A inserção de Portugal na Segunda Guerra Mundial

Por Andre Araujo

LISBOA EM TEMPOS DE GUERRA – Dois livros interessantes sobre a cidade das luzes durante as trevas da Segunda Guerra:

– LISBON-War in the Shadows of the City of Light, 1939-1945, de Neill Lochery

– UM HOMEM BOM-A Historia de Aristides de Sousa Mendes, de Rui Afonso

O primeiro livro nos motra a extraordinaria  atividade de Lisboa durante a Segunda Guerra, capital de um pais neutro e etapa final de fuga de grande numero de personalidades, ricaços, intelectuais e pessoas comuns tentando escapar do inferno da guerra. Lisboa era um centro de espionagem e lavagem de dinheiro, especialmente de ouro que fluia da Europa, todos os tipos de cambalachos, contrabandos, trampas e artimanhas para transferir dinheiro para um pais seguro. Portugal soube manejar muito bem esses medos e brechas no conflito, tirando o maximo proveito da situação.

p>A Espanha tambem era neutra mas Franco acabava de sair de uma guerrra civil aonde era aliado de Hitler e Mussolini, um regime inconfiavel em 1940, muitos achavam que Franco passaria para o lado do Eixo.  Outros neutrais eram a Suecia, a Suiça e a Turquia, mas nenhum tinha a especial situação geografica de Portugal, ponta final da Europa e rota obvia para a fuga por navio ou avião em direção à America. O luxuoso transatlantico português Serpa Pinta navegou regularmente para Nova York e Rio de Janeiro durante os cinco anos do conflito, protegido pelas letras garrafais no casco, alertando os submarinos alemães da neutralidade de sua bandeira, os Clippers da PanAm vovavam regularmente de Lisboa para Nova York, lotados de passageiros ricos que conseguiam após esperas de meses, bilhetes disputadissimos para sair da Europa. Não bastava ter a passagem, o mais dificil era o visto, que os paises da America davam a conta gotas e a altos preços.

 

Enquanto esperavam,  os refugiados que podiam passavam as noites no Casino do Estorial e os mais modestos se acomodavam em pesões e hoteis baratos. Varias organizações americanas e internacionais de apoio a refugiaados operavam em Portugal, provendo auxilios a muitos. Os hoteis de luxo como o Palacio em Estoril e o Aviz em Lisboa estavam com reservas fechadas por muitos meses, todos lucravam com a situação e Salazar operava com astucia para tirar proveito desse maná.

O segundo livro tambem descreve o cenario português durante a Guerra mas seu eixo é a biografia do diplamata português que deu milhares de vistos e salvo condutos a refugiados europeus, com o risco de sua vida e carreira, tendo sido drasticamente punido por Salazar. O livro tem duas vertentes, a biografia propriamente dita e uma descrição extraordinaria do pano de fundo atrás da guerra, dos deslocamentos de familias, de obras de arte, de dinheiro, centrando na Europa ocupada e depois em Portugal, contando historias pessoais dramaticas entrelaçadas com o conflito.

O livro de Lochery traz novissimas revelações sobre a enorme transferencia de ouro em barras da Alemanha para Portugal, sobre os mecanismos de logistica usados e qual destinação que essas fortuna teve, com informações que creio serem novas sobre esse tema.

Para quem gosta de literatura de guerra são dois livros novos escritos em estilo de thriller que valem a pena, o maior conflito da Historia parece fonte inesgotavel de novas historias.

Fonte: LuisNassif Online

3 Comentários

  1. Alguns comentários/correcções:

    – Aristides de Sousa Mendes salvou milhares de judeus (não necessariamente só europeus) do Holocausto;

    – O nome do navio era Serpa Pinto (explorador português em África)

    Salazar levou a cabo uma colaboração cínica com ambas as partes do conflito, embora tenha sido mais admirador das potências do eixo. Colaborou quase sempre com os ingleses e americanos a reboque, e por necessidade de legitimar o seu regime – Portugal foi o único país não democrático a ser membro fundador da NATO. O seu coração pulsava pelo outro lado. Um pouco como o vosso Getúlio Vargas.

    Outras “tristes medalhas” incluem o facto de Portugal ter sido um dos últimos três países a deterem uma embaixada em Berlim, quase até à sua conquista pelos russos, os outros foram a Roménia e Espanha.
    E ainda o luto de três dias que Salazar declarou com a morte de… Adolf Hitler.

  2. Salazar jogou magistralmente. Lucrou um monte de dinheiro com a guerra. No final, ainda ficou ao lado dos vancedores – ainda que estes não estivessem ao seu lado, propriamente dito.

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