Eurocopter quer Brasil como fabricante global

Por Daniela Fernandes

O plano de voo está traçado e é ambicioso: a Eurocopter – maior fabricante mundial de helicópteros civis e que atua também na área militar – quer transformar sua filial brasileira, a Helibras, em um ator internacional desse mercado até meados da próxima década. O objetivo da empresa europeia é desenvolver e produzir totalmente no Brasil aeronaves que serão exportadas para o mundo todo, disse ao Valor o presidente da Eurocopter, Lutz Bertling.

Dessa forma, o Brasil passará de quinto maior mercado global da companhia, atualmente, para terceiro em meados da próxima década, atrás apenas da França e da Alemanha e à frente dos Estados Unidos e da Austrália.

“O desenvolvimento de um helicóptero leva no mínimo dez anos. Em 2023 ou 2025 começaremos a ter modelos com design realizado no Brasil, fabricados no país e que serão vendidos ao mercado mundial”, afirma o alemão. Hoje, a concepção dos aparelhos é feita na Europa, onde também são fabricadas as peças. A unidade brasileira, em Itajubá (MG), realiza a montagem dos helicópteros Esquilo.

O Brasil é o único país dos BRICS, grupo integrado também pela Rússia, Índia, China e África do Sul, que não possui uma indústria de helicópteros, diz o presidente. A Eurocopter – que reúne capital francês, alemão e espanhol e é uma divisão do consórcio europeu EADS (controladora da Airbus) – “quer se tornar o fabricante nacional” de helicópteros no Brasil, diz Lutz.

Parte desse processo de nacionalização da produção começará a ser posto em prática em breve. A inauguração da nova fábrica em Itajubá, um investimento de € 186 milhões (R$ 426 milhões) está prevista para fevereiro ou março e o início das atividades deve ocorrer no final deste semestre.

O projeto de expansão da unidade mineira é resultado do contrato de venda de 50 helicópteros EC725 para as Forças Armadas do Brasil, concluído em 2008. O acordo prevê que as 16 primeiras aeronaves serão fabricadas na França (três já foram entregues) e as demais serão feitas no Brasil. O primeiro helicóptero EC725 totalmente montado no país poderá ser entregue no final deste ano.

O cronograma de entregas irá cumprir uma escala gradativa de nacionalização de componentes, como circuitos eletrônicos e parte da fuselagem, até atingir 50% de equipamentos nacionais em 2015. Até esse prazo, o número de empregados da filial brasileira deverá passar dos atuais 600 para mil. A Eurocopter também planeja reforçar a cooperação com os fornecedores brasileiros para o desenvolvimento de componentes no Brasil, fator essencial da estratégia de produzir modelos no país.

O futuro do mercado brasileiro é promissor para a Eurocopter. A empresa vê no país grandes negócios potenciais: a polícia (que anunciou o projeto de compra de mais de 100 helicópteros) e outros serviços públicos, como também o setor privado (canais de TV, por exemplo), estão investindo na compra de aeronaves em razão da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos, afirma Bertling.

“Mesmo sem esses grandes eventos, o Brasil é um dos mercados de helicópteros com crescimento mais rápido no mundo”, diz ele, acrescentando que o excelente desempenho no Brasil se refere ao número de aeronaves vendidas. “Em termos de percentual de crescimento, alguns países asiáticos registram taxas maiores, mas a frota desses países ainda é muito pequena.”.

Os resultados da Eurocopter no Brasil só serão divulgados em fevereiro. A companhia, que possui 30 filiais e participações em 21 países, anunciou ontem, em Paris, um faturamento recorde no ano passado: € 5,4 bilhões, com crescimento de 12,5% das vendas.

A empresa entregou menos helicópteros (503 contra 527 em 2010), mas as encomendas (457 unidades em 2011), registraram aumento de 32% em relação ao ano anterior. Em 2012, a empresa prevê crescimento de 7% a 7,5% do faturamento, média dos últimos cinco anos. Até 2017, as vendas de helicópteros civis na Ásia deverão crescer 40% e, na América Latina, 35%, prevê Bertling.

A Eurocopter afirma que em 2011 passou a deter 43% do mercado mundial de helicópteros civis, onde é líder, e 21,5% do mercado militar desse tipo de aeronave.

Fonte: Valor Econômico via Força Aérea Brasileira

 

15 Comentários

  1. Muito boa noticia, agora é só irmos comprando aos poucos e sem alarde a Helibras e criar uma estratégia para assumir o controle dela e ai teremos de volta uma Helibras capacitada e capaz de produzir e desenvolver suas próprias aeronaves de alta tecnologia.

  2. “Alguma coisa está muito estranha nisso tudo”.
    StadeuR – não vai ser estranho vermos as multinacionais da indústria bélica dominando o setor de material bélico nacional – produção de tanques – misseis – caças – helis.
    Com acontece a mais de 60 anos na indústria de automotivos – SERIA EXCEÇÃO SE O CONTRARIO FOSSE.
    E PARA isso precisa mudar a lei sobre empresa nacional.
    É preciso vontade do governo de fura o loby.
    É preciso mudar o conceito de soberania – não de aquisição mais de capacidade de fazer.

  3. Ué, que tem de estranho? Mercado grande, comprador, com amplas possibilidades de vendas na região toda, simpatia de todo mundo, o que querem?
    Não vem ninguém da Russia, as fábricas de lá são só de lá.
    Estamos com as cartas na mão, ases na manga etc.
    Off shore, forças policiais, forças armadas, só o Brasil ocupa a Eurocopter por um ano ou mais, se deslanchar todo o potencial de uma vez.
    Que venha pois a Eurocopter, que venha a EADs, que venha a DCNS, que venha quem quiser, até haitiano preparado.

  4. KKKK Os russos estâo chegando…hehehehe o Maluquinho tinha razâo….heheh ta todo mundo correndo… viva Dilmax…. sds

  5. As empresas procurando segurança e novos mercador podem tranforma o Brasil em uma nova “China”…
    Quanto mais transferência de linhas de produção vier para o Brasil é melhor.

  6. Mesma atitude assumida pela FIAT anos atrás .
    Ou seja, ao invés de sermos montadores , os Helis.. Europeus montados aqui , terão desenho nacional também…
    rsrs Seria uma ótima piada , se não fosse de muito mal gosto .
    Frisem que na matéria diz , O brasil é o ÚNICO pais dos Bric,s que não possui uma indústria de hélis…
    Agora , também é o único que não possui uma indústria de aviões , pois a Montaer ( Embraer ) , também de da EADS !!

  7. Rafael-JF, concordo com vc, a China é o que é por causa dessas imigrações de empresas de ponta para lá. Que venham todas pro Brasil!

  8. PQP, HÁ ERA LULISTA VAI SER LEMBRADA POR DÉCADAS PARABÉNS, PRESIDENTE LULA, VOSSA EXCELENCIA FEZ ALGUM QUE OS TRAIRAS NÃO FIZERAM FORTALECER ESSE PAIS É RESGATAR SUA DIGNIDADE SO TEMOS A AGRADECER.

  9. Mas essa empresas querem vir para o Brasil pra que? Pra vender ao governo Brasileiro? Se sim, significa que estamos investindo na área militar.

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