-ia, dando abertura a outras aproximações menos materialísticas e mais culturais.

Fonte: Quintus

24 Comentários

  1. Não sei se vocês sabem, mas se tiver a oportunidade de ir a Portugal terão a “experiência” de ver os apresentadores dos telejornais de lá se referindo a nosso país como “Brasil ex-colônia de Portugal”. Eles sempre colocam esse adjetivo junto ao nome do nosso país…

  2. Ok! tudo bem mas Assim, Onde a Ucrânia e a Romênia entra nessa historia? pela confusão dessa historia só poderia ter Português! nessa ideia! hahahaa!
    Abraços!

  3. Lembro na primeira reunião da CLPC na África no governo Lula, um jornalista antibrasuca perguntou desprezativamente para o CAmorim “o Brasil estaria reclamando uma liderança deste movimento?”
    E o Celso respondeu: “liderança não se reclama, se é óu não se é líder”.
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    Acho que se Portugal tem uma política colonialista não é um desastre pelo menos para o Brasil, é melhor, porque confirma a liderança brasileira da CLPC. Imagina se a Angola onde assistem TV brasuca todos os dias vão aceitar liderança portuga?
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    Isso não é culpa do Portugal, os portugas simplesmente estão falando o que os burocratas de Bruselas (UE) querem que eles falem, e já se sabe, esses burócratas do governo europeu estão com os dias contados e totalmente fora da realidade (vivem no mundo da euroDisney rsrs).
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    Comentei já faz 2 anos, o Brasil devia se preparar para atender os feridos da debacle europeia.
    Eu propus naquele momento algo totalmente novo: tirar o Portugal da União Europeia e justamente formar um bloco económico dos páises lusófonos.
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    Naquele momento parecia uma loucura, mas agora, confirmada a queda da Europa (por falta de recursos naturais, salários altos e xenofobia) já se ve como algo possível.
    Moeda única descartada.
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    Como comentei naquele momento e muitas outras vezes, a queda da Europa continental era previsível devida a:
    Salários altos em relação aos engenheiros asiáticos.
    Falta de massa crítica de território e recursos naturais.
    Xenofobia, que faz impossível reduzir salários por imigração.
    Ante a impossibilidade de reduzir os salários, os empresários não têm outra saída que emigrar da Europa, para, por exemplo o Brasil, um país que não tem nenhum desses três problemas.

  4. Relato de braileiros que trabalharam em Portugal, contam que os portugueses eram racistas para com os brasileiros. Diziam que as brasileiras eram todas putas, os homens ladrões ou bixas. O primeiro ministro portugues, ameaçou deportar a todos os brasileiros de Portugal. A resposta do ex presidente Itamar Franco em visita a Portugal foi: deporta os brasileiros, que eu deporto os portugueses do Brasil.
    Quem diria o mundo da voltas, Jornal Ingles propos que Portugal se torne um estado do Brasil, para se salvar da crise. Portugal vive uma crise econômica sem solução, agora Portugal quer que os países de lingua portuguesa tenham uma moeda unica, quebra de barreiras alfandegárias, integração tecnológica e comercial. Portugal qdo vivia no sonho da Eurolândia não queria saber do Brasil e dos demais paises pobres de língua portuguesa, nos chamavam de filhos bastardos, nos tratavam com desprezo e arrogância. O Brasil a decadas procura ajudar os países de língua portuguesa pobres da Africa. Com o fim do sonho da Eurolândia, os portugueses se lembraram que o Brasil e demais países existem. Portugueses se virem manos.

  5. Mesmo com o anúncio que o Brasil é a sexta economia do mundo. Portugueses postam em blog e youtube, declarações com inveja, desdem. Procurando desacreditar o desenvolvimento economico do Brasil. Dizendo que a manutenção como sexta economia do mundo é impraticavel, devido nossa baixa educação, tecnologia e IDH (indice de desenvolvimento). Portugueses dizem: O BRASIL VAI SER UMA POTÊNCIA MUNDIAL, MAS EM SONHO… http://www.youtube.com/watch?v=b683CeOTrkY&feature=relmfu

  6. Qdo Portugal entrou na zona do Euro, o Governo Brasileiro e empresarios, foram a Portugal pedir que ele fosse a porta de entrada de produtos brasileiros na Europa. Os portugueses fizeram pouco. Agora que estão em crise querem …

  7. Portugal é passado, nunca mais vai ter a importância que eles tiveram, hoje somente a Embraer enche a bola deles de olho no mercado europeu, que também esta indo pro ralo.

