Deu no Voo Tático: A introdução do XM-25 e a discussão sobre o alcance do armamento da infantaria

XM-25

Publicado originalmente em 09 de janeiro de 2011:

Este é um artigo que estava parado já há mais de um mês e meio aqui nos meus alfarrábios.

No final do ano passado, foi noticiado que o Exército americano passaria a usar o XM-25 no Afeganistão.

A arma em si é sensacional: um lançador de granadas de 20 mm com espoletas programáveis, que permitem escolher a distância em que a granada irá explodir. Conjugado com o sistema de pontaria, ela permite, por exemplo, explodir logo após ultrapassar um determinado obstáculo ou abrigo, atingindo quem estiver atrás dele.

“This significantly changes the art of warfare for a soldier. He no longer has to worry about maneuvering on an enemy position…” – Coronel Doug Tamilio

O que eu queria ressaltar é que o anúncio da XM-25 foi cercado de grandes expectativas e frases até mesmo disparatadas como essa ao lado, feita por um dos oficiais que participaram do projeto (v. vídeo abaixo).

O Starbuck, em seu blog, trouxe um pouco mais de realidade à discussão: a arma é muito boa, sim. Vai melhorar bastante a vida do cidadão que atirava granadas burras de 40 mm. Mas não é nenhuma revolução e muito menos vai acabar com a necessidade da manobra em combate. Essa mesma falácia já foi dita em outras ocasiões ao longo dos séculos, com conceitos bem mais revolucionários que o da XM-25: carruagens, pólvora, metralhadoras, aviação, armas nucleares, etc.


O Frag 01/6779, de 28 de janeiro de 2012: O volta do Carl Gustaf

No final do ano passado, o Exército americano voltou a empregar canhões sem recuo Carl Gustaf 84 mm. Era uma arma que já não mais fazia parte da dotação dos americanos, mas voltou a ser empregada devido ao seu alcance. Na época, eu fiz uma referência no Twitter, mas não consegui encontrá-la.

Eu realmente nem fiz o link, mas o Starbuck publicou um artigo bastante interessante: The Elkus-Burke Rule Strikes Again!

O Carl Gustaf foi adotado praticamente um ano após a adoção do XM-25. A impressão é que o XM-25 realmente não cumpriu o que prometia, ao menos no tipo de combate que está se desenvolvendo no Afeganistão. Os talibãs usam a tática de sempre buscar o engajamento no alcance máximo de utilização do seu armamento (isso pode ser visto aqui). O XM-25, apesar de toda a tecnologia incorporada (cada uma custa 277 mil doletas!), ainda não tem o mesmo alcance do canhão sem recuo, bem mais antigo.

Apenas como conhecimento, o Exército americano, desde que se envolveu no conflito do Afeganistão, se vê em polêmicas sobre o alcance de seu armamento. Essa discussão tomou corpo após a batalha de Wanat, quando diversos americanos perderam a vida.

Eu não estou na guerra e também estou afastado da atividade de infantaria há vários anos, mas tenho para mim que isso é muito mais uma questão de tática do que do material. Dizer que o armamento do talibã é superior ao dos americanos é um insulto a qualquer um.

Quem teve a oportunidade de assistir Restrepo, viu o comandante da companhia dizendo que o ponto forte que eles estabeleceram fora da base da companhia impediu o inimigo ter o domínio do terreno. Foi um diferencial que não houve em Wanat e o resultado de ambas as batalhas foi bem diferente.

Fonte: Voo Tático

11 Comentários

  1. O XM-25 tem 25 mm e não 20 mm.
    Eu considero a arma mais indicada para combate urbano e não é um concorrente direto do Carl Gustav, mais indicada para combate campal, principalmente em relevos típicas do Afeganistão e do Iraque.
    Em combates urbanas a XM-25 não seria utilizada a mais de 500 metros, que é seu alcance típico.
    Já o alcance da Carl Gustav com munição antipessoal chega a 3 x isso e se usada em combate urbana teria um grande potencial de ocasionar danos colaterais indesejáveis.

  2. Gastar milhões de dólares em equipamento que se dizem multipropósito (faz tudo), para mim “não cola”. Agora gastar em equipamentos em que se sabe que funcionarão ao máximo em seus teatros operacionais acho justo.
    As artes marciais já falam que uma boa tática é capaz de derrubar inimigos mais fortes.

  3. MAIS UMA
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    Não irei ficar surpreso se os chineses já terem um protótipo bem semelhante e genérico em mãos….esses chineses !.
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    Tal equipamento em ação,ficaria fácil apara os chineses ou russos de tê-los;é só uma questão de tempo.
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    Basta um trapalhão esquecê-lo ou perdê-lo em um combate,e de trapalhão nas forças armadas americana tá cheio_Hahaha….os iranianos que o digam…Hahaha….uma mijada atrás da outra!

  4. Os americanos me procurem, que vou ensinar para eles como colocar um tiro de fuzil dentro de um círculo de 10 cm de diâmetro,a 10 km de distância (ou mais).Pode ser mini-granadas também. O Brasil não vai me procurar, então vou oferecer as minhas invenções para outros países.
    Não sou amigo, amigo do amigo, fidalgo (filho de algo), bajulador, e apadrinhado político. Que chances eu tenho no Brasil ? Zero x zero.
    Sou um simples coronel de material bélico, com mais 4 universidades cursadas e com mania de ser inventor e pesquisador. Meu salário nos EUA: $ 8.000,00 / mês. Função de pesquisador, em todas as áreas do conhecimento humano.

  5. Uma crítica a essa arma: Se receber um tiro no carregador, vai tudo pelos ares. Telêmetro laser poderá ser facilmente detectado. Não precisa segurar essa arma, para que ela faça pontaria e atire.

  6. E quem disse que essa arma é um segredo de estado?Provavelmente está à venda para quem se interessar e nem é preciso alguém esquecê-la no campo de batalha para que seja feita engenharia reversa.
    As armas mais sofisticadas estão à venda e essa está longe de ser a cereja do bolo.
    Agora, ter a posse e conseguir fazer igual é outra coisa. Se fosse assim, nossos engenheiros do ITA, da USP, etc, que não são nem piores e nem melhores que ninguém, já teriam feito a cópia dos torpedos Mk-48/6, dos mísseis Derby, dos Python V, dos Iglas, dos Mistral, dos Milan, etc, etc, etc.

  7. E vale salientar que a tecnologia de projéteis que explodem no ar (air burst) num ponto pré-programada é antiga.
    O que os americanos fizeram foi fazer um sistema compacto de uso individual.
    Há vários outros exemplos da mesma tecnologia em outros países e sem dúvida russos e chineses já têm algo parecido.
    Israel, Singapura, EUA, etc, já desenvolveram projéteis de 40 mm de baixa velocidade semelhantes a este lançado pelo XM-25, lançado de lançadores convencionais como o M-203, M-32, etc. Os sul coreanos têm a arma de assalto multicalibre K-11 que conta com um lançador de granadas de 20 mm com munição airburst.

  8. Interessante comentário Bosco, quando o K-11 saiu os gringos desceram o pau neste rifle dizendo que a arma não tinha letalidade suficiente para cumprir o seu papel e que o XM-25 seria uma arma melhor que o rifle coreano … acontece que a comparação entre o K-11 e o XM-25 eram descabidas pois são armas projetadas para usos diferentes …

  9. Excel,
    A K-11 é originária do XM-29 de origem americana.
    Mas você está certo, os americanos acharam quando estavam desenvolvendo o XM-29 que a granada de 20 mm tinha pouca letalidade e descontinuaram o programa, passando-o para uma firma coreana, que culminou com o K-11.
    Mas com certeza os americanos estão atentos à performance da K-11 na mão dos coreanos.
    Um abraço.

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