  8. Um bom negócio a ser feito, mas achar que Portugal seria como a “metrópole” das ex colonias novamente é ridiculo sem dúvidas mesmo.

  9. Entrada na comunidade europeia transformou o portugues para pior. Antes era um povo trabalhador. Imigravam para fazer dinheiro, trabalhando duro. Na decada 1970 e 80 o portugues e o espanhol era um dos preferidos quando alguem queria contratar para trabalhar em hoteis e restaurantes. Hoje, as vezes fico com vergonha, de saber que falamos a mesma lingua. Em Londres existe uma “malta” que vivem pedindo esmola. Sao jovens fortes, bons para o trabalho, mas prefere esmola. Antes tinham orgulho do Brasil, torciam por ele nas copas do mundo, quando Portugal estava fora e claro, mas torciam. Hoje a geracao mais nova, ja nascida dentro da comunidade, e racista, e antibrasileiros. Maltratam-nos no servico de emigracao. Conheci muitos casos de brasileiros que foram maltratados na Italia, Espanha e Portugal. Antes o brasileiro tinham transito livre em portugal. Agora impoes restricoes. Se basearmos nesse tipo de sentimentos eu diria deixam eles se afundarem com o resto da Europa. Mas quando se trata de interesses de uma nacao, sentimentalismo deve deixar de lado. Interesse deve determinar nossa orientacao. E por esse motivo que julgo que e do interesse economico do Brasil criar uma Comunidade de paises que falam portugues. Lideranca? como diz o Amorim, nao se reclama. O pais com maior potencial economico, maior populacao, maior prestigio no mundo sera o lider natural. Se Portugal ou Guine, ou Angola preenchem esses requisitos, eu os aceitarei como lider. Nenum propblema.

  10. Não consigo entender a lógica dest post.

    Qual o objectivo?

    Em primeiro lugar não dá para perceber se o segundo parágrafo é de opinião, e de quem é a opinião? Do António MArques Bessa?

    Em segundo lugar, não dá para entender se o comentário contido entre aspas é dele, e referente a quê – já que o resto do texto não explicita o que é acusado.

    Em terceiro lugar, quem faz estas propostas, o MIL (nunca ouvi falar) ou António Marques Bessa (também nunca ouvi falar)?

    Em quarto lugar, surpreende-me (ou talvez não) como é que um post tão mal estruturado, avulso e confuso consegue este rol de críticas.

    PS – A anonimato da Internet não deveria ser rastilho para generalizações e afirmações descabidas e que mostram um desconhecimento que chega a ser xenófobo – precisamente o que apontam ao colonizador.

    PS1 – Ucrânia e Roménia detêm duas grandes comunidades de emigrantes em Portugal, daí o interesse, que pode passar também pelo comercial na CPLP.

    PS2 -Não vale a pena responderem ao meu post, é a minha opinião, e há muito que a falta de filtragem nos comentários, e consequente cobardia de quem insulta gratuitamente, tornaram obtusa qualquer troca de argumentos – para quem os têm mesmo.

  11. antonio
    Pode crer antonio o mundo dá suas voltas sem dúvida! Portugal vai virar um estado brasileiro e a Inglaterra um estado estadunidense, e a Espanha vai virar estado da Venezuela ou pior do México. RSRSRSRS

  12. desde a epoca do imperio o brasil ja era a capital ,o gringos entraram em guerra com a inglaterra pela independencia mas ate hoje eles estao unidos militarmente em varios confrontos votam junto tudo que se interessam ,o que eu vejo é que aqui no brasil e em portugal existe um preconceito idiota pois um critica o outro mas aqui no brasil voce esta escrevendo na lingua portuguesa maioria mestiço de portugues com indio negro mas critica a propria decendencia.Mas eu acredito que isso possa ser melhorado, primeira coisa a se resolver ja começa pela monarquia existem parece que duas vertentes uma familia que esta no brasil e outra que esta em portugal já dai demostra a desuniao como mesmo imperio pode ter duas familias reais ou é uma ou é outra isso ja reflete que ta errado o modo de pensar ,arrumando esse pequeno grande problema ai começa a melhorar a relaçao ou as duas familias entram em um acordo ou fica dificil eu sinceramente acho que se escolhecem a decendenca de dom pedro seria a melhor escolha ,pois se continuar assim so favorece o imperio dos anglo saxiao que ate hoje comemoram com a nossa ignorancia.

  13. OK ! meus Caros Amigos do Blog! mas ainda não entendi ONDE Ucrânia e ROMÊNIA Entram nessa História,O que está acontecendo o Mundo esta de ponta a cabeça?!!se alguém entender me avisem!
    Abraços!

  14. Portugal tem PIB menor que o Espirito Santo, eles não tem condições de liderar nem a si mesmos quem dirá os outros. As obras do PAC envolvem mais dinheiro que o PIB deles. Dispenso a ideia dos Ingleses deles virarem um estado nosso. Pra que? Para nos passar a divida deles? De dividas já basta a nossa. E eles dizem bem: EX-colonia. Não dizem mais do que a verdade, e essa palavra antes diz tudo: EX. É o famoso titulo inútil, igual ex-mulher, ela foi algo, agora não é mais. Como já disse Margaret Thatcher, se eles não tem dinheiro para pagar suas dividas, que nos vendam suas fazendas, fabricas, riquezas. O Brasil agradece. Mas tem que ser balatinho, um verdadeiro negócio da China kkk.

  15. primeiramente o brasil ja na epoca do imperio tinha o titulo de capital ,o problema esta na divisao de duas vertentes da monarquia que uma se diz possuidora do direito de representar o imperio arrumando isso ja iria ajudar bastante eu acho que a vertente de dom pedro seria a melhor escolha.nao vou me alongar pois meu outro comentario foi excluido ou nao chegou gostaria de saber .

  16. Marcelo, burros porque? Não são só eles, muitos países tem estudado essa possibilidade. É barato, quase não consome combustível, bem mais rápido que navio, e carrega uma quantidade de carga bem grande.

  17. Deveremos analisar à luz de 37 a caminho de 38 anos de democracia o porquê de Portugal cair aparentemente numa situação sem saída e repito aparentemente.
    Portugal até 1974 não precisava da Europa porque até aí era um país imenso maior que a maioria dos países europeus, Portugal era administrativamente constituído por metrópole e províncias ultramarinas a que correspondem hoje os países de língua oficial portuguesa africanos, região de Macau e Timor-Leste, isto era Portugal, e existe aqui o pecado capital pós 25 de Abril a tentar deturpar essa realidade e dizendo que era Portugal e as suas colónias, nada disso.
    Essa corrente de opinião esquerdista apenas visava preparar o povo para a sua integração rápida na Comunidade Económica Europeia e agora União Europeia.
    Está provado que Marcelo Caetano faria a desconolização independentemente da revolução de 1974, não o deixaram porque a revolução foi feita por milicianos que não queriam ir à guerra.
    Ora meliciano é justamente aquele que é oficial em tempo de guerra mas que não é militar profissional, ou seja quando a guerra se dá está na universidade.
    Esses estudantes universitários embuídos de novo ideias, contagiaram depois por sua vez os novos oficiais de carreira militar, ou seja outro ponto fundamental é que a revolução de 1974 de facto não foi feita pelo povo e por militares, foi feita por milicianos que queriam escapar à guerra colonial e que foram manietados por forças na altura ditas de esquerda e cuja a sua origem apontam para a Sorbone em Paris.
    Ou seja o desmantelamento do Império colonial português, teve três origens, os EUA e a Rússia, financiando os rebeldes africanos contra os portugueses, cujo o objectivo era substituir Portugal nesses mesmos territórios e a terceira a meu ver tem sido a mais nefasta e que explica directamente a razão de Portugal estar nesta situação, falo da influência da França no processo revolucionário e posteriormente da Alemanha.
    Estas influências são as mais nefastas porque afectaram directamente a maneira de pensar dos nossos políticos até hoje, esses mesmos políticos que na altura da revolução estudavam parte deles em França, refugiados.
    Como se costuma dizer não há almoços grátis e o preço que Portugal pagou ao entrar na UE, pela mão de esses políticos manietados pela França e Alemanha, foi justamente abdicar do seu papel natural no mundo.
    Por isso ser importante para que um país mantenha a sua integridade intelectual e militar, de que haja cada vez mais umas forças armadas bem equipadas e profissionais e que as universidades que formam os futuros líderes, estejam independentes de influência externa e que aprofundem sim laços com o mundo lusófono.
    Certamente teremos então daqui para a frente outro tipo de político mais embrenhado nas questões lusófonas e isso embora possa parecer coindidência nada tem a ver com a crise europeia, tem sim a ver com a tomada de consciência da nova classe política de que Portugal em primeiro lugar já pertence à Europa desde sempre, sendo a nação ocidental europeia mais antiga e portanto nada deve à Europa, assumindo assim um papel descomplexado dentro do espaço europeu, e em segundo lugar embora estando na Europa o papel e a vocação de Portugal é virado para o mundo, ou seja universalista em vez do papel retudor que a Europa ocidental sempre quis impor a Portugal.

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